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Jornalistas negras lançam guias de prática antirracista na comunicação

Duas publicações lançadas nos últimos dias indicam caminhos para o combate ao racismo e a programação da igualdade racial. Em Comunicação Antirracista: um guia para se comunicar com todas as pessoas, em todos os lugares (Editora Planeta), a jornalista baiana Midiã Noelle apresenta ferramentas para aprimorar práticas comportamentais e discursivas que contribuem para a promoção de uma interlocução que não reforce estereótipos, preconceitos e desigualdades.
“Enfrentamento ao racismo se baseia no respeito à historiografia africana e afrodiaspórica e utiliza elementos dos campos da estética, semiótica e outras linguagens e modos de produção de sentidos para a construção, desconstrução e/ou reconstrução das percepções sobre pessoas negras”, ressalta Midiã, que em abril apresenta o livro no evento Diálogos Antirracistas, realizado pelo Projeto Seta, da ActionAid, paralelo ao Fórum Internacional de Povos Afrodescendentes, em Nova York (EUA).
“O conceito de comunicação antirracista contempla diversas áreas da comunicação, visando fortalecer o reconhecimento da condição humana. Não existe uma receita pronta, mas um ponto de referência para pessoas brancas, negras, indígenas, amarelas, de diferentes idades, gêneros, territórios, classes, e que têm em comum o interesse por ser antirracista, servindo como um instrumento para a articulação de práticas comunicacionais despretensiosas, mas suficientemente libertadoras.”
Com o objetivo de fortalecer a inclusão e a justiça racial no ambiente digital, a Rede de Jornalistas Pretos pela Diversidade na Comunicação (Rede JP), em parceria com o Instituto Peregum, também lançou o Manual de Boas Práticas Antirracistas para a Comunicação Digital. A iniciativa tem apoio da cátedra de Comunicação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e de outras instituições.
A publicação, que será distribuída gratuitamente em formato digital, estará acessível em PDF no site oficial da Rede de Jornalistas Pretos pela Diversidade na Comunicação.
Presença negra
Para a fundadora da Rede JP, Marcelle Chagas, a iniciativa representa um passo essencial para a transformação do mercado digital. Segundo Marcelle, o momento atual é decisivo para a comunicação digital, e o manual é crucial para todos os que desejam transformar o mercado.
“O público-alvo do manual inclui jornalistas, estudantes, influenciadores e organizações comprometidas com uma abordagem ética e inclusiva na produção de conteúdo digital. O material foi pensado para atender desde estudantes em formação até pesquisadores e jornalistas experientes, oferecendo diretrizes e estratégias práticas para enfrentar os desafios da comunicação digital contemporânea”, diz Marcelle.
De acordo com a jornalista, o trabalho da Rede JP tem sido fundamental para fortalecer a presença da população negra na comunicação digital. Ela enfatiza a importância do ambiente digital para a comunicação, mas destaca que ainda existem barreiras significativas para a inclusão racial. Embora as redes sociais e as plataformas online tenham ampliado o alcance de diversas vozes, as políticas dessas empresas e a falta de compromisso contínuo com a diversidade podem prejudicar a visibilidade de pautas raciais e sociais, ressalta.
“Nosso esforço, em parceria com universidades e a sociedade civil, é dar visibilidade a grupos marginalizados. O manual é mais um passo nessa trajetória, proporcionando práticas que enfrentam um ambiente digital prejudicial. Isso envolve não apenas criar um espaço mais acessível e justo, mas também evitar termos discriminatórios e auxiliar produções de conteúdo que priorizem a diversidade e a representatividade”, afirma.
Durante o lançamento do manual em São Paulo, no dia 27 de março, também foi apresentado o GriôTech, um projeto inovador desenvolvido pelo Instituto Peregum em parceria com a Mozilla Foundation. A iniciativa cria um espaço para discutir e implementar práticas antirracistas no ambiente digital. Segundo Marcelle, os desafios sociais que impactam a população negra tornaram-se mais evidentes com a digitalização crescente, ampliando a exclusão e dificultando o acesso igualitário ao conhecimento.
“Para alcançar uma sociedade mais justa, é necessário reconhecer que as barreiras do mundo físico foram transpostas para o espaço digital, tornando as populações negras e periféricas ainda mais vulneráveis à exclusão. O GriôTech, inspirado pelo papel ancestral do Griô como guardião e transmissor do saber, combina tecnologias digitais e o fortalecimento das práticas culturais e dos saberes das comunidades negras e periféricas”, finalizou a fundadora da Rede JP.
Colaborou Juliana Cézar Nunes
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Ao completar 15 anos, ONU Mulheres diz que desigualdade é desafio

“Direitos das mulheres são como ondas do mar: há retrocesso, mas avanços são persistentes”, disse a representante da ONU Mulheres no Brasil, Ana Querino, alertando para a necessidade de renovar esforços em defesa de meninas e mulheres.
O mundo tem 4 bilhões de meninas e mulheres, mas a sobrevivência delas em igualdade com os homens permanece um desafio global. Elas não estão representadas proporcionalmente na política, nos cargos de decisão nas empresas e nos governos e sofrem de maneira diferenciada com a pobreza e a violência.
