Saúde
Com a realização de evento conjunto, Campinas reúne principais nomes da cirurgia craniofacial do mundo
Congresso discutirá avanços no tratamento de fissuras labiopalatinas e doenças raras de crânio e face entre 29 e 31 de agosto, no Royal Palm Hall; caso de paciente com Neurofibromatose, acompanhada há 12 anos, será apresentado durante evento
Realização do congresso em Campinas deve-se à presença do Hospital Sobrapar Crânio e Face, que atrai profissionais de saúde de todo o mundo (foto)
Durante o mais importante congresso conjunto sobre o tema, especialistas do Brasil e do exterior irão debater tecnologia e inovação no diagnóstico e tratamento de fissuras labiopalatinas e doenças raras craniofaciais. A Associação Latino-Americana de Craniofacial (LATICFA), a Associação Brasileira de Cirurgia Craniofacial (ABCCMF) e a Associação Brasileira de Fissuras Labiopalatinas (ABFLP) realizarão o maior encontro dessas organizações entre os dias 29 e 31 de agosto, em Campinas/SP.
“Será um evento modelo para troca de conhecimentos e de colaboração no tratamento de fissuras e anomalias raras de crânio e face, unindo dados e protocolos e abordando novas técnicas e ensinamentos com base no que está acontecendo no mundo com diferentes populações”, afirma o cirurgião plástico Cassio Eduardo Raposo do Amaral, presidente da LATICFA. Profissionais da medicina e das áreas envolvidas em todo o processo de reabilitação craniofacial, como fonoaudiologia, odontologia, psicologia, enfermagem e outras áreas estarão reunidos para impulsionar o conhecimento e a prática nessa área.
Para o presidente da ABCCMF, Antonio Brito cirurgião de cabeça e pescoço, craniomaxilofacial e traumatologia bucomaxilofacial, a colaboração entre essas três associações cria um ambiente propício para a troca de informações de ponta. “A ABFLP e LATICFA trazem uma visão especializada no diagnóstico, tratamento e reabilitação das fissuras labiopalatinas, abordando não apenas as técnicas cirúrgicas, mas também os aspectos multidisciplinares do cuidado, como a fonoaudiologia, a psicologia e a nutrição. Por outro lado, a ABCCMF contribui com sua expertise em cirurgia crânio-maxilo-facial, oferecendo insights sobre técnicas avançadas e abordagens cirúrgicas que podem ser aplicadas para o tratamento de deformidades complexas e condições associadas”, destaca.
Já o presidente da ABFLP e cirurgião plástico, Geza Laszlo Urmenyi, destaca que a possibilidade de ter um número maior de profissionais com expertise em áreas tão específicas, leva a uma propagação do conhecimento clínico e científico. “Os encontros multi e interdisciplinares nos dão uma perspectiva de novas orientações tecnológicas no universo da cirurgia maxilofacial e da cirurgia para o tratamento da fissura palatina, que comete um número expressivo de pessoas ao longo do mundo e é cuidado por um número ainda relativamente pequeno, mas seleto de profissionais que se empenham de maneira muito significativa no trabalho”, afirma.
A realização do congresso em Campinas deve-se à presença do Hospital Sobrapar Crânio e Face, que atrai profissionais de saúde de todo o mundo interessados em conhecer a instituição. Referência no tratamento multidisciplinar pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e com uma equipe que abrange diversas especialidades, o hospital tornou-se um centro que agrega pacientes com particularidades pouco vistas em outros países.
“O Brasil se equipara aos outros países em razão da presença de profissionais capacitados a tratar doenças raras e a reabilitar pacientes com deformidades craniofaciais congênitas ou adquiridas. É fundamental o uso da tecnologia para alcançarmos resultados, mas o talento e os esforços dos profissionais de saúde brasileiros se sobressaem diante das características de um país em desenvolvimento, com fortes diferenças regionais e particularidades como a existência de adultos não tratados ou, então, tratados fora de centros especializados e com sequelas pouco vistas em outros países”, explica o cirurgião plástico que também é vice-presidente do Hospital Sobrapar.
