Economia
BNDES tem impacto recorde de R$ 276,5 bi no crédito em 2024
Ao longo de 2024, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) teve impacto de R$ 276,5 bilhões no crédito disponível na economia brasileira.O valor é o maior impacto já registrado na história do banco público e representa aumento de 26% em relação a 2023.
O lucro da instituição cresceu 20,5% em relação ao ano anterior e alcançou R$ 26,4 bilhões. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (25) na sede do BNDES, no Rio de Janeiro.
O total de R$ 276,5 bilhões de impacto no crédito é a soma de R$ 212,6 bilhões em aprovação de financiamentos e R$ 63,9 bilhões do Fundo Garantidor para Investimentos (FGI), que consiste em garantias para empresas de menor porte conseguirem empréstimos em bancos.
A aprovação de crédito cresceu 22% em relação a 2023. O banco também divulgou que os desembolsos – dinheiro efetivamente liberado no ano – somaram R$ 133,7 bilhões, alta de 17% ante o ano anterior.
O valor das aprovações é maior que os desembolsos pois parte dos recursos costuma ser liberada em etapas – as chamadas tranches – em vários anos.
Função do banco
O BNDES é instituição financeira vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, e funciona como um braço do governo para apoiar financeiramente investimentos que se relacionem com o desenvolvimento econômico e social do país.
Ao destacar os resultados de 2024, o diretor financeiro e de mercado de capitais, Alexandre Abreu, destacou que, pela primeira vez desde 2017, a indústria (R$ 52,4 bilhões) teve mais liberação de crédito do que a agropecuária (R$ 52,3 bilhões).
“O que mostra o sucesso das políticas voltadas para o fortalecimento da indústria, principalmente da Nova Indústria Brasil (NIB, política industrial do governo)”, apontou.
Para o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, é um “ótimo indicador”.
“A indústria é um setor que gera muito valor agregado, mão de obra, empregos mais qualificados, gera inovação tecnológica”.
O setor que mais atraiu a aprovação de financiamentos foi o de infraestrutura (R$ 74,6 bilhões). Comércio e serviço atraíram (R$ 33,4 bilhões).
BNDES apresenta resultado financeiro de 2024. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Mercadante enfatizou que no crédito de infraestrutura, houve uma mudança de perfil.
“Nós continuamos crescendo fortemente, mas antes, era o saneamento que liderava, agora é o crédito rodoviário”
Micro e pequenas
Alexandre Abreu ressaltou também que o impacto no crédito para micro e pequena empresa (desembolso e garantias) atingiu R$ 156,3 bilhões em 2024, crescimento de 119,8% desde 2022 e 44,7% ante 2023. Esses aumentos são maiores que do volume total para todas as empresas (81% e 26%, respectivamente).
“Mostra que o nosso foco em pequenas e médias empresas é muito grande e vem se expressando através dos números”.
Lucro
Do lucro líquido de R$ 26,4 bilhões, metade foi recorrente, R$ 13,2 bilhões. A outra metade é composta de eventos não recorrentes, ou seja, que não acontecem necessariamente sempre, como recebimento de dividendos de empresas investidas e recuperação de dívidas atrasadas.
Em 2024, o BNDES recebeu R$ 10,4 bilhões em dividendos de empresas das quais detém ações, principalmente Petrobras e JBS (indústria alimentícia).
De acordo com a diretoria do BNDES, o lucro do banco é o terceiro maior entre os principais bancos do país em valores nominais (sem descontar a inflação). Perde para o Itaú (R$ 40,2 bilhões) e Banco do Brasil (R$ 37,9 bilhões)
No entanto, em relação ao número de funcionários, o BNDES lidera o ranking, como lucro líquido de R$ 11,35 milhões por funcionários.
O BNDES fechou 2024 com patrimônio líquido de R$ 158,4 bilhões e carteira de crédito de R$ 584,8 bilhões – o maior valor em sete anos.
A inadimplência superior a 90 dias foi de 0,001%. “Praticamente zero”, destaca Abreu. No mercado bancário brasileiro como um todo, o índice de inadimplência é de 2,95%, segundo o diretor.
Contas públicas
Ao longo do ano passado, o banco repassou R$ 29,5 bilhões em dividendos ao governo, o que ajudou as contas públicas. “É um resultado extraordinário que ajudou no arcabouço fiscal”, afirmou Mercadante. “Isso foi direto para o Tesouro”, completou.
