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Educação

Coursera Lança Cursos Dublados por IA em Português para Ampliar o Acesso a Educação de Qualidade

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 A Coursera, uma das maiores plataformas de aprendizado online do mundo, anunciou hoje o lançamento de cursos dublados por inteligência artificial (IA) em português brasileiro, marcando um grande avanço na eliminação de barreiras linguísticas na educação online. Após o sucesso da tradução automática de textos com IA em 2023 — que permitiu que quase 3 milhões de alunos acessassem mais de 5.000 cursos em 25 idiomas — essa nova inovação usa IA generativa para traduzir e dublar o conteúdo em vídeo de mais de 100 cursos populares de instituições renomadas como IBM, Microsoft e DeepLearning.AI.

Com apenas 5% da população brasileira relatando fluência em inglês, a maioria dos estudantes não consegue aproveitar completamente os conteúdos em inglês. Localizar as aulas em vídeo para o português brasileiro aumenta o engajamento dos alunos e melhora a compreensão e retenção do conteúdo. Diferente da dublagem tradicional, os cursos dublados com IA da Coursera imitam a voz e os padrões de fala do instrutor original, além de sincronizar os movimentos labiais, tornando o conteúdo natural e imersivo. Agora, os alunos podem viver toda a experiência do curso em sua língua nativa, gerando mais envolvimento e melhores resultados.

A dublagem por IA será lançada inicialmente em quatro dos idiomas mais falados do mundo, representando juntos quase 800 milhões de falantes nativos:

  • Português Brasileiro: Falado por mais de 200 milhões de pessoas no Brasil, o português é o terceiro idioma mais popular em traduções na Coursera, com mais de 370.000 matrículas até o momento.

  • Espanhol: São mais de 450 milhões de falantes nativos na América Latina e 40 milhões na Espanha. Os cursos em espanhol já ultrapassaram 1 milhão de matrículas, sendo o idioma traduzido mais acessado da plataforma.

  • Francês: Com cerca de 64 milhões de falantes nativos, os cursos traduzidos para o francês somam quase 450.000 matrículas.

  • Alemão: Com cerca de 80 milhões de falantes nativos, os cursos traduzidos para o alemão já alcançaram mais de 125.000 matrículas.

“Como a linguagem continua sendo uma das maiores barreiras para a educação e o crescimento profissional, inovações como a dublagem por IA são essenciais para criar um ecossistema de aprendizado mais inclusivo e acessível,” disse Mustafa Furniturewala, Diretor de Tecnologia da Coursera. “Temos orgulho de lançar esse recurso em português brasileiro e outros idiomas amplamente falados para ajudar milhões de alunos a se envolverem mais profundamente com conteúdos de classe mundial, desenvolver habilidades relevantes para o mercado e acessar novas oportunidades em seus próprios países.”

Estudos mostram consistentemente que aprender na língua nativa pode gerar resultados significativamente melhores. Alunos na Coursera completam cursos traduzidos em taxas mais altas e cerca de 25% mais rápido do que aqueles oferecidos apenas no idioma original. Ainda assim, cerca de 40% da população mundial não tem acesso à educação em sua primeira língua. Os conteúdos dublados com IA enfrentam esse desafio global ao disponibilizar mais de 100 cursos voltados para carreira em áreas de alta demanda como IA, Ciência de Dados e Cibersegurança, permitindo que os alunos obtenham certificações reconhecidas pela indústria no idioma de sua preferência.

Bruno Lamas, Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional do Espírito Santo, afirmou:
“A chegada dos cursos da Coursera dublados em português por inteligência artificial representa um avanço significativo para o Programa de Formação Avançada da SECTI. Com os cursos dublados no nosso idioma, os estudantes poderão absorver o conteúdo da plataforma ainda mais rápido. Já são mais de 5 mil cursos legendados, e agora, com a dublagem, o aprendizado ficou ainda mais acessível, especialmente para quem prefere ouvir ao invés de ler enquanto estuda. É mais uma grande conquista no caminho da democratização da educação e da formação profissional no Espírito Santo. Estamos presenciando um marco importante que reforça nosso compromisso com a inovação e com um futuro em que a tecnologia continua sendo uma forte aliada da educação no estado.” 

