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Saúde

Covid-19: primeiro caso foi confirmado em São Paulo há cinco anos

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© Reuters/Direitos Reservados

Há cinco anos, em 26 de fevereiro de 2020, foi confirmado o primeiro caso de covid-19 no Brasil: um homem de 61 anos, que havia viajado para a Itália e estava em atendimento desde o dia 24 no Hospital Israelita Albert Einstein. Ele sobreviveu. 

Em São Paulo, a equipe do Einstein já estava se preparando há alguns dias, assim como as equipes de outros grandes hospitais do país. Àquela altura dos acontecimentos no Brasil, todos os serviços de saúde e toda a sociedade já estavam esperando o primeiro caso aparecer. Qualquer paciente que chegava ao serviço de emergência com sintomas de síndrome gripal era automaticamente colocado sob suspeita de covid-19.

No caso do primeiro paciente com sintomas da doença, especificamente por ter vindo de uma região que, naquele momento, estava em franca epidemia, que era o norte da Itália, a suspeita foi muito forte. “Por isso, os clínicos que o atenderam no pronto-socorro suspeitaram da síndrome e foi solicitado o PCR para a identificação específica do vírus SARS/Cov-2, que à época só nosso laboratório era capaz de fazer”, conta Cristóvão Mangueira, diretor-médico do Laboratório Clínico do Einstein.

Funcionário de laboratório Hermes trabalha no teste da covid-19 – Foto Washington Alves/Reuters/Arquivo

Segundo Mangueira, a equipe responsável pelo diagnóstico estava em preparação desde os primeiros casos, em dezembro de 2019, e era liderada na época pelo médico João Renato Rebello Pinho, patologista clínico, e pela bióloga Rúbia Santana, pesquisadora com doutorado em virologia.

“Naquele momento, não existiam testes comerciais para a detecção do vírus da covid-19, então o único serviço que havia era o do Einstein. Desenvolvemos um teste dentro do laboratório, especificamente para o diagnóstico desse vírus. Isso foi feito com base em técnica desenvolvida na Alemanha, o chamado protocolo Charité. Os alemães já tinham sequenciado o vírus e descrito o método de PCR e, com essas informações, montamos o nosso teste”, lembra.

A divulgação posterior foi feita após serem afastadas outras possibilidades. O caso foi notificado pela instituição às autoridades sanitárias no dia 25 de fevereiro, uma terça-feira de carnaval, com a folia lotando as ruas das principais capitais.

“A confirmação foi feita pelo Ministério da Saúde, em uma entrevista coletiva sem distanciamento ou máscaras, no dia 26. O então ministro Luiz Henrique Mandetta garantiu, segundo texto da própria pasta, que “a população brasileira teria todas as informações necessárias para que cada um tomasse suas precauções, que são cuidados com a higiene e etiqueta respiratória, como lavar as mãos e o rosto com água e sabão. Este é um hábito importante e higiênico para evitar não só doenças respiratórias como outras doenças de circuito oral”. As medidas, como se soube poucas semanas depois, eram ineficientes.

Dos primeiros casos às primeiras ondas

Os primeiros casos da doença foram registrados ainda em dezembro, na China, quando o governo avisou à Organização Mundial da Saúde (OMS) que havia uma síndrome gripal nova, não identificada, com explosão de casos na cidade de Wuhan, capital da província de Hubei. Não havia detalhes sobre como era transmitida ou de onde havia surgido: a resposta à primeira dúvida veio em março, quando a doença foi classificada como pandemia pela OMS, enquanto a segunda ainda não está de todo esclarecida, embora a hipótese mais aceita é de que tenha se originado de contaminação entre espécimes exóticos no mercado central da cidade de Wuhan. 

O Instituto de Virologia em Wuhan, na China. Foto WIV/Wikimedia

A quarentena em Wuhan foi decretada em 23 de janeiro. Cerca de cinco horas antes, durante a madrugada, foi anunciada ao exterior em redes sociais do governo chinês, inclusive em inglês, e restringia a  circulação de quem entrava e saía da cidade. No Brasil, a informação demorou ao menos dois dias para circular, ainda com olhar cético, e coincidiu com a proibição chinesa de viagens no feriado do ano novo chinês, historicamente a semana de maior circulação interna no país. 

