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Educação

Ensino de cultura afro é obrigatório há 22 anos, mas requer avanços

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Ensino de cultura afro é obrigatório há 22 anos, mas requer avanços
© Fernando Frazão/Agência Brasil

Nos cadernos e livros das crianças, a maioria dos heróis brasileiros, dos escritores, das histórias revolucionárias de estrangeiros e de descobertas é de personagens brancos. “Isso é muito ruim para a gente. Nossas crianças e jovens da comunidade são pessoas pretas que precisam reconhecer nossas histórias e heróis”, diz a agricultora Rose Meire Silva, de 46 anos, liderança da comunidade quilombola Rio dos Macacos, em Simões Filho (BA). 

Mesmo analfabeta, Rose passou a se informar sobre a Lei 10.639 que, há exatos 22 anos, tornou obrigatório o ensino de cultura afro-brasileira nas escolas brasileiras. Por isso, resolveu peregrinar pelas escolas “vizinhas” à comunidade para cobrar que o currículo seja inclusivo. Atualmente, as crianças andam pelo menos 14 quilômetros para chegar às escolas. “Elas andam tudo isso e, às vezes, ficam decepcionadas com o que ouvem em sala de aula. Tem professores que nem tocam nas temáticas dos negros e muito menos de quilombolas. Falam para ‘deixar quieto’”, lamenta.

Confira aqui o que diz a lei.

Busca de direitos

Pesquisadora em educação e direitos humanos, a professora brasiliense Gina Vieira, que defende o ensino antirracista, reforça que exigir os direitos, como é o caso da liderança quilombola, não tem relação com caridade ou concessão, mas com a busca por direitos. “Os professores devem se pautar pela promoção do que está na Constituição, como a diversidade e celebração da identidade brasileira”. Para ela, se uma escola não está aplicando a lei, precisa ser cobrada.

A professora Luiza Mandela, também pesquisadora e idealizadora de cursos de educação para a diversidade étnico-racial, no Rio de Janeiro, considera que a lei se tornou um respaldo para quem trabalha em sala de aula com esses temas da cultura afro-brasileira. “Isso não deixa de ser um avanço”, afirma.

Motivos para celebrar

A pesquisadora diz que há razões para comemorar os 22 anos da lei, já que possibilitou iniciativas positivas nas estruturas educacionais e o interesse de professores na busca de informações sobre a temática. “Nós tivemos avanços como produções intelectuais negras voltadas para a temática étnico-racial”, diz.

Conforme Gina Vieira, é importante celebrar mais de duas décadas de legislação, resultado de luta histórica do movimento negro que deve ser vista por diferentes perspectivas. Uma delas é ética. “É errado negar aos estudantes a possibilidade de uma formação humana integral e diversa”. Para ela, o currículo, o material didático e a organização do trabalho pedagógico sempre foram orientados no país por uma perspectiva branca que tornou subalternas todas as outras culturas.

Ela entende ainda que, pela primeira vez, de maneira contundente na escola, há uma celebração da estética negra, incluindo a de corpos negros e representações sobre o cabelo crespo. “Então, eu acredito que há muito a comemorar”.

Aperfeiçoamento

No entanto, as pesquisadoras defendem que a legislação e a aplicação precisam ser aperfeiçoadas. “A legislação também pode ser aperfeiçoada com relação à fiscalização do cumprimento dessa lei”, afirma Luiza Mandela. Gina Vieira acrescenta que a aplicação de uma lei envolve mudanças estruturais e políticas públicas, incluindo as mudanças do currículo, do material didático e da forma como os professores são formados nos programas de pós-graduação. 

As professoras veem, por um lado, que faltam disciplinas obrigatórias para os cursos de licenciatura se aprofundarem nesses temas. Por outro, pode ainda haver resistência de profissionais do ensino público e privado. “Para melhorar a formação docente, é necessário realmente ter uma lei que determine a obrigatoriedade dessas temáticas em todos os cursos”, diz Luiz Mandela. 

