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Economia

Com Selic a 14,75%, é hora de comprar um imóvel?

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Divulgação/MBigucci
Divulgação/MBigucci

O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou em maio/2025 a taxa Selic para 14,75% ao ano, o que tem despertado inúmeras dúvidas para quem planeja comprar um imóvel. Essa alta, que afeta diretamente as condições de financiamento, exige uma análise sobre seus efeitos no bolso do consumidor. É fundamental entender que, embora os juros estejam em patamar elevado, investir em imóveis continua sendo uma estratégia sólida e vantajosa a longo prazo.

A rentabilidade dos imóveis no Brasil alcançou patamar histórico em 2024, chegando a 19,1% ao ano, segundo estudo realizado em parceria entre o Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), da FGV (Fundação Getúlio Vargas), e o QuintoAndar. O resultado positivo, se deve a uma combinação entre a valorização do imóvel e o rendimento com aluguéis.

A Selic não é a única variável que determina o custo do crédito. Os bancos utilizam recursos da Poupança para financiar os imóveis. Ou seja, um fator crucial é o volume dos recursos captados através da caderneta de poupança. Quando há pouco dinheiro na poupança, os bancos captam de outras fontes alternativas, que são mais caras. Essa dinâmica, portanto, acaba contribuindo para o aumento do custo do financiamento.

Para os consumidores, os efeitos da alta da Selic podem variar. Nos contratos novos, é provável que os bancos repassem imediatamente a elevação dos juros. Contudo, para quem já possui contratos assinados com taxas prefixadas, as condições permanecem inalteradas. E sempre há a possibilidade de portabilidade de crédito (quando você migra sua dívida de um banco para outro com juros e condições mais vantajosas), é um caminho para que quem financiou agora não seja penalizado lá na frente, caso os juros baixem. Ou seja, existem alternativas para se proteger se o cenário mudar.

Outro ponto a ser observado é o impacto indireto nos aluguéis. Com o crédito mais caro e, consequentemente, a compra de imóveis tornando-se menos acessível para alguns, a demanda por imóveis para locação tende a aumentar. O índice IGP-M, utilizado nos contratos de aluguel, tem apresentado valorização nos últimos 12 meses. Essa alta reflete a inflação sobre os aluguéis, indicando que, mesmo em um cenário de juros elevados, o imóvel se consolida e segue como uma opção que, historicamente, valoriza ao longo do tempo.

Imóveis são ativos reais e sempre protegem contra inflação. Em períodos de incerteza econômica, os ativos reais, como os imóveis, ganham destaque. Ao contrário de ativos financeiros que podem ser voláteis, os imóveis preservam seu valor no longo prazo. Historicamente, no Brasil, vivemos em um ambiente de incertezas econômicas, ou seja, investir em imóvel é algo sólido, lastreado em algo real, e não virtual. Essa característica torna o mercado imobiliário uma opção particularmente interessante para investidores que buscam segurança e estabilidade patrimonial.

Como visto, apesar dos desafios impostos pela elevação dos juros, o setor imobiliário brasileiro mantém um histórico robusto de valorização. Dados históricos demonstram que os imóveis não apenas preservam seu valor, mas muitas vezes superam a inflação, o que reforça a atratividade desse tipo de investimento a longo prazo.

Já tivemos juros altos no passado, não é a primeira e nem a última vez. E nem por isso as vendas caíram. Ao contrário, segundo dados do Secovi-SP, no acumulado de abril/2024 a março/2025 foram vendidas 108,3 mil unidades na cidade de São Paulo, 31% a mais, quando comparado ao mesmo período do ano anterior.

O consumidor não deve apenas olhar para a SELIC de forma isolada. É essencial que seja analisado o cenário de forma abrangente, considerando tanto o aumento do custo de crédito quanto os benefícios decorrentes da valorização dos ativos reais. Se os juros estão altos, estão altos para toda a economia de uma forma geral e não apenas para os financiamentos imobiliários. Não podemos ficar congelados no tempo, esperando os juros baixarem. Temos que analisar as opções de investimento que estão disponíveis no momento, e decidir entre a melhor delas.

Segundo o IBGE, o Brasil possui 174 mil empresas ativas no setor da construção civil e de acordo com a plataforma Econodata, são 116 mil empresas de incorporação imobiliária. Enfim, para as empresas do mercado imobiliário, com juro alto ou baixo, a ordem do dia é sempre investir em imóveis. Assim, o mercado vem crescendo com números impressionantes. É claro que nem sempre se ganha, mas quando você olha no longo prazo, os ativos reais estão lá, intactos e valorizados. Investir em imóvel é uma apólice de seguro patrimonial. Não há perda. Imóvel é segurança, é solidez real.

A alta na SELIC não deve desestimular aqueles que buscam comprar um imóvel, seja para investimento ou moradia. A diversificação de investimentos, aliada à resiliência do setor imobiliário, oferece oportunidades para transformar desafios em ganhos futuros. Portanto, a alta dos juros, ainda que represente um aumento no custo do crédito, não invalida o potencial dos imóveis como investimentos estratégicos e seguros. Com planejamento e uma visão de longo prazo, os desafios de hoje podem se converter em grandes oportunidades para quem deseja garantir segurança e valorização patrimonial no futuro.

