Saúde
Alta Performance Mental: Por que descansar é essencial para alcançar o seu melhor

Por Dr. Roberto Roni, psicólogo e especialista em neurociência e comportamento
Vivemos em uma era em que a palavra “produtividade” se tornou sinônimo de valor pessoal. É como se estar sempre ocupado fosse sinal de sucesso. Mas a ciência nos mostra que o verdadeiro desempenho de alta performance, principalmente no aspecto mental, exige mais do que esforço constante — exige equilíbrio.
A alta performance mental não é apenas trabalhar mais, mas trabalhar melhor. E isso só é possível quando o cérebro tem tempo e espaço para se recuperar. “O descanso não é perda de tempo, é parte estratégica do processo. A mente precisa de pausas para reorganizar informações, consolidar aprendizados e recuperar energia emocional e cognitiva”, explica o psicólogo Roberto Roni, especialista em neurociência e comportamento.
Estudos demonstram que o excesso de estímulos e a ausência de pausas geram um estado de fadiga mental crônica. Isso compromete a memória, o foco, a tomada de decisões e até mesmo a criatividade — funções cruciais para quem busca alta performance em qualquer área da vida.
Segundo Dr. Roberto, é preciso abandonar a ideia de que descansar é um luxo. “O descanso é uma ferramenta poderosa de desempenho. Quando respeitamos nossos limites e incorporamos momentos de pausa no dia a dia, estamos dando ao cérebro o que ele precisa para operar no seu melhor nível”, afirma.
Sono de qualidade, pausas ao longo do expediente, atividades de lazer e até momentos de ócio são elementos essenciais de uma rotina de alta performance mental. Eles ajudam a regular o estresse, equilibrar emoções e manter a clareza mental necessária para decisões assertivas.
A chave está no equilíbrio: produtividade com propósito, foco com leveza e esforço com autocuidado. “A mente humana é como um músculo: precisa ser treinada, sim — mas também precisa descansar para crescer”, conclui o especialista.
Saúde
Celulite: mais do que estética, uma questão de autoestima e bem-estar

Por Dr. Cleugo Porto, médico especialista no tratamento de celulite e lipedema
A celulite ainda é tratada por muitos como uma “questão estética menor”, mas para milhões de mulheres, ela vai muito além da aparência. Trata-se de algo que impacta diretamente a forma como elas se enxergam, se sentem e se posicionam no mundo. “Tratar a celulite é, sim, cuidar da estética, mas também é um ato de acolhimento à autoestima e à saúde emocional da mulher”, afirma o Dr. Cleugo Porto, referência nacional no tratamento de celulite e lipedema.
A celulite é uma condição multifatorial que envolve alterações na circulação, na inflamação dos tecidos e na estrutura da pele. Ou seja, não é apenas uma “imperfeição visual”. E por isso, precisa ser olhada com atenção técnica e empatia. “Muitas pacientes chegam ao consultório relatando vergonha de usar determinadas roupas, de ir à praia ou mesmo de se olhar no espelho. O impacto emocional é profundo e legítimo”, destaca o especialista.
Nos tratamentos modernos, a proposta vai além de suavizar os furinhos. “Nosso objetivo é devolver à paciente a liberdade de se sentir bem no próprio corpo. E isso envolve técnica, conhecimento e respeito à individualidade de cada mulher”, diz Dr. Cleugo.
Cuidar da celulite é também cuidar da saúde. Afinal, ela pode estar associada a desequilíbrios hormonais, retenção de líquidos, má circulação e até ao início de quadros como o lipedema — uma doença que afeta diretamente o tecido adiposo e causa dores, inchaços e prejuízo funcional.
“Quando a mulher se permite buscar um tratamento, ela não está sendo vaidosa. Está exercendo seu direito de se sentir bem, de se olhar com carinho e de cuidar do que sente. E isso tem um poder transformador enorme”, conclui o médico.
