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Brasil tem queda na desigualdade em educação, emprego e meio ambiente

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© Fernando Frazão/Agência Brasil

O Pacto Nacional pelo Combate às Desigualdades lançou nesta quinta-feira (28), em Brasília, o terceiro Relatório do Observatório Brasileiro das Desigualdades 2025, produzido pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Do total de 43 indicadores analisados, 25 registraram avanços nos últimos dados disponíveis, com destaque para dados relacionados ao meio ambiente, trabalho, educação e saúde. 

Embora apenas três indicadores da nova edição do relatório tenham apresentado retrocessos (relacionados à saúde e a condições de moradia), oito indicadores não apresentaram mudanças significativas.  Apesar da melhora em alguns aspectos, as análises divulgadas mostram que as desigualdades de raça/ cor, gênero e entre regiões brasileiras persistem no país.

No evento, o deputado Pastor Henrique Vieira (PSol–RJ) comentou as consequências das desigualdades no país, que não devem ser normalizadas. Para ele, os dados do estudo devem resultar em planejamento de ações para reverter as discrepâncias evidenciadas.

“Isso não são números. São pessoas, histórias, memórias, mulheres, trabalhadores e crianças que precisam de um país justo, solidário, fraterno, democrático e soberano.”

Durante a apresentação do documento na Câmara dos Deputados, o representante do Pacto Nacional pelo Combate às Desigualdades, o sociólogo Clemente Ganz Lúcio, destacou que as desigualdades brasileiras são estruturais em várias dimensões e, por isso, representam um ‘problema dramático’. Ele entende, ainda, que mesmo nos processos de melhorias verificados, os avanços ainda são bastante lentos. Clemente Ganz Lúcio destacou os objetivos do trabalho.

“O Observatório tenta registrar a performance de indicadores que materializam, de um lado, um diagnóstico perverso de desigualdade estrutural materializada em várias dimensões, que a gente quer permanentemente mostrar para a sociedade. De outro lado, queremos, anualmente, trazer resultados que mostram como estamos conseguindo, gradativamente, superar [essas diferenças]”, disse o coordenador do relatório.

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Clima e meio ambiente  

O Relatório do Observatório Brasileiro das Desigualdades 2025 traz, entre os destaques positivos, a redução das emissões de gás carbônico (CO₂) por pessoa, no Brasil. O país que sediará a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30) em novembro emitiu 12,4 toneladas de dióxido de carbono equivalente (ou tCO₂e), em 2022. Houve queda nas emissões no ano seguinte (2023), para 10,8 tCO₂.

O Brasil também registrou queda de 41,3% na área desmatada entre 2022 e 2024.  Apesar disso, o Acre teve acréscimo de 31% da área desmatada; Roraima, de 8%; e Piauí, alta de 5%.

Representando a sociedade civil na cerimônia, em Brasília, a coordenadora de Clima e Cidades do Instituto de Referência Negra Peregum, Gisele Brito, esclareceu que o aumento dessas emissões de efeito estufa (GEE), nos estados dos biomas da Amazônia e do Cerrado, está intimamente ligado ao desmatamento provocado pelo modelo de desenvolvimento econômico centrado no agronegócio.

“O agronegócio é concentrador de renda e de terras, tem bastante relação com conflitos por água, por terra e outros tipos de conflitos. Além da perda de qualidade de vida, da diversidade, interrupção do extrativismo e de formas de vida que se conflituam com essas desigualdades, como de populações quilombolas e de populações indígenas”, declarou a ativista Gisele Brito.

Educação

Os indicadores educacionais do relatório apontam para o aumento do percentual de crianças de 0 a 3 anos que frequentam creches, entre 2022 e 2024, de 30,7% para 34,6%. Porém, a maioria das crianças nessa faixa etária ainda está fora da escola. O Plano Nacional de Educação (PNE) previa que 50% das crianças de 0 a 3 anos estivessem em creches até 2024.

