Economia
Startups buscam novas oportunidades e tecnologias na Campus Party

Do maior campeonato de robótica da América Latina às máquinas que literalmente imprimem comida, a 17ª edição da Campus Party em Brasília oferece muita tecnologia para quem visita os estandes espalhados pela Arena BRB Mané Garrincha. Mas, em meio a todas essas atrações, a feira também representa uma oportunidade de negócios.
A startup TourData, do publicitário mineiro Helton Fraga, foi uma das selecionadas para participar da Campus Party. Ele apresentou um sistema que une inteligência artificial e turismo. A proposta é que as prefeituras possam usar a plataforma para fomentar o turismo local.
Para os visitantes, o sistema indica passeios e atrações personalizadas com base no perfil de cada usuário.
“Assim, ele vai ter uma visita mais personalizada e tende a voltar mais vezes ou indicar para outras pessoas. Isso fomenta os negócios locais, como estabelecimentos, pousadas e atrativos”, explica Helton.
Segundo o desenvolvedor, a inteligência artificial ainda é capaz de aprender com as experiências dos turistas. “Os gestores podem usar essas informações para aplicar em políticas públicas de turismo, movimentando cada vez mais a cidade”, completa.
Brasília (DF), 20/06/2025 – Desenvolvedor Helton Braga participa do Campus Party. Foto: Antonio Trindade
Já o desenvolvedor goiano Humberto Felipe Dias, da startup Clivia, veio à Campus Party apresentar um sistema que também utiliza inteligência artificial, mas voltado para a área médica. A empresa trabalhou por dois anos e meio no desenvolvimento de uma atendente virtual para marcação de consultas, facilitando o trabalho dos consultórios e dos pacientes.
“O cliente vai conseguir marcar a consulta na hora e no dia que quiser. E a secretária vai ter mais tempo para ser humana, para se relacionar com o cliente”, destaca Humberto.
Sobre a importância de participar da Campus Party, Humberto relata que os resultados já começaram a aparecer: “a gente teve contato com médicos que não esperávamos encontrar por aqui. Também trocamos experiências com outros desenvolvedores. É um conhecimento muito rico, traz muitas ideias e inspira melhorias para a nossa ferramenta.”
Regulamentação
A Campus Party deve receber, até este domingo (22), cerca de 150 mil visitantes. O público também tem a oportunidade de participar de palestras sobre as transformações que a inteligência artificial está promovendo não apenas nos processos do dia a dia e nas empresas, mas também no mercado de trabalho. O fundador do evento, Francesco Farruggia, acredita que essas inovações devem dominar o debate econômico nos próximos anos.
Segundo ele, “a inteligência artificial avança muito rapidamente e vai trazer eficiência para toda a economia: produção, logística, transporte, serviços, comércio. Todo mundo vai ter que ter um agente de inteligência artificial.”
Os desafios, no entanto, envolvem os empregos que podem ser substituídos e a necessidade de trabalhadores cada vez mais qualificados.
“A IA otimiza processos econômicos, mas elimina muitos empregos. Ao mesmo tempo, vai gerar novas vagas — mais bem remuneradas e com maior exigência de qualificação”, prevê Farruggia.
Também está na pauta da Campus Party a necessidade de regulamentar o uso da inteligência artificial. Um projeto de lei com esse objetivo tramita no Congresso Nacional. Além disso, o tema é uma das metas da presidência brasileira no BRICS em 2025. Para Francesco Farruggia, esse debate é essencial, principalmente para atrair investimentos ao país.
Economia
Dólar cai para R$ 5,52 com possível acordo entre EUA e União Europeia

O fechamento de um acordo comercial entre os Estados Unidos e o Japão e um possível acordo comercial com a União Europeia (UE) animaram os mercados nesta quarta-feira (23). O dólar caiu para o menor nível desde o início do mês, e a bolsa de valores subiu quase 1%, recuperando os 135 mil pontos.
O dólar comercial encerrou o dia vendido a R$ 5,522, com recuo de R$ 0,045 (-0,8%). A cotação alternou altas e momentos de estabilidade durante a manhã, mas recuou após dois diplomatas da UE afirmarem que o bloco econômico está próximo do fechamento de um acordo comercial que resultaria numa “tarifa ampla” de 15% para os produtos europeus nos Estados Unidos.
No início da noite, o porta-voz da Casa Branca, Kush Desai, classificou de “especulação” quaisquer notícias sobre o fechamento de um acordo com a UE. No entanto, os mercados já tinham fechado. A moeda norte-americana está no menor nível desde 9 de julho. A divisa sobe 1,62% em julho, mas cai 10,65% em 2025.
No mercado de ações, o dia também foi marcado pelo alívio. O índice Ibovespa, da B3, fechou aos 135.368 pontos, com alta de 0,99%. Ações de bancos, de petroleiras e de empresas ligadas ao consumo puxaram a subida.
Os investidores também reagiram ao fechamento de acordo comercial entre o governo de Donald Trump e o Japão, anunciado na terça-feira (22). Os países emergentes e exportadores de matérias-primas, como o Brasil, também foram beneficiados pela notícia da construção de uma grande hidrelétrica na China, o que aumenta a demanda por commodities (bens primários com cotação no mercado internacional).
*Com informações da Reuters
Economia
BC comunica acesso indevido de chaves Pix via sistema do CNJ

