Notícias
Mulheres ritmistas enfrentam preconceito como principal desafio
O Carnaval de 2025 no Rio de Janeiro se encerrou na última quarta-feira (5) com a consagração da Beija-Flor de Nilópolis como grande campeã do Grupo Especial. Além da escola de samba da Baixada Fluminense, outras cinco agremiações participam neste sábado (8) do Desfile das Campeãs. À Agência Brasil, ritmistas que retornam ao Sambódromo da Marquês de Sapucaí comentam sobre a participação feminina nas baterias das escolas de samba, espaço ainda predominantemente masculino.
“A presença das mulheres na bateria ainda é um ato de resistência pelos desafios que passamos”, afirma Joyce Lacorte, em seu terceiro desfile pela Unidos do Viradouro.
Neste ano, a escola de samba de Niterói, vencedora do carnaval anterior, ocupou a quarta posição no Grupo Especial com o enredo “Malunguinho: O Mensageiro de Três Mundos”.
Ritmista há 15 anos, a história da bibliotecária com o carnaval começou na Império Serrano, quando fez parte da escola de percussão da agremiação para aprender a tocar tamborim. Em 2011, Joyce participou de seu primeiro desfile na agremiação do bairro de Madureira, na zona norte, que atualmente disputa na Série Ouro.
Para ela, o número de mulheres, frequentemente mais presentes em cargos como rainhas ou musas, tem aumentado nas baterias das escolas de samba, principalmente entre os naipes mais leves, como tamborim, chocalho e agogô. Entretanto, o acúmulo de funções, somado à falta de rede de apoio e ao preconceito velado, ainda dificulta a participação feminina.
“Nossa capacidade ainda é posta em dúvida a todo momento, seja por comentários sutis ou por meros sorrisos de deboche”.
Desafios
“As mulheres estão conquistando seu espaço com muita luta, muita vontade e muita resistência, porque não é fácil. No carnaval, assim como no mundo fora do carnaval, o protagonismo feminino encontra muitas barreiras. Essa conquista é lenta, mas tem acontecido”, afirma a professora de história e ritmista da Grande Rio, Dilma Marques.
Em 2019, a historiadora começou a aprender a tocar tamborim. Desde então, o sonho de Dilma se tornou fazer parte da bateria da Grande Rio, desejo que realizou em 2023, quando desfilou pela primeira vez na Escola de Samba de Duque de Caxias. “Estou numa bateria e numa ala que valoriza muito o trabalho das mulheres. Tenho muita sorte de estar numa bateria que enxerga as mulheres como ritmistas, nos valorizam e nos dão lugar de destaque”, compartilha.
“O que nos atrapalha”, continua Dilma, “é que vivemos numa sociedade machista onde mulheres no samba enfrentam jornada tripla. Temos o nosso emprego, nossa casa e filhos e a bateria. Dar conta de tudo é muito difícil. Conseguimos porque amamos o samba”.
À Agência Brasil, a ritmista defende que ainda faltam “consciência, empatia e vontade de mudança” quanto à participação feminina nas baterias das escolas de samba. “Os homens precisam chegar junto na luta e rever muitos privilégios que têm. A cabeça dos homens mais jovens já é bastante diferente, porque nasceram num mundo onde esses preconceitos são questionados constantemente”, afirma.
Movimento Mulheres no Ritmo
Criado pela ritmista Carolina Messias dos Santos, mais conhecida como Carol Santos, o coletivo Mulheres no Ritmo é responsável por registrar, por meio do audiovisual, o trabalho das mulheres em baterias de escolas de samba do Rio de Janeiro e de São Paulo, além de atuar na cobrança por equidade nas agremiações e questionar a ausência feminina em cargos de liderança.
“A presença feminina nas baterias tem crescido bastante e posso afirmar com convicção que a página Mulheres no Ritmo contribuiu muito para esse avanço. Há quase nove anos, estamos na luta pela igualdade das mulheres nas baterias, dando voz, visibilidade, exaltando, evidenciando e incentivando mais mulheres a ingressarem nesse espaço”, diz Carol.
Nascida em São Paulo, onde começou a tocar surdo de segunda pela Torcida Independente, apoiando o São Paulo Futebol Clube, em 2011 a ritmista estreou no carnaval pela escola de samba Independente Tricolor, inicialmente no chocalho e depois nos surdos de segunda e terceira. Há oito anos no Rio de Janeiro, desde 2023, Carol desfila como parte da bateria “Tem que Respeitar Meu Tamborim”, da Mangueira.
“Hoje, vemos mais mulheres tocando, ensinando e até comandando baterias. A presença feminina tem crescido não só nas baterias, mas também em cargos de direção, na parte musical e na organização das escolas. No entanto, essa evolução não aconteceu por acaso. Foi preciso que muitas mulheres enfrentassem barreiras para que outras pudessem chegar onde estão hoje”, afirma.
Como Joyce e Dilma, Carol cita “o preconceito, a resistência e a falta de oportunidades” como desafios enfrentados pelas mulheres ritmistas nas baterias das agremiações. “Muitas vezes, as mulheres precisam provar o tempo todo que são capazes. Mas o cenário tem mudado, e ver cada vez mais mulheres nas baterias me enche de esperança e orgulho. A luta ainda existe, mas estamos avançando”.
Atualmente, o movimento Mulheres no Ritmo conta com cerca de 20 ritmistas dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e Santa Catarina, realizando também a cobertura dos desfiles de carnaval nesses quatro estados. O principal objetivo do coletivo, de acordo com Carol, é “abrir caminhos e garantir que as próximas gerações tenham ainda mais espaço e reconhecimento dentro das escolas de samba”.
“Precisamos continuar ocupando esses espaços, pois temos direito a isso, seja no carnaval ou em qualquer outro setor da sociedade. Como diz o slogan do Mulheres no Ritmo: ‘Lugar de mulher é onde ela quiser’”, garante a ritmista.
*Estagiária sob supervisão de Mariana Tokarnia
Notícias
“Cada passo, cada pé, reivindica o direito à vida”, diz escritora
Dez anos depois, mulheres negras de todo o Brasil voltam a Brasília para marchar por reparação e bem-viver. Militantes, ativistas, professoras, artistas, escritoras, mulheres de terreiro, anciãs, jovens, politicas. mães, irmãs, filhas. 

