Saúde
Menopausa: Por que tantas mulheres ainda sofrem mesmo com tanta informação?
Entenda os desafios persistentes e a importância de um acompanhamento ginecológico humanizado e individualizado
A menopausa, apesar de ser uma fase natural da vida feminina, continua a ser acompanhada por sofrimentos físicos e emocionais por boa parte das mulheres. Mesmo vivendo em uma época com um alto volume de informações sobre saúde, bem-estar e terapias disponíveis, muitas delas ainda se sentem perdidas, desamparadas ou mal compreendidas ao atravessar o climatério e a menopausa.
“As alterações hormonais que marcam essa fase provocam mudanças profundas no corpo e na mente. No entanto, por diversos fatores — entre eles o estigma, a desinformação ou a negligência — esses sintomas muitas vezes não são tratados com o cuidado que merecem. Neste cenário, a presença ativa de um ginecologista bem preparado faz toda a diferença”, aponta a médica ginecologista Flávia Mambrini, pós-graduada em Nutrologia pela Associação Brasileira de Nutrologia (Abran) e Santa Casa de São Paulo.
As brasileiras estão entre as mulheres que mais sofrem os impactos negativos da menopausa, segundo revelou dados da pesquisa Experiência e Atitudes na Menopausa, realizada neste ano pela farmacêutica Astellas em seis países. Oito a cada dez mulheres brasileiras afirmaram sentir efeitos psicológicos negativos devido à menopausa, incluindo ansiedade (58%), depressão (26%), constrangimento (20%) e vergonha (16%).
Menopausa: um marco de transição e reestruturação
A menopausa é definida como a ausência de menstruação por 12 meses consecutivos, resultado da falência natural dos ovários e da queda dos níveis de estrogênio e progesterona. Contudo, a fase que a antecede, o climatério, pode durar anos e causar uma grande variedade de sintomas que afeta a saúde física, emocional, sexual e mental, como:
* Ondas de calor (afrontamentos) e suores noturnos;
* Fadiga, irritabilidade e alterações de humor;
* Secura vaginal, dor nas relações sexuais, redução da libido;
* Insónias e dificuldade de concentração;
* Ganho de peso e alterações na distribuição da gordura corporal;-
* Diminuição da densidade óssea e risco aumentado de osteoporose.
Por que a menopausa ainda é um problema invisível?
Mesmo com tantas informações disponíveis, a menopausa ainda é muitas vezes tratada como um “assunto menor” ou um “mal inevitável”. Isso acontece por uma série de motivos, tais como:
- Normalização do sofrimento: sintomas são vistos como “naturais” e, por isso, negligenciados ou banalizados, tanto por profissionais de saúde como pelas próprias mulheres;
- Falta de formação específica: nem todos os ginecologistas têm formação atualizada e/ou especializada em menopausa, o que prejudica um tratamento adequado;
- Estigma associado ao envelhecimento: em muitas culturas, a menopausa ainda é encarada como um sinal de perda da feminilidade, da sexualidade e da produtividade;
- Medo e desinformação sobre a terapia hormonal: mitos antigos sobre riscos da terapia hormonal ainda afastam muitas mulheres de uma opção segura e eficaz.
“O ginecologista é o profissional central no cuidado da mulher nesta fase. O seu papel vai muito além da prescrição de medicamentos. É necessário realizar uma escuta ativa e empática, compreendendo os impactos físicos e emocionais dos sintomas; avaliar de forma individualizada com base no histórico clínico, familiar e nas queixas específicas da paciente, e orientar a paciente sobre tratamentos hormonais e não hormonais, sempre com base em evidências científicas. Isso tudo além de avaliar os riscos cardiovasculares, densidade óssea e metabolismo e promover o autocuidado, autoestima e bem-estar como parte do tratamento”, explica Flávia Mambrini, que atua em Campinas, no interior de São Paulo.
A especialista ainda diz que a terapia hormonal da menopausa (THM), quando indicada de forma correta, melhora significativamente a qualidade de vida e ajuda a prevenir doenças, como osteoporose, diabetes tipo 2 e problemas cardiovasculares. “No entanto, é fundamental personalizar o tratamento, considerando o perfil e as expectativas de cada paciente”, complementa.