A taxa de escolarização do ensino médio cresceu de 71,3%, em 2022, para 74,0% em 2024. Quando observado o ensino superior, a taxa passou de 20,1% para 22,1% no mesmo período.

Mas o estudo indica que as matrículas no ensino superior ainda são relativamente baixas, porque a maioria dos jovens na idade esperada (18 a 24 anos) não estão matriculados nas universidades.

As mulheres consistentemente superam os homens no acesso no nível superior, sobretudo as mulheres não-negras. Elas são 32,4%, nas cadeiras da graduação, enquanto as mulheres negras são 20,3% das universitárias.

Renda, riqueza e trabalho

No que se refere ao mercado de trabalho e renda no Brasil, o rendimento médio cresceu 2,9% em 2024: alcançou R$ 3.066, o que representa um crescimento real de 2,9% em comparação ao de 2023.

E a taxa de desocupação atingiu 6,6%, uma redução de 1,2 ponto percentual, em relação a 2023. A queda foi mais expressiva entre as mulheres (de 9,5% para 8,1%) e entre a população negra (de 9,1% para 7,6%).

No entanto, tais avanços “não foram suficientes para alterar significativamente a estrutura desigual da renda no país”, concluiu o estudo. Em 2024, os 1% mais ricos do país tinham um rendimento médio 30,5 vezes superior aos 50% mais pobres, um pouco menor que em 2023 (32,9 vezes).

Outro destaque do documento é a redução da proporção de pobres em 23,4%, em 2024, conforme critérios do programa federal Bolsa Família, coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS).

No campo da segurança pública, a taxa de homicídio registrado de jovens entre 15 e 29 anos (por 100 mil habitantes) apresentou queda entre 2021 e 2023 (de 49,7% para 45,8%).

Saúde

A mortalidade materna apresentou uma redução expressiva de 113 óbitos maternos a cada 100 mil nascidos vivos, em 2021, para 52 óbitos maternos a cada 100 mil nascidos vivos, em 2023.

O destaque negativo, no entanto, foi percebido nas regiões Norte e Nordeste, que registraram resultados piores, quando comparados à média nacional. Em 2023, o Norte teve 71 mortes maternas por 100 mil nascidos vivos. E o Nordeste, teve 59/100 mil nascidos vivos, em 2023.

Transformação  

Clemente Ganz Lúcio, integrante do Pacto Nacional pelo Combate às desigualdades, afirmou que o terceiro Relatório do Observatório Brasileiro da Desigualdades aponta possibilidades de transformação em duas frentes: a econômica – como investimentos na geração de empregos de qualidade e no incremento da industrialização; e a vertente das políticas públicas criadas, sustentadas e direcionadas pelo Estado brasileiro.

“Queremos que esse resultado [do relatório] seja usado, alimente, fomente debates que nos qualifiquem a ter, cada vez, mais um crescimento econômico pró-superação das desigualdades e, de outro lado, políticas públicas que sejam capazes de sustentar e acelerar esse processo de transformação.”

Piora nos resultados

Ao apresentar o estudo, a diretora técnica do Dieese, Adriana Marcolino, explicou que o Brasil ainda apresenta desigualdades persistentes, principalmente entre gêneros, regiões e cor/raça.

“A desigualdade é tão grande entre negros e não negros, entre homens e mulheres, entre territórios do Norte-Nordeste e do Sul-Sudeste, que mesmo [em indicadores] que cresceram acima da média, as desigualdades ainda são bastante relevantes”, constatou a técnica .

Entre os indicadores que apresentaram retrocessos, divulgados no documento, está o da violência contra as mulheres, baseada em gênero, que continua a ser grave e crescente. Em 2020, o número de vítimas de feminicídio foi de 1.350. E em 2024, cresceu para 1.492, o que representou 142 casos de feminicídio a mais, na comparação 2020-2024. O número vai na contramão da queda geral das mortes violentas intencionais (que inclui homicídios, latrocínios, etc.).

