Economia
Mulheres contraem mais dívidas e são mais empenhadas em quitá-las

Únicas responsáveis por muitas famílias de renda mais baixa, as mulheres continuam enfrentando mais o endividamento do que os homens, no país. Levantamentos realizados pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) e pela Serasa (empresa que reúne dados de crédito) mostram o impacto das dívidas para o público feminino.
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada neste mês pela CNC, mostra que, apesar de a diferença entre os gêneros ter diminuindo em relação a 2024, o percentual de mulheres endividadas (76,9%) em fevereiro deste ano ainda era superior ao percentual dos homens (76%). Em fevereiro do ano passado, a diferença era de 1,6 ponto percentual (78,8% das mulheres contra 77,2% dos homens).
“Historicamente e até hoje, existe uma diferença salarial entre homens e mulheres. Isso vem diminuindo ao longo do tempo, e tem todo um processo de maior independência feminina no mercado de trabalho, e de independência dentro da estrutura familiar. Antigamente, a diferença era ainda maior, e elas dependiam muito mais do cônjuge ou de algum outro familiar. Então, o endividamento é maior porque aquela pessoa precisa de mais crédito, já que ela tem menos renda para conseguir lidar com seu dia-a-dia e sua vida”, afirma o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares.
Merula Borges, especialista em finanças da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), ressalta que, além da diferença salarial, há problemas também na dificuldade de conseguir de crédito pelas mulheres.
“A gente percebe, no empreendedorismo feminino, que as mulheres têm mais dificuldade de tomar crédito. Elas empreendem, de maneira informal, com mais frequência”, afirma. “Elas usam a informalidade como uma forma de subsistência”
Além disso, há a questão de muitas mulheres, principalmente de faixas de renda mais baixas, terem que arcar sozinhas com as despesas familiares.
Segundo pesquisa divulgada neste mês pela Serasa, 93% das mulheres participavam financeiramente das despesas familiares e, em 33% dos lares, elas eram as únicas responsáveis. O percentual é ainda maior nas faixas de renda mais baixa (classes D e E), onde, em 43% dos casos, o encargo das despesas recai exclusivamente sobre elas.
Esses dados mostram apenas um lado do desafio enfrentado pelas mulheres, já que 90% das entrevistadas afirmaram que precisavam aliar o trabalho remunerado com as tarefas domésticas.
“As mulheres seguram a casa sozinhas, têm dupla jornada. Além disso, com todas as despesas que têm no dia a dia, para sustentar uma casa e os filhos. Mesmo assim, elas se preocupam em não ficar com valores em aberto, de não ficar com dívidas, até para não ter dificuldade em solicitar crédito”, destaca Tamires Castro, especialista da Serasa.
Segundo a pesquisa da Serasa, 40% das mulheres entrevistadas priorizam uma preocupação com as dívidas, na hora de organizar o orçamento familiar. E elas fecham 25% mais acordos que os homens no Feirão Serasa Limpa Nome, que busca regularizar a situação dos devedores para tirar seus nomes da lista de negativados (o que dificulta a concessão de crédito por outras empresas).
Segundo Felipe Tavares, mesmo tendo um grau de endividamento superior ao dos homens, as mulheres demonstram mais consciência sobre o orçamento.
“Mesmo antes, quando tinham menos independência [financeira], elas já tinham um papel muito ativo na gestão do orçamento familiar. Quando a gente vê esse aumento da renda e da independência, a administração financeira tende a ser melhor nos orçamentos geridos por mulheres”.
A dificuldade de obter crédito (47%) e o endividamento (31%) são os principais desafios financeiros apontados pelas mulheres, segundo a Serasa. Oito em cada dez mulheres (85%) já tiveram algum pedido de crédito negado.
Nos 12 meses que antecederam a pesquisa, entre as mulheres pediram crédito, a maioria foi para pagar despesas inesperadas (26%) e cartão de crédito (22%).