Com o desafio de pensar ações e estratégias capazes de melhorar a vida desse contingente, a agência das Nações Unidas (ONU) para as Mulheres completa 15 anos em 2025. A entidade reconhece que a caminhada pela igualdade de gênero, nesse período, não andou em linha reta, mas que as idas e vindas fazem parte do processo. Para impedir retrocessos acentuados, no entanto, propõe uma repactuação.
Pesquisa da entidade, de março deste ano, mostra que direitos humanos das mulheres estão em risco em um a cada quatro países, além de salientar preocupação com o aumento da violência e da exclusão digital de mulheres.
Na avaliação da entidade, o momento histórico é precário, o que, na prática, significa piora das condições de vida, como reconhece Ana Querino, representante interina da ONU Mulheres no Brasil.
“São 15 anos de atuação, de institucionalização de um trabalho que começou há 50 anos, com a intenção de acelerar os avanços”, explicou a gestora. “Quando a gente pensa em mudanças estruturantes, que mudam a sociedade, é normal que se tenha esses movimentos, que não são em linha reta. São avanços como as ondas do mar, analogia de que me apropriei, pois, vão e voltam, mas são persistentes e não têm como segurar. A força da natureza é maior”, comparou.
Entre os desafios do momento, a agência destaca a obrigação dos países de incluírem 50% de mulheres nos espaços de decisão, conforme recomendação recente da Convenção para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação com as Mulheres (Cedaw). A convenção tem força de lei no Brasil, tendo sido adotada em 1984. Hoje, as brasileiras não chegam a duas a cada dez parlamentares no Congresso Nacional. Elas são 17% do total de 513 deputados e 81 senadores eleitos no país.
Outra preocupação da ONU Mulheres é com 600 milhões de mulheres e meninas vivendo em zonas de conflito, 50% a mais que há dez anos, segundo balanço da entidade. Além do risco de morte e das condições de vida precária, a situação é fator determinante para mortes maternas. Seis em cada dez mortes de mulheres relacionadas à gravidez ocorrem nos 35 países afetados por conflitos.
“Estamos em momento de fragilidade em relação aos acordos alcançados na criação da ONU, portanto, mais do que nunca, é preciso reforçar a mensagem da Carta da ONU, que completou 70 anos. Mas a certeza que a gente tem, independentemente do conflito, é de que as mulheres e meninas são afetadas de forma específica pelas guerras e, muitas vezes, a violência contra essas mulheres e meninas, incluindo estupros, são usados como arma”, explicou a representante no Brasil.
A organização cobra que lideranças, em especial os chefes de Estado e os parlamentos, assumam a defesa dos compromissos internacionais, como os pactuados há 30 anos na Plataforma de Ação de Pequim e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, entre outros acordos, como a Resolução 1.325 do Conselho de Segurança. O documento reconhece o impacto diferenciado das guerras sobre meninas e mulheres e a necessidade de participação delas na mediação e construção da paz.
Nesse cenário, a ONU Mulheres quer renovar o compromisso dos Estados e instituições privadas e propõe 15 ações em diversas áreas, divulgadas nesta terça-feira (1º). A principal é proteger as conquistas já obtidas.
“Isso inclui garantir que os sistemas legais, políticos e financeiros promovam — e não dificultem — a igualdade de gênero”, destaca o informe da entidade divulgado para marcar o aniversário.
“A gente precisa muito que essas lideranças, nos mais variados espaços, nos governos, parlamentos, nas empresas privadas e na sociedade civil, assumam esse compromisso ou pelo menos visibilizem e falem sobre [os direitos das mulheres], porque temos ouvido, com frequência, vozes de outras pessoas em posições de destaque, vamos falar assim, que estão se contrapondo [a esses direitos]”, explicou Ana. “Precisamos de vozes que reforcem o progresso”, frisou.
Outra importante ação é incluir as mulheres digitalmente. A representante da ONU explicou que muitas têm dificuldade de usar a tecnologia, o que acaba limitando o uso por elas. Paralelamente, a entidade cobra mais mulheres na indústria digital. “Se não temos mulheres por trás desse avanço tecnológico, temos a tecnologia reproduzindo a misoginia e a discriminação”, alertou. Como resultado dessa exclusão, a ONU também observa o aumento da violência facilitada pela internet.
Entre as 15 ações propostas pela ONU para repactuar avanços sobre a igualdade de gênero, além de impedir retrocessos e acabar com os conflitos, são prioridades erradicar a pobreza, uma vez que uma em cada dez meninas ou mulheres ainda vive com menos de US$ 2,15, ou seja, menos de R$ 12 por dia, e combater a fome. Segundo a ONU, mais mulheres do que homens enfrentam insegurança alimentar.
Enfrentar a violência é outra ação que requer medidas imediatas, pois uma mulher ou menina é assassinada a cada dez minutos no mundo por um parceiro ou parente próximo. Em 2023, 85 mil foram assassinadas intencionalmente. A situação exige fortalecimento das leis, tolerância zero e apoio às sobreviventes.
