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Defesa Civil alerta para chuva severa no centro e na zona leste de SP
 
																								
												
												
											A Defesa Civil de São Paulo soltou hoje (18) às 15h12, nova mensagem com alerta severo para risco de fortes temporais nas regiões central e leste da capital paulista.
Na região central houve registro de forte pancada de chuva com granizo. Antes, o órgão divulgou a precipitação de chuva moderada a forte no interior do estado, principalmente nas regiões de Bauru, Araraquara, Marília, Itapeva, Sorocaba e Botucatu.
A terça-feira começou com o registro de chuva fraca a moderada também no norte do estado e na baixada santista. A Defesa Civil também informou pela manhã que uma frente fria avançou pelo oceano canalizando o corredor de umidade da Amazônia, espalhando chuvas por todo o território do estado de São Paulo.
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Movimentos sociais no Maranhão fazem ato contra violência policial
 
														Movimentos sociais do Maranhão realizam hoje (31) um protesto contra a violência policial no país. A manifestação integra um conjunto de ações do Ato Nacional Contra a Violência Policial e toma como exemplo a Operação Contenção, realizada na terça-feira (28), nos complexos da Penha e do Alemão e que deixou um total de 121 mortos, incluindo 4 policiais. A operação foi a mais letal já realizada no Rio de Janeiro. Em São Luís, a concentração começa às 16h, na Praça Deodoro.

Encontro é convocado pelas Frente Negra Revolucionária, Movimento Correnteza Maranhão e a União Popular Maranhão. Os movimentos apontam que algumas das vítimas apresentaram sinais de execução.
“Pelo menos 74 corpos foram recuperados pelos próprios moradores nas ruas e na mata que circundam os bairros. Além destas pessoas, outras dezenas ficaram feridas, incluindo um mototaxista, uma mulher que estava na academia e uma pessoa em situação de rua. Isso é, na prática, a continuação de uma política de extermínio contra nossa população periférica que vive em clima de guerra”, diz a convocatória.
Os movimentos criticaram ainda a postura do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro que afirmou ter sido um sucesso a operação, que foi criticada por diversas organizações, a exemplo da Anistia Internacional, que classificou a ação como “desastrosa”.
Na quarta-feira (29), moradores dos Complexos do Alemão e da Penha fizeram um protesto em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo do estado do Rio de Janeiro. Eles acusaram o governador Claudio Castro de ter liderado “uma carnificina na operação policial”.
A Operação Contenção cumpriu 20 dos 100 mandados de prisão que motivaram a ação. Além disso, ao menos outras 15 pessoas que eram alvos dessas ordens judiciais foram mortas durante a ação.
Principal alvo, Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca, segue foragido. Ele é considerado o principal chefe do Comando Vermelho que não está preso.
Ao todo, foram feitas 113 prisões. Segundo o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, as demais prisões foram feitas em flagrante e todas as prisões foram mantidas após audiência de custódia.
Até o momento, o Instituto Médico Legal (IML) do Rio de Janeiro já identificou 100 dos 121 mortos na operação. Todos os corpos passaram pela necropsia, que é o exame detalhado que revela a causa e as circunstâncias da morte, mas os laudos só devem ser divulgados em um prazo de 10 a 15 dias úteis.
Dos 117 civis mortos, 89 já foram liberados pelo instituto para a retirada pelos familiares. Entretanto, familiares que aguardavam a liberação dos corpos ontem (30), reclamaram da demora no processo de perícia e da falta de informações.
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Outubro do luto materno e parental reivindica atendimento humanizado
 
														A comunicação clara e sincera após a perda de um bebê na gestação, no parto ou nos primeiros dias de vida é a principal orientação da funcionária pública Janynnie Matos de Freitas, de 40 anos, para quem vai se encontrar com uma família enlutada. Em 2017, ela precisou se despedir da filha de 26 dias, que faleceu por problemas cardíacos após falta de atendimento no sistema de saúde. Na época, ela recebeu conselhos inoportunos e também passou situações constrangedoras na própria rede de saúde.

“Acho que a forma como as pessoas falam com a gente é o que mais magoa. Para mim, a palavra mais acolhedora foi, ‘ela foi um ser humano, ela viveu e sempre viverá no seu coração’.
“Conselhos como, ‘ah, você tem outros filhos’, ‘ah, foi Deus quem quis’,’ah, é melhor enterrar agora do que depois’, a gente escuta muito, mas não ajudam”.
            
