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Pais & Filhos

Casais gays: chegou a hora de construir uma família — barriga de aluguel ou adoção?

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“No momento em que o juiz leu a decisão, passou um filme na minha cabeça: o primeiro dia em que o vi, quando o senti nos meus braços…”, diz o jornalista Cacau Oliver, que decidiu pela adoção.

Para casais heterossexuais, a decisão de ter filhos costuma seguir um caminho já naturalizado: a gravidez é quase sempre o primeiro plano. Mas quando se trata de casais gays, essa escolha envolve uma reflexão mais profunda — e muitas vezes inevitável — entre adoção e barriga de aluguel. A pergunta “como vamos ter filhos?” se torna um dos temas mais importantes da relação, carregada de expectativas, dilemas emocionais, entraves legais e, em muitos casos, decisões de vida marcadas por coragem e paciência.
Essa dúvida é cada vez mais presente em um cenário onde o número de famílias formadas por casais homoafetivos cresce exponencialmente. De acordo com o Censo de 2022, mais de 390 mil lares no país são compostos por casais do mesmo sexo, um aumento de mais de 500% em relação à década anterior. Com essa realidade, cresce também a busca por caminhos legítimos para exercer a parentalidade. Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o número de adoções feitas por casais homoafetivos triplicou nos últimos quatro anos: foram 145 em 2019 e 416 em 2023. No total, desde 2019, 1.535 crianças foram adotadas por casais do mesmo sexo, o que representa cerca de 6,4% do total de adoções no país. Paralelamente, um levantamento da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais mostra que mais de 50 mil crianças foram registradas entre 2021 e 2023 como filhas de casais homoafetivos — número que inclui adoções, reprodução assistida e gestação por substituição.
A adoção, para muitos, é uma escolha afetiva. Não por falta de opção, mas por convicção. Foi o caminho escolhido pelo jornalista Cacau Oliver e seu parceiro Kiko Gaspar, que decidiram iniciar o processo no Brasil ainda em outubro de 2020. Foram quase quatro anos e meio — exatos 54 meses — de espera, preparação e avaliações, até que, no dia 27 de março de 2025, o casal teve a adoção deferida de forma definitiva. “No momento em que o juiz leu a decisão, passou um filme na minha cabeça: o primeiro dia em que eu o vi, quando o senti nos meus braços, a primeira vez que ele esteve doente… O amor foi sendo construído no dia a dia. Naquele instante, tive certeza de que foi a escolha certa para nós”, relembra Cacau. O filho, agora oficialmente Jericho Oliveira de Sousa Rosa Gaspar, tem quatro anos e vive com os pais em Lisboa, Portugal, onde a família recomeça a vida com liberdade e pertencimento.
Apesar dos avanços legais nos últimos anos — como a decisão do STF que reconhece a adoção por casais do mesmo sexo em igualdade de direitos —, o preconceito ainda é um desafio. Muitos casais relatam perguntas invasivas durante entrevistas com assistentes sociais, olhares enviesados em cursos de preparação ou lentidão no trâmite burocrático. Ainda assim, iniciativas de apoio e mudanças nas normas vêm fortalecendo o cenário: em 2023, o CNJ e o Conselho Nacional do Ministério Público reforçaram normas que proíbem juízes e promotores de se oporem à adoção com base na orientação sexual dos adotantes. Segundo especialistas, casais gays tendem inclusive a adotar perfis mais diversos de crianças — grupos de irmãos, menores mais velhos ou com necessidades específicas — muitas vezes preteridos por outros candidatos.
Por outro lado, há quem opte por realizar o sonho da paternidade com filhos biológicos, por meio da gestação por substituição, conhecida popularmente como barriga de aluguel. No Brasil, esse procedimento só é permitido de forma solidária, quando uma parente próxima da família aceita gestar a criança sem compensação financeira, seguindo normas rígidas do Conselho Federal de Medicina. Em casos onde essa opção não é viável, muitos casais recorrem ao exterior, principalmente aos Estados Unidos, Canadá e Colômbia, onde a prática é regulamentada. Mas esse caminho, embora possível, é oneroso: os custos podem ultrapassar os 100 mil dólares, considerando a fertilização in vitro, a contratação da gestante, despesas médicas e apoio jurídico. Ainda que envolva o laço genético com um dos pais, a barriga de aluguel exige planejamento emocional, logístico e financeiro — e nem sempre oferece a garantia de sucesso imediato.
A decisão entre adotar ou recorrer à barriga de aluguel não é simples — e não deveria ser tratada como uma escolha entre certo ou errado. Trata-se de um desejo legítimo de amar, educar, formar vínculos e deixar um legado. E, para isso, cada casal precisa encontrar o caminho que mais se alinha aos seus valores, suas possibilidades e sua história.
Cacau Oliver, agora pai — não só de coração, mas também perante a Justiça —, resume assim: “Família é onde o amor se instala. Não importa se veio do sangue ou do abraço. O que importa é a presença, o cuidado e o compromisso de ser pai. A adoção foi o nosso caminho — e eu não trocaria por nenhum outro.”