Para Raposo do Amaral, o fato de o evento ocorrer em Campinas consolida a cidade como um dos principais polos da cirurgia craniofacial do mundo, capaz de reunir três organizações internacionalmente reconhecidas e respeitadas por profissionais médicos na América Latina e no Brasil. A LATICFA, fundada em 2016, fornece suporte a vários centros de fissuras em toda a América do Sul e Central. Tanto a ABCCMF, constituída há 30 anos por cirurgiões craniofaciais brasileiros de primeira e segunda geração, quanto a ABFLP, fundada em 1969, foram fundamentais na promoção de uma mudança significativa em direção a uma abordagem multidisciplinar no tratamento e reabilitação de fissuras.
“A presença de convidados internacionais enriquece ainda mais o congresso, permitindo uma troca de conhecimento global. Esses especialistas de renome mundial trarão perspectivas e práticas inovadoras de diferentes regiões e centros de pesquisa, ampliando a compreensão sobre as melhores práticas e as últimas descobertas no campo. A interação com os profissionais proporcionará uma visão mais abrangente das técnicas e estratégias empregadas em outros países, oferecendo novas ideias e métodos que podem ser adaptados e implementados em nossas próprias práticas”, afirma Antonio Brito.
O evento conjunto oferecerá um dia de cursos pré-encontro, concentrados em cirurgia ortognática em pacientes com e sem fissura labiopalatina e aspectos do tratamento de fissura. Durante o congresso estarão em pauta novas tendências e tecnologias de tratamento, protocolos para melhorar a segurança, adesão de pacientes e acompanhamento, patologia da fala e ortodontia, entre outros temas, com convidados brasileiros e estrangeiros.
Tratamento especializado mudou qualidade de vida
Um dos casos que será apresentado no Congresso pelo cirurgião plástico Cassio Eduardo Raposo do Amaral é o de Inez Nascimento, de 37 anos, paciente do Hospital Sobrapar, que nasceu com Neurofibromatose tipo 1 e sem a visão do olho direito. Também conhecida como Doença de Von Recklinghausen, a Neurofibromatose tipo 1 é uma condição genética causada por mutação genética, que afeta principalmente a pele, o sistema nervoso e os ossos. Os sintomas podem começar a se manifestar na infância, incluindo o desenvolvimento de tumores no sistema nervoso central, alterações ósseas e problemas de audição.
Reconhecida como uma doença rara, a Neurofibromatose tipo 1 afeta aproximadamente 1 em cada 3.000 pessoas nascidas vivas no mundo. No caso de Inez, a Neurofibromatose é visível no rosto, o que a expôs a situações constrangedoras e a episódios de bullying ao longo de sua vida.
Inez nasceu em Poço Verde, no interior de Sergipe, e teve acesso limitado a tratamentos especializados durante a infância e adolescência. Somente em 2012, ela conheceu o Hospital Sobrapar, referência no tratamento de deformidades craniofaciais e doenças congênitas. Desde então, Inez passou por diversas cirurgias e ainda precisará enfrentar outras. No entanto, seu caso já apresentou muitos avanços positivos, inclusive na parte estética.
Apesar de saber que sua doença é rara e não tem cura, Inez entende que as cirurgias são extremamente necessárias. “Hoje, sou uma pessoa diferente, tanto física quanto emocionalmente. Minha vida se modificou e, após as cirurgias, minha aparência melhorou cerca de 90%. Eu me olho no espelho e tenho orgulho de ser quem sou. Antes das cirurgias, não conseguia fazer isso. Sei que ainda tenho uma longa jornada de tratamentos pela frente”, afirma.
