Outras
Estudo aponta riscos de tecnologias de reconhecimento facial

Sorria! Seu rosto está sendo não só filmado, mas também classificado, comparado e identificado, principalmente por órgãos públicos de segurança. Na maioria das vezes sem seu conhecimento. É o que mostra pesquisa da Defensoria Pública da União (DPU) em parceria com o Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), instituição acadêmica vinculada à Universidade Candido Mendes, no Rio de Janeiro.
Divulgado nesta quarta-feira (7), o relatório Mapeando a Vigilância Biométrica aponta que, após sediar a Copa do Mundo, em 2014, o Brasil se tornou um vasto campo de vigilância digital onde as chamadas tecnologias de Reconhecimento Facial (TRFs) encontraram solo fértil para se espalhar. Graças, em parte, à promessa de facilitar a identificação de criminosos e a localização de pessoas desaparecidas.
“O reconhecimento facial vem sendo amplamente incorporado por órgãos públicos no Brasil, em processo que começou com a realização dos megaeventos no país – especialmente a Copa do Mundo de Futebol, em 2014, e os Jogos Olímpicos, em 2016”, sustentam os defensores públicos federais da DPU e membros do CESeC, referindo-se às sofisticadas e caras câmeras de reconhecimento facial, cada vez mais presentes na paisagem urbana.
Segundo os pesquisadores, em abril deste ano havia, no Brasil, ao menos 376 projetos de reconhecimento facial ativos. Juntos, esses empreendimentos têm o potencial de vigiar quase 83 milhões de pessoas, o equivalente a cerca de 40% da população brasileira. E já movimentaram ao menos R$ 160 milhões em investimentos públicos – valor calculado a partir das informações que 23 das 27 unidades federativas forneceram aos responsáveis pelo estudo – não responderam à pesquisa, feita entre julho e dezembro de 2024, o Amazonas, Maranhão, a Paraíba e Sergipe.
“A despeito de todo esse cenário, as soluções regulatórias estão atrasadas”, sustentam os pesquisadores da DPU e do CESeC, assegurando que o Brasil ainda não tem leis para disciplinar o uso dos sistemas de vigilância digital, em particular das câmeras de reconhecimento facial.
Além disso, para os especialistas, faltam mecanismos de controle externo, padrões técnico-operacionais uniformes e transparência na implementação dos sistemas. O que amplia as chances de ocorrerem erros graves, violações de privacidade, discriminação e mau uso de recursos públicos.
Erros
Em outro levantamento, o CESeC mapeou 24 casos ocorridos entre 2019 e abril de 2025, nos quais afirma ter identificado falhas dos sistemas de reconhecimento facial. O mais conhecido deles é o do personal trainer João Antônio Trindade Bastos, de 23 anos.
Em abril de 2024, policiais militares retiraram Bastos da arquibancada do Estádio Lourival Batista, em Aracaju (SE), durante a partida final do Campeonato Sergipano. Eles conduziram o rapaz até uma sala, onde o revistaram de forma ríspida. Só após checarem toda a documentação de Bastos, que teve que responder a várias perguntas para comprovar que era quem ele dizia ser, os PMs revelaram que o sistema de reconhecimento facial implantado no estádio o tinha confundido com um foragido.
Indignado, Bastos usou as redes sociais para fazer um desabafo contra a injustiça sofrida. A repercussão do caso levou o governo de Sergipe a suspender o uso da tecnologia pela PM – que, segundo notícias da época, já a tinha usado para deter mais de dez pessoas.
Bastos é negro. Como a maioria das pessoas identificadas pelos sistemas de vigilância e reconhecimento facial, no Brasil e em outros países – de acordo com o relatório da DPU e do CESeC, há indicadores de que 70% das forças policiais do mundo têm acesso a algum tipo de TRF e que 60% dos países têm reconhecimento facial em aeroportos. No Brasil, “mais da metade das abordagens policiais motivadas por reconhecimento facial resultaram em identificações equivocadas, evidenciando o risco de prisões indevidas”.
