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Filme Rejeito aborda violência que a mineração leva a cidades mineiras

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© Tomaz Silva/Agência Brasil

Estreou na última semana nos cinemas nacionais o documentário Rejeito, dirigido por Pedro de Filippi.

Filmado e produzido durante quatro anos, o filme aborda o cotidiano das comunidades de pequenas cidades de Minas Gerais que tem intensa atividade mineradora, como Socorro e Barão de Cocais, e tem tido boa acolhida em festivais nacionais e internacionais que valorizam temas ambientais.

A obra, que circula desde 2023 em festivais, acompanha o cotidiano dos moradores e abre espaço para suas falas e para a discussão de como o medo da repetição de desastres como o de Mariana é usado como instrumento para pressionar pela saída de comunidades inteiras, entregando os territórios para a expansão das atividades de mineração.

Terrorismo de barragens

O assédio a essas comunidades é o tema que guia o diretor, além de suas estratégias para continuar lutando pelo direito à existência em regiões nas quais elas estão há dezenas de anos.

Essa investigação foi feita em parceria com uma das líderes comunitárias que se levanta contra a pressão das empresas, a ambientalista Maria Tereza Corujo, a Teca, que acompanha o tema desde os anos 1990.

Segundo ela, a atuação das mineradoras no estado coopta o poder público, destrói recursos naturais e ignora os interesses dos moradores, dividindo comunidades e famílias. 

“O que a gente viu, isso é categórico, em Socorro, a gente sempre vê esse movimento de aquisição e através de uma divisão dessas comunidades, até geográfica. Irmãos foram realocados em casas em bairros distantes. Houve reuniões com advogados separados. Intrigas. Literalmente separar para dividir. Hoje, em Socorro, 90% já é da Vale. A previsão para voltar [a comunidade foi esvaziada às pressas após um alerta de risco de rompimento de barragem] de 2023 foi estendida para 2029”, explica Teca, contando um dos casos mais importantes do filme e do estado, à Agência Brasil.

Segundo ela, essa comunidade sofre uma série de pressões para vender as terras a preços baixos, com deslocamento dos moradores da região, descaracterizando sua ocupação e deixando a administração do território, na prática, aos interesses dos empreendimentos de mineração, que expandem seus projetos com mais facilidade após a ausência de ocupação.

Esse processo de uso do risco iminente como instrumento para deslocar pessoas e descaracterizar comunidades é o chamado “terrorismo de barragens”, termo que resume a estratégia denunciada na obra.

“É uma estratégia antiga do capitalismo, de apropriação por acumulação. O medo causado pelo próprio setor da mineração, somado aí os rompimentos também, mas não só eles, como uma ferramenta para legitimar a expansão da mineração, principalmente em territórios que ela não consegue acessar sem evacuar [os moradores]”, diz o diretor do filme, Pedro Filippi. 

Para ele, o tema é central e preocupante, assim como a inserção dos interesses das empresas no poder público, desnudado recentemente na Operação Rejeito, da Polícia Federal.

“Então, o terrorismo de barragem vem como uma estratégia para contornar algo que seria quase impossível de se conseguir.”

Exibição

O primeiro público de Rejeito foram as próprias comunidades. Filippi voltou aos lugares onde filmou e, com as lideranças entrevistadas e os moradores, além de um projetor, fez as primeiras exibições, em lugares como Barão de Cocais e Itabira.

Ele ainda pretende passar por sete municípios que são assediados pelo Projeto Apolo – hoje o maior empreendimento de mineração na região central do estado, com potencial para se tornar o maior projeto de mineração de ferro do país. Áreas de Mariana e Brumadinho também devem receber sessões comunitárias.

“Eu não prometo nada, principalmente para as comunidades onde eu atuo. Eu não acho que o filme tenha esse poder de trazer promessa, nem um poder de transformação isoladamente. Ele é mais uma das expressões, entre as várias expressões de um movimento de resistência muito grande em Minas Gerais.”

Rejeito estreou na semana passada no circuito comercial paulistano, onde deve ficar na primeira quinzena de novembro, data escolhida pela proximidade dos dez anos do rompimento da barragem de Mariana.

Desde sua finalização, há dois anos, circulou por festivais de temática ambiental, no Brasil e no exterior, além de passar pelo festival do Rio. 

Posição da Vale

Principal mineradora em Minas Gerais, a Vale foi procurada pela reportagem e se posicionou, em relação às acusações de desrespeito às comunidades. 