Enfrentar a menopausa com qualidade de vida e bem-estar é um direito de todas as mulheres. Por isso, é essencial que profissionais de saúde, em especial os ginecologistas, estejam preparados para oferecer um atendimento individualizado, atualizado e empático, rompendo com os tabus que ainda cercam essa fase da vida.
“A menopausa não deve ser vista como o fim da vitalidade feminina, mas como uma nova etapa que pode ser vivida com equilíbrio, autoconhecimento e saúde plena. O primeiro passo é garantir que cada mulher se sinta ouvida, acolhida e bem orientada — e, para isso, informação de qualidade aliada ao acompanhamento médico humanizado são ferramentas poderosas de transformação”, conclui Flávia Mambrini.
Saúde
Brasil chega a 16 mortes confirmadas de intoxicação por metanol
O Ministério da Saúde divulgou nesta quarta-feira (19) novo boletim sobre intoxicação por metanol após consumo de bebidas alcoólicas. O número de mortes subiu para 16 em todo o país. São agora 97 casos registrados, sendo 62 confirmados e 35 em investigação. No geral, 772 suspeitas foram descartadas.

São Paulo é o estado mais atingido, com 48 casos confirmados, sendo cinco em investigação. Nove óbitos são do estado. 511 notificações de intoxicação foram descartadas pelas autoridades paulistas.
As demais mortes são três no Paraná, três em Pernambuco e uma em Mato Grosso.
Há outros 10 óbitos sob análise, com cinco em São Paulo, quatro em Pernambuco e um em Minas Gerais. Mais de 50 notificações de mortes já foram descartadas.
Foram confirmadas intoxicações por metanol também em outros estados: seis no Paraná, cinco em Pernambuco, dois em Mato Grosso e um no Rio Grande do Sul.
Casos suspeitos são investigados em Pernambuco (12), no Piauí (5), no Mato Grosso (6), no Paraná (2), na Bahia (2), em Minas Gerais (1) e no Tocantins (1).
Saúde
Primeira unidade inteligente do SUS será no hospital da USP
O primeiro Instituto Tecnológico de Emergência do país, o hospital inteligente do Sistema Único de Saúde (SUS), será construído no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Segundo o Ministério da Saúde, a iniciativa poderá reduzir o tempo de espera na emergência em 25%, com atendimento passando de uma média de 120 minutos para 90 minutos.

O investimento para essa unidade, de R$ 1,7 bilhão, será garantido a partir de uma cooperação com o Banco do BRICS, que fará a avaliação final da documentação protocolada pelo ministério. A previsão é que a unidade entre em funcionamento em 2029.
Para a implantação do hospital, o governo federal assinou acordo de cooperação técnica (ACT) com o HC e a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, que cederá o terreno para a unidade. Esse era o último documento para a conclusão do pedido de financiamento junto ao banco.
A unidade faz parte da Rede Nacional de Hospitais e Serviços Inteligentes e Medicina de Alta Precisão do SUS, lançada pela pasta para modernizar a assistência hospitalar no país. A gestão da unidade e a operação serão de responsabilidade do HC, com custeio compartilhado entre o Ministério da Saúde e a secretaria de saúde do estado de São Paulo.
“Com o hospital inteligente, estamos trazendo para o Brasil aquilo que tem de mais inovador no uso da inteligência artificial, tecnologia de dispositivos médicos e da gestão integrada de dados para cuidar das pessoas e salvar vidas. Estamos tendo a chance de inovar a rede pública de saúde, e o melhor de tudo, 100% SUS. Além do primeiro hospital inteligente, também vamos expandir a rede para 13 estados com UTIs que contarão com a mesma tecnologia”, destacou Alexandre Padilha, em evento de apresentação do projeto, nesta quarta-feira (19)..
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Modernização
Além da redução do tempo de espera por atendimento no pronto-socorro, o ministério afirmou que a expectativa é que o hospital acelere o acesso a UTIs, reduza o tempo médio de internação e aumente o número de atendimentos. Isso porque a unidade será totalmente digital, com uso de inteligência artificial, telemedicina e conectividade integrada.
