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Arquiteto negro 1º colocado geral no BNDES defende cota em concursos

O arquiteto Tiago Coutinho da Silva foi surpreendido no último dia 21 de março enquanto assistia à cerimônia de lançamento do edital do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que vai selecionar profissionais negros para criar um museu a céu aberto na Pequena África ─ região carioca que guarda memória da chegada de africanos escravizados ao Brasil.
No meio do evento, sentado na plateia ao lado dos pais e da esposa, ele ouviu a diretora de Pessoas, Gestão e Operação do BNDES, Helena Tenório, anunciar o nome dele para subir ao palco.
“O primeiro colocado das cotas foi o primeiro colocado geral do concurso”, revelou a diretora.
Helena Tenório se referia ao concorrido concurso que o banco público de fomento realizou em outubro passado, depois de um intervalo de 12 anos sem seleções desse tipo. Ao disputar uma das duas vagas de arquiteto, Coutinho, que tinha optado por concorrer às vagas por cotas raciais, ficou em primeiro lugar na ampla concorrência em sua carreira e também tirou a maior nota entre todas as carreiras.
Tiago Coutinho dividiu o palco com três ministras negras: Anielle Franco, da Igualdade Racial; Macaé Evaristo, dos Direitos Humanos e da Cidadania; e Margareth Menezes, da Cultura.
“Não estava preparado. É muito mais fácil fazer uma prova”, brincou com a situação, antes de dizer que se sentia “um exemplo de representatividade e motivo de orgulho e inspiração para outras pessoas”.
Reparação histórica
O arquiteto tem 29 anos e mora em Niterói, cidade da região metropolitana do Rio de Janeiro. Em conversa com a Agência Brasil, ele diz que a aprovação no concurso é fruto de muita dedicação. “Dedicação ao longo de uns anos já. Eu estudo desde 2020”.
Mesmo sabendo que teria sido aprovado sem as cotas raciais, ele defende que a política de ação afirmativa é uma forma de reparação para corrigir injustiças que fazem parte da história do país, que teve quase quatro séculos de escravidão.
“Quando os brancos chegaram aqui, eles sempre tiveram essa oportunidade, eles receberam cotas de terra, receberam coisas que dão oportunidade a eles até hoje. Então, a política de cotas, na verdade, é uma reparação para a gente tentar igualar as coisas que já deveriam estar em um cenário melhor. É uma dívida. Um ponto que tenta igualar as diferenças que a gente tem na sociedade”, afirma.
Tiago enfatiza que, assim como a base familiar que lhe deu apoio, o acesso a instituições educacionais públicas de qualidade permitiram seu caminho até a aprovação no concurso. O jovem conseguiu estudar em unidades de referência, como o Instituto de Aplicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (CAp-UERJ) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Concorrência
Esperado por mais de uma década, o concurso do BNDES reuniu 42.767 candidatos em todas as capitais do país, que disputaram 150 vagas imediatas. O salário inicial previsto no novo plano de cargos e salários do banco é de R$ 21.869,76.
A relação candidato/vaga mais acirrada foi justamente a disputada por Tiago, arquitetura e urbanismo, com 2.362 pessoas para as duas vagas oferecidas, gerando uma concorrência de 1.181 candidatos por vaga.
O resultado da seleção foi divulgado em janeiro deste ano. Tiago alcançou nota 110,6. O máximo possível era 120.
“Vai ter o crítico que diz que a prova deveria estar fácil. A gente colocou a prova para o ChatGPT, e ele tirou 82”, disse a diretora Helena Tenório, comparando com o desempenho do primeiro colocado com o do software de inteligência artificial (AI). “O sistema de cotas dá certo”, afirmou.
“Fizemos o exercício de submeter a nossa prova à inteligência artificial, e a média geral das pessoas que foram aprovadas no concurso superou a nota do ChatGPT, por exemplo, um indicativo de que o bom desempenho foi alcançado mesmo em uma prova rigorosa, garantindo a continuidade da excelência do nosso corpo funcional”, complementou Helena Tenório.
