Saúde
Cientistas do Inca alertam para desinformação sobre câncer
No Dia Mundial do Câncer, celebrado nesta terça-feira (4), pesquisadores do Instituto Nacional de Câncer (Inca) alertam para o grande fluxo de desinformações sobre a doença que circulam em redes sociais. Um artigo publicado na edição mais recente da Revista Brasileira de Cancerologia mostra os riscos de uma infodemia do câncer, ou seja, a circulação rápida e ampla de informações falsas sobre a enfermidade.
“Infodemia é um conceito criado por especialistas internacionalmente, validado pela OMS [Organização Mundial da Saúde], que ganhou muita força durante a pandemia de Covid-19. Infodemia é um olhar sobre os momentos em que informações sobre saúde ganham uma grande relevância e começam a aumentar de uma forma muito abrupta essas informações, sejam verdadeiras, ou não”, explicou o pesquisador Fernando Lima, um dos autores do artigo.
Desinformação sobre o câncer gera grande risco para a sociedade, diz o pesquisador do Inca Fernando Lima – Tomaz Silva/Agência Brasil
De acordo com o pesquisador, as redes sociais não facilitam a distinção entre informação, baseadas em evidências científicas, e desinformação. “Isso pode atrapalhar as tomadas de decisão do indivíduo sobre o seu próprio cuidado e acabar, ou atrasando tratamentos ou atrasando diagnósticos, e complicando os próprios casos”.
O artigo destaca que a infodemia do câncer abrange desde mitos sobre as causas da doença até a promoção de medidas preventivas e tratamentos não comprovados. Essas informações podem incentivar ações sem base em evidências.
“Uma informação falsa que tem sido muito propagada em redes sociais tem relação com vacina contra HPV, que tem como objetivo a prevenção do câncer de colo de útero. Existe inclusive a desinformação de que isso [a vacinação] poderia estar associado a um aumento dos casos do câncer de colo de útero”, afirmou Lima.
“Há também desinformação sobre a segurança do uso de cigarros eletrônicos. Eles não são seguros. Não há comprovação nenhuma de sua segurança. E há também notícias de substituição de tratamentos convencionais por tratamentos alternativos. Isso gera um grande risco para a sociedade”.
Outra autora do artigo, Telma de Almeida Souza, lembra o caso recente da circulação de desinformações acerca do uso da graviola como uma suposta forma de matar células cancerígenas. “O tempo para o paciente com câncer é primordial. Isso faz com que ele perca tempo no seu tratamento. Esse combate à desinformação é importantíssimo para salvar vidas.”
Segundo o artigo, a disseminação e amplificação das desinformações são potencializadas, de forma intencional, pelas redes sociais, por meio oo chamado “capitalismo de vigilância”. Por esse conceito, as empresas de tecnologia ganham dinheiro mantendo as pessoas conectadas, coletando seus dados e moldando seus comportamentos.
Os algoritmos usados por tais redes sociais amplificam narrativas, que “criam câmaras de eco e privilegiam conteúdos sensacionalistas com o objetivo de aumentar o engajamento dos usuários, impulsionando a todos para a era da infodemia”, diz o artigo.
“O aumento abrupto [da circulação dessas informações] dificulta muito para o cidadão comum compreender entender ali, diferenciar o que seria informação ou desinformação. A informação em saúde, hoje em dia, na internet, pode ter picos, o que se chama de viralização, e esse pico pode ser um momento que pode gerar muitas dúvidas na sociedade”, ressaltou Fernando Lima.
De acordo com Lima, é preciso haver monitoramento permanente dessas informações e dar uma resposta rápida e eficiente, para que a sociedade saiba diferenciar informação e desinformação. Ações como regulamentar e responsabilizar as empresas que controlam as redes sociais e fortalecer respostas institucionais às informações falsas são medidas sugeridas pelos pesquisadores.