A taxa total de óbitos por causas evitáveis aumentou no Brasil entre 2021 e 2023, de 30,6% para 39,2%. Em 2023, a taxa de mortes evitáveis foi maior entre negros: 51,8% para homens e 37,8% para mulheres, em comparação a 39,4% e 26,5% entre não negros.

A violência é até mais letal entre os jovens negros (até 24 anos), que foi quase o dobro da mortalidade de não negros (7,2% em comparação a 3,8%). Homens negros concentram óbitos até os 44 anos, muitas vezes por homicídios, acidentes e ausência de cuidados preventivos. Mulheres não negras morrem mais tardiamente. A conclusão do relatório é a de que elas têm melhores condições de vida e mais acesso a políticas públicas.

De acordo com o estudo, no Brasil, em 2023, 7,7% das crianças indígenas estavam com peso baixo ou muito baixo para a idade. No ano anterior, 2022, 6,7% das crianças indígenas sofriam de desnutrição.

Entre 2023 e 2025, o número de pessoas que moravam em áreas de risco aumentou em 7,5% e chegou a 4,3 milhões de pessoas em todo o território nacional.

A coordenadora do Instituto de Referência Negra Peregum, Gisele Brito, voltou a cobrar justiça climática, cidades antirracistas e o combate ao racismo ambiental.

“As pessoas não desaparecem quando são removidas de uma área de risco. Na maioria das vezes, por falta de política pública e acesso desigual aos investimentos públicos, elas vão para outra área de risco, produzindo outra mudança de uso da terra, o que ainda é bastante negligenciado nas nossas políticas públicas.”

Embora tenha havido crescimento, ainda que lento, na renda média dos ocupados em 2024, a diferença de rendimentos entre homens e mulheres se manteve. As trabalhadoras recebem, aproximadamente, 73% do rendimento médio masculino.

Sobre a maternidade precoce, o percentual de nascidos vivos de mães com até 19 anos no Brasil registrou queda entre 2022 e 2023. No entanto, foi verificada a desigualdade racial na maternidade nesta faixa etária. Em 2023, entre as jovens mães negras, o percentual de nascidos vivos foi de 13,8%, contra 7,9% para mães não negras.

Outros resultados

A necessidade de justiça tributária defendida pelo governo federal, com aumento da tributação dos mais ricos e isenção de imposto de renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil por mês, aparece justificada no Relatório do Observatório Brasileiro das Desigualdades 2025.

Os dados demonstram que a progressão do Imposto de Renda ocorre até a faixa de renda de 15 a 20 salários mínimos. Para as pessoas que ganham acima desse valor, a tributação da renda é regressiva, ou seja, a população com maiores rendimentos paga menos imposto de renda. Em evidência no estudo, os contribuintes com mais de 320 salários mínimos tiveram redução na alíquota média do imposto de renda, de 5,43% para 4,87%.

A mortalidade infantil cresceu de 2021 para 2022, mas mostrou estabilidade no ano de 2023. As regiões Norte e Nordeste registraram números acima da média nacional. Os estados de Roraima (23,9%), Amapá (20,9%), Sergipe (18,5%) e Amazonas (17,1%) tiveram as maiores taxas em 2023. 

Quando o estudo trata de acesso à creche, as crianças não negras, tanto meninos quanto meninas, têm maiores oportunidades do que crianças negras, com uma diferença de aproximadamente 4,4 % para as meninas e 3,6 pontos percentuais para os meninos, na educação infantil. A disparidade racial é visível em quase todas as regiões do país, exceto no Nordeste e no Centro-Oeste, onde as crianças negras participam em maior proporção.

Soma-se aos dados o indicador de alfabetismo funcional (Inaf) da população entre 15 e 64 anos manteve-se estagnado, entre 2018 e 2024, ficando em 29,4%.Os homens apresentaram taxa maior que as mulheres em todas as regiões do país.

O relatório chega também à conclusão de que os povos indígenas estão invisibilizados e são alvo de violências. Além disso, a falta de dados desagregados por etnia dificultam diagnósticos e políticas adequadas, mesmo em estados com grandes populações indígenas e altos índices de mortalidade evitável.

