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Cartas de alforria impunham condições à liberdade de escravizados

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Cartas de alforria impunham condições à liberdade de escravizados
© Urano Andrade/Arquivo Pessoal

Os cartórios de Salvador guardam registros valiosos para entender em detalhes como se deu a formação do povo brasileiro e como se estabeleceram relações sociais que perduram ainda neste século 21. Em livros notariais do período colonial, escrivães registraram transações de compra e venda de pessoas escravizadas, cartas de alforria, e testamentos de senhores e senhoras de escravos, e também de homens e mulheres negros libertos.

Há décadas, tais documentos são o universo de pesquisa do historiador e professor Urano de Cerqueira Andrade, especializado em história social e econômica do Brasil Colônia. Perito na digitalização e preservação de acervos documentais, ele é o coordenador técnico no projeto Digitalizando Fontes Manuscritas Ameaçadas: Os Livros de Notas da Bahia, Brasil, 1664-1889, financiado pela Biblioteca Britânica.

Nesse trabalho feito em equipe, foram escaneados 1.465 livros notariais, desde o primeiro, no ano de 1664, até o início da década de 1920.

Dentro desse período que se estende por quatro séculos, 19.726 cartas de alforria registradas de 1800 a 1855 estão tabuladas em planilhas de dados, onde constam nome da pessoa alforriada, idade, gênero, nome dos pais, origem, cor (preto ou pardo), ofício, valores pagos e condições impostas pelos senhores para a concessão da alforria.

Professor e historiador Urano Andrade é perito na digitalização e preservação de acervos documentais – Urano Andrade/Arquivo Pessoal

“Estudar história é estudar o passado, entender o presente e tentar melhorar o futuro”, afirma o historiador e professor. “A gente não tem como melhorar o futuro se a gente não olhar o passado – olhar e reconhecer os nossos erros, e fazer de outra forma”, costuma aconselhar.

Veja a seguir os principais trechos da entrevista de Urano Andrade à Agência Brasil.

Agência Brasil: Quantos casos de pessoas escravizadas que conseguiram a alforria já conseguiram identificar?
Urano Andrade: Exatamente, 19.726 casos tabulados – dentro do período de 1800 a 1855.

Agência Brasil: Nessa tabulação, tem o nome da pessoa escravizada, de quem era propriedade e quando foi obtida a alforria? Há algo mais sobre a pessoa escravizada?
Andrade: Nós temos o gênero, o nome, a idade, a nação, origem ou cor. As definições são muito genéricas. Os escravizados eram trazidos de certas regiões do continente africano. Muitos traziam denominações como ‘Angola’, ‘Cabinda’ [hoje província de Angola], ‘Calabar’ [hoje cidade na Nigéria]. Nós temos também os crioulos [como eram chamadas pessoas negras nascidas no Brasil]. Há subgrupos, onde colocavam os nomes de ‘mulatos’ ou ‘mulatas’. Nós temos também a ocupação, o nome da mãe, o nome do pai, data do registro da carta de alforria e data da efetiva alforria, o valor, as condicionais e observações das mais diversas.

Agência Brasil: Com essas informações é possível mapear de onde vieram especialmente os escravizados da Bahia?
Andrade: É muito genérico. Mesmo tabulado com a nomenclatura que está no documento, a gente não pode ter 100% de certeza. É preciso ter um estudo muito mais avançado para a gente ter uma definição correta. Mas dá para levantar dados estatísticos. Tem uma questão que está relacionada ao fluxo [do comércio negreiro] durante os períodos. A partir de 1719, por exemplo, há uma forte presença dos nagôs. Há muita gente originada do que hoje é a região do Benin, que foi muito devastada pela escravidão. Tem pessoas que vieram do Sudão, do Norte da África.

Agência Brasil: O senhor falou que as cartas de alforria descreviam condições para ganhar a liberdade. Que condicionais eram essas?
Andrade: Se a gente for tabular dados, 70% dessas alforrias eram condicionadas. A alforria não é dada, ela não é uma dádiva do senhor para seus escravizados. Pode ter sido comprada, pode ser retributiva, ou seja, em troca de algo. Havia diversas condições. Caso não cumprisse a obediência, a pessoa mesmo estando liberta retornaria à escravidão.