Marcos Bigucci é advogado; Diretor da Construtora MBigucci; Mestre em Administração de Empresas pela Devry University – USA ; Master Business Administration (MBA) pela FGV/Brasil; e Certificado pela Harvard University – USA em Tecnologia e Empreendedorismo

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Economia

Governo abrirá crédito de R$ 3 bi para ressarcir descontos ilegais

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© Lilian Soares/MPS

O governo federal deve publicar, nos próximos dias, uma Medida Provisória (MP) abrindo um crédito extraordinário de cerca de R$ 3 bilhões no Orçamento deste ano. O dinheiro servirá para ressarcir parte dos valores descontados ilegalmente dos benefícios previdenciários pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) a milhões de aposentados e pensionistas de todo o Brasil.

“Vamos enviar [submeter] esta MP para o parlamento, abrindo um crédito extraordinário de aproximadamente R$ 3 bilhões para fazer este ressarcimento”, disse, em Brasília, o ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz (foto), durante entrevista coletiva na qual ele e o presidente do INSS, Gilberto Waller, anunciaram o início do período de adesão ao acordo de restituição dos valores descontados sem autorização, a partir de amanhã (11).

Adotada pelos presidentes da República em casos de relevância e urgência, as medidas provisórias produzem efeitos a partir do momento em que são publicadas no Diário Oficial da União, mas têm que ser aprovadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado em até 120 dias para que se transformem definitivamente em leis ou perdem a eficácia. Já a abertura de crédito extraordinário é admitida para atender despesas imprevisíveis e urgentes.

“Esta é uma crise grave que nos indignou a todos”, afirmou o ministro, se referindo aos fatos trazidos à luz pela Operação Sem Desconto, que a Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram em abril deste ano, para aprofundar as investigações sobre o esquema fraudulento de descontos não autorizados que lesaram milhões de aposentados e pensionistas do Regime Geral da Previdência Social.

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“É um dos episódios mais nefastos e mais graves dos últimos tempos”, acrescentou Queiroz, assegurando que o governo “tomou todas as medidas possíveis e cabíveis” para interromper os descontos indevidos tão logo tomou ciência da gravidade dos indícios de ilegalidade que a PF e a CGU identificaram.

“Foram cessados todos os descontos e suspensos todos os acordos de cooperação técnica [entre o INSS e entidades autorizadas a descontar as mensalidades associativas de seus filiados diretamente dos benefícios previdenciários]. A CGU deflagrou uma investigação sem proteger a quem quer seja e a PF tem trabalhado com absoluta autonomia”, acrescentou o ministro.

R$ 2,6 bilhões

Segundo o presidente do INSS, Gilberto Waller, dos cerca de 9,3 milhões de segurados do INSS que pagaram alguma mensalidade associativa com desconto em folha entre março de 2020 e março de 2025, 3,8 milhões questionaram os valores deduzidos, alegando não ter autorizado a operação.

“Se tivéssemos que pagar [restituir os valores cobrados] 100% das 3,8 milhões de reclamações – o que não é o caso –, o valor corrigido pelo IPCA, hoje, daria R$ 2,6 bilhões”, afirmou Waller, acrescentando que os R$ 400 milhões restantes do crédito extraordinário vão servir para, eventualmente, ressarcir vítimas indígenas, quilombolas e que tinham 80 anos de idade ou mais em março de 2024 e que não tenham questionado os valores descontados ilegalmente. Nestes casos, o próprio INSS vai contestar as deduções, por considerar estes três grupos socialmente vulneráveis.

“Com isso, chegaríamos a cerca de 4,1 milhões de pessoas atingidas por este golpe, conforme a estimativa inicial”, acrescentou o presidente do INSS, destacando que mais de 1,86 milhão de aposentados e pensionistas que questionaram as cobranças ilegais e que não receberam as devidas justificativas das entidades associativas já estão aptas a aderir ao acordo de ressarcimento, a partir desta sexta-feira (11).

Quem ainda não contestou eventuais descontos pode fazê-lo pelo aplicativo Meu INSS; ligando para a central telefônica 135 ou indo pessoalmente a uma agência dos Correios.

Novas contestações serão aceitas pelo menos até 14 de novembro de 2025 – até lá, o governo federal vai analisar a necessidade de prorrogar o prazo. A partir da data em que o beneficiário questionar as cobranças, as entidades têm até 15 dias para comprovar que o desconto 

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Economia

Crescimento econômico, café e energia reforçaram inflação, diz BC

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O aquecimento da economia, o encarecimento de alguns preços industrializados como o café e a bandeira tarifária de energia reforçaram a inflação no primeiro semestre, informou nesta quinta-feira (10) o Banco Central (BC). A autoridade monetária divulgou uma carta aberta justificando o estouro da meta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em junho.