Serviço:
Congresso Brasileiro de Fissuras Lábio Palatinas e Anomalias Craniofaciais
Data: 29 a 31 de agosto
Local: Royal Palm Hall – Campinas/SP
Homepage | Congresso 2024 – ABCCMF, ABFLP e LATICFA
www.abccmf.org.br
Saúde
Brasil chega a 16 mortes confirmadas de intoxicação por metanol
O Ministério da Saúde divulgou nesta quarta-feira (19) novo boletim sobre intoxicação por metanol após consumo de bebidas alcoólicas. O número de mortes subiu para 16 em todo o país. São agora 97 casos registrados, sendo 62 confirmados e 35 em investigação. No geral, 772 suspeitas foram descartadas.

São Paulo é o estado mais atingido, com 48 casos confirmados, sendo cinco em investigação. Nove óbitos são do estado. 511 notificações de intoxicação foram descartadas pelas autoridades paulistas.
As demais mortes são três no Paraná, três em Pernambuco e uma em Mato Grosso.
Há outros 10 óbitos sob análise, com cinco em São Paulo, quatro em Pernambuco e um em Minas Gerais. Mais de 50 notificações de mortes já foram descartadas.
Foram confirmadas intoxicações por metanol também em outros estados: seis no Paraná, cinco em Pernambuco, dois em Mato Grosso e um no Rio Grande do Sul.
Casos suspeitos são investigados em Pernambuco (12), no Piauí (5), no Mato Grosso (6), no Paraná (2), na Bahia (2), em Minas Gerais (1) e no Tocantins (1).
Saúde
Primeira unidade inteligente do SUS será no hospital da USP
O primeiro Instituto Tecnológico de Emergência do país, o hospital inteligente do Sistema Único de Saúde (SUS), será construído no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Segundo o Ministério da Saúde, a iniciativa poderá reduzir o tempo de espera na emergência em 25%, com atendimento passando de uma média de 120 minutos para 90 minutos.

O investimento para essa unidade, de R$ 1,7 bilhão, será garantido a partir de uma cooperação com o Banco do BRICS, que fará a avaliação final da documentação protocolada pelo ministério. A previsão é que a unidade entre em funcionamento em 2029.
Para a implantação do hospital, o governo federal assinou acordo de cooperação técnica (ACT) com o HC e a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, que cederá o terreno para a unidade. Esse era o último documento para a conclusão do pedido de financiamento junto ao banco.
A unidade faz parte da Rede Nacional de Hospitais e Serviços Inteligentes e Medicina de Alta Precisão do SUS, lançada pela pasta para modernizar a assistência hospitalar no país. A gestão da unidade e a operação serão de responsabilidade do HC, com custeio compartilhado entre o Ministério da Saúde e a secretaria de saúde do estado de São Paulo.
“Com o hospital inteligente, estamos trazendo para o Brasil aquilo que tem de mais inovador no uso da inteligência artificial, tecnologia de dispositivos médicos e da gestão integrada de dados para cuidar das pessoas e salvar vidas. Estamos tendo a chance de inovar a rede pública de saúde, e o melhor de tudo, 100% SUS. Além do primeiro hospital inteligente, também vamos expandir a rede para 13 estados com UTIs que contarão com a mesma tecnologia”, destacou Alexandre Padilha, em evento de apresentação do projeto, nesta quarta-feira (19)..
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Modernização
Além da redução do tempo de espera por atendimento no pronto-socorro, o ministério afirmou que a expectativa é que o hospital acelere o acesso a UTIs, reduza o tempo médio de internação e aumente o número de atendimentos. Isso porque a unidade será totalmente digital, com uso de inteligência artificial, telemedicina e conectividade integrada.
“O tempo em que pacientes clínicos ficam na UTI, por exemplo, passa de uma média de 48 horas para 24 horas, e o tempo de enfermaria passa de 48 horas para 36 horas. Com a integração dos sistemas será possível também reduzir custos operacionais em até 10%”, disse a pasta, em nota.