Agência Brasil: Que condições os senhores observaram?
Andrade: As mais diversas. A maioria delas era viver em companhia do seu senhor ou da sua senhora até o fim de sua vida. Ou seja, aquele escravizado ou aquela escravizada só recebia de fato a alforria após a morte dos seus senhores. Essa era a mais comum. Havia também alforrias por troca. Por exemplo, o escravizado dava gado em troca, ou mesmo oferecia outra pessoa escravizada em troca da sua liberdade. Encontramos cartas de alforria cuja condição era a mulher escravizada casar com seu senhor e viver de com ele ‘portas adentro’. Ou seja, dentro de casa, mas na rua, não.

Agência Brasil: As cartas são escritas em um português antigo e com tipo de letra difícil de identificar hoje em dia. Como o senhor conseguiu ler esse material?
Andrade: Estudei paleografia na universidade. Além disso, há a prática do olhar sobre o documento. Aprendemos a reconhecer todas as letras e as abreviaturas. Alguns escrivães não sabiam, de fato, escrever. Mas nós nos adaptamos a cada um, e na hora da transcrição lembramos: ‘como é aquele escrivão mesmo? Como é o C dele? O P? O A maiúsculo? E O N minúsculo?’ É a prática mesmo. O dia a dia. Eu trabalho com pesquisas mais diversas. Em quase 20 anos, tenho quase mil pesquisas realizadas por diversas áreas. Atualmente, eu estou trabalhando mais com a digitalização.

 

Carta de alforria de Maurício, escravizado por Maria Quitéria de Jesus – Arquivo Público do Estado da Bahia/Divulgação

Agência Brasil: Há quem diga que a escravidão no Brasil, diferentemente de outros países, teria sido menos cruel. As cartas de alforria trazem elementos para dizer isso?
Andrade: Não. O Brasil não é diferente de outras partes do mundo. A escravidão, seja de que forma for, em qualquer lugar ou país, em qualquer tempo, é extremamente cruel. A gente tem diversas histórias, algumas bem chocantes. Eu publiquei um artigo sobre uma mãe que foi separada de sua filha no continente africano e depois a reencontra sendo vendida aqui em Salvador. A mãe já estava na condição de liberta. Com o dinheiro que possuía, compra sua filha. Vai ao cartório, diz ‘ela é minha filha, está liberta, poderá ir para onde quiser. O nome dela será Felicidade’.

Agência Brasil: Também é dito que falta documentação robusta sobre a escravidão no Brasil porque Rui Barbosa teria mandado queimar registros para os fazendeiros não exigirem indenização do Estado.
Andrade: Isso é mito. A documentação é vasta. Aqui na Bahia, a gente tem um arquivo que é considerado o segundo melhor do Brasil em termos de qualidade e quantidade, perdendo apenas para o Arquivo Nacional. Temos o Arquivo Municipal de Salvador, que também traz uma parte muito interessante da documentação sobre a compra e a venda de pessoas escravizadas. Com essa documentação, é possível mapear quanto se dispendeu nas compras e também nas libertações, quando ocorreram as transações. Há um estudo a ser publicado sobre o que seria o PIB do Brasil entre o século 16 e o século 18. Nesse período, o que gerou riqueza foi o trabalho escravo, não para os próprios escravizados, mas para os senhores brancos e as senhoras brancas.

Agência Brasil: Além dos livros de compra e venda, há testamentos das pessoas que foram libertas?
Andrade: Sim. Uma documentação que a gente pode tabular.

Agência Brasil: Com esses registros podemos fazer um acompanhamento de algumas pessoas na escravidão?
Andrade: A partir da chegada podemos tentar fazer a varredura até o final de sua vida. Tudo começa com a chegada na Conceição da Praia. Nós temos os livros de entradas de navios, que estão extremamente precários no arquivo municipal. Mas há uma grande documentação que são os livros de batismo. Os livros de batismo estão online no site dos mórmons. Quando o escravizado chegava, se registrava o batismo. Era a mesma coisa de dizer ‘é meu’. Não deixavam de batizar porque era uma cobrança da Igreja Católica. Também havia batismo dentro do navio. Posteriormente, há a documentação de compra e venda. Há dois ou três negociantes que são mais notórios que estão tabulados. Entre os negociantes também há os que seguem para o interior, comprando e vendendo, alcançando regiões hoje no interior de São Paulo e no Paraná. Para os que ficaram escravizados por aqui pode haver alguma documentação sobre alguma ocorrência por eventual registro na polícia. No caso de quem conseguiu a libertação, temos as cartas de alforria. Eles passam a viver como pessoas livres e, perto da morte, podem ter elaborado um testamento, um inventário, e deixar seu legado.