Silvone Assis, CCO do DOT Digital Group, que representa a Coursera no setor público brasileiro, complementou:  “A dublagem com tecnologia de IA marca um novo nível de acessibilidade e inclusão no aprendizado online. Sabemos que barreiras linguísticas ainda são um desafio real para milhões de brasileiros. Com essa inovação, ampliamos ainda mais o alcance e a eficácia da plataforma, trazendo conhecimento de alta qualidade — de universidades e empresas globais — mais perto da realidade de cada cidadão brasileiro.”

Na Coursera, acreditamos que a linguagem nunca deve ser um obstáculo para o acesso a oportunidades. Com a dublagem por IA, continuamos a ultrapassar os limites da inovação e garantir que qualquer pessoa, em qualquer lugar, possa acessar uma educação de classe mundial e liberar todo o seu potencial.

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Sobre a Coursera

A Coursera foi lançada em 2012 por Andrew Ng e Daphne Koller, com a missão de oferecer acesso universal ao aprendizado de alta qualidade. Hoje, é uma das maiores plataformas de ensino online do mundo, com mais de 168 milhões de alunos registrados até 31 de dezembro de 2024. A Coursera faz parcerias com mais de 350 universidades e líderes da indústria para oferecer um catálogo amplo de cursos, especializações, certificados profissionais e até diplomas. Suas inovações na plataforma permitem que instrutores ofereçam experiências de aprendizado personalizadas, escaláveis e verificadas. Instituições no mundo todo utilizam a Coursera para qualificar e requalificar seus funcionários, cidadãos e estudantes em áreas como IA Generativa, ciência de dados, tecnologia e negócios. A Coursera é uma empresa de benefício público de Delaware e possui certificação B Corp.

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Educação

Pé-de-Meia: pagamento da sexta parcela começa nesta segunda-feira

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© Seduc-Ceará

O Ministério da Educação (MEC) inicia, nesta segunda-feira (25), o pagamento da sexta parcela aos participantes do programa Pé-de-Meia de 2025.

Os beneficiados pelo programa são os estudantes do ensino médio matriculados na rede pública regular e na modalidade educação de jovens e adultos (EJA), inscritos no Cadastro Nacional de Programas Sociais do governo federal (CadÚnico).

Nesta nova etapa, a Caixa Econômica Federal – responsável pela gestão dos recursos repassados pelo MEC – aponta que, ao todo, cerca de 3,4 milhões de estudantes de escolas públicas receberão o benefício até a próxima segunda-feira (1º).

Os nascidos nos meses de janeiro e fevereiro recebem nesta segunda-feira o valor de R$ 200 correspondente ao incentivo-frequência às aulas.

Para ter direito ao benefício, eles devem ter presença mínima de 80% nas aulas.

Pagamento escalonado

Os pagamentos do incentivo-frequência ocorrem até o dia 1º de setembro, conforme o mês de nascimento dos alunos matriculados em uma das três séries do ensino médio na rede pública de ensino.

Confira o calendário:

  • Nascidos em janeiro e fevereiro recebem em 25 de agosto;
  • Nascidos em março e abril, em 26 de agosto;
  • Nascidos em maio e junho, em 27 de agosto;
  • Nascidos em julho e agosto, em 28 de agosto;
  • Nascidos em setembro e outubro recebem 29 de agosto;
  • Nascidos em novembro e dezembro, em 1º de setembro.

EJA

A parcela única dos concluintes aprovados no semestre da modalidade educação de jovens e adultos também será paga no período de 25 de agosto a 1° de setembro, no valor de R$ 1 mil.

Depósitos

A sexta parcela da chamada poupança do ensino médio de 2025 está sendo depositada em uma conta poupança da Caixa Econômica, aberta automaticamente em nome dos estudantes. O valor pode ser movimentado ou sacado imediatamente, se o participante desejar. Basta acessar o aplicativo Caixa Tem, se o aluno tiver 18 anos ou mais.

No caso de menor de idade, será necessário que o responsável legal autorize a movimentação da conta. O consentimento poderá ser feito no próprio aplicativo ou em uma agência da Caixa.

O participante poderá consultar no aplicativo Jornada do Estudante, do MEC, o status de pagamentos (rejeitados ou aprovados), as informações escolares e regras do programa.

As informações relativas ao pagamento também podem ser consultadas no aplicativo Caixa Tem ou no aplicativo Benefícios Sociais.

