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Economia

INSS volta a autorizar empréstimos mediante cadastramento biométrico

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© Antonio Cruz/Agência Brasil

A partir desta sexta-feira (23), os beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que quiserem contratar novos empréstimos consignados terão que cadastrar seus dados biométricos na plataforma Meu INSS, na internet.

A medida de segurança foi anunciada na última segunda-feira (19), por meio de um despacho publicado no Diário Oficial da União.

Assinado pelo presidente do instituto, Gilberto Waller Junior, o documento estabelece que a identificação biométrica de aposentados e pensionistas do Regime Geral da Previdência Social atende à necessidade de avaliação do serviço de desbloqueio de benefícios para empréstimos consignados, com o objetivo de mapear vulnerabilidades operacionais e implementar medidas corretivas e aprimoramentos, garantindo maior segurança e conformidade aos processos envolvidos.

A concessão de novas autorizações para empréstimos consignados para aposentados e pensionistas estava bloqueada desde o último dia 8.

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Anunciado em meio às investigações de irregularidades na cobrança de mensalidades associativas e empréstimos consignados, o bloqueio atendeu a uma determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), de junho do ano passado.

Ao apurar denúncias de descontos não autorizados por aposentados e pensionistas e encontrar indícios de irregularidades, o TCU determinou que o INSS só permitisse as cobranças em folha em favor de sindicatos e entidades sociais mediante a obtenção e conferência da assinatura eletrônica avançada e dados biométricos do beneficiário. A determinação valia tanto para as mensalidades de filiação às entidades, quanto para empréstimos consignados. 

O instituto recorreu das determinações, alegando, entre outras coisas, que as autorizações para empréstimos consignados já passavam por mecanismos de controle mais eficazes que aqueles a que são submetidas autorizações para descontos de mensalidades associativas em folha. No entanto, um dia antes do INSS anunciar o bloqueio dos consignados, o TCU negou o recurso, mantendo as determinações.

O INSS alerta que não realiza atendimento por meio de redes sociais ou aplicativos como o WhatsApp, nem pede aos beneficiários enviem documentos pessoais, fotos, senhas ou dados bancários por estes canais de comunicação. Todos os serviços e informações sobre benefícios devem ser acessados apenas pelos canais oficiais, como o site, o Aplicativo Meu INSS ou o telefone 135.

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Economia

Brasil não sairá da mesa de negociação com EUA, diz Haddad

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© Valter Campanato/Agência Brasil

O Brasil não vai sair da mesa de negociação com os Estados Unidos, admitiu hoje (21) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Em entrevista à Rádio CBN, o ministro afirmou que o governo brasileiro não vai deixar a mesa de negociação, mas não descarta que o tarifaço sobre os produtos brasileiros possa mesmo ter início a partir do dia 1º de agosto.

Apesar disso, o governo vem trabalhando em planos de contingência para ajudar os setores mais prejudicados com o plano de Donald Trump visando estabelecer uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros que são exportados para os Estados Unidos.

“O Brasil não vai sair da mesa de negociação. A determinação do presidente Lula é de que nós não demos nenhuma razão para sofrer esse tipo de sanção e a orientação dele é a seguinte: o vice-presidente [Geraldo] Alckmin, o Ministério da Fazenda e o Itamaraty estão engajados permanentemente [na negociação]. Mandamos uma segunda carta [ao governo dos Estados Unidos] na semana passada, em acréscimo à de maio, da qual nós não obtivemos resposta até agora, mas nós vamos insistir na negociação comercial para que possamos encontrar um caminho de aproximação dos dois países que não têm razão nenhuma para estarem distanciados”, acentuou o ministro.

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Segundo ele, um grupo de trabalho está trabalhando para ajudar os setores brasileiros mais afetados pelo possível aumento do imposto de importação dos EUA, mas essas possibilidades ainda não foram apresentadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Cenários possíveis

“A pedido do presidente Lula, nós estamos desenhando os cenários possíveis, tanto da abertura de negociações por parte dos Estados Unidos, o que não aconteceu ainda, até uma resposta eventual às duas cartas que nós mandamos. Podemos chegar no dia primeiro [de agosto] sem resposta? Esse é um cenário que nós não podemos desconsiderar neste momento. Mas ele não é o único cenário que está sendo considerado por nós”, afirmou. “Então nós temos plano de contingência para qualquer decisão que venha a ser tomada pelo Presidente da República”, acrescentou.