Segundo o site Agenciabrasil.ebc,
Com informações: Agenciabrasil.ebc
Saúde
5 hábitos que podem aumentar o risco de câncer
Mudanças nos comportamentos e no ambiente têm grande influência no desenvolvimento do câncer. Oncologista do Hospital Santa Catarina Paulista alerta sobre os principais riscos e orienta sobre escolhas que podem melhorar a qualidade de vida e reduzir o risco da doença
O câncer não tem uma única causa, mas é o resultado de uma interação complexa entre fatores externos e internos. Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 80% e 90% dos casos de câncer estão relacionados a fatores externos, ou seja, mudanças no ambiente causadas pelo ser humano, hábitos de vida e comportamentos que podem aumentar o risco de desenvolver a doença.
De acordo com o médico oncologista Dr. Yuri Bittencourt, do Hospital Santa Catarina – Paulista, “o ambiente de trabalho, consumo de alimentos e medicamentos, assim como comportamentos sociais e culturais podem influenciar na alteração da estrutura genética das células. Alguns fatores genéticos tornam determinadas pessoas mais vulneráveis aos agentes cancerígenos ambientais.” O médico destaca 5 hábitos que podem aumentar significativamente o risco de câncer e como preveni-los.
1. Tabagismo
O tabagismo é, sem dúvida, um dos principais fatores de risco para diversos tipos de câncer, especialmente os de pulmão, boca, esôfago, bexiga e pâncreas. “O cigarro contém mais de 7.000 substâncias químicas, muitas das quais são altamente cancerígenas. Essas substâncias danificam o DNA das células e alteram seu funcionamento, o que pode levar ao desenvolvimento de tumores”, alerta o Dr. Yuri Bittencourt. Além dos danos diretos às células, o fumo também enfraquece o sistema imunológico, tornando o organismo mais vulnerável a outras condições cancerígenas. “Estudos demonstram que os fumantes têm uma probabilidade muito maior de desenvolver cânceres associados ao tabaco em comparação aos não-fumantes”, completa o oncologista.
Além dos tipos de câncer já mencionados, o tabagismo também está relacionado a cânceres de fígado, estômago, pâncreas, rim e até colo do útero, especialmente em mulheres que fumam. Por isso, abandonar o hábito de fumar é uma das medidas mais eficazes para reduzir significativamente o risco de câncer e melhorar a saúde geral.
2. Consumo excessivo de álcool
O consumo excessivo de álcool está fortemente associado ao aumento do risco de diversos tipos de câncer, incluindo os de fígado, mama, cólon, esôfago, boca, garganta e laringe. “O álcool pode interferir na metabolização de substâncias cancerígenas no organismo, prejudicando as células e favorecendo o desenvolvimento de tumores”, explica o oncologista. Além disso, de acordo com recentes diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), não existe um nível seguro de consumo de álcool, o que reforça a importância de evitar ou limitar seu consumo para reduzir os riscos de câncer.
3. Sedentarismo
A falta de atividade física é reconhecida como um importante fator de risco no desenvolvimento de vários tipos de câncer, com destaque para os cânceres de cólon e mama. “A prática regular de exercícios ajuda a manter o peso corporal adequado, o que por si só já reduz o risco de muitos tipos de câncer, além de melhorar a função do sistema imunológico”, afirma o Dr. Yuri. A atividade física também tem um impacto direto sobre a circulação sanguínea e a eliminação de toxinas do organismo, fatores que contribuem para a diminuição do risco de desenvolvimento de células cancerígenas.
Estudos demonstram que indivíduos fisicamente ativos têm menores chances de desenvolver cânceres relacionados à obesidade, como o câncer de cólon, mama e endométrio. A recomendação de, pelo menos, 150 minutos de atividade física moderada por semana pode ser uma estratégia eficaz na prevenção de muitos tipos de câncer e no bem-estar geral do corpo.
4. Exposição excessiva ao sol
A exposição solar sem proteção adequada é uma das principais causas do câncer de pele, o tipo de câncer mais comum no Brasil e em muitos outros países. “Os raios ultravioletas (UV) danificam as células da pele, causando lesões que, ao longo do tempo, podem levar ao desenvolvimento de cânceres, como o melanoma, o tipo mais agressivo”, alerta o Dr. Yuri. A exposição solar excessiva, especialmente entre as 10h e as 16h, horários em que os raios UV são mais intensos, aumenta significativamente o risco.