“Há ameaças ambientais graves, como a contaminação por mercúrio do garimpo, que afeta especialmente gestantes e crianças. Em 2023, ocorreram 208 assassinatos de indígenas”, relata a publicação.

Entre os estados que despontam com os maiores números de assassinatos de indígenas estão: Roraima (47), Mato Grosso do Sul (43), Amazonas (36). A maior parte das vítimas indígenas são homens adultos e jovens.

Pacto Nacional

Compõem o Pacto Nacional pelo Combate às Desigualdades: 

  • Associação Brasileira de Municípios (ABM),
  • Ação da Cidadania,
  • Ação Educativa,
  • Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec),
  • Coalizão Negra por Direitos,
  • Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP),
  • Fundação Tide Setubal,
  • Instituto Cidades Sustentáveis,
  • Instituto Ethos,
  • Instituto de Referência Negra Peregum,
  • Oxfam Brasil
  • Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais (Sindifisco).

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A complexidade e a liderança por trás dos grandes projetos submarinos

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O setor de óleo e gás permanece como um dos pilares estratégicos da economia mundial, responsável por movimentar trilhões de dólares e impulsionar a inovação tecnológica em escala global.Nesse cenário, a exploração offshore, especialmente em águas profundas e ultraprofundas, tornou-se fundamental, exigindo o desenvolvimento de tecnologias cada vez mais complexas e seguras.

Empresas que atuam com tecnologia submarina têm papel decisivo nesse ecossistema. Elas desenvolvem sistemas integrados de produção submarina, válvulas, bombas, compressores, árvores de natal molhadas e equipamentos de controle de fluxo capazes de operar sob condições extremas de pressão e temperatura. O objetivo é aumentar a eficiência da produção, reduzir custos operacionais e garantir a segurança ambiental das operações.

Nos últimos anos, a digitalização e a automação transformaram profundamente o setor. Sensores inteligentes, sistemas de monitoramento remoto e análise de dados em tempo real permitem prever falhas, otimizar a produção e aumentar a vida útil dos equipamentos. Essa integração entre engenharia, automação e inteligência artificial redefiniu o conceito de eficiência operacional no fundo do mar.

Liderança e Estratégia em Projetos Submarinos

Nesse ambiente altamente técnico e competitivo, profissionais de liderança exercem papel essencial para o sucesso de cada operação. À frente de projetos complexos está Bruno Rompkovski, executivo com sólida trajetória internacional no setor, que atua como responsável pelas áreas de Licitações, Propostas, Operações Comerciais e Projetos em uma das maiores empresas globais de tecnologia submarina.

Rompkovski liderou projetos submarinos de grande porte em diversas regiões do mundo, unindo conhecimento técnico e visão estratégica. Em sua função como Western Hemisphere Tender Manager, ele supervisiona o portfólio de propostas para produtos, sistemas e serviços submarinos no Hemisfério Ocidental, assegurando consistência global, conformidade e alinhamento com os objetivos corporativos.

Sua atuação envolve definir e implementar estratégias de licitação, gerenciar propostas complexas e desenvolver soluções competitivas que impulsionam receitas e destravam casos de negócios desafiadores junto a grandes operadores do setor. O papel que desempenha exemplifica a importância de uma liderança técnica e comercial integrada, capaz de conectar engenharia de ponta, inovação e resultados financeiros sustentáveis.

Os desafios enfrentados por gerentes comerciais e diretores de projetos nesse setor são notáveis. “O ciclo de vendas de soluções submarinas é longo, técnico e envolve contratos de alto valor, frequentemente em múltiplas jurisdições, exigindo uma combinação rara de visão estratégica, domínio técnico e capacidade de negociação”, afirma Bruno.

Atuando em posições que exigem tanto visão comercial quanto conhecimento técnico aprofundado, Bruno gerencia negociações complexas e coordena equipes multidisciplinares. A experiência de Rompkovski ilustra como o sucesso no setor depende de uma atuação integrada, em que gestão, engenharia e estratégia comercial caminham lado a lado para garantir resultados sustentáveis e inovadores.

