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Desmistificando a Saúde Cardiovascular: 10 Mitos e Verdades

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no Brasil. Dr. Diego Gaia, Coordenador da Cardiologia do Hospital Santa Catarina – Paulista, destaca a importância de entender os fatores de risco e as melhores práticas de prevenção para manter o coração saudável
As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte global, com mais de 400 mil óbitos anuais no Brasil, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Esse número alarmante representa um óbito a cada 90 segundos, ou seja, 46 mortes por hora, superando todas as causas de morte, incluindo câncer, problemas respiratórios, violência e acidentes de trânsito. O Dr. Diego Gaia, Coordenador da Cardiologia do Hospital Santa Catarina – Paulista, esclarece os mitos e verdades sobre os cuidados com o coração e destaca a importância de entender os fatores de risco e prevenção.
1. Somente pessoas idosas têm doenças cardiovasculares – MITO
Doenças cardiovasculares podem afetar pessoas de todas as idades. Maus hábitos como sedentarismo, consumo excessivo de açúcar, tabagismo e bebidas alcoólicas aumentam o risco em qualquer faixa etária. Além disso, condições como hipertensão, diabetes e obesidade têm levado jovens a desenvolver doenças que antes eram raras nessa faixa etária, explica Dr. Diego Gaia.
2. Descongestionantes nasais podem induzir arritmia cardíaca – VERDADE
O uso indiscriminado de descongestionantes nasais pode levar a arritmias cardíacas e aumento da pressão arterial. Dr. Diego Gaia alerta que esses medicamentos devem ser usados somente com acompanhamento médico.
3. A dor no peito é o único sintoma de um infarto – MITO
Infartos podem manifestar-se através de sintomas variados como falta de ar, fadiga, dor no braço esquerdo, nas costas ou na mandíbula. Nem todos os infartos apresentam dor no peito, o que pode levar pacientes a buscar ajuda médica somente quando o quadro se agrava, esclarece Dr. Diego Gaia.
4. A alimentação saudável é essencial para evitar doenças cardiovasculares – VERDADE
Uma dieta balanceada é crucial para controlar colesterol, pressão arterial e níveis de açúcar no sangue. Dietas ricas em gorduras saturadas e alimentos ultraprocessados podem elevar o risco cardiovascular. Reduzir o consumo de açúcares e carboidratos refinados é fundamental para prevenir doenças cardíacas, afirma Dr. Diego Gaia.
5. Mulheres não sofrem tanto de doenças cardiovasculares como os homens – MITO
As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte também entre as mulheres. Embora essas condições apareçam mais tarde devido à proteção hormonal, as mulheres têm 50% mais chances de morrer devido a um infarto comparado aos homens, de acordo com o Ministério da Saúde.
6. Bebidas alcoólicas e energéticos podem causar problemas cardíacos – VERDADE
O consumo de bebidas alcoólicas e energéticos pode induzir arritmias e aumentar a pressão arterial. A combinação desses produtos pode ser particularmente prejudicial ao coração, e manter uma alimentação balanceada e evitar o consumo excessivo dessas substâncias é crucial para a saúde cardiovascular, completa Dr. Diego Gaia.
7. Depois de infartar, não se pode mais praticar exercícios físicos – MITO
Após a recuperação, a prática de exercícios físicos é recomendada e deve ser feita de forma gradual e orientada por profissionais de saúde. Um programa de reabilitação cardíaca deve ser adaptado às necessidades individuais para garantir segurança e eficácia, relata Dr. Diego Gaia.
8. A poluição pode impactar a saúde cardiovascular – VERDADE
Partículas de poluição do ar podem penetrar profundamente no sistema respiratório e cardiovascular, aumentando o risco de infartos e agravando condições preexistentes. Exposições crônicas a altos níveis de poluição estão associadas a eventos cardíacos agudos e inflamação sistêmica, segundo Dr. Diego Gaia.
9. Há uma tolerância para o uso de cigarros e vape que não afeta a saúde do coração – MITO
Tanto o tabagismo quanto o uso de vapes são prejudiciais à saúde cardiovascular. A fumaça do cigarro e os vapores dos cigarros eletrônicos contêm substâncias nocivas que podem causar danos aos pulmões e ao sistema cardiovascular. A falta de regulamentação dos vapes adiciona incerteza sobre seus riscos exatos, mas eles também estão associados a problemas de saúde significativos, alerta Dr. Diego Gaia.
10. A doença cardiovascular é uma reação inflamatória – VERDADE
A doença cardiovascular é, de fato, uma condição associada à inflamação crônica. A inflamação desempenha um papel crucial na formação e evolução das placas ateroscleróticas, que podem levar a eventos cardiovasculares graves. “Embora a inflamação seja uma parte natural do processo patológico, ela pode ser prevenida e controlada de maneira eficaz com uma alimentação saudável e um estilo de vida equilibrado. Adotar esses hábitos pode reduzir significativamente o risco de doenças cardíacas e promover uma saúde cardiovascular melhor,” explica Dr. Diego Gaia.