Saúde
Antes restrita à Amazônia, febre oropouche se espalha pelo país

Até 2023, a febre oropouche era uma doença quase exclusiva dos estados da Região Amazônica, mas este ano, o Espírito Santo, a quase 3 mil km de distância se tornou recordista de casos com 6.318 registros. Pesquisadores tentam entender o que levou a doença a se espalhar pelo Brasil, e gestores de saúde pensam estratégias para controlar a oropouche em meio a uma população sem nenhuma imunidade prévia.
Este ano, infecções por oropouche já foram confirmadas em 18 estados mais o Distrito Federal, somando 11.805 casos. Cinco pessoas morreram pela doença, 4 no Rio de Janeiro e 1 no Espírito Santo e há duas mortes sendo investigadas. Em praticamente todas as semanas, os casos deste ano superam os do ano passado, e a expectativa é que que a soma de 2025 seja superior a quantia de 13.856 registrada em 2024. O número de mortos já é superior. No ano passado, foram quatro: 2 na Bahia, 1 no Espírito Santo e 1 em Santa Catarina.
A febre oropouche é causada por um vírus transmitido pelo mosquito Culicoides paraensis, mais conhecido como maruim ou mosquito-pólvora, incidente em todo o país. Ela causa sintomas semelhantes aos de outras doenças transmitidas por mosquitos, como dengue e chikungunya, principalmente febre e dor na cabeça, músculos e articulações.
A infecção também pode causar complicações na gravidez, incluindo microcefalia, malformações e óbito do feto, assim como o Zika virus. Por isso, o Ministério da Saúde recomenda que as gestantes que vivem em áreas com registros da doença reforcem a proteção contra os mosquitos. Apesar da transmissão do vírus por via sexual ainda não ter sido comprovada, pessoas com sintomas também devem usar preservativo durante as relações sexuais como medida preventiva.
De acordo com o chefe do Laboratório de Arbovírus e Hemorrágicos do Instituto Oswaldo Cruz, Felipe Naveca, estudos genéticos mostram que os casos que se proliferam no Brasil foram causados por uma nova linhagem do vírus, que surgiu no Amazonas, circulou pela Região Norte e depois se espalhou.
“E nós também conseguimos mostrar que esse cenário está muito relacionado com algumas áreas de desmatamento recente, principalmente no sul do Amazonas e no norte de Rondônia, que serviram como pontos cruciais para dispersão desse vírus. Aí pessoas infectadas acabaram levando para fora da Região, porque depois que ela é infectada pelo vírus, leva um tempo até manifestar os sintomas”, complementa Naveca.
O maruim existe em todo país, mas precisa de ambientes úmidos e com matéria orgânica em decomposição para se reproduzir, por isso, é mais incidente em áreas florestais e de plantações, especialmente nas lavouras de banana. Os surtos têm ocorrido principalmente em regiões periurbanas, de transição entre ambientes rurais e de mata e áreas habitadas por humanos. Apenas as fêmeas transmitem o vírus da febre oropouche, que também podem ser inoculados em animais.
Segundo Naveca, as mudanças ambientais também têm um papel na proliferação da doença. “Todas as vezes que você tem eventos mais extremos, seja de seca ou cheia dos rios, isso afeta a população não só do vetor, mas também dos animais que o mosquito se alimenta. Então, isso modifica todo esse ecossistema. Os nossos dados mostram que a população do vírus, aumentava justamente nos períodos de chuva na Região Amazônica.”
Um estudo internacional recente analisou dados de seis países sulamericanos, incluindo o Brasil, e identificou que as variáveis climáticas, como as mudanças de padrão da temperatura e da chuva, foram os principais fatores de influência para a disseminação da oropouche, contribuindo com 60%. Por isso, os pesquisadores acreditam que eventos climáticos extremos, como o El Niño, provavelmente tiveram um papel fundamental no surto iniciado em 2023.
O Ministério da Saúde reforçou o monitoramento dos casos de Oropouche e tem feito reuniões periódicas e visitas técnicas aos estados, para orientar as autoridades locais sobre as formas corretas de notificar, investigar e encerrar os casos suspeitos.
