Saúde
IFF/Fiocruz irá ajudar 75 maternidades a reduzirem mortalidade materna

O Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) irá ajudar na qualificação de 75 maternidades no país que concentram as maiores taxas de mortalidade materna. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (28) pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
O ministro esteve no IFF, onde assinou um acordo de cooperação técnica para a realização de um estudo preliminar de viabilidade para possível integração entre o Hospital Federal da Lagoa e o IFF, no âmbito do Plano de Reestruturação dos Hospitais Federais do Rio de Janeiro. Junto com esse acordo, foi assinado com o IFF o novo plano de apoio, reestruturação, qualificação de 75 maternidades no país.
“Faz parte do nosso compromisso de enfrentamento à mortalidade materna, tendo o Instituto Fernandes Figueira como grande parceiro nesse apoio. Com isso, [o IFF] vai poder desenvolver junto com as maternidades a experiência que já tem de gestão, de qualificação, de formação profissional”, afirmou Padilha.
Fundado em 1924, o IFF/Fiocruz é referência na produção de conhecimento, gestão participativa e atenção integral para a saúde da mulher, da criança e do adolescente. O Instituto conta com o Centro de Referência Nacional da Rede Global de Bancos de Leite Humano e é considerado um Hospital Amigo da Criança pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pelo Ministério da Saúde.
Segundo Padilha, o Ministério da Saúde vai investir, ao todo, em 2025, R$ 24 milhões na qualificação das 75 maternidades, sendo 25 ligadas aos hospitais universitários federais, que fazem parte da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), e 50 que fazem parte das redes municipais, estaduais ou mesmo de instituições filantrópicas que têm contratos com estados e municípios. Essa qualificação será feita tanto presencialmente quanto por telessaúde.
“Muitas vezes, essa situação da mortalidade materna não tem a ver com a estrutura [da maternidade], tem a ver, às vezes, com a forma como é acolhida essa gestante, como é feita a conexão entre essa maternidade e uma unidade básica de saúde; [tem a ver com] com a atenção primária em saúde, se nessas maternidades têm espaço, por exemplo, de acolhimento, de orientação para as mulheres; se elas podem fazer a visita à maternidade para conhecer onde vai ter o parto. Muitas vezes, é uma integração da informação da maternidade com os prontuários eletrônicos”, explicou Padilha.
Metas
A iniciativa faz parte da Rede Alyne, uma reestruturação da antiga Rede Cegonha, de cuidados a gestantes e bebês na rede pública de saúde. A rede foi lançada em 2024 com a meta de beneficiar mulheres com cuidado humanizado e integral, observando as desigualdades étnico-raciais e regionais.
O objetivo é reduzir a mortalidade materna geral em 25% até 2027, e em 50% considerando apenas as mulheres pretas. Em 2022, a razão de mortalidade materna (número de óbitos a cada 100 mil nascidos vivos) de mães pretas foi o dobro em relação ao geral: 110,6. No geral, foram 57,7 óbitos a cada 100 mil nascidos vivos.
O Brasil busca atingir o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU), até 2030, com a marca de 30 óbitos por 100 mil nascidos vivos
Saúde
Risco de morte em pessoas com obesidade sarcopênica aumenta em 80%

O acúmulo de gordura abdominal, associado à perda de massa muscular, condição conhecida como obesidade sarcopênica, aumenta em mais de 80% o risco de morte, se comparado a pessoas que não apresentam essas duas condições combinadas. A conclusão é de um estudo da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), no interior paulista, em parceria com a University College London, no Reino Unido.
Segundo os pesquisadores, pode-se definir como obesidade abdominal a circunferência do abdômen maior que 102 centímetros para homens e 88 centímetros para mulheres. Já a condição muscular é verificada a partir de um índice de massa muscular esquelética.
Uma das pesquisadoras do estudo, a professora do Departamento de Gerontologia da UFSCar, Valdete Regina Guandalini, explica que a obesidade sarcopênica está relacionada também com a terceira idade, ligada a fatores como perda de autonomia da pessoa idosa e a piora na qualidade de vida nessa faixa etária.
Valdete Guandalini ressalta que, embora a perda muscular seja normal a partir dos 40 anos de idade, alguns fatores podem acentuar ou retardar o processo.
“A prática de atividade física, o consumo alimentar, o não consumo de bebida alcoólica, o uso de cigarro e o sono irão influenciar nesse declínio, tornando-o mais rápido ou não”.
>> Siga o perfil da Agência Brasil no Instagram
A pesquisadora salienta que hábitos saudáveis reduzem a incidência de obesidade sarcopênica. Ela aponta outros dados do estudo, como a redução em 40% do risco de morte entre aqueles com baixa massa muscular, mas sem obesidade abdominal. O que também se observa em indivíduos com obesidade abdominal, mas massa muscular adequada.
Saúde
CFM proíbe anestesia para a realização de tatuagens

