Internacional
Israel expulsa 40 mil na Cisjordânia em maior operação em 20 anos

O exército israelense conduziu uma ampla operação militar em campos de refugiados palestinos no Norte da Cisjordânia ocupada neste domingo (23), dando continuidade à ação que já expulsou cerca de 40 mil palestinos de campos de refugiados em Jenin, Tul Karem e Nur al-Shams.
Essa é a maior operação militar de Israel na Cisjordânia em cerca de 20 anos, desde 2005, quando ocorreu a segunda Intifada, que foi uma grande revolta da população palestina contra a ocupação israelense dos seus territórios.
O governo de Tel Aviv informou que ocupará essas áreas pelo próximo ano, impedindo o retorno dos moradores. “Não permitiremos o retorno dos moradores e não permitiremos que o terror retorne e floresça”, disse, neste domingo (23), o ministro da Defesa, Israel Katz. O governo de Tel-Aviv alega que as ações são para combater o terrorismo.
Em nota, o ministério das relações exteriores da Autoridade Palestina, que controla parte da Cisjordânia, afirmou que as ações de Israel é a continuação do genocídio do povo palestino e da anexação de seus territórios.
“O Ministério vê esses acontecimentos — incluindo as declarações de Katz, o envio de tanques e a intimidação deliberada de civis indefesos — como uma grave escalada na Cisjordânia e uma tentativa flagrante de consolidar o genocídio e o deslocamento forçado contra nosso povo desarmado”, diz a representação palestina da Cisjordânia, que ainda pede que a comunidade internacional intervenha.
O professor de relações internacionais, cientista político e jornalista Bruno Lima Rocha avalia que o uso de blindados, helicópteros e de cercos aos campos de refugiados palestinos – inédito em, ao menos, 20 anos – é parte da estratégia de transferir a guerra da Faixa de Gaza para Cisjordânia.
“Ao estabelecer o cessar-fogo em Gaza, o estado sionista aperta as condições na Cisjordânia, para transferir a frente de guerra interna para lá. O governo Netanyahu necessita do estado de guerra porque, sem esse estado de guerra e essa situação de comoção nacional da troca dos presos políticos palestinos pelos reféns, a tendência que seu governo caia e ele seja julgado”, analisou.
Internacional
Israel explode único hospital contra o câncer da Faixa de Gaza
As Forças de Defesa de Israel (FDI) explodiram, nesta sexta-feira (21), o único hospital especializado no combate ao câncer na Faixa de Gaza. O Hospital da Amizade Turco-Palestina foi construído pela Turquia e era operado por autoridades locais no centro da cidade de Gaza.
Em nota, a FDI disse que o Hamas usava o local.
“Os terroristas do Hamas exploraram um local no norte de Gaza — que anteriormente servia como hospital ‘turco’ — como um centro de comando e controle, de onde dirigiram e executaram ataques terroristas”, diz o comunicado.
A Turquia condenou a destruição do hospital, afirmando que essa é uma estratégia de Israel para expulsar os palestinos do território.
“O ataque deliberado a um hospital que presta serviços de saúde a civis em Gaza constitui parte da política de Israel que visa tornar Gaza inabitável e deslocar à força o povo palestino. Apelamos à comunidade internacional para que tome medidas concretas e dissuasivas contra os ataques ilegais e o terrorismo de Estado sistemático de Israel”, informou o Ministério das Relações Exteriores da Turquia, em nota.
Segundo o direito internacional, os serviços de saúde devem ser preservados durante conflitos armados. Diversos hospitais e unidades de saúde foram destruídos ou seriamente danificados em Gaza desde o dia 7 de outubro de 2023.
Israel continua com bombardeios massivos contra Gaza, incluindo operações terrestres no sul do enclave palestino. A relativa trégua iniciada no dia 19 de janeiro foi rompida por Israel na última terça-feira (18). Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, quase 600 pessoas morreram desde o reinício dos bombardeios em massa nessa semana.
O governo do primeiro-ministro Benjamin-Netanyahu alega que retomou a guerra porque o Hamas não tem aceitado negociar a troca dos 59 reféns que permanecem sob controle do grupo.
O Hamas nega que tenha abandonado às negociações e argumenta que Israel tenta enganar a opinião pública para “retomar seu genocídio contra civis desarmados”
“O Hamas também confirma que ainda está envolvido em negociações e está acompanhando os irmãos mediadores de forma responsável e séria”, disse o grupo nesta sexta-feira.
Destruição total
Nessa semana, o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, ameaçou os moradores civis da Faixa de Gaza com a “destruição total” da região caso a população não remova o Hamas e não entregue os reféns israelenses.
“Aceite a oferta do presidente dos Estados Unidos (EUA), liberte os reféns e elimine o Hamas, e outras opções se abrirão para você, incluindo ir para outros lugares do mundo, para quem quiser. A alternativa é destruição total”, diz o comunicado do ministro israelense.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem defendido a remoção dos moradores do enclave para outros países, com posterior anexação do território. A solução é rejeitada pelos estados árabes e pelas lideranças palestinas.
Entenda
Especialistas no conflito do Oriente Médio consultados pela Agência Brasil avaliam que a volta da guerra por Israel busca consolidar o plano para anexar o território da Faixa de Gaza, além de servir para blindar o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, acusado de corrupção e sob risco de dissolução do seu gabinete com a perda de apoio dos setores mais radicais do parlamento.