 

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Pais & Filhos

A dor que muitos homens não conseguem dizer, adoece

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Foto: Conecta Comunicação
Foto: Conecta Comunicação

Luto paterno existe, explicam os especialistas ao analisar perda de Gilberto Gil

A recente morte da cantora Preta Gil, aos 50 anos, reacendeu discussões sobre perdas, família e luto entre especialistas no cuidado à saúde mental, em especial, a dos homens. Para Gilberto Gil, além da dor de pai, essa é a segunda vez que ele se despede de um filho. Preta se une agora a Pedro Gil, falecido tragicamente em um acidente de carro em 1990, aos 19 anos. A cantora Preta Gil faleceu neste domingo (20), aos 50 anos, em decorrência de um câncer de intestino que enfrentava desde 2023.

Em meio às homenagens e manifestações de carinho, um aspecto permanece pouco falado: o luto paterno e como se deve olhar de forma mais atenta para o pai que perdeu o filho. A psicoterapeuta e especialista em luto, Sandra Salomão, diz que quando não conseguimos expressar a nossa dor, adoecemos. E isso vai de encontro ao comportamento e dor dos homens que perdem seus filhos. Sandra enfatiza o “esquecer” desse sofrimento no discurso social e terapêutico: “Estamos deixando os homens sem espaço para esse olhar de sofrer, chorar a sua dor quando se tem essa experiência da perda de um filho, visto que a cultura ainda oferece mais espaço à expressão emocional feminina. Mães enlutadas encontram grupos de apoio, acolhimento e redes de escuta. Já os pais, muitas vezes, enfrentam a dor em silêncio. Culturalmente falando, o homem é ensinado a evitar a expressão do afeto. Quem disse que homem não chora? E a gente sabe que aquilo que a gente não expressa, nos adoece”, reafirma.

O machismo estrutural também afeta os homens, ainda que de forma diferente das mulheres. Um dos efeitos mais graves pode ser a dificuldade que muitos têm de acessar e comunicar suas dores e a consequência se traduz no adoecimento emocional. O luto atinge toda a família, é evidente que, quando a gente tem uma perda em uma família, todas as pessoas daquela família perdem, e vivem a dor da perda de um lugar diferente que depende do seu relacionamento com a pessoa e o momento do ciclo vital de quem morreu e de quem ficou. “Cada pessoa honra seu ente querido e faz seu luto da sua forma específica”. Mas quando a gente não tem um respaldo social para sentir e expressar a dor, estamos criando uma sociedade emocionalmente mais restrita”, completa Sandra Salomão.

Em entrevista a Pedro Bial, exibida na Globo no programa ‘Conversa com Bial’, em maio do ano passado, Gilberto Gil falou sobre a perda do filho: “Eu tinha dificuldade em me conformar com a inversão dos fatores, de o filho ir antes do pai. Isso é duro. Ele era muito jovem, 19 anos quando morreu em um acidente trágico. Não me conformo com isso. Mas a gente tem que se conformar com tudo”, disse o artista.