Para proteger a pele, é essencial usar protetor solar com FPS adequado, mesmo em dias nublados ou em ambientes externos, além de adotar outras medidas de precaução, como o uso de chapéus, roupas de proteção e óculos de sol, e evitar a exposição solar intensa. “A proteção solar é crucial não apenas para prevenir o câncer de pele, mas também para evitar o envelhecimento precoce e os danos à saúde”, complementa o especialista.
5. Alimentação inadequada
O padrão alimentar desempenha um papel significativo na prevenção ou no aumento do risco de câncer. Dietas ricas em alimentos processados, gorduras saturadas, carnes vermelhas e produtos ultraprocessados estão diretamente ligadas ao aumento do risco de câncer, especialmente o cólon, esôfago, fígado e pâncreas. “Alimentos industrializados, ricos em aditivos e conservantes, podem favorecer a inflamação crônica no organismo, o que, por sua vez, pode favorecer o desenvolvimento de células cancerígenas”, explica o Dr. Yuri. Por outro lado, uma alimentação equilibrada e rica em nutrientes essenciais, como frutas, vegetais, grãos integrais e proteínas magras, tem um efeito protetor.
Alimentos ricos em antioxidantes, como os encontrados em frutas e vegetais coloridos, ajudam a combater os radicais livres, prevenindo danos celulares que podem levar ao câncer. “Uma dieta balanceada e rica em fibras e nutrientes essenciais é uma das melhores formas de prevenção, fortalecendo o organismo e ajudando a proteger as células contra a ação de substâncias cancerígenas”, finaliza o oncologista.
Adotar hábitos mais saudáveis, como manter uma dieta equilibrada, praticar atividades físicas regulares, evitar o consumo excessivo de álcool e tabaco, além de tomar cuidados com a exposição solar, pode ser decisivo para a prevenção do câncer. O oncologista Dr. Yuri Bittencourt ressalta que, embora o câncer seja uma doença multifatorial, reduzir esses riscos comportamentais é um passo importante na busca por uma vida mais longa e saudável.
Saúde
A cada minuto, 40 pessoas são diagnosticadas com câncer no mundo
No Dia Mundial do Câncer, lembrado nesta terça-feira (4), a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que, a cada minuto, 40 pessoas são diagnosticadas com a doença em todo o planeta – e embarcam em uma verdadeira jornada para vencer a enfermidade.
“Elas não conseguem ser bem sucedidas sozinhas. Em todo mundo, a OMS trabalha com parceiros para criar coalisões globais, catalisar ações locais e amplificar as vozes de pessoas afetadas pelo câncer”, avaliou o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Em seu perfil na rede sociais X, Tedros destacou que a OMS atua em diversas áreas, desde o fornecimento de medicações para tratamentos oncológicos pediátricos até campanhas globais para a eliminação do câncer cervical. “Estamos trabalhando para melhorar a vida de milhões de pessoas”.
“No Dia Mundial do Câncer, honramos a coragem daqueles afetados pela doença, celebramos o progresso científico e reafirmamos nosso compromisso de promover saúde para todos”, concluiu o diretor-geral.
Dentre as orientações publicadas pela OMS para reduzir o risco de câncer estão:
– não fumar;
– praticar atividade física regularmente;
– comer frutas e verduras;
– manter um peso corporal saudável;
– limitar o consumo de álcool.
Segundo o site Agenciabrasil.ebc,
Com informações: Agenciabrasil.ebc
Saúde
Vacina contra HPV previne câncer em homens, diz estudo
A relação entre o Papiloma Vírus Humano, ou HPV, e o câncer de colo de útero é a mais difundida, mas o vírus também pode causar outros tipos de câncer em mulheres e homens. Um levantamento inédito feito pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia mostra que mais de 6 mil pessoas morreram em decorrência de câncer do canal anal, entre 2015 e 2023, no Brasil. A maioria dos casos desse tipo de câncer é uma consequência da infecção pelo HPV.
