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Educação

Novo estatuto de servidores avança, e professores do Rio mantêm greve

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Novo estatuto de servidores avança, e professores do Rio mantêm greve
© Tânia Rêgo/Agência Brasil

Os professores da rede municipal do Rio de Janeiro decidiram manter a greve iniciada em 25 de novembro, durante assembleia realizada nesta quarta-feira (4) pelo Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe-RJ), na quadra da escola de samba São Clemente, no centro do Rio. A categoria protesta contra o Projeto de Lei Complementar (PLC) 186/2024, aprovado em primeira votação na noite de terça (3), na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

O Projeto de Lei Complementar caminha agora para a segunda discussão, a ser realizada na quinta-feira (5), quando os vereadores levarão emendas para serem discutidas em plenário, podendo ser aprovadas ou não. Os professores marcaram para a próxima quinta, a partir das 14h, um ato em frente à Câmara para continuar pressionando contra o projeto. Uma nova assembleia, às 10h de sexta, definirá os rumos da mobilização.

Proposto pela Prefeitura do Rio de Janeiro, o projeto altera o estatuto dos funcionários públicos municipais, prevendo mudanças no regime de trabalho e nas contratações.  Entre as principais estão o cálculo da carga horária dos professores — que passa a ser em minutos, sendo a “hora” compreendida como o período de 60 minutos, e não mais 50 minutos, como anteriormente —, o aumento do período de estágio probatório de dois para três anos, o fim da licença prêmio e férias de 30 dias, divisíveis em até três períodos.

A coordenadora-geral do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação, Samantha Guedes, considera que o projeto é um ataque que não se limita aos professores e atinge também os outros funcionários de escolas e creches. “Esse PL, na verdade, é um duro ataque sobre os profissionais da educação. Há décadas, sofremos com a falta de estrutura e com a precarização do trabalho que está ocasionando um adoecimento em massa da categoria, e o objetivo é justamente a privatização”.

Procurada pela Agência Brasil, a Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro respondeu que “tem dialogado de forma constante com representantes dos professores” e lembrou que a pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. “A rede municipal está próxima do encerramento do ano letivo e seguirá o planejamento normal do calendário escolar, sem alterações”, concluiu.

Protesto

Diante da insatisfação com a proposta, apelidada de “pacote de maldades”, o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) realizou um ato em frente à Câmara Municipal, no Centro do Rio, na noite de terça (3), para tentar impedir a aprovação do projeto no legislativo. Os profissionais de educação denunciam que foram agredidos pela Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) com bombas de efeito moral, balas de borracha e cassetetes durante o ato.  

“É lamentável que haja repressão da PM aos educadores. O Sepe não aceita essa situação, que visa diminuir a pressão sobre os vereadores por parte da educação, de resto, uma ação legítima de quem luta pelos seus direitos”,  diz o sindicato.

A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que equipes do 5ºBPM, do batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidões (RECOM) e do Batalhão de Polícia de Choque atuaram na manifestação. “Foi necessário o uso de armamento de menor potencial ofensivo para conter um tumulto. A situação foi controlada e o policiamento continua intensificado na região”, disse a corporação.

Professores municipais votam em assembleia, na quadra da Escola de Samba São Clemente, pela continuação da greve e contra o projeto de lei complementar que propõe mudanças no regime de trabalho e nas contratações no funcionalismo municipal (PLC 186/2024). Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

À Agência Brasil, a coordenadora-geral do Sepe argumenta que os alunos serão os mais afetados pela mudança proposta pela prefeitura. Ela avalia que os professores perderão tempo extraclasse para planejar formas de mediar as aulas.

“Quanto ao parcelamento das férias, primeiro que não se tem o quantitativo de profissionais suficientes nas estruturas, sempre vai faltar aquele profissional que está de férias. Sem contar que, se você que está em uma escola ou uma creche, precisa ter um descanso mental, precisa ter um descanso auditivo, e 10 dias não são o suficiente para isso. Os 30 dias têm a ver com a nossa saúde”, acrescenta.

A coordenadora geral também diz que o texto garante aumento da quantidade de vagas em escolas e em creches, mas acredita que isso não se concretizará na realidade.

“A educação anda de acordo com os interesses do mercado econômico. Nesse momento, temos uma mão de obra excedente, então vamos maltratar os professores, os educadores, não vamos valorizar mais”, reafirma. “A grande verdade é essa, vamos precarizar mais. Querem desmoralizar os educadores, é isso que querem fazer”.