No Brasil, além do paciente atendido no Einstein, outros casos eram investigados: “Até esta quarta-feira (26), 20 casos suspeitos de infecção pelo coronavírus são monitorados pelo Ministério da Saúde em sete estados do país (PB, PE, ES, MG, RJ, SP e SC)). Nesta quarta-feira (26), o Brasil registrou o primeiro caso de coronavírus, em São Paulo. Ao todo, 59 casos suspeitos já haviam sido descartados após exames laboratoriais apresentarem resultados negativos para o coronavírus”, explicava um release do dia 26/02/2020, do Ministério da Saúde.

O então ministro Mandetta não descartou a necessidade de ações de vigilância, mas recuou quando os estados começaram a discutir as medidas de distanciamento. O Distrito Federal adotou as primeiras medidas em 11 de março, seguido nas semanas seguintes pelos principais estados. 

População usa máscaras no centro do Rio durante pandemia de covid-19. – Foto Fernando Frazão/Agência Brasil

A escalada de casos e mortes e a demora de decretos federais de restrição de circulação foram decisivos para a interiorização dos casos que levaram a cerca de 700 mil mortes no país, durante o governo Jair Bolsonaro. Segundo estudo de 2022, de Thalyta Martins e Raphael Guimarães, “a pandemia de covid-19 desvelou no Brasil uma crise do Estado federativo. O contexto de instabilidade política, que vinha desde 2015, se tornou ainda mais caótico mediante a gestão ineficiente e pouco articulada da União na condução da crise sanitária, em que predominaram entraves de articulação intergovernamental, indefinição e sobreposição de atribuições e funções, barreiras na integração e execução de ações em tempo oportuno, protagonismo de alguns governos e negligência de outros, veiculação de informações contraditórias e com pouca transparência”. 

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Saúde

Estado de São Paulo registra primeiro caso de sarampo neste ano

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© Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Secretaria da Saúde de São Paulo confirmou o registro do primeiro caso de sarampo no estado em 2025. A vítima é um homem, de 31 anos, morador da capital, que estava vacinado e não precisou de internação. Ele já está recuperado e sem sintomas da doença.

Apesar de o homem ser residente na capital, a secretaria ainda está investigando o local onde ele pode ter sido infectado. Segundo a pasta, o último caso autóctone [contraído na própria cidade onde a vítima reside] do estado de São Paulo ocorreu em 2022.

Vacinação

O sarampo é uma doença infecciosa altamente contagiosa e já foi uma das principais causas de mortalidade infantil no mundo. A transmissão do vírus ocorre de pessoa para pessoa, por via aérea, ao tossir, espirrar, falar ou respirar. A doença é tão contagiosa que uma pessoa infectada pode transmitir a doença para 90% das pessoas próximas que não estejam imunizadas. Por isso, a vacinação contra o sarampo é extremamente importante. A vacina é a principal forma de prevenção da doença.

Os principais sintomas do sarampo são manchas vermelhas no corpo e febre alta, acima de 38,5ºC, acompanhadas de tosse, conjuntivite, nariz escorrendo ou mal-estar intenso. Os casos podem evoluir para complicações graves e causar diarreia intensa, infecções de ouvido, cegueira, pneumonia e encefalite (inflamação do cérebro). Algumas dessas complicações podem ser fatais.

Certificado

Em 2016, o Brasil recebeu a certificação da eliminação do vírus que causa o sarampo. 

Segundo o Ministério da Saúde, nos anos de 2016 e 2017 não foram confirmados casos da doença. No entanto, em 2018, com o grande fluxo migratório associado às baixas coberturas vacinais, o vírus voltou a circular e, em 2019, o Brasil perdeu a certificação de “país livre do vírus do sarampo”, ao registrar mais de 21,7 mil casos.

Em junho de 2022, o Brasil registrou o último caso endêmico de sarampo, no Amapá. Com isso, em novembro do ano passado, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) voltou a certificar o Brasil como livre da circulação do vírus.

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Saúde

Pesquisa mostra influência de eventos climáticos em surto de oropouche

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© Bruna Lais Sena do Nascimento/Laboratório de Entomologia Médica/SEARB/IEC

Os eventos climáticos são os principais responsáveis pela explosão de casos de febre oropouche, de acordo com estudo publicado na revista científica The Lancet, que analisou dados de seis países da América Latina, incluindo o Brasil.

“O risco de infecção provavelmente evoluirá de forma dinâmica nas próximas décadas, com potencial para surtos futuros em grande escala”, alertam os pesquisadores.

