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Cinema deve olhar para violações a indígenas na ditadura, diz diretora

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Cinema deve olhar para violações a indígenas na ditadura, diz diretora
© Leo Fontes/UNIVERSO PRODUÇÃO/ DIVULGAÇÃO

Há uma semana, o cinema brasileiro vem comemorando a Ainda Estou Aqui a três categorias do Oscar. O longa-metragem alcançou o feito inédito ao levar para as telas a história da família de Rubens Paiva, deputado federal que teve seu mandato cassado pela ditadura militar e que foi posteriormente torturado e morto.

Inaugurando o calendário do audiovisual brasileiro, a Mostra de Cinema de Tiradentes que na cidade de Tiradentes, em Minas Gerais, se tornou . Mas a programação também levou para as telas um filme que, de alguma forma, resgata uma história que realça uma marca pouco conhecida do mesmo regime militar: a violação aos povos indígenas.

“São memórias que o cinema nos dá uma chance de revisitar e que podem assim ser jogadas na cara do povo brasileiro de uma certa forma”, avalia o etnólogo e cineasta Roberto Romero, um dos diretores do documentário Yõg Ãtak: Meu Pai, Kaiowá.

Exibido no domingo (26), ele aborda o assunto de uma forma lateral. O documentário narra o reencontro de Sueli Maxakali com seu pai Luiz Kaiowá. “Eu não o conheci. Eu tinha seis meses de idade e minha irmã tinha cinco anos quando ele partiu”, conta Sueli, em debate sobre o filme realizado nessa terça-feira (27). Ela também é uma das diretoras do documentário.

Luiz Kaiowá é um indígena Guarani-Kaiowá que chegou, através da Fundação Nacional do Índio (Funai), para trabalhar na terra Maxacali, em Minas Gerais. Ele operava um trator e lá se casou com a mãe de Sueli. No entanto, ele acabou voltando para a terra dos Guarani-Kaiowá em Mato Grosso do Sul.

Tudo aconteceu “no tempo dos soldados” como dizem os indígenas mais velhos que dão seus depoimentos no filme. Eles relatam os maus-tratos a que foram submetidos e o desmatamento, relegando a aldeia a uma porção de terra reduzida que sequer tinha água.

“Boa parte desse território foi dividido durante a ditadura militar. O capitão Manoel dos Santos Pinheiro, que era o sobrinho do governador de Minas Gerais, foi enviado para lá para ser o dono daquela região e fazer o que quisesse. Ele dividiu a terra entre os próprios funcionários do SPI [Serviço de Proteção aos Índios] e depois da Funai”, conta Roberto Romero, lembrando que o militar também atuou para impedir a demarcação.

O filme Yõg Ãtak: Meu Pai, Kaiowá foi dirigido a oito mãos: além de Sueli Maxacali e Roberto Romero, o quarteto foi composto ainda por Isael Maxakali e Luísa Lanna. Um ônibus levou os Maxacalis até a aldeia Guarani-Kaiowá. Dessa forma, o reencontro entre Sueli e seu pai foi também o momento de uma comunhão entre os dois povos.

Luísa defende que o cinema olhe com mais atenção para a memória que os povos indígenas guardam do período militar. “As atrocidades que aconteceram foram muitas e elas são muito pouco conhecidas pela população de uma forma geral. Mas é importante pontuar que é um buraco que não é só na cinematografia. É na história também,” enfatiza.

A diretora Luísa Lanna defende o que cinema olhe para violações a indígenas na ditadura. Foto: Leo Fontes/UNIVERSO PRODUÇÃO/ DIVULGAÇÃO

Ela vê a possibilidade de uma evolução paralela. “As coisas vão andando juntas. Na medida que a historiografia for reconhecendo, a cinematografia vai reconhecendo. Uma coisa puxa a outra. E assim vai tornando possível que essas histórias sejam contadas e passem a integrar o repertório histórico da população brasileira. Mas, com certeza, acho que ter mais editais dedicados principalmente a autorias indígenas e realizadores indígenas [isso] pode contribuir para resgatar essas memórias.”

Violações

As violações de direitos no regime militar já foram exploradas por diferentes filmes. O Que é Isso Companheiro?, Zuzu Angel, Marighella, O ano em que meus pais saíram de férias e Batismo de Sangue são alguns títulos de referência, ao qual agora se soma Ainda Estou Aqui. No entanto, nenhum deles aborda o que ocorreu com os indígenas.