*Estagiária sob supervisão de Vinícius Lisboa

Com informações: agenciabrasil.ebc.com.br

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Educação

Estudante de 91 anos abrilhanta formatura de Escola Estadual na UNG

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Estudante de 91 anos abrilhanta formatura de Escola Estadual na UNG
UNG/Cris Pappi

Dona Yolanda é exemplo de que não existe idade para começar a estudar

A Universidade Guarulhos (UNG) recebeu, na última quarta-feira (11), a Escola Estadual Padre Conrado Sivila para o Juntos na Formatura, evento que integra o Projeto Educare. Entre os formandos, um destaque especial emocionou a todos: Dona Yolanda Ribeiro, de 91 anos. Ela concluiu com entusiasmo seus estudos na Educação de Jovens e Adultos (EJA), transformando um antigo sonho em realidade.

Com uma memória invejável e simpatia, a formanda recordou que os estudos não foram possíveis em sua infância por não existir, naquela época, escola em sua cidade, no sul de Minas Gerais. “Aos 11 anos, vim para São Paulo acompanhar uma amiga e já comecei a trabalhar, dando sequência na minha vida. Encontrei meu marido, me casei, tive filhos e formei todos eles. Agora, chegou a minha vez de estudar e realizar o sonho de escrever meu nome nos documentos”, contou.

Durante o período de estudos, Yolanda teve o apoio de sua família, especialmente de sua filha Vera Lúcia, que a acompanhou em algumas aulas. De acordo com Érica Borges Machado, professora de Matemática na modalidade EJA, a aluna era exemplo de dedicação. “Dona Yolanda foi uma discente querida por todos. Dificilmente faltava. Além de trabalhar a alfabetização, buscamos desenvolver as potencialidades apresentadas por ela durante o curso. E as aulas foram importantes também para a sua socialização”, destacou.

A solenidade contou com a presença do professor e diretor de Área da UNG, Marcelo Rosa. Ele fez questão de parabenizar Dona Yolanda. “É uma alegria para a UNG participar deste momento tão importante na vida dessa senhora. Ela é um exemplo de que não existe idade para estudar e realizar sonhos. Basta ter vontade e determinação”, afirmou.

Assim como a Escola Padre Conrado Sivila, mais de 30 instituições da rede de ensinos pública e privada passarão pela Universidade, entre dezembro e janeiro, para realizar a cerimônia de colação de grau dos estudantes do Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA). Isso é possível graças ao programa Juntos na Formatura, do Projeto Educare.

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Educação

Quando a educação inclui, todos ganham

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Quando a educação inclui, todos ganham
Divulgação

Com 33,8% dos estudantes enfrentando dificuldades de aprendizagem, especialista destaca a importância do preparo docente

À medida que o ano letivo de 2024 se aproxima do fim, a educação segue enfrentando um grande desafio: incluir estudantes com dificuldades de aprendizagem no ambiente escolar. Contudo, a capacitação adequada dos professores tem se mostrado essencial para não apenas garantir a inclusão, mas também impulsionar resultados positivos tanto para os alunos quanto para os educadores.

Um estudo realizado este ano pela Equidade.info, iniciativa da Escola de Educação da Universidade de Stanford, em parceria com o Stanford Lemann Center e a Fundação Itaú, revelou que 12,8% dos estudantes brasileiros apresentam deficiências ou transtornos de aprendizagem. Esse número é semelhante ao dos Estados Unidos (12%) e está próximo da média internacional. Guilherme Lichand, um dos pesquisadores responsáveis, destaca que esses dados mostram a importância de uma abordagem mais estruturada na formação docente.

Desafios crescentes na sala de aula

O cenário educacional brasileiro enfrenta um desafio significativo. Segundo o Instituto NeuroSaber, entre 15% e 20% das crianças podem apresentar dificuldades de aprendizagem nos primeiros anos escolares, com esse número podendo chegar a 30% ou até 50% dependendo do contexto. Paralelamente, o Inep reporta que o percentual de alunos com dificuldade para ler e escrever saltou de 15,5% em 2019 para 33,8% em 2022.

Diante desse panorama, a preparação específica dos professores se torna essencial. “A formação docente deve ir além do conteúdo acadêmico, abrangendo estratégias de ensino diferenciadas e uma compreensão mais profunda das necessidades individuais dos alunos”, afirma Roberta Cassará Scalzaretto -especialista na formação de professores voltada para a primeira infância.