Haddad disse que o governo Lula não vai “pagar na mesma moeda” em relação a sanções contra americanos ou empresas americanas. Mas que o governo estuda aplicar a lei da reciprocidade.

“Temos um grupo de trabalho se preparando para apresentar [propostas] essa semana para o presidente. Quais são as alternativas que temos? Tanto em relação à lei da reciprocidade quanto em relação a um eventual apoio que o presidente eventualmente queira considerar em relação aos setores mais prejudicados. Mas isso não foi apresentado ainda ao presidente Lula”, disse o ministro da Fazenda.

Para Haddad, esse plano de contingência não necessariamente vai implicar em novos gastos públicos. Ele lembrou, por exemplo, que na ajuda às [vítimas das] enchentes no Rio Grande do Sul, o governo federal adotou outros instrumentos além do aumento de despesas, como linhas de crédito.

“Não necessariamente isso vai implicar em gasto primário. No caso do Rio Grande do Sul, que é uma coisa de outra natureza e foi um evento extremo de natureza climática, a menor parte do investimento para recuperar a economia gaúcha foi de gasto primário. A maior parte foi justamente de apoio às empresas afetadas pelas enchentes do ano passado”, acentuou.

Bolsonaro

De acordo com o ministro, diversos países vêm sendo afetados pelo tarifaço imposto pelos Estados Unidos. Mas, no Brasil, disse Haddad, há uma particularidade: a relação individual entre a família Bolsonaro e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“Nesse momento é hora de unidade no país na defesa do interesse nacional e da percepção, que é real, de que nós não estamos sozinhos nessa questão com os Estados Unidos. Mas nós temos uma particularidade que é o fato de que tem uma força política de extrema direita no Brasil que está concorrendo contra os interesses nacionais”, disse Haddad.

Segundo o ministro, o Brasil é deficitário em relação aos Estados Unidos e estaria “longe de ser o problema dos Estados Unidos”, o que não justificaria receber uma tarifa tão alta. Além disso, Haddad afirmou ter se reunido com o governo americano ao menos 10 vezes somente neste ano e que ele havia sido sinalizado que a taxação inicial de 10% poderia até mesmo ser reduzida.

Eu estive com o com o secretário do Tesouro na Califórnia dois meses atrás, discutindo uma tarifa de 10% como sendo injusta e ele estava aberto ao diálogo. O que que mudou de dois meses para cá para que uma autoridade dos Estados Unidos estivesse aberta a discutir uma redução de tarifa de 10% e, no meio do caminho, você acorda com a notícia de que de 10% passou a 50%?”, questionou o ministro.

“O que sobra na verdade para manutenção dessa tarifa de 50%? A questão individual da relação do Trump com o ex-presidente Bolsonaro. Do meu ponto de vista é muito grave o que aconteceu, você fazer do destino de uma pessoa que tentou efetivamente se manter no poder pela força e articulou as forças nacionais em proveito próprio”, acrescentou.

Durante a entrevista, o ministro da Fazenda também disse causar estranhamento a investigação que Trump informou que irá fazer sobre o meio de pagamento instantâneo, o Pix. Haddad comparou o Pix a um telefone celular, que veio para substituir os telefones fixos.

“O Pix é um modelo exitoso de transações financeiras a custo zero”, afirmou o ministro, reforçando que ele poderia ser copiado por diversos outros países. “Como que o Pix pode representar uma ameaça a um império?’, questionou o ministro.

Meta fiscal

Durante a entrevista, ele negou que o governo vá revisar sua meta fiscal. “Apesar de o mercado sempre falar que nós vamos rever, nós nunca revemos”, garantiu.

E reforçou que, até o final do mandato do presidente Lula, o governo vai entregar “o melhor resultado fiscal dos últimos 12 anos”.

Nós vamos entregar o melhor resultado fiscal em quatro anos, tranquilamente, recuperando as finanças. Nós vamos entregar o melhor nível de emprego. Nós vamos entregar a melhor distribuição de renda. Nós vamos entregar o melhor crescimento médio de 2015 para cá. Anota o que estou falando. A obsessão do Ministério da Fazenda, da área econômica e da ministra [do Planejamento] Simone Tebet é entregar o melhor resultado de 2015 para cá. E isso vai ser entregue”, finalizou.