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PF prende 14 pessoas de quadrilha que criou 330 empresas de fachada

Uma operação da Polícia Federal (PF) prendeu ao menos 14 pessoas, na manhã desta quinta-feira (21), envolvidas em um esquema criminoso que criou mais de 330 empresas de fachada para disfarçar fraudes bancárias. O prejuízo provocado ao sistema financeiro nacional é estimado em R$ 110 milhões.
Cerca de 140 policiais federais participam da segunda fase da Operação Oasis 14, que teve a primeira ação em 2024. Ao todo, foram expedidos 26 mandados de prisão e 28 de busca e apreensão em oito municípios do estado do Rio – a maioria na região metropolitana da capital ─ e um em São Paulo.
A investigação começou em maio de 2024 e conta com o apoio da Corregedoria e da Centralizadora Nacional de Segurança e Prevenção à Fraude da Caixa Econômica Federal. Na primeira fase da operação, policiais federais encontraram inúmeras maquininhas de pagamento e inúmeros cartões bancários.
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Fachadas e laranjas
A quadrilha operava, de acordo com a Polícia Federal, “um esquema sofisticado”, que contava com as centenas de empresas de fachada, seis funcionários da Caixa e quatro de instituições bancárias privadas. Pessoas de baixa renda eram utilizadas como laranjas para o uso de dados pessoais visando ocultar bens ou transações de terceiros. As empresas eram constituídas por sócios fantasmas.
“O esquema criminoso incluía simulação de movimentações financeiras e uso de imóveis reais como fachada para empresas fictícias, além da abertura de contas e concessão de empréstimos com auxílio dos bancários integrantes da organização criminosa” descreve a Polícia Federal.
Com o apoio da Caixa, os investigadores identificaram cerca de 200 operações de crédito fraudulentas, somando pelo menos R$ 33 milhões de prejuízo somente para a Caixa.
Arma de fogo
Durante as buscas na residência de um dos alvos da operação, em São Pedro da Aldeia, Região dos Lagos do estado do Rio, os policiais encontraram um revólver com seis munições. Além da prisão por força do mandado judicial, o homem foi preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo.
Polícia apreendeu cartões e máquinas que a quadrilha usava – Foto: Polícia Federal/divulgação
Além do crime de organização criminosa, os investigados responderão por estelionato qualificado, crime contra o sistema financeiro, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Os nomes dos envolvidos nos crimes não foram divulgados.
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Rio inicia demolição de construções irregulares em comunidade

Duas construções irregulares erguidas na Rua Zenitildes Alves Meira, em Vargem Grande, na zona oeste do Rio, começaram a ser demolidas nessa quarta-feira (20). Os imóveis estão em fase de construção, mas não têm licença municipal. A demolição está sendo feita de forma manual e deve demorar alguns dias.
Os proprietários já haviam sido notificados em junho deste ano para providenciar a regularização. Na ocasião, as obras foram embargadas. Uma das edificações fica situada no número 151 da rua (construção de um pavimento de aparente uso comercial) e a outra na esquina com a Rua Marcelo Yuca (construção de três pavimentos de aparente uso misto). Os imóveis estão localizados na Favela Beira do Canal, que sofre influência de facção criminosa.
A ação é um desdobramento de dois processos abertos pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Licenciamento. Em fase de construção em alvenaria, as obras, que totalizam aproximadamente 600 metros quadrados, foram erguidas sem autorização da prefeitura do Rio. Uma delas está situada em loteamento clandestino e a outra ocupa área destinada a um terreno público.
“O espaço público precisa ser respeitado. Não vamos tolerar que o cidadão ocupe o logradouro e promova uma desordem no território. Toda a obra precisa ser feita dentro dos trâmites legais e com todas as autorizações devidas. É um trabalho que a prefeitura do Rio vem realizando desde 2021 e daremos continuidade com mais rigor, sempre com foco na preservação da vida e na desobstrução do espaço público. Além disso, é importante asfixiar financeiramente o crime organizado, uma vez que eles se utilizam, muitas vezes, dessas construções ilegais para benefícios financeiros”, destacou o secretário municipal de Ordem Pública, Marcus Belchior.
As edificações vinham sendo fiscalizadas desde o início das obras, sendo embargadas em junho de 2025. As obras seguiam em total descumprimento ao embargo e a outras notificações que determinavam sua imediata paralisação. Engenheiros da prefeitura estimam um prejuízo de R$ 1,5 milhão aos responsáveis pelas obras.