Como a capacitação transforma o aprendizado

Maximiliano João dos Santos, pai de Emilly dos Santos, aluna do 6º ano, compartilha sua vivência com uma criança com transtorno de déficit de atenção. “Minha filha enfrentava grandes dificuldades para compreender o que os professores ensinavam, o que causava nela muita frustração e ansiedade. Entretanto, quando uma professora decidiu realmente ajudar minha filha, oferecendo a atenção que ela precisava, a situação mudou. Ela começou a entender melhor as disciplinas e isso se refletiu em uma melhora significativa em suas notas”, conta.

A capacitação de professores voltada à inclusão não apenas auxilia os alunos com dificuldades de aprendizagem, mas também beneficia toda a comunidade escolar. Métodos adaptativos, como o ensino colaborativo e o uso de TA (tecnologias assistivas), tornam o aprendizado mais acessível e dinâmico para todos.

Roberta ressalta: “Quando o professor está capacitado, ele consegue identificar precocemente as dificuldades de aprendizagem, implementar intervenções eficazes e criar um ambiente onde todos os alunos se sintam valorizados”.

Além disso, o impacto positivo vai além da sala de aula. “Um professor bem preparado não apenas transforma o desempenho dos estudantes, mas também contribui para diminuir as taxas de abandono escolar e ampliar as perspectivas de futuro dos alunos”, complementa o especialista.

Um futuro inclusivo na educação

Investir na formação de professores é investir no futuro. Ao capacitar educadores para lidar com as diversidades e desafios da sala de aula, a escola se torna um espaço verdadeiramente inclusivo, onde cada estudante tem a oportunidade de desenvolver seu potencial. “Não se trata apenas de ensinar, mas de transformar vidas. E isso começa com um professor preparado e comprometido”, conclui o especialista.

A construção de um sistema educacional inclusivo depende de esforços coletivos e do entendimento de que cada aluno, independentemente de suas dificuldades e até mesmo de suas habilidades extras, merece um ensino de qualidade e adaptado às suas necessidades.

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Educação

Uma a cada 3 famílias diz que filhos não aprendem o esperado na escola

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Uma a cada 3 famílias diz que filhos não aprendem o esperado na escola
© Sam Balye/Unsplash

Pais, mães e responsáveis estão preocupados com a permanência e com o aprendizado dos filhos na escola. Pelo menos um a cada três responsáveis acredita que os filhos não estão aprendendo o esperado para a idade. Diante dessa situação, 91% acreditam que é preciso fortalecer o ensino de matemática e mais de 80% apoiam a ampliação de atividades artísticas, esportivas e culturais, além da inclusão de temas sobre diversidade étnico-racial.

As informações fazem parte da pesquisa Opinião das Famílias: Percepções e Contribuições para a Educação Municipal, realizada pelo Instituto Datafolha com 4.969 pais e/ou responsáveis por crianças e adolescentes de 6 a 18 anos que estudam em escolas públicas de redes municipais de ensino. A pesquisa foi encomendada pela Fundação Itaú e pelo Todos Pela Educação.

“Acho que esses dados mostram um cenário, de fato, de preocupação. Os pais desses estudantes veem que existem diversos desafios olhando para o contexto da escola, que têm estudantes que estão abandonando, que esses estudantes não estão muito motivados para ir para a escola, que eles não estão aprendendo”, diz a coordenadora de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação, Natália Fregonesi.

Para ela, isso é uma sinalização importante para os governantes: “É uma percepção da sociedade de que a educação precisa melhorar. Então, acho que é uma sinalização muito importante para os governadores, para os prefeitos, para todos os governantes, de que é preciso investir e dar prioridade política para a educação”, diz.

A pesquisa mostra uma preocupação com a permanência escolar: metade (51%) dos responsáveis concordam que “muitos estudantes estão abandonando a escola”. Entre as famílias com menor rendimento, de até um salário mínimo, esse percentual é maior, 53%. Entre aquelas com maior rendimento, de mais de cinco salários mínimos, esse percentual cai para 37%.

Considerando apenas os responsáveis por estudantes dos anos finais do ensino fundamental, do 6º ao 9º ano, o abandono escolar é uma preocupação mencionada pela maioria (57%) das famílias dos estudantes.