Sandra explica que ao falar da dor e da perda de um filho, familiar ou amigo, é essencial lembrar que o luto não tem forma única nem prazo para acabar e que dar visibilidade ao luto paterno é também um passo importante para a construção de uma sociedade mais empática e sensível às emoções masculinas. Reconhecer a dor dos pais, escutá-los e permitir que expressem sua tristeza é uma forma de cuidado coletivo.

 

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Pais & Filhos

14ª Caminhada da Adoção será realizada no próximo domingo em Copacabana com apoio de diversas instituições

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A orla de Copacabana receberá, no domingo (18), a 14ª edição da Caminhada da Adoção, um dos eventos mais emblemáticos do mês de maio, que marca o calendário da defesa dos direitos de crianças e adolescentes à convivência familiar e comunitária. A concentração será às 10h, no Posto 6 da Praia de Copacabana, com caminhada até o Posto 4.

O evento é promovido pela Frente Parlamentar em Defesa da Família, da Adoção e da Primeira Infância da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), com o objetivo de sensibilizar a população sobre a importância da adoção responsável, do acolhimento familiar e do fortalecimento de políticas públicas que assegurem o direito de crescer em um lar amoroso.

A Caminhada conta com o apoio de diversas instituições comprometidas com a causa da infância, entre elas:

  • Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ)
  • Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ)
  • Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro
  • Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional RJ (OAB-RJ)
  • Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
  • Conselho Estadual de Defesa da Criança e do Adolescente (CEDCA-RJ)
  • Instituto Quintal de Ana
  • Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção (ANGAAD)
  • Associação Carioca de Apoio à Adoção – Quintal da Casa de Ana
  • Instituições da sociedade civil organizada e grupos de apoio à adoção em todo o estado

A deputada estadual Tia Ju (Republicanos), presidente da Frente Parlamentar e madrinha da Caminhada da Adoção, estará presente na atividade. Para ela, o evento é um momento de reafirmação do compromisso com o afeto e a garantia de direitos:

“A Caminhada da Adoção é um ato de amor coletivo. Nosso compromisso é com cada criança que espera por uma família. É nossa responsabilidade, como sociedade, construir pontes para que essas crianças e adolescentes encontrem acolhimento, dignidade e um lar onde possam crescer com afeto e segurança”, declarou Tia Ju.

A atividade é aberta ao público e visa reunir famílias adotivas, crianças, adolescentes, grupos de apoio, representantes do sistema de Justiça, parlamentares e toda a sociedade civil que acredita na transformação social por meio do cuidado e da solidariedade.

Serviço

14ª Caminhada da Adoção

Data: Domingo, 18 de maio de 2025

Horário: 10h

Local: Praia de Copacabana – Concentração no Posto 6

Percurso: Do Posto 6 ao Posto 4

Realização: Frente Parlamentar em Defesa da Família, da Adoção e da Primeira Infância – ALERJ

Apoio: TJRJ, MPRJ, Defensoria Pública, OAB-RJ, CNJ, CEDCA-RJ, Instituto Quintal de Ana, ANGAAD, entre outras entidades.

Para mais informações, acompanhe as redes sociais da Frente Parlamentar ou do Instituto Quintal de Ana.