“As preocupações com o uso dessas tecnologias não são infundadas”, alertam os especialistas, citando pesquisas internacionais segundo as quais, em alguns casos, as taxas de erros dos sistemas são “desproporcionalmente elevadas para determinados grupos populacionais, sendo de dez a 100 vezes maiores para pessoas negras, indígenas e asiáticas em comparação com indivíduos brancos”. Essa constatação motivou o Parlamento Europeu a, em 2021, alertar que “[as] imprecisões técnicas dos sistemas de Inteligência Artificial [IA], concebidos para a identificação biométrica a distância de pessoas singulares, podem conduzir a resultados enviesados e ter efeitos discriminatórios.”
Legislação
Ao tratar dos “desafios institucionais e normativos”, os pesquisadores lembram que, em dezembro de 2024, o Senado aprovou o Projeto de Lei n.º 2338/2023, que busca regulamentar o uso de inteligência artificial, incluindo sistemas biométricos na segurança pública. Para se tornar lei, a proposta terá que ser aprovada pela Câmara dos Deputados que, no mês passado, criou uma comissão especial para debater o tema.
Além disso, para os pesquisadores da DPU e do CESeC, embora o PL proponha a proibição do uso de sistemas de identificação biométrica a distância e em tempo real em espaços públicos, o texto aprovado pelo Senado prevê tantas exceções que, na prática, funciona “como uma autorização ampla para a implementação” desses sistemas.
“As categorias de permissões [no texto aprovado] incluem investigações criminais, flagrante delito, busca por desaparecidos e recaptura de foragidos, situações que abrangem um espectro considerável de atividades da segurança pública. Considerando o histórico de abusos e a falta de mecanismos eficazes de controle, essa abertura para uso acaba mantendo a possibilidade de um estado de vigilância e de violação de direitos.”
Recomendações
Os pesquisadores concluem defendendo a urgência de um “debate público qualificado”, com a participação ativa da sociedade civil, membros da academia e representantes de órgãos públicos de controle e de organismos internacionais.
Eles também recomendam o que classificam como “medidas urgentes”, como a aprovação de uma lei nacional específica para regulamentar o uso da tecnologia; a padronização de protocolos que respeitem o devido processo legal e a realização de auditorias independentes e regulares.
Os especialistas também apontam a necessidade de que os órgãos públicos deem mais transparência aos contratos e às bases de dados utilizados, garantindo o acesso da população a informações claras sobre os sistemas de reconhecimento facial e capacitando os agentes públicos que lidam com o tema. E sugerem a obrigatoriedade de autorização judicial prévia para uso das informações obtidas com o uso das TRFs em investigações, bem como a limitação temporal para armazenamento de dados biométricos e o fortalecimento do controle sobre empresas privadas que operam esses sistemas.
“Esperamos que esses achados possam não só orientar e subsidiar a tramitação do PL 2338 na Câmara dos Deputados, mas também servir de alerta para que órgãos reguladores e de controle estejam atentos ao que ocorre no Brasil. O relatório evidencia tanto os vieses raciais no uso da tecnologia quanto problemas de mau uso de recursos públicos e falta de transparência na sua implementação”, afirma, em nota, o coordenador-geral do CESeC, Pablo Nunes.
Outras
Operação desvenda golpe de quase R$ 6 milhões em compra de automóveis

A Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco/IE) realizou uma operação contra uma quadrilha que praticou uma fraude milionária envolvendo dezenas de veículos. De acordo com as investigações, os criminosos aplicaram um golpe de quase R$ 6 milhões, envolvendo grupos multinacionais de investimentos e financiamentos.
Os policiais civis encontraram 11 automóveis adquiridos através do crime de estelionato em uma agência de locação de veículos, em um shopping no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio, e mais 12 carros em uma segunda fase da operação. No total, 76 veículos foram comprados em Minas Gerais, sem que os estelionatários pagassem qualquer prestação à financiadora dos veículos.
Com o avanço das investigações, a equipe da Draco descobriu que a documentação utilizada para a celebração do contrato era falsa. A partir daí, os veículos passaram a ser rastreados e, com o cruzamento de dados de inteligência e informações obtidas em ações de campo, foi identificado que parte desses automóveis estava transitando no estado do Rio de Janeiro, no bairro de Santa Cruz e Campo Grande, na zona oeste.