A empresa afirmou, por meio de sua assessoria, que tem avançado continuamente para mitigar os impactos de suas operações nos territórios onde atua, promovendo um relacionamento construtivo e respeitoso.

Para isso, mantém canais de diálogo abertos e promove o engajamento ativo das populações locais nos processos de tomada de decisão. A empresa articula diferentes áreas internas para gerenciar riscos, apoiar o desenvolvimento local e fortalecer relações baseadas na transparência e na confiança.

Segundo a nota, “a empresa atua tanto no contexto da reparação de Brumadinho quanto em suas operações regulares, priorizando a gestão de riscos e impactos e respeitando os direitos e as especificidades socioculturais dessas comunidades”.

Destacou também o investimento em cultura, com apoio a artistas locais, projetos de cultura popular, resgate e conservação de patrimônio histórico e a criação de um museu em Mariana.

 

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Retirada de sem-terra de fazendas em Rondônia termina com duas mortes

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Policiais militares de Rondônia mataram, na quinta-feira (20), em Machadinho do Oeste (RO), duas pessoas que participavam, junto com centenas de famílias, da ocupação de quatro fazendas do grupo Nelore Di Genio. As propriedades integram o espólio do empresário João Carlos Di Genio, fundador do grupo educacional Unip/Objetivo.

Segundo a Polícia Militar (PM) de Rondônia, os irmãos Alex Santos Santana e Alessandro Santos Santana foram baleados ao trocar tiros com agentes do Batalhão de Choque que patrulhavam uma área já desocupada. Fontes ligadas à Comissão Pastoral da Terra (CPT) ouvidas pela Agência Brasil refutam a versão policial, acusando a PM de perseguir os sem-terra, mesmo após o grupo ter começado a deixar as fazendas, conforme determinação judicial.

De acordo com a PM, os policiais estavam patrulhando a região para inibir uma nova ocupação da área que os sem-terra reivindicam que seja destinada à reforma agrária. Foi quando avistaram um veículo trafegando em alta velocidade pela Rodovia RO-133. A bordo do carro estavam os irmãos Santana.

Os policiais garantem que sinalizaram para que o motorista parasse, mas este ignorou o aviso, tentando escapar da abordagem. Ainda segundo a PM, ao serem perseguidos, os ocupantes do carro, um Renault Clio, atiraram contra os agentes, que reagiram.

“O veículo prosseguiu em fuga até ser cercado por outras viaturas”, narraram os PMs. “Mas, ao tentar se esconder em uma área de mata, o carro ficou preso [atolou] em areia fofa. Dois indivíduos armados desembarcaram e dispararam novamente contra as guarnições, configurando um segundo ato de agressão armada”, acrescentou a Polícia Militar.

Atingidos por disparos policiais, os irmãos Santana foram encontrados caídos em um matagal. Um deles foi baleado no peito – a PM não informou se Alex ou Alessandro. O outro tinha um grave ferimento à bala em uma das pernas. Levados para o Hospital Municipal de Machadinho, os dois não resistiram aos ferimentos.

A polícia garante ter apreendido duas armas de fogo e munição usadas pelos irmãos Santana. Mas a PM admite que, embora acionada, a Perícia Criminal não pôde comparecer ao local nem mesmo após os corpos terem sido removidos, “devido à distância e ao histórico de conflitos na região”. O carro em que Alex e Alessandro estavam foi recolhido.

Assessor agrário da CPT, Josep Iborra, conhecido como Zezinho, afirma que o cumprimento da decisão judicial de reintegração de posse das fazendas Maruins, Santa Maria, São Miguel e São Vicente, do grupo Di Gênio, produziu uma verdadeira “caçada humana” contra os sem-terra, que tiveram que deixar todos seus pertences para trás.

“As 440 famílias já desocuparam as fazendas, pacificamente, mas muitas delas continuam nas imediações, dispersas, escondidas no mato, sem ter para onde ir”, disse Zezinho, negando que os sem-terra tenham permanecido na região com a intenção de voltar a ocupar a área assim que a PM deixe a região.

Segundo Zezinho, a desocupação das fazendas do Grupo Di Gênio, que os sem-terra alegam ser terra pública grilada, começou há algumas semanas e foi levada a cabo sem prévia notificação aos sem-terra. De acordo com ele, também não houve a apresentação de um Plano de Desocupação, conforme determina o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em casos de ações possessórias coletivas e com o emprego de dezenas de viaturas policiais, helicópteros e até de um carro blindado.