Repertório

O tema, aliás, tem sido cobrado a quem ingressa no ensino superior nos vestibulares, inclusive na última edição do Exame Nacional do Ensino Médio – “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”.  “Isso levou todo mundo a falar sobre o assunto. A gente até se pergunta como é que escreveram os estudantes das escolas que não estão aplicando a lei. Eles tiveram repertório para fazer a redação?”, questionou Gina Vieira. 

Ela entende que iniciativas como essa do Enem são pertinentes e relevantes. Mas, por outro prisma, segundo Gina, não deve ser debatido apenas para que os alunos sejam capazes de fazer uma redação ou responder a uma questão, mas para que, de fato, seja promovido outro olhar sobre o mundo. 

Oo professor de sociologia pernambucano Claudio Valente, que coordena projeto educacional na comunidade do Ibura, considera que a escola tem papel fundamental na socialização do indivíduo. “Não tem como falar de Brasil e não tocar nos temas de cultura afro-brasileira. Por isso, essa lei é muito importante. Mas é preciso que haja fiscalização sobre a aplicação nos currículos”. 

Pesquisa divulgada em 2023 pelo Instituto Alana e Geledés Instituto da Mulher Negra identificou que sete em cada dez secretarias municipais de Educação não realizavam nenhuma ação ou desenvolviam poucas ações para implementação do ensino da história e da cultura afro-brasileira nas escolas.

Política nacional

Em nota à Agência Brasil, o Ministério da Educação defendeu que houve, nesses 22 anos da Lei 10.639, avanços significativos. Citou, entre eles, o lançamento, em maio do ano passado, da Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola (PNEERQ). “Outro marco importante foi a instituição do feriado nacional de 20 de novembro, em homenagem à Consciência Negra e a Zumbi dos Palmares”.

A assessoria de comunicação do ministério lembrou que, do ponto de vista pedagógico, proporcionou a possibilidade de reorientar materiais didáticos, literários e instrucionais para uma perspectiva de superação da discriminação racial e valorização das aprendizagens.

Outra consideração feita pelo governo é que, pela primeira vez em 21 anos, o MEC realizou pesquisa que apresenta dados sobre a implementação da educação para as relações étnico-raciais e da educação escolar quilombola. “Esse monitoramento contou com a participação de todas as secretarias estaduais de Educação e obteve 97,8% de adesão, com o questionário aplicado entre março e julho de 2024”.

A iniciativa faz parte da política nacional e pretende, a partir dos resultados, implementar ações e programas voltados à superação das desigualdades étnico-raciais e do racismo nos ambientes de ensino. “Além disso, a política visa a formar profissionais para a gestão e a docência em educação para as relações étnico-raciais e educação escolar quilombola, consolidando um compromisso com a equidade e a diversidade no âmbito educacional”.

Segundo o site Agenciabrasil.ebc,

Com informações: Agenciabrasil.ebc

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Educação

Professores paulistas podem ter acesso gratuito a capacitação em Inteligência Artificial

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Divulgação - IA
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Curso tem carga horária de 19 horas, incluindo videoaulas, lives e exercícios práticos

O Santander, em parceria com a plataforma de educação aberta DIO, anuncia o lançamento do Santander EducaIA. O programa oferece 15 mil bolsas gratuitas destinada a professores e profissionais da educação.  O curso irá capacitar docentes para o uso de ferramentas de Inteligência Artificial (IA) com foco em otimizar o planejamento pedagógico, automatizar tarefas administrativas e personalizar a experiência de aprendizagem dos alunos. Para participar, basta ser professor em qualquer rede de ensino e se inscrever pelo link (https://app.santanderopenacademy.com/pt-BR/program/santander-educaia?utm_source=Imprensa&utm_medium=PressRelease&utm_campaign=SOABR-EducaIA-Imprensa) até 09/11/2025. Os selecionados deverão acessar a plataforma da DIO com o mesmo e-mail utilizado na inscrição no Santander Open Academy.