        
A perda gestacional ou neonatal pode ser a experiência mais difícil na vida de muitas famílias, mas, por muitos anos, a dor causada por essa situação foi invisibilizada. A partir de muita mobilização, de famílias e profissionais, entrou em vigor em agosto de 2025 a Política Nacional de Humanização do Luto Materno e Parental, que busca um atendimento mais próximo e respeitoso, que ajude na recuperação das pessoas que passaram por esse trauma. A política é considerada um marco e estabelece o mês de outubro, que chega ao fim nesta sexta-feira (31), como o mês do luto gestacional, neonatal e infantil no Brasil.
“A gente não supera [o óbito]. A gente se sente inútil por não conseguir sair da maternidade com nosso bebezinho no colo ou terminar a gestação”, desabafou Janynnie. Hoje, ela atua em organizações da sociedade civil, prestando apoio a famílias que também experimentaram a perda neonatal e cobram a aplicação da política pública.
A Lei Nº 15.139, que estabelece a humanização do luto, cria diretrizes claras para hospitais públicos e privados. Entre elas, está o atendimento psicológico à distância após a alta e adequações nas maternidades, que precisam garantir uma ala separada para mães enlutadas, evitando o contato com os recém-nascidos.
Além disso, é previsto pela política nacional o direito à despedida, com o tempo e o espaço adequado para o último momento com o bebê, permitindo, por exemplo,um registro simbólico, com fotos, impressões digitais como a do pezinho, além de apoio às equipes de saúde.
“Falo com muitos profissionais que, para nós, mães que perdemos o bebê e mães de UTI, é muito difícil ficar junto com outras mães e seus bebês”, afirma Janynnie. “Ficar olhando para as outras famílias, vendo o aleitamento, e você sem poder, sabendo que você vai sair dali sem o bebê, isso muda totalmente o psicológico de uma mãe”.
A presença de um acompanhante no parto de um bebê, mesmo morto, também deve ser garantida, assim como o salário-maternidade pago pela previdência social.
Apesar da demandas por psicólogos, Denise, que é do Rio Grande do Sul, e Janynnie, que trabalha também com a organização não governamental Amada Helena, em Roraima, cobram mais profissionais de saúde mental para os atendimentos, “porque mãe sofre, mas o pai também, a avó, há uma demanda grande por esse atendimento”, disseram.
A nova política para o luto humanizado também garante a investigação da causa da morte do bebê, respeitando as crenças de cada família, além do registro da criança com o nome desejado pelos pais e não mais como “natimorto”.
O Conselho Nacional de Justiça já tinha permitido aos pais dar o nome a essa criança, em 2023, autorizando ainda a correção nos registros, por meio do Provimento 151, de 26/09/2023. A nova política atualizou a medida e também passou a permitir o sepultamento ou cremação do feto ou recém-nascido.
Já há algum tempo, muitas unidades de referência, como a Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), já vinham colocando em prática tais medidas, como a separação dos leitos. Tais ações exigem adaptações estruturais em um sistema sobrecarregado, avalia Denise Suguitani, diretora da organização não governamental Parentalidade. A entidade atua na defesa da nova política e prepara uma cartilha junto com o Ministério da Saúde para auxiliar profissionais da saúde nesta fase de transição.
“Neste outubro, já vimos uma mobilização muito maior das instituições em torno do tema, para viabilizar essa política e, sendo lei federal, podemos fiscalizar, cobrar”, disse.
            
        
Equipes de saúde
Na outra ponta, a política do luto humanizado determina a qualificação de equipes para o atendimento empático, mas também resiliente. Em Porto Alegre, o Hospital Fêmina, por meio do Grupo de Luto Materno e Perinatal, atua dialogando com as famílias que podem vir a perder o bebê ainda na gestação ou logo após o nascimento e acolhendo depois do ocorrido. Além das determinações da lei, o hospital oferece orientações sobre como lidar com o enxoval e o quarto do bebê.
Também faz parte do cuidado o acolhimento às equipes de saúde. A possibilidade de reorganizar escalas para quem vive um momento como esse é uma prática que deve ser incentivada dentro do hospital, diz a unidade, em nota.
“Às vezes, enfrentamos uma perda logo na primeira hora do plantão de 12 horas, e temos que enfrentar esse sentimento e continuar”, relata uma das profissionais de saúde do grupo de luto materno da unidade, a enfermeira da UTI Neonatal Fabiola Suric.
“Precisamos falar sobre isso entre as equipes, para melhorar o atendimento às famílias e oferecer um cuidado mais sensível a todos”, completou.
Quando a lei foi aprovada, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, garantiu que a pasta daria atenção à política e adaptaria hospitais de todo o país. Porém, consultado neste mês, o ministério não confirmou investimentos. Em nota, disse que a implementação da política “é um processo gradual e articulado”, junto com estados e municípios e “que envolve adequações organizacionais, formação de profissionais e integração dos fluxos assistenciais”. O texto acrescenta que “os municípios são responsáveis por organizar, executar e gerenciar a humanização do atendimento às famílias em seu território”.
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ONU pede investigação independente sobre operação no Rio de Janeiro
 