A qualidade da aprendizagem também é preocupação dos pais. Entre os responsáveis por estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental, do 1º ao 5º ano, 36% não acreditam que seus filhos estão adquirindo o conhecimento esperado para a idade. Já nos anos finais, essa porcentagem é ainda maior, 41%.

Mais aulas

Os responsáveis acreditam que os estudantes precisam de mais reforço nas escolas. Nove em cada dez (91%) acreditam que é imprescindível fortalecer o ensino de matemática nos currículos escolares. Além disso, mais de 80% apoiam a ampliação de atividades artísticas, esportivas e culturais, além da inclusão de temas sobre diversidade étnico-racial.

“Esse ponto de melhoria do ensino da matemática é um ponto que apareceu muito forte na pesquisa. Acho que é algo bastante perceptível para os pais que acompanham esses estudantes em casa, que veem as dificuldades. É um ponto que de fato precisa ser priorizado e isso está na percepção dos pais, mas está também nos resultados educacionais. Então, quando a gente olha para os índices educacionais do Brasil, a gente vê que existe uma lacuna muito grande, especialmente em matemática, em que o país não consegue avançar”, diz Fregonesi.

Essa lacuna ficou evidente em pesquisa internacional divulgada recentemente que mostrou que mais da metade dos estudantes brasileiros do ensino fundamental não domina conhecimentos básicos de matemática. De acordo com os resultados do Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências (Timss), divulgado este mês, esses

Isso significa, por exemplo, que a maior parte dos estudantes do Brasil do 4º ano do ensino fundamental não foi capaz de resolver questões de soma de números em matemática ou mesmo, em ciências, identificar que plantas precisam de luz para sobreviver.

Escolas em tempo integral

Quando perguntados sobre a ação prioritária para as próximas gestões municipais na educação, a expansão do número de escolas em tempo integral aparece em primeiro lugar, apontada por 30% dos entrevistados.

“Nas escolas de tempo integral, para além das atividades curriculares que já tem na escola regular, se abre uma possibilidade de oferecer outras atividades e outras disciplinas para esses estudantes. Então, é possível ter mais momentos, por exemplo, de reforço de matemática, é possível ter mais momentos de aulas voltadas para habilidades artísticas”, diz a coordenadora. 

Em 2023, o governo federal lançou o . O programa prevê o aumento das vagas em tempo integral, ou seja, com uma jornada igual ou superior a 7 horas diárias ou 35 horas semanais. Para isso, a União irá repassar recursos e oferecer assistência técnica a estados, municípios e Distrito Federal. A meta é alcançar, até 2026, cerca de 3,2 milhões de matrículas. 

Outras prioridades elencadas para os novos gestores incluem a necessidade de aprimorar a infraestrutura escolar (20%) e as condições de trabalho dos professores (17%), bem como realizar investimentos na alfabetização dos estudantes (17%).

As melhorias de infraestrutura são demandas mais presentes principalmente entre famílias das regiões Norte (23%) e Nordeste (26%). Na região Sudeste, apenas 12% consideram esse tipo de melhoria como prioritária.

Valorização dos professores

A pesquisa mostra também que as famílias reconhecem que os professores são o elemento mais importante para a garantia da aprendizagem de crianças e adolescentes. Os resultados mostram que 70% dos pais e responsáveis relataram que os filhos se sentem acolhidos pelos professores. Além disso, itens como maior acompanhamento do desenvolvimento dos alunos e melhor formação e qualificação dos docentes receberam 86% de concordância entre os entrevistados como centrais para a melhoria da aprendizagem dos estudantes.

“Isso é muito interessante para mostrar o quanto que os professores, de fato, são reconhecidos como tendo essa importância na vida dos estudantes”, diz Fregonesi. “É mais um sinal para os nossos governantes de que, de fato, esses são os profissionais mais importantes para garantir a aprendizagem dos estudantes. Então, é preciso investir nesses profissionais, dar boas condições de trabalho, valorização, garantir sua formação, sua qualificação”, defende.

A pesquisa foi realizada entre julho e agosto de 2024. Foram feitas tanto entrevistas pessoais com abordagem dos entrevistados em pontos de fluxo populacional, distribuídos geograficamente nas áreas pesquisadas, nas cinco regiões do país, quanto abordagens telefônica a partir de sorteio aleatório de números de telefones celulares distribuídos de acordo com o código DDD.

Com informações: agenciabrasil.ebc.com.br

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