Pelo sistema de meta contínua, em vigor desde o início do ano, o BC precisa divulgar uma carta aberta a cada semestre em que a inflação oficial, expressa pelo IPCA, estourar o teto de 4,5% da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A meta está em 3% para o IPCA, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, com os limites entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto).

Em junho, o IPCA ficou em 0,24%, alcançando 5,35% em 12 meses. No modelo de meta contínua, a inflação acumulada em 12 meses não pode superar o teto de 4,5% por seis meses consecutivos.

“Houve altas mais intensas que as antecipadas no preço da gasolina, na inflação subjacente dos preços de serviços, nos preços de alimentos industrializados, em particular do café, e nos preços de alguns bens industriais, como os do vestuário e de automóveis”, destaca a carta do BC.

O texto também ressalta surpresas para cima em preços administrados e para baixo em alimentação em casa. “A variação de preços administrados veio acima do esperado devido, principalmente, à energia elétrica residencial, com a deterioração do cenário hídrico [falta de chuvas]. Essa surpresa em preços administrados foi mais do que compensada por variações mais baixas que o esperado em alimentação no domicílio”, continua a carta.

Fatores

Em relação aos fatores que pesaram no desvio de 2,35 pontos percentuais (p.p.) da inflação em relação ao centro da meta de 3%, a carta do BC enumerou os seguintes:

  • Inércia da inflação dos 12 meses anteriores (contribuição de 0,69 p.p.);
  • Expectativas de inflação (0,58 p.p.);
  • Hiato do produto, economia produzindo além da capacidade (0,47 p.p.);
  • Inflação importada (0,46 p.p.);
  • Bandeira tarifária de energia elétrica (0,27 p.p.);
  • Demais fatores (-0,12 p.p.).

Convergência

Assim como na última edição do Relatório de Política Monetária, o BC reiterou que a inflação só deve convergir para um nível abaixo do teto de 4,5% no primeiro trimestre de 2026. Com a entrada em vigor do sistema de meta contínua, esse relatório substituiu o Relatório de Inflação, mas continuará a ser divulgado a cada três meses pelo BC.

“Nesse cenário, projeta-se que a inflação acumulada em quatro trimestres ficará na faixa de 5,4% a 5,5% nos três primeiros trimestres de 2025, cairá para 4,9% no final do ano e atingirá 4,2% no final do primeiro trimestre de 2026, mantendo-se dentro do intervalo de tolerância a partir de então”, destacou o Banco Central.

Juros

O principal instrumento do BC para segurar a inflação é a Taxa Selic, juros básicos da economia. Em 15% ao ano desde junho, a Selic está no maior nível desde julho de 2006.

Segundo a carta, a política monetária deve permanecer em patamar significativamente contracionista (que desestimula a economia) por período “bastante prolongado” para assegurar a convergência da inflação à meta em “ambiente de expectativas desancoradas”. A Selic é definida a cada 45 dias pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

Assim como nas atas mais recentes do Copom, a carta ressalta que o BC deve manter os juros elevados pelo tempo necessário para levar a inflação de volta ao intervalo da meta. No entanto, não descarta que os juros permaneçam altos caso surjam imprevistos.

“O Copom enfatizou que segue vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em prosseguir no ciclo de alta, caso julgue apropriado”, ressalta o BC na carta.

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Economia

Dólar sobe para R$ 5,54, mas fecha distante da máxima do dia

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© REUTERS/Lee Jae-Won/Proibida reprodução

A imposição de uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras aos Estados Unidos pelo governo de Donald Trump provocou forte impacto na abertura do mercado financeiro, mas as turbulências foram diluídas ao longo do dia. O dólar permaneceu abaixo de R$ 5,55 e fechou distante da máxima do dia. A bolsa caiu cerca de 0,5%, mas teve perdas concentradas em poucos setores.

O dólar comercial encerrou esta quinta-feira (10) vendido a R$ 5,543, com alta de R$ 0,039 (+0,72%). A cotação alcançou R$ 5,61 nos minutos iniciais de negociação, mas desacelerou ao longo do dia. Na mínima da sessão, por volta das 10h50, chegou a R$ 5,52.

A moeda norte-americana está no maior nível desde 25 de junho, quando fechou a R$ 5,55. A divisa acumula ganho de 2,22% na semana e queda de 10,3% em 2025.

O mercado de ações também teve um dia volátil. O índice Ibovespa, da B3, fechou aos 136.743 pontos, com recuo de 0,54%. O indicador chegou a cair 1,07% às 10h30, mas chegou a superar os 137 mil pontos até as 13h30.

A bolsa brasileira está no menor patamar também desde 25 de junho. No entanto, não houve uma queda generalizada em todas as ações, com as perdas concentrando-se em empresas que exportam para os Estados Unidos, principalmente indústrias. As ações da fabricante de aviões Embraer, que chegaram a cair 7% pela manhã, fecharam o dia aos R$ 75,32, com recuo de 3,7%.

*Com informações da Reuters

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