O banco público mantinha até o fim de 2024 carteira de participação societária (ações de outras empresas e fundos de investimentos) de R$ 82 bilhões, 30,8% a mais que em 2022. Além de Petrobras e JBS, outras grandes empresas investidas do banco são Eletrobras e Companhia Paranaense de Energia (Copel).
O portfólio de participação societária é o mesmo desde o fim de 2022, ou seja, o acrescimento de R$ 19,3 bilhões nesse período se deveu à valorização dos ativos. “Se tivéssemos vendido, nós teríamos deixado de ganhar esses valores, fora os dividendos [que recebemos]”, disse o diretor Abreu.
Projeção
Mercadante acredita que a despeito da alta da taxa de juros no país, para combater a inflação, o BNDES terá papel importante na concessão de empréstimos. Ele citou investimentos de infraestrutura em rodovias, que devem somar R$ 30 bilhões em 2025.
Atualmente, a aprovação de crédito do banco está em 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB, medição do tamanho da economia). Até 2026, o banco espera alcançar 2% do PIB.
“Estamos bastante empenhados em entregar esse esforço do crédito, que é muito importante para manter o crescimento, emprego e desenvolvimento”
Economia
O que considerar antes de investir em uma ação
Com o avanço da participação de investidores pessoa física na Bolsa, tomar boas decisões exige mais do que acompanhar a oscilação diária dos preços: é preciso entender o negócio, o setor e o cenário econômico
O universo de investimentos no Brasil mudou significativamente na última década. Segundo dados da B3, a Bolsa brasileira ultrapassou 5,3 milhões de investidores pessoa física em 2025, reflexo da digitalização do mercado e do maior acesso à informação financeira. A entrada desse novo público trouxe dinamismo, mas também reforçou a importância de compreender o que realmente significa comprar ações.
Afinal, investir na Bolsa não é apenas reagir aos movimentos do gráfico, é analisar empresas reais, afetadas por ciclos econômicos, concorrência, gestão e tendências de consumo. Quanto mais o investidor entende esse conjunto de fatores, maiores são suas chances de tomar decisões seguras e evitar armadilhas.
O fundamento essencial: conhecer a empresa
Investir em ações é assumir o papel de sócio. Por isso, a primeira etapa de uma análise é investigar como a empresa funciona. Elementos centrais incluem:
-
modelo de negócio e fontes de receita,
-
histórico de lucros e margens,
-
nível de endividamento,
-
qualidade da gestão,
-
governança e transparência.
Relatórios de resultados e demonstrações financeiras oferecem pistas valiosas sobre a capacidade de a companhia se manter competitiva ao longo do tempo. Empresas sólidas, com processos bem estruturados e crescimento consistente, tendem a oferecer menor risco, especialmente para quem mira o longo prazo.
O setor importa tanto quanto a empresa
Além da empresa, é preciso observar o movimento do setor. Cada segmento tem sua lógica própria e reage de formas distintas a mudanças no cenário econômico.
-
Setores cíclicos, como varejo, bens duráveis e construção, são altamente sensíveis a juros e renda.
-
Setores defensivos, como saúde, energia e saneamento, costumam ser mais estáveis.
-
Tecnologia tende a oscilar conforme inovação, escalabilidade e competição global.
Compreender o ciclo do setor ajuda o investidor a enxergar se a empresa está entrando em um momento de expansão ou enfrentando obstáculos conjunturais.
Perfil de risco e leitura macroeconômica
Antes de escolher qualquer ação, o investidor precisa alinhar sua decisão ao próprio perfil de risco. Quem tolera volatilidade pode buscar empresas de crescimento acelerado; já quem prioriza previsibilidade tende a preferir pagadoras de dividendos.
Ao mesmo tempo, o ambiente macroeconômico influencia intensamente o desempenho das ações.
-
Selic alta reduz o apetite por renda variável.
-
Selic em queda costuma atrair fluxo para a Bolsa.
-
Inflação, câmbio, política fiscal e cenário global podem beneficiar ou penalizar setores inteiros.
Investir sem observar essas variáveis é como navegar sem bússola: a direção existe, mas o caminho fica incerto.