Cotas de 30%
A diretora de pessoal do BNDES frisa que o concurso do ano passado foi o primeiro com cotas para negros na proporção de 30% do total de vagas, acima do mínimo exigido por lei, que é de 20%.
“O fato de a nota mais alta do concurso do BNDES provir de um candidato cotista reafirma o acerto da nossa decisão de fazer uma política afirmativa acima do limite mínimo previsto em lei. Optamos por uma cota racial de 30%, porque acreditamos que equipes mais diversas são não apenas mais representativas, mas também mais eficientes”, disse à Agência Brasil.
A Lei 12.990, de junho de 2014 reserva aos negros 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos no âmbito da administração pública federal, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista controladas pela União.
Além disso, tramita no Congresso Nacional, o Projeto de Lei (PL) 1958, de 2021, que altera o percentual para 30%.
Em relação ao ensino superior federal, em novembro de 2023 foi sancionado o PL 5.384/2020, que atualiza a Lei 12.711/12, conhecida como Lei de Cotas.
O texto determina que, no mínimo, 50% das vagas, por curso e turno, são reservadas para estudantes de escolas públicas. O novo texto prevê uma metodologia de atualização anual nos percentuais raciais e de pessoas com deficiência, de acordo com as estatísticas populacionais, para o cálculo da proporção de vagas gerais e das reservas que serão destinadas para esses grupos.
Edifício sede do BNDES, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, no Centro do Rio. – Fernando Frazão/Agência Brasil
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Jovens, mulheres e negros sofrem mais com violência, aponta Fiocruz

Estudo feito por duas unidades da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostra que o impacto da violência é diferente no Brasil conforme idade, sexo e cor da pele. Adolescentes e jovens adultos, mulheres, pretos e pardos sofrem mais com o problema do que outros grupos sociais no Brasil.
Os dados analisados são as notificações médico-hospitalares do Sistema Único de Saúde (SUS) e as estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) relativas a 2022 e 2023. A iniciativa do levantamento é de pesquisadores da Agenda Jovem Fiocruz (AJF) e da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz).
O estudo dos números apurados mostra que 65% dos óbitos da juventude resultam de causas externas, como violências e acidentes. Em termos absolutos: 84.034 das 128.826 mortes notificadas em 2022 e 2023.
Pessoas de 15 a 19 anos estão mais sujeitas à violência física de forma geral e tendem a ser mais vítimas em situações de conflito. Já na faixa etária de 20 a 24 anos, os jovens estão mais sujeitos a mortes violentas – e a taxa de mortalidade é de 390 óbitos para cada 100 mil habitantes.
Jovens sofrem principalmente com agressão física (47%), violência psicológica e moral (15,6%), e violência sexual (7,2%). Segundo o estudo, “quanto mais velha a vítima, maior a proporção de violência psicológica. Quanto mais jovem, maior a proporção de violência física.”
Se considerada a cor de pele, jovens pretos e pardos representam mais da metade (54,1%) das notificações de violência no SUS. Jovens negros somam quase três quartos (73%) dos óbitos por causas externas ─ um total de 61.346 mortes.
Se considerados raça e sexo, a mortalidade por causas externas entre jovens homens negros chega a 227,5 para cada 100 mil habitantes.
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Violência contra mulheres
O estudo enfatiza, no entanto, que as mulheres são as maiores vítimas das violências notificadas no SUS, em todos os estados e no Distrito Federal (DF), especialmente as meninas de 15 a 19 anos.
Entre as unidades da federação, o DF e o Espírito Santo apresentam um caso de violência para cada grupo de 100 mulheres. Tiro disparado por arma de fogo e cortes causados objetos penetrantes são as principais causas de morte violenta que vitima as jovens mulheres.
Ainda segundo o estudo da Fiocruz, os jovens com deficiência foram vítimas de violência em um quinto (20,5%) das notificações. Conforme os dados, esses jovens tinham alguma forma de transtorno mental, de comportamento, ou de deficiência intelectual.
Outras
Participação privada no saneamento cresce 525% em cinco anos

O número de municípios atendidos por empresas privadas de saneamento cresceu 525% nos últimos cinco anos. Em 1.820 municípios, cerca de 1/3 dos que existem no Brasil, esses serviços são prestados em regime de concessão plena ou parcial ou com contratos de parceria público-privada.