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Estudo aponta condições precárias em centros de acolhimento no Rio

Crianças e adolescentes que precisam de acolhimento em abrigos ou casas-lares no estado do Rio de Janeiro enfrentam uma realidade cheia de problemas. As estruturas são precárias e há dificuldades para obter itens básicos de higiene, roupas íntimas e medicamentos. A maioria dos acolhidos chega com histórico de violência e não recebe tratamento adequado.
As informações são de um estudo do Instituto Rede Abrigo, em parceria com o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC). Os dados serão apresentados ao público no dia 26 de agosto, mas foram antecipados para a Agência Brasil.
As entrevistas foram realizadas em 129 unidades, de um total de 155 em todo o estado. Não foram divulgados quais municípios, nem o nome das instituições. Foram obtidos dados sobre 1.156 crianças e adolescentes, o que representa mais de 80% da rede fluminense.
Dos locais de acolhimento, 83,72% são abrigos institucionais e 16,28% funcionam no formato de casas-lares. A maior parte dessas instituições é administrada pelo poder público municipal (75,97%) e atende ambos os sexos (84,50%).
Um dos primeiros problemas identificados no estudo é o de que apenas 53,49% dos lugares de acolhimento abrangem integralmente a faixa etária de 0 a 18 anos. A situação contraria a orientação técnica vigente, do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS). Uma das questões que isso provoca é a separação de irmãos com idades muito diferentes.
A faixa etária predominante nas unidades é de 12 a 17 anos (44,81% dos acolhidos). Sobre o perfil sociodemográfico, 78,29% são crianças e adolescentes negros, 62,72% vêm de favelas ou periferias urbanas e 52,42% têm origem em famílias monoparentais femininas.
Profissionais que trabalham com esse tipo de acolhimento também enfrentam desafios: 28,68% das instituições não oferecem qualquer tipo de capacitação profissional. A ausência de formação contínua foi apontada como a principal dificuldade por 67,44% dos gestores.
Realidade precária
Em nove instituições, o número de vagas excede o limite obrigatório de 20 acolhidos por unidade. Elas estão com 21 ou 25 crianças e adolescentes. Em outras 12 delas, a situação é ainda pior, considerada de superlotação: possuem mais de 30 acolhidos.
Mais da metade dos abrigos apresenta dificuldades na infraestrutura (53,49%). Os problemas mais comuns são nos móveis (41,86%), mofo ou infiltração (37,98%), telefonia e internet (37,98%), sistema elétrico (34,11%), paredes (34,11%) e eletrodomésticos (32,56%). Também foram relatadas falhas em portas, janelas, tetos, pisos, esgoto, gás e casos de infestação de pragas.
Em 18,60% dos abrigos, itens de higiene pessoal são compartilhados pelas crianças. O mesmo acontece no uso de roupas e agasalhos (10,08%), calçados (7,75%) e material escolar (2,33%). Além disso, 3,10% não têm espaço adequado para guardar pertences pessoais. E 32,56% têm dificuldades para fornecer roupas íntimas.
“A predominância do modelo institucionalizado, associada à escassez de recursos, à falta de capacitação das equipes e à fragilidade da infraestrutura, compromete o princípio da proteção integral previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)”, diz um dos trechos do estudo.
Violência, educação e saúde
A maioria dos acolhidos (84,43%) sofreu algum tipo de violência antes do ingresso nas instituições, sendo que 63,49% foram vítimas de dois ou mais tipos de violência. A violência psicológica foi a mais comum (72,49%), mas os casos de violência sexual também chamam a atenção, por afetar 21,97% das crianças e adolescentes.
O estudo evidencia que os centros de acolhimento também não estão preparados para lidar com essas situações de maior vulnerabilidade.
Apenas 44,4% das crianças e adolescentes acolhidos recebem acompanhamento psicológico; 51,61% realizam tratamentos de saúde e 51,30% nunca realizaram exame de vista. Um número considerável de instituições relatou dificuldades para obter medicamentos (26,36%).
No campo educacional, 47,06% dos acolhidos apresentam defasagem escolar e 27,51% das crianças em idade de alfabetização não aprenderam a ler e a escrever. Os pesquisadores destacam que o papel das instituições de acolhimento é garantir que crianças e adolescentes estejam devidamente matriculados.
Diante dos dados levantados, os pesquisadores reforçam a urgência de revisão das práticas institucionais, assim como o fortalecimento da rede de proteção e implementação de políticas que garantam efetivamente os direitos das crianças e adolescentes.
“O perfil dos acolhidos reforça a interseccionalidade entre raça, território, pobreza e violação de direitos. O acolhimento, que deveria representar uma medida protetiva temporária, muitas vezes se torna um espaço de reprodução de desigualdades, marcado pela insuficiência de políticas públicas articuladas e pelo baixo investimento na qualificação do atendimento”, diz o estudo.