A investigação apontou que os veículos estavam sendo utilizados para rodar em aplicativos de corrida, a serviço do grupo da milícia local, que visaria angariar recursos, a partir da exploração desse tipo de serviço ilegal.
A Draco identificou que alguns carros estariam sendo expostos para locação em um shopping no Recreio dos Bandeirantes. Na locadora, foram identificados, ainda, materiais que abasteceriam uma oficina para a realização da manutenção dos veículos, uma vez que, considerando a sua natureza ilícita, não poderiam ser levados para as concessionárias e oficinas autorizadas.
Os agentes prenderam o responsável pelo estabelecimento, Robson Soares Moreira Júnior. Ao todo, 23 carros alvos do crime de estelionato foram recuperados. As investigações prosseguem para localizar os demais veículos, identificar a existência de outros sócios ligados à empresa e apurar a destinação financeira dos recursos obtidos com as locações dos automóveis apreendidos.
Outras
Mega-Sena acumula e prêmio principal vai para R$ 28 milhões
Nenhum apostador acertou as seis dezenas do concurso 2.904 da Mega-Sena, realizado nesta quinta-feira (21). O prêmio acumulou e está estimado em R$ 28 milhões para o próximo sorteio.
Os números sorteados foram: 02 – 37 – 38 – 46 – 52 – 55.
- 10 apostas acertaram cinco dezenas e irão receber R$ 110.552,20 cada
- 1.190 apostas acertaram quatro dezenas e irão receber R$ 1.531,33 cada
>> Siga o canal da Agência Brasil no WhatsApp
Apostas
Para o próximo concurso, as apostas podem ser feitas até as 19h (horário de Brasília) de sábado (23), em qualquer lotérica do país ou pela internet, no site ou aplicativo da Caixa.
A aposta simples, com seis dezenas, custa R$ 6.
Outras
TV Brasil lidera interações nas redes entre instituições federais

A TV Brasil alcançou o primeiro lugar no ranking das instituições públicas do Governo Federal com maior número de interações nas redes sociais no primeiro semestre de 2025, segundo dados da plataforma Social Media Gov. A emissora pública superou inclusive a conta oficial do Governo Federal, a @govbr, consolidando sua posição como referência em comunicação digital no setor público.
De janeiro a junho, a TV Brasil registrou 25.698.940 interações, enquanto os perfis @govbr ficaram com o segundo lugar com 16.822.522 interações.
O levantamento considera curtidas, comentários, compartilhamentos e outras formas de engajamento nas principais plataformas sociais.
Além da liderança da TV Brasil, outras contas administradas pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC) também figuram entre as dez primeiras colocadas:
- 3º lugar: EBC
- 9º lugar: Canal Gov
- 10º lugar: Agência Brasil
Reprodução: Instagram/Social Media Gov
A EBC é responsável pela gestão de mais de 30 perfis institucionais que juntos acumulam mais de 12 milhões de seguidores.
Segundo o novo presidente da empresa, André Basbaum, a EBC cresceu muito nas redes sociais nos últimos anos e os investimentos para ainda melhores resultados seguirão acontecendo.
“Precisamos levar informação de qualidade e confiável para todos os cidadãos e cidadãs. E as pesquisam indicam que o maior consumo de conteúdo por parte dos brasileiros é feito por meio da televisão e das redes sociais”, pontua.
Histórico
O reconhecimento também não é inédito. Em abril, a EBC venceu a 3ª edição do Prêmio Social Media Gov, na categoria “Comunicação como Serviço”, que premia instituições que promovem informações de interesse público com conteúdos relevantes e acessíveis.
Cinco conteúdos do programa Sem Censura, da TV Brasil, foram indicados, abordando temas como saúde, segurança e uso de redes sociais na infância e adolescência.
As medições da plataforma Social Media Gov de 2023 demonstram que as contas administradas pela EBC nem sequer figuravam na lista das dez contas do Governo Federal com maior número de interações.
Já em 2024, o primeiro lugar era ocupado pelo Exército Brasileiro, com 17.927.265 interações.
A EBC figurava em 6º lugar, com 6.731.887. O Governo do Brasil manteve-se estável na 2ª colocação de 2023 a 2025.