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IZABELLA CAMARGO LANÇA TEMPORADA ESPECIAL DO PODCAST INTERIORIZA, COM FOCO NA MATERNIDADE REAL E PATROCÍNIO INÉDITO DA CLEARBLUE

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Paulo Fonseca
Paulo Fonseca

IZABELLA CAMARGO LANÇA TEMPORADA ESPECIAL DO PODCAST
INTERIORIZA, COM FOCO NA MATERNIDADE REAL 

“Se você ama o que faz e quer continuar fazendo o que ama, tem que trabalhar
de forma sustentável. E isso inclui a forma como gestamos projetos, empresas
ou pessoas. A nova temporada do Interioriza nasce com um novo coração: o da
maternidade real.” — Izabella Camargo

São Paulo, maio de 2025 – O podcast Interioriza, criado e apresentado pela
jornalista Izabella Camargo, estreia no dia 6 de maio uma temporada inédita,
potente e emocionante: a Temporada Especial Maternidade. Em meio a um
cenário onde a pressa silencia as emoções e os algoritmos ditam o ritmo,
Izabella propõe o oposto — desacelerar para aprofundar. E, dessa vez, o
mergulho é dentro de um dos temas mais íntimos e transformadores da vida: a
maternidade.

“Amanhã, começamos uma nova fase cheia de sentido, de entrega e de amor. Eu
não poderia estar mais emocionada por dividir com você essa jornada — tão
íntima, tão transformadora e, ao mesmo tempo, tão universal.”

Essa nova temporada é também uma celebração de renascimento — literal e
simbólico. Depois de enfrentar dois diagnósticos de burnout e reconstruir sua
identidade com coragem e autocuidado, Izabella renasceu. E hoje, grávida de
seu segundo filho, compartilha com o público um novo capítulo de sua vida:
“Depois de tudo isso, aos 40 anos, nasceu minha filha Angelina — hoje com 3
anos. E agora, aos 44, estou carregando o Antônio. Minha responsabilidade
aumentou. Porque além de falar de futuro da saúde e do trabalho, estou
carregando o futuro — de novo — para lembrar que cuidando da saúde o corpo
funciona. E aí, com ele, nasce também uma nova Izabella.”

Mais do que uma série de conversas, essa temporada é um convite:
“Um convite pra todas nós — mulheres, mães, famílias e profissionais —
refletirmos sobre os novos significados da maternidade real, sem filtros. Aqui, a
gente compartilha o que é real. Sem romantizar, sem idealizar. Mas com
profundidade, escuta e afeto.”

E, pela primeira vez, o Interioriza conta com um patrocínio inédito e de peso: a
Clearblue, marca da P&G, que estreia sua atuação em podcasts no Brasil com
essa parceria transformadora.
“Em um cenário com tantas possibilidades, a Clearblue escolheu o Interioriza
de forma criteriosa. Patrocinar esse podcast não é apenas apoiar um conteúdo
— é assumir um posicionamento. A marca me escolheu porque viu valor na
profundidade dos temas que abordamos aqui. Porque sabe que este espaço
entrega verdade, sensibilidade e transformação.”

Essa é a primeira vez na história que a Clearblue apoia um podcast no país.
Até então, sua presença era restrita às redes sociais. A partir de agora, com o
Interioriza, a marca aposta em uma nova forma de se comunicar com o público
feminino — mais próxima, empática e conectada à vida real.
Segundo Giovana Lukower, gerente de marketing para Clearblue Brasil:
“Patrocinar o Interioriza é investir em conteúdo com propósito, em uma
audiência qualificada e em uma comunicadora que inspira confiança. A Izabella
representa exatamente os valores que queremos amplificar: escuta ativa,
informação de qualidade e conexão com o que importa na vida real das
mulheres.”
E ela completa:
“A escolha pela Izabella foi feita com critério e propósito. Em um mercado com
muitas possibilidades, a P&G escolheu uma profissional com trajetória
consistente, confiável e com audiência fiel. Essa parceria representa mais do
que visibilidade — representa alinhamento de valores.”

Estreia: 6 de maio, no YouTube e Spotify
Episódios: todas as terças-feiras, às 12 horas
Acesse:
YouTube: https://www.youtube.com/@IzabellaCamargoreal
Spotify: https://open.spotify.com/show/7DFuli7bfCvfvl4jgYBe29
Interioriza: porque toda transformação começa de dentro.
Alessandra Bruno – Assessora de Comunicação
(11) 97498-7070 – email: assessoriadeimprensa@izabellacamargo.com.br

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