O ato, que promete histórico ser histórico, carrega o embrião da revolução. Quando uma mulher negra se move, toda uma nação se move, afirma Angela Davis, amplamente citada pelas mulheres que se colocam em movimento. Mulheres que marcharam em 2015 e marcham hoje (25) novamente.
“O que marca é que a gente não desiste”, afirma a escritora Conceição Evaristo. “E não sou só eu. Eu acho que as mulheres negras não desistem, determinados políticos não desistem, a juventude que, apesar da mortandade, está aí, afirmando e construindo a dignidade”, completa.
Às vésperas de completar 79 anos, Conceição lembra que, na primeira marcha, andou bastante. E diz que neste ano vai tentar andar também.
“Acho que marchar significa, de certa forma, pisar no solo, afirmando que esse solo é seu. E aqui, você marchar, mulheres negras marcharem na capital federal, é reivindicar. Cada passo, cada pé, cada pisada que a gente dá nesse asfalto, reivindica o direito à vida e afirma que temos direito. Marchar é tomar de assalto um território que é nosso”.
Passos que vêm de longe
Os passos de Conceição Evaristo vêm de longe e estão em movimento há muitos anos. Hoje, podem ver os frutos da semeadura. Ao lembrar os primeiros tempos de militância, Conceição Evaristo conta que é de uma geração cuja preocupação era formar quadros, ou seja, formar jovens para dar continuidade à luta.
“Era muito angustiante ir para reuniões e ver as mesmas pessoas. A gente tinha a impressão de que estava sendo repetitivo”, observa.
No entanto, hoje ela consegue perceber o quanto essa militância foi fecundante, sobretudo na cultura.
“Hoje, a gente consegue ver mulheres que têm idade para serem nossas filhas, nossas netas. E sempre o nosso trabalho a partir da cultura, que é uma estratégia política que a gente usa. Quem pensa que a gente está só dançando ou cantando, é porque não prestou atenção no que dizem as nossas músicas, no que dizem os nossos corpos”, conclui.
Neste 25 de novembro de 2025, Conceição e milhares de mulheres se colocam a caminho. Brasileiras e estrangeiras. Por reparação e pelo bem-viver.
Notícias
Iphan vai deliberar sobre tombamento da sede do DOPS, no Rio
O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), estará reunido na próxima quarta-feira (26). É para deliberar sobre o tombamento definitivo do edifício (foto) da sede do antigo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), localizado na Rua da Relação, centro do Rio de Janeiro. 

O Dops teve um papel central na repressão, vigilância e tortura de opositores do regime durante a ditadura militar brasileira (1964-1985).
O pedido de tombamento se dá em razão do relevante valor histórico e artístico do imóvel. A proposta a ser apresentada pede a inscrição do prédio nos Livros do Tombo Histórico e das Belas Artes, passando a integrar oficialmente o conjunto de bens protegidos pelo Iphan. Com a ação, o instituto reafirma o compromisso de preservar os lugares de memória, ação indispensável para o fortalecimento da democracia brasileira.
Central de Polícia
Inaugurado em 1910, o edifício foi originalmente construído para sediar a Repartição Central de Polícia. Ao longo de sua história, abrigou diferentes polícias políticas encarregadas de reprimir movimentos e expressões sociais consideradas ameaças à ordem pública. Entre 1962 e 1975, o local abrigou o Departamento de Ordem Política e Social do Rio de Janeiro (DOPS-RJ), usado durante a ditadura militar para prender e torturar presos políticos.
O órgão era responsável por monitorar, investigar e reprimir movimentos sociais, sindicais, estudantis, artistas e quaisquer cidadãos considerados ameaças à ordem pública ou ao regime. As celas e salas de interrogatório, algumas com revestimento acústico, ainda preservam marcas e inscrições de presos políticos.
Além de militantes políticos, a repressão do DOPS atingiu diversas camadas da sociedade, incluindo mulheres, negros e praticantes de religiões de matriz africana, cujos objetos de culto foram apreendidos.
Atualmente, há uma campanha, com apoio do Ministério Público Federal (MPF) e de movimentos de direitos humanos (como o grupo Tortura Nunca Mais), para que o antigo prédio do DOPS seja transformado em um Centro de Memória e Direitos Humanos. A iniciativa busca transformar o local em um espaço de educação, justiça e luta contra o autoritarismo, garantindo que os horrores da ditadura não sejam esquecidos ou repetidos.
Notícias
Mega-Sena sorteia nesta terça-feira prêmio acumulado em R$ 18 milhões
As seis dezenas do concurso 2.943 da Mega-Sena serão sorteadas, a partir das 21h (horário de Brasília), no Espaço da Sorte, localizado na Avenida Paulista, nº 750, em São Paulo.

O prêmio da faixa principal está acumulado em R$ 18 milhões.
O sorteio terá transmissão ao vivo pelo canal da Caixa no YouTube e no Facebook das Loterias Caixa.
>>Siga o canal da Agência Brasil no WhatsApp
As apostas podem ser feitas até as 20h30 (horário de Brasília), nas casas lotéricas credenciadas pela Caixa, em todo o país ou pela internet.
O jogo simples, com seis números marcados, custa R$ 6.