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Economia

Consumo de IA no Paraguai faz Itaipu estudar construção de 2 turbinas

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© Tânia Rêgo/Agência Brasil

A projeção de que o Paraguai consumirá cada vez mais energia elétrica produzida pela usina de Itaipu faz a direção da hidrelétrica binacional estudar a ampliação em 10% do número de turbinas geradoras.

A Itaipu, que produz cerca de 9% da energia elétrica consumida no Brasil, tem atualmente 20 unidades geradores e espaço para a construção de mais duas. A informação é do diretor-geral da estatal, Enio Verri.

“É inevitável, isso vai ocorrer”, declarou o executivo, que, no entanto, ponderou a necessidade de amplos estudos técnicos, sociais e ambientais; viabilidade econômica; e acordo entre Brasil e Paraguai, para que a ampliação seja realizada.

A afirmação de Verri foi durante um encontro com um grupo de jornalistas que visitou as instalações de Itaipu, entre eles a reportagem da Agência Brasil. A hidrelétrica fica na fronteira dos países, se estendendo de Foz do Iguaçu, no Paraná, até Ciudade del Este, no lado paraguaio.

O diretor-geral brasileiro explicou que se aproxima o cenário em que o Paraguai consumirá toda a energia a que tem direito, dessa forma, deixando de vender o excedente para ser usado pelo Brasil.

Segundo ele, fatores que explicam o aumento da demanda paraguaia passam pelo crescimento da economia; a presença crescente em solo paraguaio de data centers (servidores digitais que processam e armazenam dados), incluindo os de inteligência artificial (IA); e da atividade de mineração de criptomoedas – processo digital que depende de computadores potentes para criar e proteger as criptomoedas, com uso intensivo de energia.

Construção de turbinas

Sobre o estudo de viabilidade para construir duas unidades geradoras (turbinas), Enio Verri adiantou que “estamos agora com a nossa equipe dando uma olhada nisso”.

Ele detalhou que na estrutura da barragem de Itaipu no Rio Paraná, depois dos vertedouros (estruturas que permitem jorrar o excesso de água do reservatório), “há espaço físico em que é possível ampliar em mais duas unidades”.

O diretor-geral contextualiza que aumentar em 10% o número de turbinas não significa necessariamente expandir em 10% a capacidade de geração. A diferença pode ser para menos, por exemplo, com turbinas com menos produtividade, ou para mais, com avanços tecnológicos que permitam produzir mais com menos recursos.

Foz do Iguaçu (PR), 17/07/2025 – Enio José Verri, diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, na sede da Usina hidrelétrica Itaipu Binacional. Foto: Tâdiretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional.nia Rêgo/Agência Brasil – Tânia Rêgo/Agência Brasil

Atualmente, as 20 unidades geradoras de Itaipu têm potência instalada de 14 mil megawatts (MW), sendo 700 MW por turbina.

No entanto, o diretor da hidrelétrica não associou a empreitada necessariamente a outro estudo sobre aumentar em um metro o nível máximo do reservatório no Rio Paraná, o que implicaria ampliar a área alagada.

“Nós temos comunidades, tem os efeitos sobre a população. Uma coisa é você construir uma usina na ditadura militar [1964-1985]. Outra coisa é você construir uma usina agora”, comentou, referindo-se a um período em que ativismos eram suprimidos. Itaipu começou a ser construída em 1974.

“Isso envolve um grande estudo estratégico porque envolve políticas ambientais, políticas sociais, as comunidades que serão atingidas versus a relação e benefícios que isso pode trazer à sociedade”, completa.

Hoje o reservatório tem área de 1.350 quilômetros quadrados (km²), extensão de 170 km e volume máximo de 29 bilhões de metros cúbicos (m³) de água.

Longo prazo

Apesar de classificar como “inevitável”, devido a demanda crescente de energia, Enio Verri diz que o projeto ainda não pode sair do papel por falta de viabilidade econômica. “Hoje não viabiliza”.

O diretor-geral não aponta um horizonte de quando um projeto de expansão poderia ser realizado.

“Estamos discutindo só a data em que estaremos maduros o suficiente para esse investimento”, explicou, acrescentando que “no setor de energia, não existe curto prazo”.