A participação das mulheres nas discussões sobre as mudanças do clima e a participação delas na economia são também frentes da ONU Mulheres. A entidade propõe políticas ou sistemas de cuidado com empregos dignos no setor, além de salários iguais em todas as profissões. Elas ainda ganham 20% menos.
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Corpo de Juliana Marins chega nesta terça-feira ao Brasil

O corpo de Juliana Marins chega na tarde desta terça-feira (1º) ao Brasil, segundo informações divulgadas na noite dessa segunda (30) pela companhia aérea Emirates. O avião com a turista brasileira, que morreu na semana passada, depois de um acidente no Monte Rinjani, na ilha de Lombok, na Indonésia, tem pouso previsto para as 17h15 no Terminal 3 do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo.
Em seguida, o corpo será trazido ao Rio de Janeiro. A Advocacia-Geral da União (AGU) informou que será feita uma nova autópsia em, no máximo, seis horas após a aterrissagem em território nacional, a fim de garantir a preservação de evidências.
Os planos iniciais da Emirates, divulgados na manhã de ontem, previam a chegada do corpo de Juliana diretamente no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro (Tom Jobim/Galeão) na tarde de quarta-feira (2).
“A Emirates informa que, em coordenação com a família, novos preparativos foram feitos para o transporte do corpo de Juliana Marins, cidadã brasileira que faleceu na Indonésia. O corpo chegará em São Paulo no dia 1º de julho. A Emirates estende suas mais profundas condolências à família neste momento difícil”, informou a companhia aérea dos Emirados Árabes, por meio de nota.
A família de Juliana chegou a criticar a Emirates no domingo (29), pela demora em informar quando o corpo dela seria trazido de Bali, na Indonésia. A Emirates conecta o país asiático com o Brasil através de Dubai, nos Emirados Árabes.
Juliana Marins caiu na cratera do Rinjani, um vulcão, na manhã de sábado (21). Na segunda-feira (23), equipes de resgate localizaram a brasileira através de um drone térmico, mostrando que, naquele dia, ela ainda estava viva naquele momento ou pelo menos algumas horas antes.
No entanto, um socorrista só conseguiu chegar até ela no dia seguinte (24), quando foi constatado que ela havia morrido. O resgate do corpo ocorreu na quarta-feira (25). A autópsia feita na Indonésia constatou que ela havia morrido entre 12 e 24 horas antes do corpo chegar ao hospital, vítima de hemorragia provocada por trauma contundente.
Os legistas informaram que, depois do início da hemorragia, Juliana ainda ficou viva por cerca de 20 minutos. A AGU, no entanto, decidiu realizar uma nova autópsia no Brasil, a pedido da família de Juliana e da Defensoria Pública da União (DPU).
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Publicado edital do CNU 2025; confira as regras

O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos publicou nessa segunda-feira (30), em edição extra do Diário Oficial da União (DOU), o edital da segunda edição do Concurso Público Nacional Unificado (CNU). Confira aqui.
Mais cedo, a ministra Esther Dweck detalhou em entrevista coletiva a estrutura e novidades do certame.
As inscrições começam nesta quarta-feira (2). A Fundação Getulio Vargas (FGV) é a banca examinadora responsável pela organização do concurso, cuja taxa de inscrição será de R$ 70.
O CNU terá 3.642 vagas distribuídas em 32 órgãos públicos. Desse total, 2.480 são vagas imediatas e 1.172 para provimento a curto prazo.
As provas objetivas serão aplicadas no dia 5 de outubro, das 13h às 18h, em 228 cidades de todos os estados e no Distrito Federal. O objetivo é garantir a acessibilidade e reduzir custos para os candidatos.
Para os habilitados, será aplicada prova discursiva no dia 7 de dezembro. A primeira lista de classificados deve ser divulgada no dia 30 de janeiro de 2026.
Blocos temáticos
Os cargos serão agrupados em nove blocos temáticos organizados por áreas de atuação semelhantes. O modelo – já adotado na edição anterior do concurso – permite que os candidatos concorram a diferentes cargos dentro do mesmo bloco, com uma única inscrição.
No momento em que fizer sua inscrição, o participante poderá definir a lista de preferência, de acordo com interesses profissionais, formação acadêmica e experiência.
Entre as novidades anunciadas pelo governo, estão as destinações de cotas. As vagas estão assim divididas: 65% para ampla concorrência, 25% para pessoas negras, 3% para indígenas, 2% para quilombolas e 5% para pessoas com deficiência
Cronograma do CNU 2025
Inscrições: de 2 a 20/07/2025
Solicitação de isenção da taxa de inscrição: 2 a 8/07/2025
Prova objetiva: 05/10/25, das 13h às 18h
Convocação para prova discursiva: 12/11/25
Convocação – confirmação de cotas e PcD: 12/11/25
Envio de títulos: 13 a 19/11/25
Procedimentos de confirmação de cotas: 8/12 a 17/12/25
Prova discursiva para habilitados na 1ª fase: 7/12/25
Previsão de divulgação da primeira lista de classificação: 30/01/2026