O programa tem carga horária de 19 horas e combina videoaulas, lives interativas, exercícios práticos e um desafio final, permitindo que os participante apliquem imediatamente os conhecimentos adquiridos em sua rotina docente. “Dominar técnicas de IA permite ampliar o conhecimento e fortalecer o pensamento pedagógico. Com o Santander EducaIA, os educadores poderão impulsionar o ensino por meio de ferramentas que possibilitam focar na formação dos alunos”, diz Marcio Giannico, senior head de Governos, Instituições, Universidades e Universia do Santander no Brasil.

Os participantes aprenderão a usar a Inteligência Artificial para otimizar aulas, automatizar correções, organizar rotinas e personalizar conteúdos, sempre com foco em ética e boas práticas, utilizando ferramentas como Microsoft Copilot e ChatGPT. A jornada contribui para que os educadores aumentem sua produtividade e enriqueçam o processo de aprendizagem dos alunos. O Santander EducaIA é destinado a professores, coordenadores pedagógicos e outros profissionais da educação que buscam inovar suas práticas e ter mais tempo para focar na experiência de aprendizado dos alunos.

O processo seletivo do programa será realizado até novembro de 2025, seguindo os seguintes prazos:

  • Liberação da primeira lista de aprovados para aceite da bolsa de 13 a 19 de novembro;
  • Liberação da segunda lista de aprovados para aceite de bolsas: 21 a 23 de novembro;
  • Liberação da trilha de estudos: 1º de dezembro;
  • Conclusão e certificação: até 31 de janeiro de 2026.

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Educação

Kits de robótica impulsionam criatividade e pensamento computacional e chegam a novos contextos além dos grandes centros

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Imagem: Divulgação / Educacional
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Parceria do Educacional com a LEGO® Education possibilita o uso dessas ferramentas em escolas de diferentes regiões do Brasil; estímulo levou alunos de uma comunidade indígena no Pará a criar equipes para participar de competições de robótica

A robótica educacional tem se consolidado como uma ferramenta poderosa para desenvolver competências essenciais. Se antes ela estava restrita a grandes centros urbanos, agora vem ganhando espaço em diferentes realidades e democratizando o acesso à ciência, tecnologia e inovação. O Educacional – Ecossistema de Tecnologia e Inovação, área de negócios da Positivo Tecnologia dedicada à educação, atua como agente desse movimento, e em parceria com a LEGO® Education possibilita que escolas de todo o Brasil ampliem oportunidades de aprendizado que estimulam criatividade, pensamento computacional, resolução de problemas e colaboração, além de possibilitar que os estudantes desenvolvam projetos de programação e engenharia aplicados ao seu cotidiano.

O uso de kits LEGO® Education favorece a aprendizagem prática baseada em projetos, aproximando os estudantes de situações reais. Essas ferramentas também estimulam a autonomia e a colaboração entre colegas, com o auxílio de materiais didáticos como peças de montagem, sensores, motores e softwares que permitem a construção e a programação de robôs de uma maneira didática e lúdica.

Um exemplo significativo pode ser visto em Vitória do Xingu (PA), onde alunos da escola Francisca de Oliveira Lemos Juruna, localizada em uma comunidade indígena, tiveram acesso aos kits por meio de uma iniciativa em parceria com o SESI.

A experiência despertou o interesse dos jovens pela ciência e pela tecnologia. Essa movimentação, por sua vez, motivou a instituição a criar uma equipe e participar da categoria Challenge da FIRST® LEGO® League. E uniu saberes tradicionais com inovação, mostrando como a tecnologia pode dialogar com diferentes contextos culturais e sociais.

De acordo com Alex Paiva, head de Produtos do Educacional, o impacto da ação vai além da sala de aula. “Nosso propósito é democratizar o acesso à tecnologia e oferecer oportunidades iguais para todos. Ver estudantes indígenas construindo robôs, resolvendo problemas e competindo na FIRST® LEGO® League é uma prova de que a educação pode gerar transformação real e inclusão”, diz ele.