Indicadores financeiros que auxiliam a decisão
Dados ajudam a transformar percepções em análises concretas. Entre os principais indicadores usados por investidores estão:
-
P/L (Preço/Lucro) – indica quanto se paga pelo lucro da empresa;
-
ROE (Retorno sobre Patrimônio) – mede eficiência na geração de valor;
-
Margem líquida e EBITDA – mostram a força operacional;
-
Endividamento – revela a estrutura de capital;
-
Dividend Yield – destaca a remuneração ao acionista.
Nenhum dado funciona sozinho: o ideal é comparar indicadores entre empresas do mesmo setor e ao longo do histórico da própria companhia.
Exemplo prático: como observar a MGLU3
A trajetória da MGLU3, ação da Magazine Luiza, evidencia como o comportamento do setor e do cenário macroeconômico pode transformar a performance de um papel. A empresa viveu um ciclo de forte valorização durante a expansão do e-commerce, mas enfrentou períodos de queda quando o consumo desacelerou e os juros subiram.
Esse caso reforça alguns pontos:
-
ações de varejo tendem a ser mais voláteis,
-
resultados trimestrais devem ser analisados em conjunto com o ciclo econômico,
-
inovação e execução estratégica são determinantes para o crescimento futuro.
E, principalmente, demonstra que nenhuma ação deve concentrar toda a carteira. Diversificação protege o investidor e equilibra riscos.
Construindo estratégia e visão de longo prazo
Investir em ações exige maturidade e constância. Oscilações diárias fazem parte da dinâmica do mercado, mas o crescimento real vem de acompanhamento contínuo, disciplina para manter aportes recorrentes e foco no longo prazo.
O investidor que estuda, entende o contexto e controla as emoções tende a transformar conhecimento em resultado. No fim, o mercado acionário recompensa quem pensa como dono: olha menos para o preço do dia e mais para a capacidade da empresa de prosperar ao longo dos anos.
Economia
BRB diz que recuperou R$ 10 bilhões das carteiras com Master
Após a repercussão das investigações ligadas às supostas fraudes envolvendo o Banco Master, o Banco de Brasília (BRB) afirmou, em nota, nesta sexta-feira (21), que a instituição permanece com solidez.

Nas investigações da Polícia Federal, o BRB aparece com um das principais instituições que teriam comprado créditos falsos do Master.
“As carteiras atuais seguem padrão adequado, e o Banco permanece sólido e colaborando com as autoridades”, garantiu a instituição.
Em relação aos negócios com o Banco Master, o BRB ponderou que todo o processo de substituição de carteiras e adição de garantias, que é previsto em contrato, foi reportado e acompanhado pelo Banco Central.
A fraude
O BRB adquiriu, segundo as investigações, um total de R$ 12,7 bilhões em carteiras de crédito inexistentes do Master. A Operação Compliance Zero, deflagrada nesta semana pela Polícia Federal (PF), apontou que a fraude consistia em simular empréstimos em meio a negociações de carteiras de crédito com outros bancos. Entre eles, o BRB.
Na nota, o banco afirmou que dos R$ 12,76 bilhões negociados, mais de R$ 10 bilhões já foram “liquidados ou substituídos”. “E o restante não constitui exposição direta ao Banco Master”. O Banco de Brasília acrescentou que atua como credor nessa liquidação extrajudicial e que passou a reforçar controles internos.
Para reafirmar a ideia de solidez, o BRB divulgou que conta com mais de R$ 80 bilhões em ativos, mais de R$ 60 bilhões em carteira de crédito e registrou lucro líquido de R$ 518 milhões no 1º semestre”. A instituição teria contabilizado margem financeira superior a R$ 2,3 bilhões.
A instituição acrescentou que atende em 97% do território nacional e conta com 988 pontos físicos e liderança no crédito imobiliário no Distrito Federal.
Economia
Governo reduz para R$ 7,7 bi congelamento de despesas no Orçamento
A equipe econômica reduziu de R$ 12,1 bilhões para R$ 7,7 bilhões o volume de recursos congelados no Orçamento de 2025.

Os dados constam do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias do 5º bimestre, divulgado nesta sexta-feira (21) pelo Ministério do Planejamento e Orçamento. Do total, R$ 4,4 bilhões estão bloqueados e R$ 3,3 bilhões foram contingenciados.
A queda no bloqueio decorre, principalmente, do cancelamento de R$ 3,8 bilhões em despesas discricionárias (não obrigatórias) para cobrir gastos obrigatórios.
Já o contingenciamento passou de zero para R$ 3,3 bilhões por causa da piora na projeção para o resultado fiscal deste ano.