Alguns livros vêm buscando tirar essas histórias do anonimato. Um dos mais recentes é Tom Vermelho do Verde, lançado em 2022 pelo jornalista e escritor Frei Betto. A obra narra um drama que tem como pano de fundo o massacre dos indígenas Waimiri Atroari durante a abertura de rodovias na Amazônia entre as décadas de 1960 e 1980. Frei Betto, que participou de ações da resistência contra a ditadura, disse em recente entrevista à Agência Brasil que atualmente compreende que os indígenas  da violência empreendida pelos militares.

No cinema, Luísa destaca como um dos trabalhos de referência o filme GRIN – Guarda Rural Indígena, lançado em 2016 sob direção de Roney Freitas e Isael Maxakali. Já no filme Yõg Ãtak: Meu Pai, Kaiowá, ela observa que essa memória da ditadura aparece de um jeito diferente dos registros produzidos pela cultura ocidental do homem branco. De acordo com a diretora, não é uma memória estanque.

“Ela se constrói a partir das várias histórias que são repassadas pelas falas das pessoas que testemunharam esse momento, que viveram esse momento. Elas vão contando cada uma sua memória, mas também as suas várias percepções dessa história, do que aconteceu. Produzem uma memória que é viva e visível. E ela é acima de tudo criativa e inventiva, nesse sentido de que mais de uma história é sempre melhor do que uma história só”, salienta.

A diretora considera que há uma desconstrução da ideia de uma história voltada para a uma busca por uma verdade única e universal. Através dos depoimentos do filme, segundo ela, são apresentadas vivências e percepções individuais.

Resistência

Os Maxakalis formam um povo com cerca de três mil pessoas vivendo na região do Vale do Mucuri em Minas Gerais, dividida em aldeias que ocupam pequenos territórios. Na maioria delas, não tem rio e a paisagem de Mata Atlântica foi substituída por pasto. O filme documenta também a luta liderada por Sueli e Isael para retomada de um novo território para cerca de 100 famílias. Em uma das cenas, uma placa é pintada para demarcar o local.

Debate sobre o papel do cinema reuniu diretores e indígenas – Foto:  Leo Fontes/UNIVERSO PRODUÇÃO/ DIVULGAÇÃO

“Antes de eu viajar para conhecer meu pai, eu queria deixar meu povo mais à vontade. Pintamos a placa para saber que ali está o meu povo”, conta Sueli. Para Roberto Romero, ao colocar o filme como parte do processo de retomada, os Maxakalis o transformam em um instrumento de resistência. Ele destaca ainda a decisão de gravar o documentário todo em idioma indígena. São faladas as línguas dos dois povos retratados: Maxakalis e Guarani-Kaiowás.

“Os Maxacalis perderam tudo de concreto, digamos assim. Mas preservaram a memória das palavras. Eles lembram os nomes de todos os animais da Mata Atlântica mesmo não convivendo com eles há décadas. E essas palavras são faladas como histórias, como narrativas. E também são cantadas. E a gente tenta mostrar isso no filme: que os cantos são parte vida social, da vida cotidiana. Para quase tudo se canta”, diz o diretor.

Para Isael Maxakali, preservar o idioma é uma das principais motivações para fazer filme. “É para não apagar o nosso histórico. Eu gosto de fazer filme também para que o Brasil possa conhecer nossa linguagem”, afirma.

Segundo o site Agenciabrasil.ebc,

Com informações: Agenciabrasil.ebc

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Cláudio Castro libera R$ 16 milhões para edital da Faperj voltado para meninas, mulheres e mães na ciência

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Ao todo, 200 pesquisadoras serão contempladas com bolsas e auxílios para estimular a produção científica feminina no Rio de Janeiro

O governador Cláudio Castro destinou, nesta quinta-feira (13/03), uma Outorga para Meninas, Mulheres e Mães na Ciência, no valor de R$ 16 milhões para auxílios e bolsas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do RJ (Faperj). Em uma cerimônia realizada no Palácio Guanabara, 24 pesquisadoras foram homenageadas com o inédito Prêmio Mulheres na Ciência.

  • O Rio de Janeiro tem orgulho de apoiar e valorizar a ciência feita por mulheres. Sabemos dos desafios que muitas enfrentam para seguir suas carreiras, especialmente as que são mães. Esse investimento de R$ 16 milhões é um passo fundamental para garantir que o talento e a dedicação dessas pesquisadoras não sejam limitados por barreiras estruturais. Que todas as pesquisadoras, com seu trabalho e dedicação, sigam contribuindo para o avanço do conhecimento e para a construção de um futuro mais igualitário e inovador para a ciência no nosso estado- destacou o governador Cláudio Castro.