A parceria entre o Educacional e a LEGO® Education não se limita à disponibilização da tecnologia. Ela promove a formação docente, o suporte pedagógico e o acesso a metodologias que permitem às escolas explorarem todo o potencial da robótica educacional. Assim, a empresa atua como agente de transformação e promove a inclusão digital para preparar os estudantes de diferentes regiões para os desafios do futuro. 

“O trabalho em parceria com a LEGO® Education nos permite levar às escolas muito mais do que kits de robótica. Com ele, entregamos uma metodologia estruturada, suporte a professores e condições para que os alunos aprendam de forma criativa, prática e colaborativa. Esse é um passo essencial para preparar os jovens para o século XXI”, destaca Paiva.

Com iniciativas como essa, o Educacional reforça o seu compromisso de preparar jovens para os desafios do futuro ao promover a inclusão digital e fortalecer o protagonismo de comunidades em todo o país.

Mais informações sobre o Educacional e suas soluções podem ser obtidas no site oficial da marca. 

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Educação

Afya promove aulão gratuito para o Enem com transmissão online

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AFYA
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Nesta sexta-feira, 17, das 13h às 18h, a Afya, que está presente em Itaperuna (Afya Centro Universitário Itaperuna), promove um aulão gratuito de preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O evento contará com transmissão online aberta, permitindo a participação de estudantes de todo o país, independentemente da instituição em que estudam.

O aulão reunirá professores reconhecidos nacionalmente, que se destacam pela produção de conteúdo nas redes sociais e pela ampla experiência em ensino médio. Durante o encontro, eles farão revisões das principais disciplinas cobradas no exame, além de compartilharem dicas e estratégias para ajudar os participantes a potencializarem seus resultados.

Com essa iniciativa, a Afya  reforça seu compromisso com a educação de qualidade em todas as etapas da jornada de aprendizagem, não apenas para quem já é aluno e vivencia um ensino de excelência, mas também para quem está se preparando para ingressar no ensino superior. A instituição acredita que investir na formação dos futuros universitários é também investir no futuro da educação brasileira.

A Afya está presente na região noroeste Fluminense na instituição Afya Centro Universitário Itaperuna (antiga Uniredentor) que, além de oferecer cursos de graduação, como medicina, também oferta pós-graduação médica em áreas como pediatria, psiquiatria e dermatologia.

As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo link: https://info.afya.com.br/aulao-enem/.

 

Sobre a Afya   

A Afya, maior hub de educação e tecnologia para a prática médica no Brasil, reúne 38 Instituições de Ensino Superior em todas as regiões do país, 33 delas com cursos de medicina e 20 unidades promovendo pós-graduação e educação continuada em áreas médicas e de saúde. São 3.653 vagas de medicina autorizadas pelo Ministério da Educação (MEC), com mais de 23 mil alunos formados nos últimos 25 anos. Pioneira em práticas digitais para aprendizagem contínua e suporte ao exercício da medicina, 1 a cada 3 médicos e estudantes de medicina no país utiliza ao menos uma solução digital do portfólio, como Afya Whitebook, Afya iClinic e Afya Papers. Primeira empresa de educação médica a abrir capital na Nasdaq em 2019, a Afya recebeu prêmios do jornal Valor Econômico, incluindo “Valor Inovação” (2023) como a mais inovadora do Brasil, e “Valor 1000” (2021, 2023 e 2024) como a melhor empresa de educação. Virgílio Gibbon, CEO da Afya, foi reconhecido como o melhor CEO na área de Educação pelo prêmio “Executivo de Valor” (2023). Em 2024, a empresa passou a integrar o programa “Liderança com ImPacto”, do pacto Global da ONU no Brasil, como porta-voz da ODS 3 – Saúde e Bem-Estar. Mais informações em http://www.afya.com.br  e ir.afya.com.br.

 

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