Dados cadastrais vinculados a chaves Pix foram acessados via um sistema de comunicação entre juízes e o Banco Central (BC). O incidente afetou o Sistema de Busca de Ativos do Poder Judiciário (Sisbajud), operado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
O BC comunicou o incidente nesta quarta-feira (23) à noite, mas não informou o número de chaves Pix afetadas nem detalhou os tipos de dados acessados.
Segundo o BC, não foram expostos dados sensíveis, como senhas, informações de movimentações ou saldos financeiros em contas transacionais, ou quaisquer outras informações sob sigilo bancário. A autarquia informou que as informações obtidas são de natureza cadastral, que não permitem movimentação de recursos, nem acesso às contas ou a outras informações financeiras. O Sisbajud é uma ferramenta eletrônica que permite aos juízes pedir informações financeiras e bloquear ativos de devedores. O sistema substitui o antigo BacenJud e facilita a comunicação entre o Judiciário e o sistema financeiro para o cumprimento de ordens judiciais.
De acordo com o órgão, os detalhes serão fornecidos exclusivamente pelo CNJ, que publicará um canal para consulta, por parte dos cidadãos, de eventual dado exposto.
O BC informa ter adotado as ações necessárias para a apuração detalhada do caso. O órgão ressaltou que o incidente tem baixo impacto potencial para os usuários e que a comunicação não é exigida pela legislação. A autarquia, no entanto, decidiu divulgar a ocorrência por causa do princípio de transparência.
Tradicionalmente, o BC informa, numa página específica em seu site, todas as exposições e vazamentos de dados do Pix.
No entanto, a autarquia informou que, desta vez, o CNJ divulgará o incidente numa página especial e que o BC atualizará a ocorrência “oportunamente” em seu site.
Economia
Haddad: governo tem plano para socorrer setores afetados por tarifaço

As áreas técnicas da equipe econômica e do Ministério das Relações Exteriores concluíram o desenho do plano de contingência para socorrer os setores da economia afetados pela imposição de tarifas de 50% pelos Estados Unidos, revelou nesta quarta-feira (23) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. As medidas serão levadas na próxima semana ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“A área técnica dos três ministérios envolvidos [Fazenda, Indústria e Relações Exteriores] vão me apresentar amanhã os detalhes. Provavelmente semana que vem nós devemos levar para o presidente [Lula]”, afirmou o ministro, que não adiantou detalhes sobre nenhuma medida.
Elaborado com base nos parâmetros definidos por Haddad e pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, o plano de contingência ainda precisa ser avaliado pelos ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e da Casa Civil, Rui Costa, antes de serem enviadas a Lula, que tomará a decisão final.
Dificuldades
Haddad reiterou que a prioridade do governo continua sendo a negociação com os Estados Unidos. O ministro, no entanto, admitiu que a Casa Branca está interditando qualquer debate.
“Nós [do Ministério da Fazenda] estamos falando com a equipe técnica da Secretaria do Tesouro [estadunidense], mas não com o secretário Scott Bessent”, disse Haddad. Alckmin tem conseguido falar com alguns secretários americanos, mas não tem recebido respostas da Casa Branca.
“A informação que chega é que o Brasil tem um ponto, o Brasil tem razão em querer sentar à mesa, mas que o tema está muito concentrado na assessoria da Casa Branca, daí a dificuldade de entender melhor qual vai ser o movimento [dos Estados Unidos]”, justificou Haddad.
Apesar das dificuldades, o ministro afirmou ainda ver espaço para negociações com o país, baseados nas experiências de acordos recentemente fechados com o Vietnã, o Japão, a Indonésia e as Filipinas. Haddad também citou avanços nas negociações entre os Estados Unidos e a União Europeia como fator que pode estimular o Brasil.
“Houve boas surpresas em relação a outros países nos últimos dias. Podemos chegar à data de 1º de agosto com algum aceno e alguma possibilidade de acordo, mas para haver acordo precisa haver duas partes sentadas à mesa para chegar a uma conclusão. Não dá para antecipar um movimento que não depende só de nós, mas o Brasil nunca saiu da mesa de negociação”, acrescentou Haddad.
Governadores
O ministro elogiou a iniciativa de governadores em oferecer ajuda aos setores dos respectivos estados afetados pelo tarifaço do governo Donald Trump. No entanto, disse que as medidas de ajuda locais têm pouco alcance diante do impacto sobre as exportações brasileiras.
“Toda ajuda é bem-vinda, mas são movimentos um pouco restritos, não tem um alcance, porque uma linha de R$ 200 milhões, você está falando de US$ 40 milhões, enquanto estamos falando de US$ 40 bilhões de exportação”, afirmou Haddad.
O ministro referiu-se a uma linha de crédito de R$ 200 milhões anunciada nesta quarta pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
Apesar do alcance restrito, Haddad reconheceu o esforço dos governadores de se mobilizarem em torno das empresas e dos setores econômicos afetados.
“É bom saber que os governadores estão mobilizados e percebendo, finalmente, que é um problema do Estado brasileiro. É bom notar que eles estão mudando de posição, deixando de celebrar uma agressão estrangeira ao Brasil. Isso é importante: caírem na real e abandonarem o movimento inicial que fizeram de apoio ao tarifaço contra o Brasil”, comentou.