Incentivos

A poupança do ensino médio tem quatro tipos de incentivo financeiro-educacional:

  1. Incentivo-matrícula: por matrícula registrada no início do ano letivo, valor pago uma vez por ano, no valor de R$ 200;
  2. Incentivo-frequência: por frequência mínima escolar de 80% do total de horas letivas. Para o ensino regular, são nove parcelas durante o ano de R$ 200.
  3. Incentivo-conclusão: por conclusão e com aprovação em cada um dos três anos letivos do ensino médio e participação em avaliações educacionais, no valor total de R$ 3 mil. O saque depende da obtenção de certificado de conclusão do ensino médio;
  4. Incentivo-Enem: paga após a participação nos dois dias do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), no ano que o estudante conclui o 3º ano do ensino médio. Os R$ 200 são pagos em parcela única.

Dessa forma, a soma do incentivo financeiro-educacional pode alcançar R$ 9,2 mil por aluno, no fim do ensino médio.

Pé-de-Meia

O programa do governo federal é voltado a estudantes de baixa renda do ensino médio da rede pública.  A iniciativa funciona como uma poupança para promover a permanência e a conclusão escolar nessa etapa de ensino.

Saiba aqui quais são os requisitos para ser inserido no programa.

O MEC esclarece que não há necessidade de inscrição. Todo aluno que se encaixa nos critérios do Pé-de-Meia é incluído automaticamente.

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Educação

País precisa dar prioridade política à alfabetização, diz especialista

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© Tomaz Silva/Agência Brasil

Até o fim de 2025, o Brasil espera que ao menos 64% dos estudantes concluintes do 2º ano do ensino fundamental estejam plenamente alfabetizados. Isso significa serem capazes de ler frases e textos curtos e, ainda, localizar informações explícitas em textos curtos, como os de bilhetes ou crônicas, entre outras habilidades definidas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A meta foi estabelecida no Compromisso Nacional Criança Alfabetizada (CNCA) do Ministério da Educação (MEC), lançado em 2023, que opera em regime de colaboração entre a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios.

Para o CEO da Fundação Lemann, Denis Mizne, o país precisa dar prioridade política para a alfabetização e compreender que, apesar de ser considerado um assunto “velho” na pauta de educação, o problema ainda não foi superado.

Em entrevista à Agência Brasil, ele comentou os desafios a serem superados para que o patamar de 80% das crianças alfabetizadas possa ser alcançado e destacou a necessidade de melhorar a aplicação dos recursos do programa e empenhar esforços para buscar as crianças mais vulneráveis dentro de cada escola e rede de ensino. 

Em 2024, a proposta do compromisso nacional foi de ter 60% dos estudantes alfabetizados, mas as redes de ensino “passaram raspando”: 59,2% dos 2 milhões de crianças brasileiras avaliadas pelos estados nessa etapa de ensino, em 42 mil escolas brasileiras, alcançaram o Indicador Criança Alfabetizada, ou seja, foram consideradas alfabetizadas. Para 2030, a meta é mais ambiciosa: no mínimo, 80% das crianças brasileiras devem saber ler e escrever ao fim do 2º ano do ensino fundamental.

O Compromisso Nacional Criança Alfabetizada já tem a adesão de todos os estados e de 99% dos municípios, o que foi comemorado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a entrega do Prêmio MEC da Educação Brasileira, neste mês. Até 2024, apenas o estado de Roraima não havia firmado o CNCA.

A Fundação Lemann compõe, desde 2019, a Aliança pela Alfabetização, juntamente com o Instituto Natura e a Associação Bem Comum. O intuito é apoiar tecnicamente estados e municípios brasileiros no planejamento e na implementação de políticas públicas de alfabetização. O programa já foi implementado em 18 estados, impactando 2,8 milhões de estudantes.

Leia abaixo os principais trechos da entrevista com o especialista:

Agência Brasil: Como avalia o fato de o Brasil quase chegar à meta do Indicador Criança Alfabetizada para 2024, com 59,2% das crianças alfabetizadas?

Denis Mizne: A gente esteve muito perto. Pelas nossas medições, a gente já estava capturando que o Brasil tinha avançado. Então, essa é uma boa notícia. Se o Rio Grande do Sul não tivesse tido as enchentes de 2024 e só mantivesse o nível de alfabetização do ano anterior, a gente teria superado a meta como país.

Agência Brasil:  O que deve ser ajustado nas políticas públicas para que o indicador bata a marca de ter, pelo menos, 80% das crianças brasileiras alfabetizadas até 2030, rumo à universalização?