Agência Brasil: O senhor citou a importância do batismo. Há pesquisadores que afirmam que a Igreja Católica forneceu a matriz ideológica que naturalizava a escravidão.
Andrade: Exatamente. Ela deu aval religioso. Mas isso pode ser percebido de outra forma nas cartas de alforria e nos testamentos. Pessoas que queriam salvar suas almas no fim da vida davam liberdade aos escravizados como gesto de bondade. Muitas vezes querendo se salvar das ‘chamas do fogo do inferno’, alguns reconhecem em testamento diversos filhos que foram frutos das mulheres escravizadas que abusaram e estupraram.

Agência Brasil: Podemos dizer que esse medo do inferno permanece até hoje?
Andrade: Com certeza.

Agência Brasil: O senhor lecionou na rede pública do estado da Bahia. Como avalia o ensino de história da África nas escolas?
Andrade: Há professores engajados que trabalham muito com texto, mas ainda é preciso aperfeiçoamento. Temos um problema que é a questão da formação do aluno [baseada exclusivamente] no livro didático. A gente tem que pensar na documentação, que está disponível, por exemplo, em jornais digitalizados pela Biblioteca Nacional. Não defendo que a documentação histórica traga necessariamente a verdade. Pelo contrário, mas ela tem que ser lida e interpretada.

Agência Brasil: O senhor descobriu que a heroína da pátria Maria Quitéria tinha escravizado. Isso causou alguma controvérsia. Essa polêmica diz muito do que entendemos sobre a escravidão?
Andrade: Maria Quitéria, assim como Joana Angélica, viveram a dinâmica do seu tempo. A todo momento, isso é dito em minhas palavras em diversas matérias, inclusive no meu próprio blog. Não podemos enxergar o passado com olhar no presente. Tanto Joana Angélica como Maria Quitéria tiveram escravizados. Isso era comum, estava na lei, digamos assim. Se de fato ocorreu, isso tem que ser publicado. Não pode estar escondido, não revelado e não contado.

Segundo o site Agenciabrasil.ebc,

Com informações: Agenciabrasil.ebc

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PF não encontra conversas entre Rivaldo Barbosa e Marielle Franco

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© Tomaz Silva/Agência Brasil/Arquivo

A Polícia Federal (PF) informou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), não ter encontrado no celular do ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa (foto) nenhuma conversa com a vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018 junto com seu motorista, Anderson Gomes.

Moraes havia determinado nesta semana o envio de qualquer conversa entre os dois, a pedido da defesa de Rivaldo, denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de ser um dos mentores do crime. O advogado Marcelo Ferreira pretendia usar o material para demonstrar que os dois teriam uma relação cordial e profissional. Rivaldo está preso preventivamente desde março do ano passado. 

Segundo denúncia da PGR, ele teria planejado e ordenado a morte da vereadora, além de ter atuado para atrapalhar as investigações sobre o crime enquanto chefiava a Polícia Civil do estado do Rio de Janeiro.

Além de diálogos com Marielle, a defesa do policial queria que fossem encaminhados pela PF qualquer conversa entre Rivaldo e os delegados Giniton Lages e Daniel Rosa, que atuaram no caso Marielle, e Brenno Carnevale, que relatou interferências superiores sobre o trabalho da Delegacia de Homicídios da capital. A defesa pretende sustentar que o ex-chefe da Polícia Civil fez cobranças a respeito da apuração do assassinato.

No ofício encaminhado ao STF, o delegado da Polícia Federal Guilhermo Catambry disse também que a perícia não encontrou nenhum diálogo com nenhum dos interlocutores citados no aparelho apreendido com Rivaldo. “Tampouco foram encontradas conversas com essas pessoas no celular da esposa de Rivaldo”, relatou o investigador.

Crime

A vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foram assassinados em 14 de março de 2018 na região central do Rio de Janeiro. Eles foram alvo de tiros disparados de um veículo em movimento contra o carro em que estavam.