“O tempo em que pacientes clínicos ficam na UTI, por exemplo, passa de uma média de 48 horas para 24 horas, e o tempo de enfermaria passa de 48 horas para 36 horas. Com a integração dos sistemas será possível também reduzir custos operacionais em até 10%”, disse a pasta, em nota.
O hospital terá capacidade anual para atender 180 mil pacientes de emergência e terapia intensiva, 10 mil em neurologia e neurocirurgia e 60 mil consultas ambulatoriais de neurologia. Segundo o governo federal, a estrutura seguirá os padrões internacionais de sustentabilidade, com certificação verde e sistemas de acompanhamento de consumo energético, água e resíduos.
Saúde
OMS: 840 milhões de mulheres no mundo foram alvo de violência
Quase uma em cada três mulheres – cerca de 840 milhões em todo o mundo – já sofreu algum episódio de violência doméstica ou sexual ao longo da vida. O dado, divulgado nesta quarta-feira (19) pela Organização Mundial da Saúde (OMS), praticamente não mudou desde o ano 2000.

Apenas nos últimos 12 meses, 316 milhões de mulheres – 11% delas com 15 anos ou mais – foram vítimas de violência física ou sexual praticada pelo parceiro. “O progresso na redução da violência por parceiro íntimo tem sido dolorosamente lento, com uma queda anual de apenas 0,2% nas últimas duas décadas”, destacou a OMS.
Pela primeira vez, o relatório inclui estimativas nacionais e regionais de violência sexual praticada por alguém que não seja o parceiro. É o caso de 263 milhões de mulheres com 15 anos ou mais. “Um número que, segundo especialistas, é significativamente subnotificado devido ao estigma e ao medo”, alertou a OMS.
“A violência contra mulheres é uma das injustiças mais antigas e disseminadas da humanidade e, ainda assim, uma das menos combatidas”, avaliou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
“Nenhuma sociedade pode se considerar justa, segura ou saudável enquanto metade de sua população vive com medo”, completou, ao citar que acabar com a violência sexual contra mulheres não é apenas uma questão política, mas de dignidade, igualdade e direitos humanos.
“Por trás de cada estatística, há uma mulher ou menina cuja vida foi alterada para sempre. Empoderar mulheres e meninas não é opcional, é um pré-requisito para a paz, o desenvolvimento e a saúde. Um mundo mais seguro para as mulheres é um mundo melhor para todos”, concluiu Tedros.
Riscos
A OMS alerta que mulheres vítimas de violência enfrentam gestações indesejadas, maior risco de contrair infecções sexualmente transmissíveis e depressão. “Os serviços de saúde sexual e reprodutiva são um importante ponto de entrada para que as sobreviventes recebam o atendimento de alta qualidade de que precisam”.
O relatório destaca ainda que a violência contra mulheres começa cedo, e os riscos persistem ao longo da vida. Ao longo dos últimos 12 meses, 12,5 milhões de adolescentes com idade entre 15 e 19 anos (16% do total) sofreram violência física e/ou sexual praticada pelo parceiro.
“Embora a violência ocorra em todos os países, mulheres em países menos desenvolvidos, afetados por conflitos e vulneráveis às mudanças climáticas são afetadas de forma desproporcional”, ressaltou a OMS.
A Oceania, por exemplo, com exceção da Austrália e da Nova Zelândia, registrou uma taxa de prevalência de 38% de violência praticada por parceiro ao longo do último ano – mais de três vezes a média global, de 11%.
Apelo à ação
Segundo o relatório, mais países coletam dados para fundamentar políticas públicas de combate à violência contra a mulher, mas ainda existem lacunas significativas – sobretudo em relação à violência sexual praticada por pessoas que não são parceiros íntimos, e a grupos marginalizados como mulheres indígenas, migrantes e com deficiência.
Para acelerar o progresso global e gerar mudanças significativas na vida de mulheres e meninas afetadas pela violência, o documento apela para ações governamentais decisivas e financiamento com o objetivo de:
- Ampliar programas de prevenção baseados em evidências;
- Fortalecer serviços de saúde, jurídicos e sociais centrados nas sobreviventes;
- Investir em sistemas de dados para monitorar o progresso e alcançar grupos mais vulneráveis;
- Garantir a aplicação de leis e políticas que empoderem mulheres e meninas.