Denis Mizne: Precisamos intensificar aquilo que vem sendo feito. A primeira ação é dar prioridade política para a alfabetização. Até pouco tempo atrás, no Brasil, a alfabetização era considerada um assunto velho, que parecia ter sido superado. O que não é verdade. Em 2019, só metade das crianças eram alfabetizadas na idade certa. E na pandemia [da covid-19], somente 31%. Então, a prioridade política dada ao Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, com a liderança de vários governadores, em compromisso com a alfabetização, fez com que o governo federal passasse a investir nisso. Os governos estaduais ajudassem os municípios e esses pudessem ter mais condições de fazer esse trabalho. A segunda dimensão é usar bem os recursos disponíveis. O Compromisso Nacional Criança Alfabetizada disponibiliza bastante dinheiro para os municípios acelerarem a alfabetização, para formar os professores alfabetizadores e para ajudar as crianças que estão com mais dificuldade. Ainda tem muito dinheiro que não está sendo usado. Isso é [fruto da] dificuldade de execução da secretaria [de Educação] lá na ponta. O terceiro [foco] é que a gente siga buscando as crianças com maiores dificuldades. Dentro de cada escola, de cada município, de cada regional [de ensino], de cada estado, há crianças mais vulneráveis e escolas que têm mais dificuldades. A combinação desses esforços gera maiores ganhos na alfabetização de crianças e no progresso dessa meta.

Agência Brasil: A meta para 2030 é factível em todo o Brasil?

Denis Mizne: Os 80% de alfabetizados são factíveis, mas acho a meta tímida. Gostaria até de vê-la mais alta, mirando todas as crianças, o que é possível. Uma série de estados superaram a meta, ricos, mais pobres, em regiões diferentes do Brasil, conseguindo fazer um bom trabalho de superação dessas metas.

Agência Brasil:  O monitoramento do Indicador Criança Alfabetizada ajuda nessa tarefa?

Denis Mizne: Como todo ano sai o índice, quanto mais a gente acompanhar, gerar responsabilização e estímulos, porque há várias políticas associadas a esses índices, dinheiro do ICMS, apoio para as redes [de ensino], a gente também vai aprendendo o que funciona. Os municípios podem fazer mais trocas entre eles, entre as regionais [de ensino], entre os estados, daquilo que está funcionando e como é que se copia, no bom sentido, e leva para frente.

Agência Brasil: A fundação considera baixos os parâmetros estabelecidos sobre habilidades básicas de leitura e de escrita a serem desenvolvidas por um estudante alfabetizado? O que esperar do aprendizado de uma criança no fim do segundo ano do ensino fundamental?

Denis Mizne: É desejável e importante ter uma barra alta [na alfabetização]. Por outro lado, precisa ser uma barra crível, senão as redes [de ensino] vão desistir de perseguir. Historicamente, no Brasil, uma criança de uma família rica tem acesso em casa a livros, materiais de leitura, e o vocabulário é muito amplo, desde a primeira infância. Na pré-escola dessas crianças, já há uma introdução e elas chegam ao primeiro ano, muitas vezes, alfabetizadas. Nos estados com renda mais alta, é comum ter crianças alfabetizadas aos cinco, ou seis anos de idade. Não aos sete anos. Mas, ainda não é possível ser essa barra para o Brasil inteiro. É mais importante ter uma barra que esteja alinhada à Base Nacional Comum Curricular, quando o Brasil diz qual é a expectativa ao fim do segundo ano e que está indo atrás de cumpri-la. Por isso, está certa a meta do Inep de colocar os 743 pontos [na escala Saeb]. Mas, é desejável, daqui a alguns anos, que a gente discuta se não é possível subir um pouco essa barra. Foi o que aconteceu em Sobral, no Ceará. Houve a primeira, a segunda barra e a terceira delas. Conforme foi mostrada a capacidade de entregar, as pessoas iam subindo um pouco a expectativa. Agora, é hora de colocar a alfabetização no centro, medir, saber o que está acontecendo, trocar boas práticas e, gradativamente, ir subindo mais a barra para que essa distância de renda não persista.

Agência Brasil: As desigualdades socioeconômicas regionais mudam a qualidade da alfabetização na idade certa?