Verri acredita que, quando for tirado do papel, o investimento deve ser financiado por meio de empréstimo de longo prazo em instituições de fomento, “Banco Mundial, BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] ou algo do gênero”.

Ele acrescentou que a forma de pagamento dessa dívida poderia ser por meio de uma taxa na tarifa de luz.

“Valor pequeno, você mantém isso na tarifa como custeio e, com isso, consegue pagar o financiamento das duas usinas”.

Além de viabilidade técnica, contextualiza ele, um projeto dessa magnitude em Itaipu precisará ser acordado conjuntamente pelos governos e parlamentos do Brasil e Paraguai.

Binacional

Foz do Iguaçu (PR), 17/07/2025 – Vista externa, fachada, da usina hidrelétrica Itaipu Binacional. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil – Tânia Rêgo/Agência Brasil

A usina hidrelétrica de Itaipu é um projeto binacional, criado há 50 anos. Os dois países detêm exatamente 50% da hidrelétrica. Isso vale tanto para o consumo da energia quanto para as decisões que são tomadas e os cargos ocupados. Por exemplo, assim como há um diretor-geral brasileiro, há um diretor-geral paraguaio.

O tratado que rege a existência de Itaipu determina que, dentro da metade da energia a qual cada país tem direito, o que não for consumido será vendido a preço de custo (sem margem de lucro) para o sócio vizinho. Isso é o que tem ocorrido desde 1985, quando a usina começou efetivamente a gerar energia elétrica.

Há 40 anos, o Brasil consumia 95% do suprimento. Esse cenário seguiu trajetória de queda ao longo das décadas, de forma que em 2024, o Brasil consumia 69%; e o Paraguai, 31%.

O diretor-técnico paraguaio de Itaipu, Hugo Zárate, cita projeções da Administradora Nacional de Eletricidade do Paraguai de que o país chegará aos 50% de consumo da geração da hidrelétrica até 2035. Ele explica que o crescimento da demanda nos últimos dois anos foi bastante expressivo. “Tivemos no ano passado um crescimento superior a 14% no consumo de energia”, informa.

“Isso se deve à utilização de forma intensiva da energia naqueles empreendimentos de mineração de criptomoedas”, contou Zárate, acrescentando que há notícias na imprensa paraguaia de contratos da Ande para incentivar a presença de data centers e servidores de IA no país.

Mudanças em 2027

Outro fator que deve diminuir a disponibilidade da energia paraguaia que chega ao Brasil estará posto já em 2027. Um acordo entre os países determina que a nação que tiver excedente poderá dar o destino que quiser à energia, o que inclui possibilidades como vender no mercado livre de energia brasileiro (consumidores negociam diretamente com geradores, diferentemente do mercado regulado, no qual a compra é feita exclusivamente por meio da distribuidora local), ou até para um terceiro país.

“Cada um pode fazer o que quiser com essa energia no seu país”, resume Enio Verri.

Ao comentar que o Brasil tem avançado em inovações tecnológicas que permitem desenvolver outras energias renováveis, o diretor-geral de Itaipu relativiza o maior consumo paraguaio em termos de reflexos na geração total de energia em todo o território brasileiro.

“Estamos crescendo a oferta de intermitente [solar e eólica, por exemplo] também. Aliás, no Nordeste temos excesso de oferta intermitente. Então, não me parece que seja um grande problema”, avalia.

*A reportagem da Agência Brasil viajou a convite da Itaipu Binacional

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Economia

Tarifaço pode impactar vendas de suco de laranja, café, carne e frutas

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© Marcelo Camargo/Agência Brasil

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de estabelecer uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros que são exportados para os Estados Unidos pode comprometer receitas do agronegócio brasileiro, provocar desequilíbrios de mercado e pressionar os valores pagos ao produtor. O alerta é do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP).

Segundo o Cepea, os itens mais expostos ao tarifaço de Trump são o mercado de suco de laranja, o setor cafeeiro, a pecuária de corte e o de frutas frescas.

Dentre esses itens, o suco de laranja é o produto mais sensível a essa política tarifária, dizem os pesquisadores do Cepea. “Isso porque já incide atualmente uma tarifa fixa de US$ 415 por tonelada sobre o produto, e a aplicação de uma sobretaxa de até 50% elevaria significativamente o custo de entrada nos Estados Unidos, comprometendo sua competitividade no segundo maior destino dos embarques brasileiros”, dizem os pesquisadores, em nota.