“Em parceria com a Fiocruz e a Embrapa, a pasta realiza estudos sobre o uso de inseticidas para o controle do vetor, com resultados preliminares promissores. As evidências apoiam a definição de estratégias de enfrentamento da doença, especialmente durante surtos, e a redução de seu impacto na população. A prevenção inclui o uso de roupas compridas, sapatos fechados, telas de malha fina nas janelas e eliminação de matéria orgânica acumulada”, declarou o Ministério em nota.
Espírito Santo
As autoridades de saúde do Espírito Santo também estão em alerta já que o pequeno estado com pouco mais de 4 milhões de habitantes se tornou o recordista de casos no ano passado e este ano. O subsecretário estadual de Vigilância em Saúde, Orlei Cardoso, explica que boa parte dos 78 municípios capixabas têm características periurbanas, com muitas áreas de plantação, o que facilita a reprodução do maruim. Com mosquitos em abundância, e uma população sem imunidade prévia, o vírus encontrou as condições ideais para se disseminar.
“Nós identificamos também que os primeiros casos ocorreram na época da colheita do café, que é um período que circulam muitas pessoas que vêm de outros estados para trabalhar nas lavouras. Isso acaba sendo um momento favorável para a transmissão, ainda porque os trabalhadores passam uma semana em uma cidade, depois seguem para outra…” complementa Cardoso.
Enquanto os pesquisadores trabalham para mapear as áreas de maior incidência do maruim, a secretaria reforça o treinamento dos profissionais de saúde.
“Como era uma doença desconhecida, eles começaram a entender agora o que está acontecendo, para saber identificar e agir diante de um caso de Oropouche. Então nós estamos fazendo a qualificação das equipes municipais, para fazer o reconhecimento clínico, principalmente diferenciar a oropouche da dengue e das outras arboviroses e estamos treinando também os agentes comunitários de saúde”, garante o subsecretário estadual de Vigilância em Saúde.
A febre oropouche também se tornou uma novidade indesejável em alguns estados da Região Nordeste, com destaque para o Ceará, que registrou 674 casos este ano. De acordo com o Secretário Executivo de Vigilância em Saúde do estado, Antonio Lima Neto, os casos no Ceará também começaram em áreas de plantio, principalmente de banana, mas também de cacau e mandioca.
“No primeiro ano, nós tivemos 255 casos, que se concentraram em distritos rurais, com pequenos povoados, todos localizados na região Serrana do Ceará, conhecida como Maciço de Baturité. Em 2025, quando a doença retornou, ocorreu algo diferente que foi uma transição da doença para a principal cidade da região, que é Baturité. Onde, ao invés de você ter 500 moradores, você tem 20.000 pessoas”, complementa.
De acordo com o secretário executivo, o estado também está investindo em ações de manejo clínico e vigilância laboratorial, para diagnosticar corretamente a doença, especialmente em gestantes. O Ceará foi um dos estados que registrou a morte de um feto, após a infecção da mãe por oropouche. No ano passado, pelo menos cinco casos de óbito fetal e um caso de anomalia congênita foram registrados no Brasil, causados pelo vírus.
“O controle vetorial de um mosquito domiciliado, ele tem um fundamento central, que é a eliminação de criadores, como no caso do Aedes Aegypt. Você eliminar os locais onde ele se reproduz, você renovar a água, cuidar do lixo doméstico… Com o mosquito-pólvora, você teria que fazer uma barreira química entre as plantações e as áreas onde as pessoas vivem,. O Ministério da Saúde tem realizados testes em busca de produtos eficientes, mas não é algo trivial”, afirma Antonio Lima Neto.
Saúde
Padilha reafirma que tarifaço não fará Ministério da Saúde retaliar

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, reafirmou nesta sexta-feira (25), em evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que o tarifaço anunciado pelos Estados Unidos contra o Brasil não fará com que o ministério haja contra a propriedade intelectual como forma de retaliação. Padilha disse que o país deve apostar na negociação e não se mover por “anúncios irracionais” do presidente Donald Trump.