No nosso país, a doença era considerada endêmica da Região Amazônica, com poucos casos isolados em outros locais. Mas, desde 2023, o número de registros vem aumentando, com diagnósticos inéditos em diversos estados. De 833 infecções confirmadas naquele ano, houve um salto para 13.721 em 2024, com pelo menos quatro mortes. Neste ano, até o dia 15 de abril, o Ministério da Saúde confirmou 7.756 casos e uma morte está em investigação.

A febre oropouche é uma arbovirose, causada pelo vírus Orthobunyavirus oropoucheense. Esse antígeno é transmitido pelo mosquito Culicoides paraensis, popularmente conhecido como maruim, que vive em áreas vegetais úmidas e quentes.

Os sintomas são semelhantes aos da dengue:

  • Dor de cabeça intensa;
  • Dor muscular;
  • Febre.

Doença subnotificada

O estudo multidisciplinar analisou mais de 9,4 mil amostras de sangue colhidas, em 2021 e 2022, de pessoas saudáveis e febris, a partir de métodos in vitro, sorológicos, moleculares e genômicos. Os pesquisadores também produziram uma modelagem espacial combinando esses dados com os casos da doença registrados em toda a América Latina.

A taxa média de detecção de anticorpos IgG (que comprovam que a pessoa já foi infectada pelo vírus em algum momento da vida) foi de 6,3%, passando de 10% em regiões da Amazônia. Amostras positivas foram encontradas em indivíduos de 57% das localidades selecionadas.

Para os pesquisadores, isso aponta que a febre oropouche tem sido subdiagnosticada. Além disso, a identificação desses anticorpos em amostras colhidas durante surtos de dengue pode indicar que pessoas com oropouche receberam diagnóstico de dengue, considerando também a semelhança de sintomas entre as doenças.

Já os modelos espaço-temporais mostraram que as variáveis climáticas, como as mudanças de padrão da temperatura e da chuva, foram os principais fatores de influência para a disseminação da oropouche, contribuindo com 60%. Por isso, os pesquisadores acreditam que eventos climáticos extremos, como o El Niño, provavelmente tiveram um papel fundamental no surto iniciado em 2023.

O artigo explica que mudanças nas condições climáticas podem favorecer o aumento da transmissão do vírus que causa a febre oropouche ao elevar as populações de maruins, favorecer a transmissão das fêmeas de maruins para seus filhotes ou intensificar a replicação viral em mais animais.

 

Mosquito maruim transmite a febre do oropouche – Conselho Federal de Farmácia/Divulgação

Regiões de maior risco

O mapa resultante desses modelos mostra que o risco de aumento da transmissão é maior nas regiões costeiras do país, especialmente do Espírito Santo ao Rio Grande do Norte, e também em uma faixa que vai de Minas Gerais ao Mato Grosso, além de toda a região Amazônica. “Nas regiões com risco estimado elevado de transmissão do OROV [vírus da febre do oropouche], onde ainda não foram reportados casos, o aumento da vigilância é crucial para compreender e responder de forma eficaz aos surtos atuais e futuros”, recomendam os pesquisadores.

O estudo também defende que testes diagnósticos para oropouche devem ser priorizados, e as estratégias de controle vetorial, com as que são utilizadas para diminuir a proliferação do Aedes aegypti, devem ser adaptadas para incluir os maruins. Além disso, estimulam mais estudos sobre a doença e para o desenvolvimento de uma vacina.

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Saúde

Vai viajar no feriadão? Conheça os aeroportos que contam com salas multissensoriais para crianças com TEA

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App da Biomob lista locais que contam com espaço especial para atender neurodiversos e tornar a viagem mais agradável às famílias

Viajar de avião pode ser uma experiência desafiadora para qualquer família, mas para pais de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), essa jornada pode ser especialmente estressante. “Aeroportos são ambientes ruidosos, com estímulos visuais intensos, filas longas e mudanças inesperadas de rotina – fatores que podem desencadear crises sensoriais em crianças neurodiversas”, destaca o CEO da Biomob, Valmir de Souza.

Diante desse cenário, a implementação de salas multissensoriais nos aeroportos brasileiros representa um avanço significativo na promoção da acessibilidade e do conforto para essas famílias. Segundo o App da Biomob dos 31 aeroportos internacionais e 36 domésticos, apenas cinco contam com esses espaços: Aeroporto Internacional de Florianópolis (SC), Aeroporto Internacional de Vitória (ES), Aeroporto Internacional de Natal (RN), Aeroporto Santos Dumont (RJ) e Aeroporto de São Paulo/Congonhas (SP).