O Conselho Federal de Medicina proibiu a utilização de anestesia para a realização de tatuagens, “independentemente da extensão ou localização” do desenho. Os médicos estão vedados de fazer tanto anestesia geral como local, e também sedação.
A resolução foi publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira (28) e libera o uso de anestesias apenas em “procedimentos anestésicos destinados a viabilizar a tatuagem com indicação médica para reconstrução”, como a pigmentação da aréola mamária após cirurgia de retirada das mamas, em mulheres que passaram por tratamento de câncer de mama.
Mesmo nessas situações, o CFM determina que o procedimento deve ocorrer em ambiente de saúde “com infraestrutura adequada, incluindo avaliação pré-anestésica, monitoramento contínuo, equipamentos de suporte à vida e equipe treinada para intercorrências.
A resolução considera o crescimento recente da participação de médicos, em especial anestesiologistas, na administração de agentes anestésicos para facilitar a realização de tatuagens extensas ou em áreas sensíveis, de acordo com o conselheiro Diogo Sampaio, relator da medida.
“A participação médica nesses contextos, especialmente envolvendo sedação profunda ou anestesia geral para a realização de tatuagens, configura um cenário preocupante, pois não existe evidência clara de segurança dos pacientes e à saúde pública. Ao viabilizar a execução de tatuagens de grande extensão corporal, que seriam intoleráveis sem suporte anestésico, a prática eleva demasiadamente o risco de absorção sistêmica dos pigmentos, metais pesados (cádmio, níquel, chumbo e cromo) e outros componentes das tintas”, explica.
Sampaio também argumenta que “a execução de qualquer ato anestésico envolve riscos intrínsecos ao paciente” e que o uso de anestesia para a realização de tatuagens, sem finalidade terapêutica “colide frontalmente” com a avaliação criteriosa da relação risco benefício. Além disso, diz que os estúdios de tatuagem não cumprem os requisitos mínimos para a prática anestésica segura.
>> Siga o canal da Agência Brasil no WhatsApp
A decisão do CFM recebeu o apoio da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA). Em nota, a entidade destacou que “o uso de técnicas anestésicas, mesmo em situações consideradas simples ou estéticas, envolve riscos que exigem preparo, ambiente apropriado e protocolos rigorosos de segurança.”
Para isso, de acordo com a SBA, é preciso que o paciente passe por avaliação pré-anestésica detalhada e seu consentimento seja livre e esclarecido, após receber informações claras sobre os riscos e benefícios do procedimento. O procedimento também deve ser feito em “ambiente com estrutura adequada, monitorização, equipamentos de suporte à vida e equipe preparada para eventuais complicações.”
Saúde
Dormir bem é viver melhor: o papel essencial do sono no equilíbrio emocional

Por Roberto Roni, psicólogo especialista em neurociência e comportamento
Em meio à correria do dia a dia, o sono costuma ser a primeira necessidade a ser negligenciada. No entanto, ele é um dos pilares mais importantes da saúde mental e emocional. Dormir bem não é um luxo — é uma necessidade fisiológica que impacta diretamente nosso equilíbrio psicológico, nossa produtividade e até mesmo nossas relações.
“Quando dormimos mal ou pouco, nosso cérebro entra em estado de alerta constante. Isso afeta a regulação emocional, a capacidade de tomar decisões e o controle da ansiedade. A privação de sono, por mais sutil que pareça, pode desencadear ou agravar sintomas de depressão, irritabilidade e esgotamento mental”, explica o psicólogo Roberto Roni, especialista em neurociência e comportamento.
Durante o sono, o cérebro realiza uma verdadeira faxina neurológica. É nesse momento que processamos memórias, equilibramos hormônios e restauramos as funções cognitivas. É também no sono profundo que a mente consegue organizar as experiências do dia e reduzir os impactos do estresse acumulado.
Muitas vezes, a insônia ou o sono de má qualidade são vistos como problemas isolados, mas na verdade são sinais de desequilíbrios mais profundos. “O sono é um termômetro da saúde emocional. Quando algo está em conflito dentro de nós — mesmo inconscientemente — o corpo responde, e o sono é um dos primeiros afetados”, diz Roni.
Mais do que contar horas na cama, é preciso cuidar da qualidade desse repouso. Criar uma rotina noturna, evitar estímulos digitais antes de dormir, desacelerar o corpo e a mente, e entender a origem do estresse são passos importantes para quem busca mais equilíbrio na vida.
Por isso, cuidar da saúde mental também passa por cuidar do sono. Dormir bem é uma forma silenciosa — mas extremamente poderosa — de fortalecer a mente, prevenir transtornos psicológicos e viver com mais clareza, energia e bem-estar.