Denis Mizne: No Brasil, há mais ou menos 500 cidades, ou cerca de 10% dos municípios do país, com mais de 90% de crianças alfabetizadas. Desses municípios, um número grande está entre os menores PIB do Brasil. Então, é possível alfabetizar crianças independentemente do nível socioeconômico. A maior referência de alfabetização no Brasil é Sobral, no Ceará. Não é São Caetano, São Paulo ou Rio de Janeiro, que são cidades muito mais ricas. Municípios muito pobres estão alfabetizando as suas crianças em grandes números. Então, essa desculpa não vale. Temos que saber o que tem de ser feito. Não é a renda das famílias das crianças que impede alguém de ser alfabetizado. Cabe à prefeitura, ao estado, à sociedade civil, apoiar para que essas crianças consigam efetivamente ter esse resultado. 

Agência Brasil: Efetivamente, quais são os prejuízos de uma alfabetização de baixa qualidade ou fora da idade adequada?

Denis Mizne: A alfabetização é a base de tudo. Se eu não aprender a ler, eu não vou conseguir ler para aprender. A criança que sai do 2º ou do 3º ano [do ensino fundamental] não alfabetizada, o que significa a escola para ela? Como que ela consegue fazer a lição de casa, fazer as provas? Como que ela consegue ler a lousa? Ela não consegue. Então, essa criança não vai abandonar imediatamente a escola, porque é muito pequena, os pais vão mandá-la para a escola. Mas quando chegar à metade do fundamental 2, ou ela vai abandonar ou, se persistir, terá um desempenho muito, muito baixo. 

Agência Brasil: E a médio e longo prazos?

Denis Mizne: Não é um prejuízo somente para essa criança, é para o Brasil. À medida que as crianças não terminam a escola, diferentemente do esperado, não vão poder contribuir com o país da mesma maneira, não irão para ensino superior, ao ensino técnico, e vão ter muitas limitações. Há décadas, o Brasil paga o preço de não dar atenção total à educação básica. Não é suficiente alfabetizar a criança no segundo ano, mas é uma condição absolutamente necessária para que se possa ter uma educação de qualidade e dar também às escolas essa sensação de que toda criança é capaz de aprender.

Agência Brasil: Qual o diferencial de Sobral, no Ceará, para ter conquistado bons índices na educação básica?

Denis Mizne: Prioridade política. Em 2005, Sobral era o município de número 1,5 mil no ranking equivalente do Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica], que avalia o desempenho no fim do 5º ano. Em 2015, Sobral foi o número um, ou seja, subiu 1,5 mil posições em dez anos. Fez isso com trabalho, foco, apoio aos professores, medição para saber o que está acontecendo, e consequências. Se está indo bem, ótimo. Se não está indo bem, o que precisa mudar para ir bem? Lá eles valorizaram se as crianças estavam aprendendo. Porque é para isso que existe a escola, fundamentalmente, para garantir que as crianças consigam se desenvolver, ter seu direito à educação garantido. Aos poucos, isso foi se expandindo a tal ponto que, hoje, Sobral vai bem, não só na alfabetização, mas em todo o fundamental 1, no fundamental 2 e, agora, no ensino médio.

Agência Brasil: E virou exemplo de excelência.

Denis Mizne: O Ceará foi o primeiro a pegar a experiência de Sobral e replicar para todos os seus municípios e se comprometeu a apoiá-los. O ministro [Camilo Santana, do Ministério da Educação] foi governador do Ceará, e a Isolda [Cela], que foi secretária-executiva [do MEC], foi secretária de Educação de Sobral e do Ceará, e governadora do Ceará, levaram essa experiência para todo o país, por meio do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada. É preciso sustentar isso no tempo. A gente está só no segundo ano do Índice Criança Alfabetizada. Desejo que isso vire uma política de Estado.

Agência Brasil: Surpreendem os resultados do Brasil no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), em que crianças que não compreendem leituras, sem falar no aprendizado abaixo da média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em matemática e ciências?

Denis Mizne: Não surpreende, porque não tem milagre. Não há jeito de ignorar os primeiros anos da escola e tentar recuperar tudo aos 15 anos de idade. A aprendizagem é um processo contínuo e que depende de uma coisa para chegar na outra. Se há buracos e eles são ignorados, não tem como desenvolver as próximas habilidades. Então, o descaso com o tema da alfabetização gerou muitos prejuízos. A boa notícia é que não se pode mais falar em descaso, onde todos os governadores estão comprometidos e, praticamente, a totalidade dos municípios fazem a prova do ICA. E ainda, há, agora, incentivos tributários associados à alfabetização, algo que tem muito valor no mundo político, porque ganha-se mais orçamento se eu conseguir fazer bons progressos em alfabetização. O gestor tem apoio do MEC, apoio dos estados, apoio da Fundação Lemann, do Instituto Natura, da Associação Bem Comum, todos trabalhando em direção a garantir a alfabetização. Fizemos uma virada de página importante e vamos colher esses resultados. Não podemos desistir. Ainda tem 40% de crianças não alfabetizadas. Temos que ir atrás e garantir que isso aconteça e, gradativamente, ir melhorando esse processo.