O futuro do mercado de óleo e gás, em especial no segmento de tecnologia submarina, aponta para uma integração cada vez maior entre inovação, sustentabilidade e automação. A busca por operações mais seguras, eficientes e com menor impacto ambiental orienta novos investimentos em inteligência artificial, robótica submarina e soluções energéticas híbridas.

Assim, o setor continua sendo um dos mais desafiadores e fascinantes do mundo industrial. Profissionais como Bruno Rompkovski exemplificam o perfil de liderança que impulsiona essa transformação — combinando excelência técnica, gestão estratégica e visão global em um ambiente onde inovação e resiliência são essenciais para o sucesso.

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Zurich Seguros anuncia Thales Amaral como novo diretor comercial regional RJ/ES/N/NE

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A Zurich Seguros anuncia Thales Amaral como novo diretor regional responsável pelas operações do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Norte e Nordeste. O executivo, que está na Zurich desde 2021 e possui sólida trajetória no mercado segurador e ampla experiência em cargos de liderança comercial, assume a diretoria regional com a missão de fortalecer a presença da companhia nessas regiões e intensificar o relacionamento com corretores, parceiros e clientes locais. 
A Diretoria Comercial Regional RJ/ES/N/NE reúne mercados estratégicos para o plano de expansão nacional da Zurich. Além de atuar em capitais altamente competitivas, como Rio de Janeiro, Recife e Salvador, a regional também abrange polos em crescimento acelerado no Norte e Nordeste e municípios em desenvolvimento no Espírito Santo e Rio de Janeiro. A Zurich tem intensificado sua atuação nesses mercados com foco em soluções customizadas, excelência no atendimento e inovação nas ofertas, especialmente nas linhas de seguros voltados ao varejo. 
“As regiões sob responsabilidade do Thales são fundamentais para o nosso crescimento sustentável e ampliam nossa presença em mercados que valorizam relacionamento, confiança e soluções sob medida. Temos convicção de que sua experiência e proximidade com os parceiros locais serão fundamentais para darmos continuidade aos excelentes resultados que temos alcançado, sempre com foco na geração de valor de longo prazo”, destaca Marcio Benevides, diretor executivo de Distribuição da Zurich Seguros. 
Com essa movimentação, a Zurich reforça sua estratégia de continuidade de uma liderança próxima, técnica e orientada ao cliente, alinhada à missão da companhia de oferecer proteção com excelência e antecipar as necessidades de um mercado em constante transformação. 

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Parecer do Senado reconhece que o homeschooling é o direito de educar nasce na família

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Autoria: Zizi Martins

A luta pelo reconhecimento da liberdade educacional no Brasil tem raízes que remontam a 1994, quando o Projeto de Lei 4.657 propôs, pela primeira vez, a regulamentação do ensino domiciliar. Desde então, milhares de famílias têm enfrentado perseguições judiciais e administrativas por exercerem o direito mais básico: educar seus filhos conforme seus valores, crenças e convicções. O homeschooling não é uma moda, mas uma expressão legítima de um direito natural dos pais educarem seus filhos, que, além de tudo, lhes permite o desenvolvimento pleno de seu potencial em um ambiente personalizado, seguro e alinhado aos princípios familiares.

Em 2018, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a constitucionalidade do ensino domiciliar ao decidir que sua ausência de regulamentação não o torna ilegal, mas sim um vácuo legislativo a ser preenchido. Ministros como Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso foram claros: a educação é dever conjunto da família e do Estado, e os pais têm liberdade para escolher a forma de ensino, desde que respeitados os princípios constitucionais Esse marco abriu caminho para a esperança de uma regulamentação justa e equilibrada.