Isso apesar de, conforme a Agência Brasil apurou, as determinações de reintegração de posse terem sido expedidas entre 30 de maio e 3 de outubro, em quatro diferentes processos, por dois juízes do Tribunal de Justiça de Rondônia (TJRO): Matheus Brito Nunes Diniz e Pauliane Mezabarba.

Ainda de acordo com Zezinho, os irmãos Alex e Alessandro integravam o grupo de sem-terra que deixou a Fazenda Santa Maria. E foram mortos em circunstâncias que precisam ser esclarecidas.

“Segundo os sem-terra, não houve troca de tiros. Os corpos foram levados para o hospital, e o cenário das mortes não foi preservado para a perícia”, destacou o assessor da CPT, órgão vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Segundo Zezinho, a CPT acionou órgãos como o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Ouvidoria Agrária Nacional e os Ministérios Públicos estadual e federal, para que acompanhem a situação e encontrem uma solução para o conflito.

Consultada sobre as críticas, a PM de Rondônia sustentou ter o dever legal de garantir a proteção dos oficiais de Justiça responsáveis por cumprir a decisão judicial de reintegração de posse. E reafirmou que os irmãos Santana foram mortos por terem reagido violentamente à abordagem policial.

“A conduta dos envolvidos, ao desobedecer a ordens legais e disparar contra agentes públicos, representou um grave risco à coletividade e à ordem pública, justificando a intervenção da guarnição”, completou a PM, garantindo que o Batalhão de Choque seguirá na região, “visando restabelecer a ordem e a paz social durante a Operação Reintegração de Posse Grupo Di Gênio”.

À Agência Brasil, os advogados que representam o Grupo Di Gênio informaram que sucessivas invasões das fazendas de Machadinho do Oeste vêm ocorrendo desde ao menos o ano passado. Motivando-os a ingressarem na Justiça estadual com ações civil e criminal a fim não só de obter a reintegração de toda a área, que alegam ser produtiva, como também para registrar e cobrar providências contra os danos atribuídos aos sem-terra.

Segundo os advogados, ao ocupar as fazendas adquiridas por Di Genio na década de 1970 e usadas para a recria e engorda de gado, os sem-terra estariam desmatando a vegetação nativa; extraindo madeira ilegalmente – inclusive com o uso de tratores, caminhões e motosserras –; construindo barracos e loteando a propriedade com a clara intenção de, posteriormente, revendê-los.

A Agência Brasil entrou em contato com o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar; com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e com o Ministério Público de Rondônia e aguarda suas manifestações.

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Mesmo após fraudes comprovadas, Justiça tranca inquérito contra empresário do Pará e mantém alvarás minerários ativos

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A Justiça Federal decidiu trancar o inquérito criminal que investigava o empresário Sebastião Ribeiro de Miranda, o Tiãozinho Miranda, apontado pela Polícia Federal como articulador de um esquema de fraudes minerárias no Pará. A decisão, tomada pela desembargadora Maria do Carmo Cardoso, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, interrompe a apuração mesmo após evidências de manipulação administrativa, concessões irregulares e atuação de servidores públicos que chegaram a ser presos.

A medida contraria manifestações formais da Polícia Federal, que afirmou não ter concluído as investigações, e do Ministério Público Federal, que defendia a continuidade das diligências. Para a magistrada, no entanto, não havia “justa causa” suficiente para manter o procedimento investigativo.

A investigação teve origem na Operação Grand Canyon, deflagrada em 2015, que expôs um modelo de atuação baseado no uso de empresas sem atividade econômica real para disputar áreas minerárias estratégicas. Entre as companhias ligadas a Tiãozinho e citadas nos autos estão, Luz Mineração Ltda, Vegas Mineração Ltda, Oreon Mineração Ltda, Mineração Vale do Araguaia Ltda.

Órgãos técnicos classificaram essas empresas como “mineradoras fantasmas” , estruturas formais sem sede física adequada, sem equipe técnica e sem capacidade financeira. A função delas era recobrir áreas de interesse de mineradoras consolidadas, aproveitando brechas administrativas e decisões internas manipuladas.

O suposto esquema, segundo a PF, contou com a participação direta de servidores do então Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM/PA). Entre os nomes citados estão, Thiago Marques de Almeida, ex-superintendente, Ricardo Araújo Lameira, procurador do órgão à época.

Ambos foram presos preventivamente e depois exonerados. Eles são apontados como responsáveis por:

• liberar áreas sem respaldo técnico,
• anular pareceres regulares,
• reconstruir processos arquivados,
• emitir alvarás e títulos em nome das empresas de fachada.