“A nossa postura é essa, não vamos nos mover por anúncios irracionais porque já foram feitos aos montes e não necessariamente viraram realidade. Não vamos mudar qualquer tradição do Ministério da Saúde, de apostar na parceria público-privada, de apostar na atração de investimentos internacionais, no respeito à propriedade intelectual, nós somos signatários do dos Acordos da OMS [Organização Mundial da Saúde]”, disse.
Para o caso de uma eventual retaliação do Brasil contra os EUA, a lei brasileira de reciprocidade, já em vigor, estabelece critérios para a suspensão de concessões comerciais, de investimentos e de obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual em resposta a medidas unilaterais adotadas por país ou bloco econômico que impactem negativamente a competitividade internacional brasileira.
Impacto
Alexandre Padilha reconheceu que, caso o tarifaço, de fato, entre em vigor no primeiro dia de agosto, a área da saúde do Brasil deverá ser afetada negativamente. Padilha afirmou, no entanto, que o país atualmente é menos dependente do comércio de insumos com o exterior do que era há alguns anos.
“Se essa irracionalidade [as tarifas anunciadas pelos EUA] virar uma realidade, é lógico que vai afetar a área da saúde. Qualquer coisa que vá contra o livre comércio, contra o ambiente de produção, o ambiente de cooperação, afeta a saúde”, disse.
“Mas o Brasil também é menos dependente hoje dos Estados Unidos do que já foi em anos anteriores, em relação aos produtos que possam ser adquiridos aqui no nosso país, incorporados no nosso país”, acrescentou.
O ministro ressaltou que o caminho brasileiro será o de continuar a fortalecer a produção nacional para diminuir a dependência externa. Ele citou recentes acordos feitos com a China e a índia, no contexto do Brics, para a produção nacional de insulina.
“A decisão do Brasil é cada vez mais fortalecer a capacidade de produção de insumos de medicamentos, tecnologias na área da saúde, serviço da saúde para não depender de ninguém. Nós vamos continuar a nossa trilha de fortalecimento da nossa capacidade de produção aqui no Brasil, de atração de investimentos”, afirmou..
Chamada Pública
Segundo Padilha, entre as ações de fortalecimento nacional, está o lançamento, realizado nesta sexta, na Fiesp, da chamada pública para credenciar o primeiro Centro de Competência em Tecnologias de RNA do país. Com foco em RNA mensageiro (mRNA), a iniciativa – que conta com uma das mais avançadas e seguras tecnologias para vacinas e terapias do mundo – integra um pacote de ações voltadas à soberania científica do Brasil, para as quais foram destinados R$ 450 milhões do governo federal.
Rio de Janeiro (RJ), 06/07/2025 – A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos Foto-arquivo:Tânia Rêgo/Agência Brasil – Tania Rego
O anúncio foi feito pelo ministro da Saúde e pela ministra de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Luciana Santos, durante o evento Saúde Estratégica Brasil – Américas, organizado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), na sede do sindicato das indústrias.
“Nós sentimos bem na pele o que significa a dependência. Sentimos isso de maneira aguda durante o período da covid-19. Embora nós tivéssemos no Brasil experimentos e produção de vacinas, como é o caso do Butantan e da Fiocruz, nós tivemos dependência, embora também produzíssemos, não foi o suficiente”, disse Luciana Santos.
O regulamento da seleção pública incentivará a execução de projetos nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, bem como parcerias com Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs) e a participação de mestres e doutores.
Entre os resultados esperados estão o aumento da produção nacional de tecnologias em saúde, a ampliação da oferta de terapias avançadas e produtos para o Sistema Único de Saúde (SUS), além do fortalecimento da capacidade nacional de pesquisa clínica.
“Com isso, esperamos aumentar a produção nacional de insumos, bens e tecnologias em saúde, ampliar a oferta de Terapias Avançadas no país e de produtos para o SUS, além de fortalecer estruturas brasileiras de pesquisa clínica”, disse a ministra Luciana Santos.