Agência Brasil: O Indicador Criança Alfabetizada usa uma metodologia censitária que avalia todos os alunos do 2º ano do ensino fundamental 1, por meio das avaliações estaduais da educação básica alinhadas ao MEC. A Fundação Lemann concorda com a substituição do Saeb, que faz avaliações por amostragem, pelo novo indicador?

Denis Mizne: Concordo. O Saeb do segundo ano tem uma amostra muito pequena e ele trouxe muitos problemas. O Saeb não é feito para avaliar o aluno. Desde que foi criado, 20 anos atrás, a função do Saeb é avaliar o sistema. O Saeb demora muito para sair, acontece a cada 2 anos, mas é divulgado quase um ano depois da prova, o que é um absurdo. Deveria ser muito mais rápido, mas não é. O Saeb não é uma avaliação para dizer se o aluno está indo bem, mas para dizer como está indo a educação no Brasil, no geral. O que é importante e poucos países fazem. O Brasil faz. Mas para dar mais velocidade, priorizar, oferecer suporte e ter consequências, ter incentivos, é preciso ter uma prova em uma frequência menor e que seja censitária. Por isso, o Índice Criança Alfabetizada é uma boa ideia, porque é censitário e acontece todos os anos. Acho que, a cada ano, conforme for se aprimorando, o índice estará melhor. O importante é que ele foi abraçado.

 

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Educação

Enamed 2025: sai resultado de recurso para atendimento especializado

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© Marcelo Camargo/Agência Brasil

Candidatos inscritos na primeira edição do Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica (Enamed) que entraram com recurso para ter o atendimento especializado no dia da prova podem consultar online o resultado final no Sistema Enamed.

O resultado levou em consideração a análise do novo documento comprobatório enviado pelo candidato, após a primeira negativa da equipe do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Candidatos com deficiências, transtornos ou condições específicas, bem como gestantes, lactantes e idosos pediram atendimento especializado dentro do prazo estabelecido no edital do Enamed 2025.

A avaliação dos formandos em cursos de medicina, em 2025, por meio do Enamed, tem o objetivo de melhorar a formação dos médicos no Brasil.

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Resultado

Se o documento, a declaração ou o parecer que motivaram a solicitação de tempo adicional for aceito, o participante terá direito ao tempo adicional de 60 minutos no dia de realização da prova.

Caso contrário, o candidato que tenha sido reprovado novamente terá somente os recursos de acessibilidade solicitados no ato da inscrição. Porém, não contará com o direito ao tempo adicional e à calculadora.

Provas

O Inep aplicará as provas do Enamed em 19 de outubro, em 225 municípios, 275% a mais que o número de cidades de 2024.

A prova tem por base critérios definidos para o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), observadas as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), além das normas e legislações de regulamentação da profissão de médico no Brasil.

O exame terá 100 questões objetivas, de múltipla escolha, com a mesma quantidade para cada uma das áreas da medicina abordadas.

Serão cobrados conteúdos, habilidades e competências das seguintes áreas: clínica médica; cirurgia; ginecologia e obstetrícia; pediatria; medicina da família e comunidade; saúde coletiva e saúde mental.

Os estudantes concluintes do curso de medicina inscritos no Enade também deverão responder obrigatoriamente a um questionário.

Enamed

A prova é obrigatória para a avaliação dos concluintes dos cursos de medicina e nos processos seletivos das especialidades médicas de acesso direto do Exame Nacional de Residência (Enare).

O Inep confirmou que, ao todo, o Enamed tem 96.635 inscritos, sendo 39.839 estudantes concluintes do curso de medicina.

Os demais inscritos (56.796) são interessados em usar os resultados nos processos seletivos das especialidades médicas de residências médicas, que é uma modalidade de ensino de pós-graduação, destinada somente a médicos formados, sob a forma de cursos de especialização na área escolhida.

Os cursos de medicina que tiverem desempenho abaixo do esperado no Enamed poderão ter reduzido o número de vagas de ingresso; a suspensão do vestibular e até a extinção do curso.  

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