Os dados são do Panorama da Participação Privada no Saneamento, divulgado nesta segunda-feira (25) pela Associação e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon Sindcon).
O crescimento está relacionado com a entrada em vigor, em 2020, do Novo Marco Legal do Saneamento, que promoveu a abertura do mercado de prestação dos serviços públicos de saneamento básico para o setor privado.
Com isso, a participação privada nos investimentos em saneamento também subiu de 15,1% em 2020 para 27,3% em 2023, acumulando R$ 84 bilhões no período.
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Água e esgoto
Ainda de acordo com o levantamento da Abcon Sindcon, entre 2019 e 2023, mais de 197 mil quilômetros de redes de água e esgoto foram construídos por empresas privadas, o que indica o esforço para cumprir a meta de universalização instituída pelo Novo Marco Legal. A legislação estabeleceu que, até 2033, 99% dos brasileiros deverão contar com água tratada e 90% terão acesso à coleta e ao tratamento de esgotamento sanitário.
Por enquanto, 68% dos municípios têm contratos que preveem a universalização dentro do prazo, mas, de acordo com a diretora-executiva da entidade, Christianne Dias, o setor não discute nenhuma revisão na meta e acredita que ela poderá ser cumprida.
“Quando a gente fala de saneamento, nós estamos falando de contratos de longa duração e há uma morosidade natural da construção da infraestrutura que precisa ser feita para o serviço chegar na casa do do brasileiro. Então, a gente vai conseguir ver resultados mais significativos a médio prazo, mas nós já temos tido resultados positivos”, assegura.
A Abcon Sindcon também afirmou que o maior envolvimento do setor privado tem contribuído para a diminuição das desigualdades na oferta dos serviços. Entre 2019 e 2023, mais de 674 mil domicílios com renda de até meio salário-mínimo por pessoa passaram a ter água encanada e cerca de 1,2 milhão receberam ligação de esgoto. Além disso, houve aumento de 60% nos locais com direito à tarifa social.
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Inmet emite alertas vermelho e laranja para baixa umidade do ar

A semana começa com mais um alerta vermelho, que indica grande perigo, em razão da baixa umidade do ar nesta segunda-feira. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), 147 municípios do Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Minas Gerais e Bahia, além do Distrito Federal, poderão registrar umidade relativa abaixo 12% na tarde desta segunda-feira (25). O alerta entra em vigor às 13h de hoje e se encerra às 18h.
O aviso cobre todo o Distrito Federal, além o Leste, Centro, Norte e Noroeste de Goiás. Estão sob alerta ainda o extremo Oeste da Bahia, o Norte e Noroeste de Minas, a região Ocidental do Tocantins, além do Nordeste mato-grossense.
Confira no mapa abaixo:
Alerta vermelho do Inmet sobre umidade relativa do ar abaixo de 12%. Foto: Inmet/divulgação
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Alerta Laranja
Além do alerta vermelho, há ainda um alerta laranja em vigor, também relativo à baixa umidade, que indica perigo. Neste caso, as regiões afetadas deverão enfrentar umidade relativa variando entre 20% e 12%, desde as 12h até as 19h de hoje. O aviso atinge, além dos estados já cobertos pelo alerta vermelho, parte de São Paulo, do Pará, do Maranhão e do Piauí.
Confira no mapa abaixo:
Alerta laranja do Inmet aponta umidade relativa do ar variando entre 20% e 12%. Foto: Inmet/divulgação
Cuidados
O Inmet alerta que, em caso de baixa umidade, há risco potencial de incêndios florestais e à saúde das populações nesta região. Pode haver ressecamento da pele, dor de cabeça, risco de doenças pulmonares, desconforto nos olhos, boca e nariz. A recomendação é beber bastante líquido, não se expor ao sol nas horas mais quentes, umidificar os ambientes e hidratar a pele. Atividades físicas não são recomendadas. Há ainda uma indicação para não consumir bebidas diuréticas, como café e álcool.
Confira a reportagem do telejornal Repórter Brasil Tarde, da TV Brasil, sobre a situação do clima