Dicas
“A gente vê muitos bancos oferecendo o cartão de crédito como opção para acúmulo de milhas e benefícios. Isso é, em certa medida, verdade, mas é preciso ter um cuidado. A tentação é maior nesse caso, porque não tem aquela dor imediata de ficar sem o dinheiro, consegue-se parcelar, e a dificuldade de controle é maior”, afirma Merula Borges.
Felipe Tavares destaca que nem toda dívida é ruim, já que, muitas vezes, elas permitem o acesso a bens como automóveis e eletrodomésticos. É importante, no entanto, analisar as condições do crédito antes de contrair qualquer dívida, além gerir bem o próprio orçamento.
“Ter dívidas não é algo ruim. Ter dívidas ruins é algo ruim. Se você fizer uma dívida consciente, com boas taxas, boas condições, que caiba no seu orçamento, aquilo vai ser muito benéfico para sua vida. O crédito não é problema, o problema é você gerir bem o orçamento. Então, a dica é que se preste muita atenção se a taxa de juros é pós-fixada, se ela está indexada a algum indicador de inflação, se tem algum seguro embutido ali, algum serviço embutido na dívida que pode ser tirado para ficar mais barato”.
Tamires Castro destaca que é importante controlar o orçamento, sabendo exatamente o quanto se ganha e o quanto se gasta, para evitar contrair dívidas que se tornem difíceis de pagar.
“A gente precisa ter clareza de tudo que a gente ganha e de tudo o que a gente gasta. Tem que entender o que é de fato aquilo que entra e aquilo que a gente tem de despesas fixas que não pode negociar, que a gente tem que pagar. E, como há uma preocupação das mulheres em negociar dívidas, é importante identificar descontos, para conseguir pagar as dívidas com esses descontos”.
Economia
Trabalhador pode trocar dívidas mais caras por consignado para CLT

A partir desta sexta-feira (25), os trabalhadores com empréstimo consignado ou crédito direto ao consumidor (CDC) podem migrar essas dívidas para o Crédito do Trabalhador, que fornece o recurso a trabalhadores com carteira assinada com juros mais baixos. As 70 instituições financeiras habilitadas no programa já estão autorizadas a oferecer a troca diretamente em seus aplicativos e sites.
Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, a migração ainda não está disponível na Carteira de Trabalho Digital. Nessa etapa, a portabilidade do crédito só pode ser feita no mesmo banco onde o empréstimo foi contratado.
A troca só é vantajosa nos casos em que o consignado para CLT, lançado há um mês, tenha juros mais baixos que as linhas de crédito contratadas pelo trabalhador. Em média, o CDC tem juros em torno de 7% a 8% ao mês. No programa Crédito do Trabalhador, as taxas estão um pouco acima de 3% ao mês, com alguns bancos cobrando 1,6% ao mês.
Segundo a medida provisória que lançou o Programa Crédito do Trabalhador, a redução dos juros na troca de dívida é obrigatória. Para fazer o procedimento, o trabalhador contrata um empréstimo consignado pelo Crédito do Trabalhador e quita a dívida anterior. Caso tenha margem consignável, pode pedir um novo crédito.
A obrigatoriedade da redução das taxas de juros para a troca de dívidas vale por 120 dias, até 21 de julho, conforme a medida provisória. Além disso, o banco pode oferecer diretamente aos seus clientes a opção de migrar para o Crédito do Trabalhador com as taxas reduzidas. Se o trabalhador não achar as condições vantajosas, ele pode optar pela portabilidade para outra instituição financeira.
Próximas etapas
Para o início de maio, está prevista a portabilidade entre bancos diferentes. Com a medida, o trabalhador pode transferir o CDC ou o empréstimo consignado para outra instituição financeira que ofereça juros mais vantajosos.
A troca de dívidas e a concessão de novos empréstimos serão geridas pela Dataprev. O Ministério do Trabalho e Emprego monitora diariamente as taxas de juros e o perfil dos tomadores de crédito.
A portabilidade automática de dívidas vale apenas para CDC ou empréstimos consignados tradicionais. No entanto, o trabalhador também pode contratar a linha do Programa Crédito do Trabalhador para quitar débitos no cheque especial ou no cartão de crédito. Nesses casos, será necessário primeiramente renegociar a dívida antes de contratar o empréstimo para quitá-la.