As manobras beneficiaram diretamente o grupo de Tiãozinho Miranda, que passou a deter alvarás de pesquisa e lavra em regiões de alto valor mineral.

Além da primeira fase da investigação, as empresas controladas por Tiãozinho Miranda também foram diretamente implicadas na Operação Grand Canyon II em 2023, deflagrada como desdobramento da ação original. Um dos pontos centrais dessa nova fase foi a revelação de que o advogado da empresa Luz Mineração Ltda. — ligada a Tiãozinho — foi nomeado gerente regional da Agência Nacional de Mineração (ANM) no Pará, assumindo cargo de autoridade justamente no órgão responsável por fiscalizar os processos minerários. No exercício da função pública, ele atuou diretamente para beneficiar as empresas do grupo, destravando processos, acelerando análises e mantendo alvarás sob suspeita. O advogado foi preso durante a Grand Canyon II, acusado de utilizar a função pública para manter ativo o esquema de favorecimento empresarial ilícito.

Os efeitos do esquema foram amplos. A Vale S.A., por exemplo, perdeu áreas estratégicas em Carajás e em outras regiões do Pará, o que resultou em dezenas de disputas administrativas e judiciais.

Para o setor mineral, o impacto mais grave foi o desvirtuamento de critérios técnicos de prioridade e concessão pilares que regem o Código de Mineração.

Embora a operação tenha levado à prisão de servidores, à exoneração dos envolvidos e ao reconhecimento formal das fraudes, os títulos minerários obtidos irregularmente continuam ativos no sistema da Agência Nacional de Mineração (ANM).

A permanência desses alvarás impede que mineradoras regulares recuperem áreas usurpadas e mantém vivo o efeito prático das manobras fraudulentas, mesmo após a desarticulação do grupo dentro do órgão público.

A desembargadora Maria do Carmo Cardoso entendeu que não havia elementos suficientes para justificar a continuidade do inquérito. A decisão, porém, foi recebida com preocupação pelo setor e por especialistas em regulação mineral, que consideram o trancamento prematuro e incapaz de recompor a integridade administrativa do processo minerário.

Segundo fontes consultadas por VEJA, a situação cria um precedente delicado: reconhece-se a fraude, confirmam-se as prisões e exonerações dos servidores, mas o núcleo empresarial investigado deixa de ser alvo de apuração criminal, enquanto os títulos minerários permanecem vigentes.

O episódio de Tiãozinho Miranda evidencia um problema estrutural: mesmo quando o Estado identifica e pune a prática de fraudes administrativas, os efeitos concretos das irregularidades podem permanecer por anos, travando investimentos e desorganizando a lógica de exploração mineral no país.

Para mineradoras legítimas, o caso representa mais do que um embate jurídico é um símbolo da fragilidade regulatória que ainda compromete a competitividade e a segurança institucional do setor.

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Ex-prefeito de Embu das Artes é condenado a três anos de prisão

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O ex-prefeito de Embu das Artes, Claudinei Alves dos Santos, conhecido na política como Ney Santos, foi condenado ontem (20/11) a uma pena de três anos e nove meses de prisão, em regime semiaberto. O segurança Lenin Roque Alves Domingos também foi condenado.

Ambos portavam pistola calibre .380, com numeração raspada, durante viagem que Ney fazia, em 2019, de Embu para outra cidade no interior paulista.

Embora Lenon fosse policial penal, a arma tinha numeração raspada. Na viagem, eles estavam em um veículo oficial: Santos era prefeito de Embú à época.

>> Acompanhe a cobertura completa da EBC na COP30 

Posição das defesas

A defesa de Lenon não foi encontrada. Por meio do PRB, partido de Ney e da equipe de sua irmã, a deputada estadual Ely Santos, a reportagem entrou em contato com a assessoria de Ney.

Em nota, o ex-prefeito afirmou que “permanece tranquilo, confiante na Justiça brasileira e certo de que a verdade prevalecerá, como sempre prevaleceu”. Ele criticou a divulgação precoce da pena e acusou interesses eleitorais em sua conclusão nesse momento, e disse ainda, que permanece elegível

“Esse padrão repetido — sempre no mesmo momento, sempre com o mesmo roteiro — reforça a percepção de tentativas contínuas de desestabilizar juridicamente sua trajetória política”, afirmou a defesa do político, que afirmou ainda que o processo já havia passado  pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde foram identificadas falhas processuais e determinado o retorno dos autos à 1ª instância.

O réu informou que pretende recorrer.

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