O hospital terá capacidade anual para atender 180 mil pacientes de emergência e terapia intensiva, 10 mil em neurologia e neurocirurgia e 60 mil consultas ambulatoriais de neurologia. Segundo o governo federal, a estrutura seguirá os padrões internacionais de sustentabilidade, com certificação verde e sistemas de acompanhamento de consumo energético, água e resíduos.
Saúde
OMS: 840 milhões de mulheres no mundo foram alvo de violência
Quase uma em cada três mulheres – cerca de 840 milhões em todo o mundo – já sofreu algum episódio de violência doméstica ou sexual ao longo da vida. O dado, divulgado nesta quarta-feira (19) pela Organização Mundial da Saúde (OMS), praticamente não mudou desde o ano 2000.

Apenas nos últimos 12 meses, 316 milhões de mulheres – 11% delas com 15 anos ou mais – foram vítimas de violência física ou sexual praticada pelo parceiro. “O progresso na redução da violência por parceiro íntimo tem sido dolorosamente lento, com uma queda anual de apenas 0,2% nas últimas duas décadas”, destacou a OMS.
Pela primeira vez, o relatório inclui estimativas nacionais e regionais de violência sexual praticada por alguém que não seja o parceiro. É o caso de 263 milhões de mulheres com 15 anos ou mais. “Um número que, segundo especialistas, é significativamente subnotificado devido ao estigma e ao medo”, alertou a OMS.
“A violência contra mulheres é uma das injustiças mais antigas e disseminadas da humanidade e, ainda assim, uma das menos combatidas”, avaliou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
“Nenhuma sociedade pode se considerar justa, segura ou saudável enquanto metade de sua população vive com medo”, completou, ao citar que acabar com a violência sexual contra mulheres não é apenas uma questão política, mas de dignidade, igualdade e direitos humanos.
“Por trás de cada estatística, há uma mulher ou menina cuja vida foi alterada para sempre. Empoderar mulheres e meninas não é opcional, é um pré-requisito para a paz, o desenvolvimento e a saúde. Um mundo mais seguro para as mulheres é um mundo melhor para todos”, concluiu Tedros.
Riscos
A OMS alerta que mulheres vítimas de violência enfrentam gestações indesejadas, maior risco de contrair infecções sexualmente transmissíveis e depressão. “Os serviços de saúde sexual e reprodutiva são um importante ponto de entrada para que as sobreviventes recebam o atendimento de alta qualidade de que precisam”.
O relatório destaca ainda que a violência contra mulheres começa cedo, e os riscos persistem ao longo da vida. Ao longo dos últimos 12 meses, 12,5 milhões de adolescentes com idade entre 15 e 19 anos (16% do total) sofreram violência física e/ou sexual praticada pelo parceiro.
“Embora a violência ocorra em todos os países, mulheres em países menos desenvolvidos, afetados por conflitos e vulneráveis às mudanças climáticas são afetadas de forma desproporcional”, ressaltou a OMS.
A Oceania, por exemplo, com exceção da Austrália e da Nova Zelândia, registrou uma taxa de prevalência de 38% de violência praticada por parceiro ao longo do último ano – mais de três vezes a média global, de 11%.
Apelo à ação
Segundo o relatório, mais países coletam dados para fundamentar políticas públicas de combate à violência contra a mulher, mas ainda existem lacunas significativas – sobretudo em relação à violência sexual praticada por pessoas que não são parceiros íntimos, e a grupos marginalizados como mulheres indígenas, migrantes e com deficiência.
Para acelerar o progresso global e gerar mudanças significativas na vida de mulheres e meninas afetadas pela violência, o documento apela para ações governamentais decisivas e financiamento com o objetivo de:
- Ampliar programas de prevenção baseados em evidências;
- Fortalecer serviços de saúde, jurídicos e sociais centrados nas sobreviventes;
- Investir em sistemas de dados para monitorar o progresso e alcançar grupos mais vulneráveis;
- Garantir a aplicação de leis e políticas que empoderem mulheres e meninas.