Voltado para meninas, mulheres e mães na ciência, o edital que vai beneficiar 200 pesquisadoras. A iniciativa visa garantir suporte financeiro para que mais cientistas mulheres possam dar continuidade a seus trabalhos, conciliando a maternidade com a pesquisa. O programa tem como principais objetivos apoiar projetos que impulsionem o desenvolvimento científico, tecnológico e a inovação no estado do Rio de Janeiro, além de estimular o interesse vocacional de meninas e mulheres na Educação Básica.

  • Esta iniciativa é uma demonstração da força e do talento feminino na ciência. Estamos reafirmando nosso compromisso coletivo com a equidade e o fortalecimento da pesquisa no estado do Rio de Janeiro. Com iniciativas como essa, seguimos ampliando oportunidades e consolidando a inovação como um pilar estratégico para o desenvolvimento do Rio de Janeiro – Caroline Alves, presidente da Faperj.

A outorga reforça a importância da equidade de gênero no meio acadêmico e científico, criando oportunidades para que mais mulheres tenham condições de seguir suas trajetórias na pesquisa, superando desafios estruturais e contribuindo para o avanço da ciência no Brasil.

  • Esse investimento é fundamental para fortalecer e desenvolver a pesquisa e a inovação tecnológica no nosso estado. Não se trata apenas de um aporte financeiro, mas um passo concreto para garantir que as nossas pesquisadoras tenham as condições necessárias para inovar e empreender, levando a ciência do nosso estado a um patamar ainda mais alto- ressaltou o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Anderson Moraes.

Homenagem


O primeiro Prêmio Mulheres na Ciência reconheceu 24 pesquisadoras cujas contribuições foram fundamentais para o avanço do conhecimento em suas áreas. Entre as agraciadas, estão líderes femininas da Academia Brasileira de Ciências, reitoras da UERJ e UENF, defensoras públicas, desembargadoras, promotoras, presidentes de entidades, professoras e cientistas que se destacaram na produção científica nacional.

  • A gente sabe o desafio que é ser mulher, ser mãe e cientista no nosso país. Tenho certeza que esse compromisso do Governo do Estado ratifica um investimento importante na política pública para a mulher. A vocês, mulheres cientistas, o meu muito obrigada por toda contribuição ao nosso estado – exaltou a Secretaria de Estado da Mulher, Heloísa Aguiar.

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Coordenadores técnicos da ABM Week dão dicas para submeter seu trabalho à 9ª edição do evento

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O prazo de submissão de trabalhos encerra em 16/06/25, e não haverá prorrogação; fique atento às datas 

 

A ABM Week, maior evento técnico-científico da América Latina nas áreas de metalurgia, materiais e mineração, acontecerá de 9 a 11 de setembro de 2025, no Centro de Eventos Pro Magno, em São Paulo. Participar como autor de um trabalho técnico-científico é uma excelente oportunidade para ganhar visibilidade e compartilhar descobertas com especialistas e empresas do setor.

 

Para ajudar na submissão, os coordenadores técnicos do evento, prof. André Luiz Vasconcellos da Costa e Silva (UFF) e prof. Antônio Cezar Faria Vilela (UFRGS) compartilham orientações essenciais para uma inscrição bem-sucedida:

 

Seja claro e objetivo na apresentação do seu tema


O título e o resumo são seu cartão de visitas. Evite frases genéricas ou muito técnicas, que podem afastar o leitor. Opte por um título que resuma a essência do seu estudo e um resumo conciso que explique seu propósito e impacto no setor.

 

Construa um argumento sólido


Mais do que apresentar dados, seu trabalho deve contar uma história coerente. Explique o contexto da sua pesquisa e porque ela é relevante. Trabalhos bem fundamentados têm maior impacto e capturam a atenção do público e dos avaliadores.

 

Uso responsável da Inteligência Artificial


Ferramentas de IA podem ser aliadas na revisão e formatação do seu texto, mas o uso excessivo pode comprometer a originalidade do trabalho. Evite depender exclusivamente da IA para gerar conteúdo, pois há riscos de plágio e falta de autenticidade na construção das ideias. A originalidade é um critério essencial na avaliação dos trabalhos submetidos.