Essa esperança ganhou corpo com a aprovação, em maio de 2022, do PL 1338/2022 pela Câmara dos Deputados. O projeto, que altera a LDB e o ECA para permitir o ensino domiciliar com supervisão estatal, foi aprovado com 264 votos favoráveis, demonstrando amadurecimento político e reconhecimento do direito das famílias. Hoje, tramita no Senado, sob a relatoria da senadora Professora Dorinha, que apresentou parecer, reforçando a necessidade de segurança jurídica para os pais.

O parecer favorável da senadora Professora Dorinha, apresentado em 6 de outubro de 2025, é o fato novo que confirma a necessidade de mudar o rumo do Estado brasileiro em relação ao ensino domiciliar. Como relatora do PL 1338/2022 na Comissão de Educação do Senado, Dorinha não apenas endossou o projeto, mas o fez com um relatório claro, técnico e profundamente alinhado com os princípios da liberdade familiar e da autonomia pedagógica. Ela, que também é especialista em Educação, reconhece que o ensino domiciliar é uma escolha legítima, respaldada por valores constitucionais, e que o Estado tem o dever de regulamentar sem dificultar ou proibir. Esse posicionamento político e jurídico ratifica o que há décadas famílias educadoras buscam em termos de reconhecimento. E que mais de 60 países também já consagraram.

Apesar disso, a perseguição persiste. Em Manhuaçu (MG), o Ministério Público processou cinco famílias por praticarem homeschooling, exigindo matrícula compulsória e ameaçando multas e desobediência. Casos semelhantes ocorrem em diversos estados, revelando um padrão de hostilidade institucional contra pais que buscam apenas o melhor para seus filhos. Essa criminalização da parentalidade é incompatível com uma sociedade democrática e não se sustenta frente às evidências sociais e científicas.

O direito à educação domiciliar é natural, anterior ao Estado, e está protegido por tratados internacionais como o Pacto de San José da Costa Rica, que tem hierarquia constitucional no Brasil. A UNESCO, agência da ONU, em relatório recente, também reconheceu o homeschooling como uma alternativa válida para garantir ambientes educativos seguros, personalizados e inclusivos, alinhados ao direito universal à educação. O mundo avança; o Brasil insiste em punir quem ousa escolher.

A regulamentação do PL 1338/2022 não é um favor, mas uma obrigação. Ela traz regras claras: matrícula em instituições para acompanhamento, avaliações periódicas e qualificação dos responsáveis. Nada disso representa ameaça à sociedade, mas sim responsabilidade e transparência. O que está em jogo é a liberdade educacional: o direito de cada família escolher a melhor forma de ensino, com base em evidências de excelência acadêmica, desenvolvimento integral e valores éticos. O ensino domiciliar tem demonstrado resultados superiores em aprendizagem, formação cívica e preparação para a vida adulta, com alunos mais autônomos, críticos e bem-sucedidos na vida civil.

As famílias que educam em casa não fogem da sociedade. Ao contrário, preparam cidadãos mais autônomos, críticos e resilientes. Estudos internacionais mostram que alunos homeschoolers têm desempenho superior em avaliações e maior taxa de sucesso no ensino superior. No Brasil, a comunidade cresce com eventos, plataformas e materiais didáticos, provando que é possível construir um ecossistema educacional paralelo, plural e eficaz.

É hora de o Brasil reconhecer que a liberdade educacional não é privilégio, mas direito fundamental. O PL 1338/2022 é o caminho para garantir proteção estatal àqueles que já a exercem sob risco. Regular não é permitir, é reconhecer. E proteger não é favorecer, é cumprir a Constituição. A família, não o Estado, é o primeiro e mais importante espaço de formação humana. E esse direito natural merece, finalmente, ser respeitado.

*Zizi Martins é ativista pela liberdade. Vice-presidente do Conselho Administrativo da ANED, membro fundadora e diretora da Lexum, Presidente do Instituto Solidez e membro do IBDR. Procuradora do Estado da Bahia, Advogada. Com mestrado em direito público e especialização em Direito Religioso, Doutora em Educação, Pós-Doutora em Política, Comportamento e Mídia.

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