Estatística
Até as 17h de quinta-feira (24), informou o Ministério do Trabalho, foram liberados R$ 8,2 bilhões em empréstimos no Programa Crédito do Trabalhador. Ao todo, foram firmados 1.510.542 contratos, beneficiando 1.478.711 trabalhadores.
O valor médio por contrato corresponde a R$ 5.491,66, com média de 16 parcelas e prestação média de R$ 335,51. São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná são os estados com maior volume de concessões pelo novo programa.
Economia
Coaf alerta para golpistas se passando por servidores do órgão

O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão federal responsável pela prevenção à lavagem de dinheiro no Brasil, esclarece que seus servidores não entram em contato com cidadãos para solicitar dados ou informações sobre movimentações financeiras, nem para colaborar com suposta investigação em curso.
O órgão registrou relatos de cidadãos que receberam documentos supostamente emitidos pelo Coaf oferecendo ajuda em processos no órgão, mas informou que não emite qualquer tipo de “carta de reconhecimento” ou documento similar.
“Alertamos também que o Coaf não participa de qualquer tipo de ‘monitoramento’ por WhatsApp, seja diretamente ou em suposta ‘parceria’ com a Polícia Federal ou qualquer outro órgão, nem faz solicitações de transferência de quaisquer valores, muito menos com ameaça de ‘retenção’ de quem quer que seja”, explica o Coaf.
Também foram registrados relatos sobre o recebimento de supostos documentos que atribuiriam ao órgão a responsabilidade pelo bloqueio, retenção ou liberação de recursos financeiros.
“Essas informações também não procedem, pois o Coaf não tem atribuição legal e não é responsável pelo bloqueio ou pela liberação de bens ou valores de qualquer natureza”.
O Coaf recomenda que as ocorrências do gênero sejam denunciadas na plataforma Fala.BR, sem prejuízo de eventual registro dos casos junto às autoridades policiais.
Economia
Dólar cai pela sexta vez seguida e fecha em R$ 5,68

Em meio a sinais de arrefecimento na guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, o dólar caiu pela sexta vez seguida e continuou abaixo de R$ 5,70. A bolsa de valores teve a quinta alta consecutiva e subiu quase 4% na semana.
O dólar comercial encerrou esta sexta-feira (25) vendido a R$ 5,687, com recuo de apenas 0,08%. A cotação subiu durante a manhã, caiu para R$ 5,66 por volta das 13h30 e reagiu perto do fim das negociações, mas manteve a baixa.
Apenas nesta semana, a moeda norte-americana acumula queda de 2%. A divisa cai 0,29% em abril e 7,98% no ano.
Bolsa de valores
O mercado de ações também teve mais um dia de recuperação. O índice Ibovespa, da B3, fechou aos 134.739 pontos, com alta de 0,12%. O indicador chegou a cair durante a tarde, mas reagiu nos momentos finais de negociação.
A bolsa brasileira encerrou a semana com alta de 3,93%. O indicador sobe 3,44% em abril.
Tanto fatores internos como externos favoreceram a trégua no mercado financeiro nesta sexta-feira. No cenário doméstico, a divulgação de que a prévia da inflação oficial ficou dentro do esperado trouxe tranquilidade.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) ficou em 0,43% no mês, desacelerando em relação a março, quando tinha fechado em 0,64%.
No cenário internacional, o dólar voltou a subir perante as moedas de economias avançadas, mas caiu diante de moedas de países emergentes. A queda ocorreu diante de sinais do governo de Donald Trump de que a guerra comercial com a China pode ser amenizada.
Pela manhã, o presidente norte-americano disse ter conversado várias vezes com o presidente chinês, Xi Jingping, sem dar detalhes. À tarde, Trump prometeu “ser razoável” na imposição de tarifas comerciais e reiterou que está negociando com muitos países. Apesar da ausência de provas, as declarações aliviaram as pressões no mercado financeiro global.
* Com informações da Reuters