 

Respeite as diretrizes e formatos do evento


Cada formato de apresentação – oral, pôster ou artigo técnico – possui regras específicas. Certifique-se de seguir os critérios estabelecidos para evitar desclassificação. Trabalhos orais devem ser diretos e envolventes, enquanto pôsteres devem ser visuais e de fácil compreensão. Já o artigo técnico deve ser detalhado e bem estruturado.

 

Processo de submissão


Os artigos devem ser submetidos online pelo site oficial da ABM Week. As diretrizes completas podem ser consultadas no documento oficial disponível em: https://abmbrasil.com.br/trabalhos/abm-week-9. Os trabalhos aprovados serão apresentados durante o evento para um público altamente qualificado.

 

A importância da participação dos estudantes


A participação dos estudantes na ABM Week é um dos pilares que fortalece o evento. Segundo o coordenador Prof. André Luiz Vasconcellos da Costa e Silva, “A interação entre jovens e profissionais experientes, tanto da academia quanto da indústria, é extremamente valiosa. Os estudantes trazem novas ideias, metodologias e desafios, enriquecendo o debate e contribuindo para a inovação no setor.”

 

Já o coordenador Prof. Antônio Cezar Faria Vilela complementa: “Essa troca de experiências é um ‘ganha-ganha’ para todos. Os estudantes têm a oportunidade de aprimorar suas competências técnicas e ‘soft skills’, enquanto os profissionais se beneficiam do contato com ideias frescas e sem preconceitos. É um ambiente que promove o crescimento mútuo e a evolução do setor.”

 

Não perca a oportunidade de compartilhar seu conhecimento e contribuir para a evolução do setor. Prepare seu trabalho com atenção e submeta-o dentro do prazo para garantir sua participação na 9ª edição da ABM Week!

 

Sobre a ABM Week

Realizada desde 2015, a ABM Week é o principal evento técnico-científico-empresarial no segmento de metalurgia, mineração e de materiais na América Latina. Promovida pela ABM, a Semana tem como objetivo principal fomentar o intercâmbio tecnológico, o desenvolvimento e a melhoria da competitividade da indústria, além de promover negócios entre as empresas. Para os profissionais, é uma oportunidade única de compartilhar conhecimento, fazer networking e se atualizar sobre as últimas tendências do setor.

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Protesto de metalúrgicos defende isenção de IR e redução de jornada

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© Paulo Pinto/Agência Brasil

Metalúrgicos e outras categorias profissionais, como a de bancários, apresentaram na manhã desta sexta-feira (14), em protesto no centro de São Bernardo do Campo (SP), sua agenda atual de reivindicações. Entre as pautas estão a redução de jornada sem diminuição de salários e o fim da escala 6 x 1, ou seja, daquela em que o funcionário tem direito a apenas um dia de folga para cada seis dias de expediente cumpridos.

Eles pedem também isenção do Imposto de Renda para quem tem renda mensal de até R$ 5 mil e sobre Participação nos Lucros e Resultados (PLR) das empresas. A pauta já foi defendida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.   

A concentração do ato foi em frente à sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, no centro do município. O grupo, que seguiu pela avenida Marechal Deodoro, contou com representantes de entidades como o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de São Bernardo e Diadema (Sintracom SBC-DMA) e do Sindicato dos Químicos do ABC. 

A rota escolhida para o protesto levou em conta a quantidade de lojas. O objetivo, segundo os organizadores, é conclamar mais trabalhadores e trabalhadoras, inclusive de outros ramos de atividade, como os comerciantes, para lutar por esses direitos.

Vivia Martins, representante da Central Única dos Trabalhadores (CUT) São Paulo, lembra que a redução de carga horária de trabalho sem prejuízo do salário é uma bandeira da entidade há muito tempo e que beneficiaria, sobretudo, as mulheres.

“Muitas vezes, elas têm jornada dupla e até tripla. Porque chegam do trabalho e cuidam de alguém doente em casa”, pontua ela.

A marcha dos manifestantes foi acompanhada por viaturas da Polícia Militar e da Guarda Civil Municipal. Um automóvel da prefeitura de São Bernardo do Campo, que monitora o tráfego, também foi empregado para acompanhar o ato.

Mobilizações em maio

Para o dia 1º de maio, Dia do Trabalhador, já estão sendo anunciados nas redes sociais protestos por todo o país, como ocorre todos os anos. Este ano, porém, está prevista uma paralisação geral para o dia 2 de maio, com impacto em todos os setores econômicos. 

Segundo Vivia Martins, o movimento deverá ter forte engajamento.

“A única forma de esse Congresso Nacional olhar para o povo é quando o povo cruza os braços”, opinou.

Fonte

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