“A retirada unilateral de Israel do cessar-fogo é totalmente esperada e resultado de suas próprias ambições. A retomada da matança de moradores de Gaza sob o pretexto de combater o terrorismo/Hamas é parte de uma estratégia de ocupação ilegal e anexação de terras em Gaza”, avaliou a professora de pós-graduação em Relações Internacionais da PUC de Minas Gerais Rashmi Singh.
Internacional
Em busca de acordos, Lula e autoridades embarcam para Ásia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva viaja neste sábado (21), às 21 horas (horário de Brasília), para Tóquio, no Japão, onde cumpre uma visita de chefe de Estado no início da semana que vem, com a expectativa de abrir o mercado japonês para a carne bovina brasileira e avançar nas negociações para um acordo comercial entre o gigante asiático e o Mercosul
A viagem do presidente é longa. O voo, que parte de Brasília, fará uma escala de abastecimento em Houston, nos Estados Unidos, para seguir depois ao destinado final, onde o presidente só deve chegar, pelo fuso horário local, na segunda-feira (24), uma vez que o Japão está 12 horas à frente do horário oficial de Brasília. O primeiro compromisso é um encontro com o imperador Naruhito e a imperatriz Masako, na terça-feira (25), noite de segunda-feira (24) no Brasil. No mesmo dia, os monarcas oferecem um jantar no Palácio Imperial do Japão.
Na quarta-feira (26), Lula participar do Fórum Empresarial Brasil-Japão, com empresários de ambos os países, e terá uma reunião com o primeiro-ministro Shigeru Ishiba, seguido de um antar oferecido pelo anfitrião no Palácio Akasaka.
Nos dias 28 e 29 de março, Lula cumpre visita oficial a Hanói, no Vietnã. O primeiro-ministro do país do Sudeste Asiático, Pham Minh Chính, esteve no Brasil em 2023.
Ao longo da viagem, Lula deve ser acompanhado por uma comitiva de 11 ministros (veja a lista a seguir), além dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), além do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), entre outros parlamentares.
Comércio e diplomacia
Do ponto de vista comercial, em 2024, o Japão foi o terceiro maior parceiro comercial do Brasil na Ásia e terceiro maior destino de exportações brasileiras à região, com intercâmbio comercial de US$ 11 bilhões e superávit de US$ 148 milhões. Segundo o Banco Central (BC), em 2023, o Japão respondia por um total de US$ 35 bilhões em investimentos diretos no país, sendo o nono maior estoque de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) no Brasil e o segundo maior investidor asiático.
De acordo com a diplomacia brasileira, um dos objetivos da viagem ao Japão é conseguir um compromisso político do país para que envie ao Brasil uma missão técnica das autoridades sanitárias japonesas para inspecionar as condições da produção de carne bovina do país. Esse seria um dos passos necessários para o Brasil acessar o mercado de carne bovina japonês, o terceiro maior importador de carne do mundo, um dos mercados mais cobiçados do segmento de proteína animal.
No Vietnã, que se tornou o quinto maior consumidor dos produtos agropecuários brasileiros, o objetivo também é fortalecer a parceria, tanto em nível comercial como diplomático. Um dos objetivos dessa visita é consolidar as etapas necessárias para elevar o Vietnã a parceiro estratégico do Brasil.
Em 2024, Brasil e Vietnã registraram um volume de comércio de US$ 7,7 bilhões, com superávit brasileiro de US$ 415 milhões. Em 2002, na última visita de Lula ao país, o comércio entre as duas nações era de apenas US$ 500 milhões.
Autoridades previstas na viagem de Lula ao Japão e ao Vietnã
Ministros
- Ministro da Educação, Camilo Santana
- Ministro do Trabalho, Luiz Marinho
- Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira
- Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira
- Ministro dos Transportes, Renan Filho
- Ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho
- Ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro
- Ministro das Comunicações, Juscelino Filho
- Ministra da Ciência, Tecnologia e Inovações do Brasil, Luciana Santos
- Ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva
- Ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes
Parlamentares
- Presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP)
- Presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB)
- Senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG)
- Deputado Federal Arthur Lira (PP-AL)
Internacional
Papa Francisco deve ter alta hospitalar neste domingo

O papa Francisco receberá alta neste domingo (23) e seguirá para a Casa Santa Marta, no Vaticano, onde reside.
Internado desde o dia 14 de fevereiro para tratar uma pneumonia dupla, Francisco continuará a recuperação com fisioterapia e acompanhamento médico.
“Segundo a equipe médica, trata-se de uma ‘alta protegida’, o que significa que a recuperação exigirá fisioterapia respiratória e motora, além de suporte diário com oxigênio e acompanhamento médico. A voz do Pontífice deverá retornar gradualmente, conforme esperado nesses casos”, disse o Vaticano.
Mais cedo, a Santa Sé havia anunciado que o papa planeja aparecer amanhã na janela do Hospital Gemelli, em Roma, para fazer uma saudação aos fiéis. Esta será a primeira aparição desde que o pontífice foi internado.
“Durante a internação, enfrentou uma pneumonia severa, mas permaneceu consciente e estável nas últimas semanas. Antes de retornar ao Vaticano, fará uma breve saudação e concederá sua bênção na sacada do Hospital Gemelli”, informou o Vaticano.
A condição clínica de Francisco se manteve estável nas duas últimas semanas. Além da continuidade do tratamento medicamentoso, será necessário um período de repouso em convalescença por pelo menos dois meses.