Segundo o Cepea, os Estados Unidos importam atualmente cerca de 90% do suco que consomem, sendo que o Brasil é responsável por aproximadamente 80% desse total. “Essa instabilidade ocorre justamente em um momento de boa safra no estado de São Paulo e Triângulo Mineiro: 314,6 milhões de caixas projetadas para 2025/26, crescimento de 36,2% frente ao ciclo anterior. Com o canal norte-americano sob risco, o acúmulo de estoques e a pressão sobre as cotações internas tornam-se prováveis”, avaliou a professora da Esalq/USP Margarete Boteon, pesquisadora da área de citros do Cepea.

Quanto ao café, os Estados Unidos são o maior consumidor global do produto e importam cerca de 25% do Brasil, especialmente da variedade arábica, insumo essencial para a indústria local de torrefação. Como os Estados Unidos não produzem café, a elevação do custo de importação deve comprometer a viabilidade de toda a cadeia interna, que envolve torrefadoras, cafeterias, indústrias de bebidas e redes de varejo.

“A exclusão do café do pacote tarifário é não apenas desejável, mas estratégica, tanto para a sustentabilidade da cafeicultura brasileira quanto para a estabilidade da cadeia de abastecimento norte-americana”, destaca o pesquisador de café do Cepea Renato Ribeiro.

Com a queda nas cotações do produto e a instabilidade externa provocada principalmente pelo tarifaço, os produtores têm vendido volumes mínimos para manter o fluxo de caixa, adiando as grandes negociações para esperar por definições sobre o cenário tarifário.

Carne bovina

Os Estados Unidos são o segundo maior comprador da carne bovina brasileira, atrás apenas da China, que concentra 49% do total embarcado pelo Brasil. As empresas estadunidenses são responsáveis por 12% das exportações do produto brasileiro e, entre março e abril, elas adquiriram volumes recordes de carne bovina, acima de 40 mil toneladas por mês, o que pode indicar uma possível movimentação de formação de estoque diante do receio de que Trump viesse a aumentar as tarifas para o comércio exterior. São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul são os estados brasileiros, respectivamente, que mais têm escoado carne aos EUA.

Nos últimos meses, no entanto, houve redução no volume exportado para os Estados Unidos, enquanto os embarques para a China vêm crescendo. Em junho, especificamente, vários outros parceiros comerciais também aumentaram suas compras na comparação com maio. Segundo o Cepea, isso sinaliza que os frigoríficos brasileiros têm possibilidade de ampliar suas vendas para outros mercados.

Frutas frescas

No caso do mercado de frutas frescas, o maior impacto imediato recai sobre a manga, dizem os pesquisadores da USP. Isso acontece porque a janela crítica de exportação desse produto aos Estados Unidos começa em agosto. De acordo com o Cepea, já há relatos de postergação de embarques frente à indefinição tarifária. A uva brasileira, cuja safra tem calendário relevante para os EUA a partir da segunda quinzena de setembro, também passa a integrar o grupo de culturas em alerta.

Antes do tarifaço, no entanto, a expectativa era de crescimento de exportações de frutas frescas, sustentada pela valorização cambial e pela recomposição produtiva de diversas culturas. “A projeção otimista foi substituída por dúvidas. Além da retração esperada nas vendas aos EUA, há o risco de desequilíbrio entre oferta e demanda nos principais destinos, pressionando as cotações ao produtor”, disse Lucas de Mora Bezerra, do Cepea.

O que pode ocorrer, dizem os pesquisadores, é que as frutas que seriam destinadas aos Estados Unidos sejam direcionadas a outros mercados, como a União Europeia, ou até mesmo absorvidas pelo mercado interno, o que pode pressionar o preço ao produtor.

Diante desse contexto geral relacionado ao café, à carne bovina, ao suco de laranja e às frutas frescas, o Cepea informa que é urgente “uma articulação diplomática coordenada, com vistas à revisão ou exclusão das tarifas sobre produtos agroalimentares brasileiros”.

“Tal medida é estratégica não apenas para o Brasil, mas também para os próprios Estados Unidos, cuja segurança alimentar e competitividade da agroindústria dependem de forma substancial do fornecimento brasileiro”, diz a nota.

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