“As salas multissensoriais são projetadas para proporcionar um ambiente tranquilo, reduzindo estímulos externos que podem sobrecarregar crianças com TEA. Elas contam com iluminação ajustável, isolamento acústico e materiais táteis que ajudam a acalmar e preparar a criança para o embarque. Além disso, essas áreas também oferecem suporte para os responsáveis, proporcionando um momento de respiro antes da viagem”, explica Souza.

Estima-se que quase 200 mil pessoas com TEA circulam pelos aeroportos do Brasil mensalmente, o que levou o Ministério de Portos e Aeroportos a lançar o Programa de Acolhimento ao Passageiro com Transtorno do Espectro Autista que tem como objetivo a instalação de 20 salas multissensoriais em aeroportos brasileiros até 2026.

Segundo Souza, a urgência da expansão desses espaços é reforçada pelo aumento da conscientização sobre acessibilidade e inclusão em diversos setores da sociedade. “Iniciativas como essas garantem que aeroportos sejam ambientes mais acolhedores para todos os passageiros, independentemente de suas necessidades específicas”, observa.

Um espaço de transição sensorial, pode transformar a experiência de viagem para milhares de famílias. Além das salas multissensoriais, capacitar as equipes aeroportuárias para lidar com passageiros neurodiversos e disponibilizar materiais informativos sobre trajetórias acessíveis são passos fundamentais para tornar o transporte aéreo mais inclusivo.

Foi o caso da mãe de Cadu, Pérola de Almeida Camargo. Ao fazer a ponte aérea Rio-SP, ela usou a sala sensorial do aeroporto de Congonhas, localizada entre os portões 4 e 5 do saguão de embarque. “Vimos uma portinha colorida, quase que invisível e, ao abrir, nos deparamos com um ambiente de extremo bom gosto, um espaço predominantemente analógico onde um telão e diversas luzes de led e alguns poucos sons se destacam pela calmaria e simplicidade nas cores e recursos. É incrível imaginar como um ambiente conseguiu reunir as diversas necessidades de uma criança neurodiversa. Homogeneidade nas cores, acústica perfeita (não se ouve um ruído externo sequer), sofás confortáveis, projeções que parecem reproduzir um mundo em câmera lenta e luzes e texturas convidativas”, descreve.

Pérola recomenda que as famílias utilizem esse espaço para relaxar e entreter as crianças que ingressam no voo mais tranquilas e preparadas. “Torço para que essa iniciativa seja replicada em outros ambientes como: shoppings, supermercados e até parques de diversões”, afirma.

Para Souza, com o crescimento do número de passageiros que necessitam de atenção especial, investir na acessibilidade aeroportuária não é apenas uma questão de conforto, mas um compromisso essencial com a equidade e o direito de todos à mobilidade. “Quando mapeamos lugares voltados para o público neurodiverso, vemos que ainda são poucos. As famílias acabam ficando reclusas em seus lares por medo de sair com seus filhos e passarem por situações constrangedoras”, lembra Souza.

Totalmente gratuito, o app da Biomob permite que os usuários classifiquem publicamente a acessibilidade dos estabelecimentos que frequentam, considerando diferentes necessidades, como deficiência visual, auditiva, física, intelectual, mobilidade reduzida, além de recursos voltados para autistas, gestantes e idosos. “O aplicativo é 100% colaborativo, permitindo que os usuários avaliem locais, adicionem informações e compartilhem experiências, promovendo um banco de dados sempre atualizado e alinhado às necessidades reais da comunidade. Ele foi desenvolvido com o objetivo de atender a toda a sociedade, com um foco especial na inclusão de pessoas com deficiência, grupos historicamente minorizados e qualquer pessoa interessada em contribuir para um mundo mais acessível”, diz.

Sobre a Biomob
A Biomob – Soluções Inovadoras para Acessibilidade é uma startup especializada em consultoria para acessibilidade arquitetônica, digital e atitudinal; criação e adaptação de sites e aplicativos às normas de acessibilidade; além de atuar na capacitação de pessoas com deficiência para o mercado de trabalho. A empresa também é responsável pelo Instituto Biomob, que produz estudos, pesquisas e fóruns sobre o tema e promove doações e ações sociais em conjunto com ONGs e projetos parceiros.
Saiba mais em: https://biomob.org/

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