A partir dos dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, a pesquisa também identificou cerca de 38 mil internações pela doença nos últimos dez anos. O câncer do canal anal ainda é raro, e representa cerca de 2% dos tumores que atingem a região do intestino grosso, reto e ânus. Mas o membro titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia, Helio Moreira, alerta que a incidência vem aumentando 4% ao ano.
De acordo com ele, há dois fatores principais para esse incremento: a diminuição do estigma a respeito do sexo anal, o que favorece a prática não somente entre homens homoafetivos, mas também entre pessoas bissexuais e heterossexuais; e o aumento da expectativa de vida das pessoas que têm HIV: “Com a melhora dos medicamentos que controlam o HIV, aumentou muito o tempo de vida desses pacientes. E mesmo tendo uma contagem de anticorpos dentro dos níveis normais, ainda assim para essa população o risco de desenvolver câncer de canal anal é maior do que para a população geral”, ele complementa.
Isso significa que a maior parte dos casos desse tipo de câncer pode ser prevenida com duas medidas simples. A primeira delas é o uso de proteção durante o ato sexual – já que essa é a principal via de transmissão do HPV. O coloproctologista Hélio Moreira destaca que isso é ainda mais importante no caso do sexo anal: “A parede da vagina é muito mais resistente a fissuras e lacerações do que a parede do canal anal. Daí o risco maior de você contrair infecções por HPV quando o sexo é anal”.
A segunda medida é a vacinação contra o HPV. Hoje o Sistema Único de Saúde oferece um imunizante quadrivalente, ou seja, que combate os quatro tipo S de vírus que mais causam doenças. Todas as meninas e meninos, entre 9 e 14 anos, devem ser vacinados, porque o imunizante tem maior efetividade se for tomado antes do início da vida sexual. Além disso, também fazem parte do público-alvo pessoas com HIV, transplantados, vítimas de violência sexual, e usuários de Profilaxia Pré-Exposição, até os 45 anos de idade.
Apesar do câncer de colo de útero ser a principal doença causada pelo HPV, a vacina também deve ser tomada pelos meninos – ou homens que se enquadrem nos grupos especiais – porque eles podem transmitir o vírus, além de ser infectados e desenvolver doenças, como o câncer de canal anal. De acordo com o Ministério da Saúde, entre 2022 e 2023, o número de doses aplicadas no público masculino cresceu 70%, mas desde 2014, quando a vacinação contra o HPV começou no Brasil, a proporção de meninos vacinados foi 24,2 pontos percentuais menor do que a de meninas.
Outra doença que também pode ser provocada pelo HPV é o câncer de pênis. Nos últimos dez anos, o Brasil registrou mais de 4,5 mil mortes e cerca de 22 mil internações, de acordo com levantamento da Sociedade Brasileira de Urologia. Estima-se que metade dos casos seja causado por HPV, e uma das consequências mais drásticas é a amputação do pênis, realizada em cerca de 580 pessoas por ano, no Brasil.
O diretor da Escola Superior de Urologia da Sociedade Brasileira de Urologia, Roni de Carvalho Fernandes reforça que esse também é um tipo de câncer que pode ser prevenido de forma simples: “Com uma boa higiene genital e prevenindo doenças infectocontagiosas sexualmente transmissíveis. E a vacinação do HPV pode diminuir aí uma incidência de 30 a 40% dos casos”.
E é essencial que a pessoa procure atendimento médico caso identifique alguma verruga na região genital: “Às vezes o homem acaba relegando, né? Uma verruga que existe há muito tempo ali no pênis pode ter o HPV e desenvolver um tumor. E a retirada dessa verruga, o tratamento dessa pele que tá machucada, pode evitar uma doença tão grave”, explica o urologista Roni de Carvalho.
Atualmente, mais de 54% das mulheres e 41% dos homens que já iniciaram a vida sexual têm algum tipo de HPV. A maioria das infecções não manifesta sintomas, e o vírus pode ser transmitido também pelo contato com a mucosa infectada por via genital, oral ou manual, mesmo sem penetração. Por isso, os especialistas defendem que a vacinação com altas coberturas é a forma mais garantida de evitar que o vírus continue se propagando.
Segundo o site Agenciabrasil.ebc,
Com informações: Agenciabrasil.ebc