O detalhamento dos valores por ministério será apresentado no Decreto de Programação Orçamentária e Financeira, previsto para 30 de novembro.
Bloqueio e contingenciamento
O bloqueio é adotado quando os gastos previstos superam o limite imposto pelo arcabouço fiscal. Já o contingenciamento é aplicado quando há frustração de receitas e risco de descumprimento da meta fiscal.
A meta de 2025 é déficit zero, com tolerância para um resultado negativo de até R$ 31 bilhões.
Segundo o Ministério do Planejamento, a redução do bloqueio também reflete queda de R$ 4 bilhões na estimativa de despesas obrigatórias, influenciada por recuos em benefícios previdenciários e subsídios.
O contingenciamento tornou-se necessário porque o déficit primário projetado (R$ 34,3 bilhões) superou o limite permitido pela meta (R$ 31 bilhões). O aumento decorre, principalmente, do déficit das estatais e da revisão para baixo da receita líquida.
O déficit primário representa a diferença entre as despesas e as receitas, desconsiderando os juros da dívida pública.
Ao considerar que, desde setembro, o governo havia cancelado R$ 3,8 bilhões em despesas discricionárias para cobrir o crescimento de gastos obrigatórios, o volume total de recursos congelados (bloqueados e contingenciados) caiu de R$ 8,3 bilhões para R$ 7,7 bilhões, alívio de R$ 644 milhões.
O relatório diminuiu em R$ 501 milhões a contenção no Poder Executivo, de R$ 5,514 bilhões para R$ 5,013 bilhões. O total a parcela de emendas parlamentares congeladas passou de R$ 2,794 bilhões para R$ 2,645 bilhões, liberação de R$ 149 milhões.
Projeções de receitas e despesas
O relatório atualizou as estimativas para receitas e gastos ao longo de 2025.
>> Veja os principais números:
Receitas primárias da União
- Projeção anterior: R$ 2,924 trilhões
- Projeção atual: R$ 2,922 trilhões
Despesas primárias totais
- Projeção anterior: R$ 2,417 trilhões
- Projeção atual: R$ 2,418 trilhões
Gastos obrigatórios
- Projeção anterior: R$ 2,207 trilhões
- Projeção atual: R$ 2,204 trilhões
Despesas discricionárias (não obrigatórias)
- Projeção anterior: R$ 219,056 bilhões
- Projeção atual: R$ 215,425 bilhões
Projeções específicas de despesas
- Benefícios previdenciários: de R$ 1,029 trilhão para R$ 1,028 trilhão (-R$ 263,7 milhões)
- Pessoal e encargos sociais: de R$ 408,976 bilhões para R$ 408,592 bilhões (-R$ 384 milhões)
- Precatórios e sentenças judiciais: de R$ 42,824 bilhões para R$ 43,356 bilhões (+R$ 532,4 milhões)
- Subvenções econômicas: de R$ 24,769 bilhões para R$ 21,677 bilhões (-R$ 3,092 bilhões)
Arrecadação
- Dividendos de estatais: de R$ 48,808 bilhões para R$ 52,422 bilhões (+R$ 3,614 bilhões)
- Concessões: de R$ 7,743 bilhões para R$ 7,831 bilhões (+R$ 88,2 milhões)
- Royalties: de R$ 145,903 bilhões para R$ 144,081 bilhões (-R$ 1,822 bilhão)
Meta fiscal e decisões recentes
A meta fiscal de 2025 permite déficit de até R$ 31 bilhões. Segundo o governo, a projeção menor do resultado está ligada ao déficit de estatais e à queda de R$ 1 bilhão na receita líquida estimada.
O governo também destaca impactos positivos da aprovação no Congresso de medidas ligadas à compensação tributária indevida, ao Atestmed (sistema de atestado médico digital do Instituto Nacional do Seguro Social) e ao seguro-defeso, que devem gerar alívio fiscal de cerca de R$ 15 bilhões neste ano.
Além disso, o Tribunal de Contas da União (TCU) autorizou o governo a contingenciar recursos para perseguir o piso da meta – déficit primário de R$ 31 bilhões –em 2025, o que amplia a flexibilidade na execução orçamentária. No entanto, a decisão do ministro Benjamin Zymler ainda será julgada pelo plenário do órgão.
O detalhamento das áreas que terão liberação parcial dos recursos bloqueados será divulgado até o fim de novembro.