														O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU), com sede em Genebra, divulgou nesta sexta-feira (31) uma nota oficial expressando “profunda preocupação” com a operação policial mais letal já registrada no Brasil, que deixou ao menos 120 mortos, entre eles quatro policiais, nas comunidades do Complexo do Alemão e do Complexo da Penha, ambos na zona norte do Rio de Janeiro.

Na manifestação, os especialistas da ONU pedem que as autoridades brasileiras realizem uma investigação independente e rápida, com o objetivo de: ‘’garantir responsabilização pelos fatos, interromper violações de direitos humanos e assegurar proteção a testemunhas, familiares das vítimas e defensores de direitos humanos’’
“Estamos particularmente preocupados com as represálias contra as famílias e testemunhas. As autoridades devem garantir sua vida, segurança e integridade pessoal, e impedir qualquer forma de intimidação, assédio ou criminalização”, afirmam os especialistas. “É responsabilidade das autoridades preservar o local para posterior exame forense.”
De acordo com o comunicado, a operação que foi denominada “Operação Contenção” e deflagrada no dia 28 de outubro de 2025, ‘’ atingiu comunidades habitada majoritariamente por pessoas negras e de baixa renda’’. Os relatores da ONU afirmam ter recebido denúncias de que corpos foram encontrados com as mãos amarradas e marcas de tiros na nuca, além de relatos de invasões domiciliares sem mandado judicial, prisões arbitrárias e uso de helicópteros e drones para efetuar disparos.
“A escala da violência, a natureza dos assassinatos relatados e as consequências para as comunidades pobres afrodescendentes que vivem em áreas periféricas urbanas expõem um padrão profundamente arraigado de policiamento racializado”, diz a nota.
No comunicado, os especialistas elencam uma série de medidas urgentes que o Brasil deve adotar. Entre elas:
- ‘’Suspender operações com uso desproporcional da força, evitando novas mortes de civis;’’
- ‘’Garantir proteção a testemunhas, familiares e defensores de direitos humanos contra retaliações e processos arbitrários;’’
- ‘’Preservar provas e a cadeia de custódia em casos de homicídio;’’
- ‘’Realizar investigações periciais independentes, conforme padrões internacionais’’;
- ‘’Cumprir normas globais sobre o uso da força e punir adequadamente casos de abuso policial’’.
>>ADPF das Favelas: entenda as medidas que foram determinadas pelo STF
A ONU lembra que episódios de violência policial no Brasil já haviam sido motivo de alerta por parte de organismos internacionais de direitos humanos.
“Este trágico acontecimento ressalta a necessidade urgente de o Brasil rever suas políticas de segurança, que continuam a perpetuar um modelo de violência policial brutal e racializada. As autoridades brasileiras devem romper com o legado de impunidade que caracterizou eventos semelhantes no passado”, alertam.
Em relatório divulgado em 2024, o mesmo grupo de especialistas destacou que a política de segurança pública brasileira se baseia em repressão, violência e “hipermasculinidade”, apontando que mais de seis mil pessoas morrem por ano em ações policiais, a maioria negra e moradora de periferias.
“Essas mortes, muitas vezes em operações que visam ‘criminosos’, são generalizadas e sistemáticas, funcionando como uma forma de limpeza social contra grupos marginalizados”, afirmam os relatores.
As preocupações dos especialistas foram formalmente encaminhadas ao governo brasileiro por meio de uma carta. O documento que tem caráter público, solicita ao Brasil, informações sobre as medidas adotadas para garantir responsabilização, reparação e justiça às vítimas e seus familiares.
 
                         
								