Segundo a denúncia da PGR, o deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) agiu junto com seu irmão Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, e Rivaldo Barbosa, para planejar a morte de Marielle.

A motivação seria a atuação da vereadora contra a grilagem de terras em áreas controladas por milícias na zona oeste do Rio de Janeiro.

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STF marca julgamento de denúncia contra Bolsonaro para 25 de março

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© Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil/Arquivo

O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), marcou para 25 de março, às 9h30, o julgamento da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, o general Braga Netto e mais seis investigados pela trama golpista.

A data foi marcada pelo ministro na condição de presidente da Primeira Turma da Corte, colegiado que será responsável pelo julgamento.

Mais cedo, o relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, liberou a denúncia para julgamento após receber a manifestação favorável da PGR para tornar o ex-presidente e os demais acusados réus pelas acusações da trama golpista para impedir o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Os ministros da Primeira Turma vão decidir se os acusados vão responder a processo pelos crimes de golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.

A denúncia que será julgada envolve o núcleo 1 da investigação sobre a trama golpista. 

>> Veja abaixo a lista dos denunciados no núcleo 1:

  • Jair Bolsonaro – ex-presidente da República;
  • Walter Braga Netto (general de Exército, ex-ministro e vice de Bolsonaro na chapa das eleições de 2022;
  • General Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional);
  • Alexandre Ramagem (ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência – Abin);
  • Anderson Torres (ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal);
  • Almir Garnier (ex-comandante da Marinha);
  • Paulo Sérgio Nogueira (general do Exército e ex-ministro da Defesa);
  • Mauro Cid (delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro).

Além da sessão marcada para a manhã do dia 25, a Primeira Turma reservou as sessões da tarde do mesmo dia e da manhã do dia 26 para a análise do caso.

Primeira Turma

O processo será julgado pela Primeira Turma do Supremo. O colegiado é composto pelo relator da denúncia, Alexandre de Moraes, e os ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux.

Pelo regimento interno da Corte, cabe às duas turmas do tribunal julgar ações penais. Como o relator faz parte da Primeira Turma, a acusação será julgada pelo colegiado.

Se a maioria dos ministros aceitar a denúncia, Bolsonaro e os outros acusados viram réus e passam a responder a uma ação penal no STF.

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STF adia decisão sobre restrições para laqueadura e vasectomia

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© Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O Supremo Tribunal Federal (STF) adiou nesta quinta-feira (13) a conclusão do julgamento sobre a constitucionalidade da lei que estabeleceu critérios para realização de cirurgias de esterilização voluntária de homens e mulheres, métodos conhecidos como vasectomia e laqueadura.

A análise do caso foi suspensa por um pedido de vista do ministro Dias Toffoli. A data para retomada do julgamento não foi definida.

Até o momento, a Corte tem placar de 4 votos a 3 para que somente a idade mínima de 18 anos seja exigida pelos sistemas de saúde público e privado de mulheres e homens que querem realizar o procedimento. Para os ministros, a cirurgia pode ser realizada a partir da maioridade civil.

O critério mínimo foi defendido pelos ministros Nunes Marques, Flávio Dino, Cristiano Zanin e Flávio Dino. Alexandre de Moraes, André Mendonça e Luiz Fux votaram pela manutenção de todos os critérios de idade, além do número mínimo de filhos. Faltam os votos de quatro ministros.

Entenda

A Corte julga trechos da Lei 9.263/1996, conhecida como Lei do Planejamento Familiar, a partir de uma ação protocolada pelo PSB, em 2018.

O texto original previa que homens e mulheres só poderiam realizar laqueadura e vasectomia se tivessem idade mínima de 25 anos, pelo menos dois filhos vivos, e após o cumprimento de intervalo mínimo de 60 dias.

No período, de acordo com a lei, homens e mulheres devem ter acesso a serviço de aconselhamento para “desencorajar a esterilização precoce”. Além disso, a norma definiu que a esterilização dependia da autorização expressa do cônjuge.

Em 2022, a Lei 14.443 promoveu alterações na norma original sobre o tema. A autorização para realização da laqueadura foi retirada, e a idade mínima passou para 21 anos. Contudo, a restrição do método continuou condicionada ao número mínimo de dois filhos.

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