Internacional
O medo de voltar: Por que até quem tem Green Card têm receio de viajar para fora dos EUA?

Mesmo em situação legal e com o Green Card em mãos, muitos residentes permanentes dos Estados Unidos têm demonstrado crescente apreensão ao viajar para fora do país — especialmente durante a atual era política sob o comando de Donald Trump. Esse receio, embora em parte emocional, possui fundamentos reais no cenário imigratório dos últimos anos.
A legislação americana impõe critérios rígidos para a reentrada de residentes permanentes. Quem permanece fora dos EUA por mais de seis meses consecutivos, por exemplo, pode levantar dúvidas junto ao CBP (Customs and Border Protection) sobre o possível abandono do status de residente. Após esse prazo, presume-se uma ausência significativa. Se o tempo no exterior ultrapassar um ano, o Green Card pode ser considerado abandonado, a menos que o residente tenha um Reentry Permit válido.
Mesmo assim, a apreensão de muitos imigrantes vai além da letra da lei. A atual política de imigração do governo Trump, aliada à ampliação do poder discricionário dos agentes de imigração, criou um ambiente de insegurança jurídica. Muitos relatos de residentes legais retidos, interrogados, encaminhados para inspeção secundária alimentaram o temor de que até mesmo pequenos deslizes, como erros fiscais ou explicações vagas sobre ausências, possam ser usados como base para ações severas.
É permitido ao CBP questionar o viajante, reter documentos, ou mesmo iniciar um processo de remoção com base na percepção de que o residente violou os termos do seu status. Questões como vínculos excessivos com o exterior (endereço, emprego, família), condenações criminais (mesmo antigas ou menores), pendências com a Receita Federal ou histórico de possíveis fraudes imigratórias podem complicar o retorno ao país, mesmo com o Green Card em situação ativa.
A advogada de imigração Ingrid Domingues McConville, com mais de 30 anos de atuação nos EUA, explica que: “Ter um Green Card não é, por si só, garantia absoluta de reentrada. A residência permanente exige vínculo contínuo com os Estados Unidos, e o comportamento do residente — como ausências prolongadas, vínculos mantidos fora do país ou condutas mal documentadas — pode colocar esse status em risco.”
Nesse contexto, ela recomenda evitar viagens longas sem justificativa clara, manter documentação que comprove os laços com os EUA e, em casos de ausência superior a 180 dias ou qualquer situação atípica, consultar um advogado de imigração antes de sair do país.
Além disso, é importante destacar que a política imigratória recente não tem como alvo apenas imigrantes indocumentados. Sob o governo Trump, estão sendo reabertos casos antigos de naturalização e residência, com mudanças de interpretação que tornaram passíveis de remoção situações anteriormente irrelevantes — como pequenas omissões em processos antigos ou questões tributárias já resolvidas. Nestas revisões retroativas de casos antigos de naturalização ou residência, estão sendo buscadas fraudes ou omissões, por mínimas que sejam.
Diante desse cenário, cresce a desinformação em grupos de WhatsApp, fóruns e redes sociais. É comum a circulação de boatos, relatos isolados ou generalizações alarmistas que acabam gerando medo desnecessário e decisões equivocadas.
Segundo a Dra. Ingrid “A melhor forma de se proteger é buscar orientação jurídica qualificada. Evite confiar em conversas de grupo ou redes sociais. Consulte fontes oficiais como o site do USCIS, acompanhe publicações jurídicas confiáveis e, diante de qualquer dúvida específica, fale com um advogado licenciado que possa analisar seu caso individualmente. Informação responsável é a chave para segurança e tranquilidade.”
Acompanhe a Dra. Ingrid Domingues McConville e saiba mais sobre vistos e imigração.
Internacional
Número de autocracias supera o de democracias no mundo, diz estudo

As autocracias passaram a ser maioria no mundo, segundo o Relatório da Democracia 2025, do Instituto V-Dem, ligado à Universidade de Gotemburgo, na Suécia. Os dados do estudo mostram que o mundo tinha, ao final de 2024, 88 democracias e 91 autocracias, uma inversão em relação ao ano anterior. Anualmente, o instituto publica dados sobre a situação da democracia no mundo.
O levantamento considera autocracia o regime político em que o poder está concentrado em uma pessoa ou grupo político, com pouco ou nenhum controle democrático, e liberdades civis e políticas restringidas. No caso da democracia, há eleições multipartidárias, livres e justas; graus satisfatórios de sufrágio, liberdade de expressão e liberdade de associação e restrições judiciais e legislativas ao Poder Executivo são cumpridas, juntamente com a proteção das liberdades civis e a igualdade perante a lei.
De acordo com o relatório, cerca de três em cada quatro pessoas no mundo, ou 72% (5,8 bilhões de pessoas), vivem atualmente em autocracias – o nível mais elevado desde 1978. Os pesquisadores analisaram 179 países em 2024.
Segundo o texto, os regimes autocráticos estão concentrados no Oriente Médio, norte de África, Ásia do Sul e Central, e na África Subsariana. Já os países democráticos são mais comuns na Europa Ocidental e na América do Norte, assim como em algumas partes do Leste Asiático e do Pacífico, na Europa do Leste e na América do Sul.
Polarização e desinformação
O levantamento coloca a desinformação e a polarização política entre as principais ameaças às democracias. De acordo com o estudo, a desinformação é utilizada pelos governos autocráticos para inflacionar propositadamente sentimentos negativos na população e criar um sentimento de desconfiança.
Já a polarização serve para reduzir a confiança nas instituições governamentais.
“Estudos sugerem que a polarização se torna frequentemente uma ajuda para os governos espalharem a desinformação, enfraquecendo a democracia. Se a polarização for elevada, os cidadãos estão mais dispostos a trocar os princípios democráticos por outros interesses ou a ajudar o seu lado a ganhar. A votação do Brexit e as eleições presidenciais de 2016 nos EUA são dois exemplos proeminentes em que este padrão se verificou”, aponta o estudo.
De acordo com o relatório, a polarização política aumentou significativamente em nove países, considerando eleições ocorridas em 2024.
O relatório faz menção ao cenário político nos Estados Unidos, “onde níveis tóxicos de polarização definiram, em grande parte, os debates durante as eleições de 2024”. O estudo faz uma observação que “alguns aspectos da democracia nos EUA já estivessem a ser afetados em 2024, os dados do V-Dem ainda não captam os desenvolvimentos recentes e extremamente preocupantes”.
Violência política e ataque à imprensa
O levantamento mostra ainda que a violência política e o aumento dos ataques aos meios de comunicação social foram os componentes da democracia que mais sofreram durante os pleitos eleitorais de 2024 no mundo.
“Quase um quarto de todas as eleições realizadas em 2024 – 14 em 61 – foram marcadas por um aumento na violência política. Por exemplo, o México realizou a sua eleição mais sangrenta da história recente, com pelo menos 37 concorrentes assassinados, e existiram tentativas de assassinato do primeiro-ministro na Eslováquia e do, então, candidato Trump”.
Internacional
Secretário dos EUA diz que entrada em vigor de tarifas não será adiada

O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, disse que as tarifas aos produtos brasileiros previstas para iniciarem em 1º de agosto não serão adiadas. Os produtos importados do Brasil pelos EUA serão taxados em 50%.
A afirmação foi feita neste domingo (27) durante entrevista do secretário ao programa Fox News Sunday.
“Com certeza não haverá mais prorrogações, não haverá mais [período de] carência. As tarifas estão programadas para o dia 1º de agosto. Colocaremos a Alfândega para começar a coletar o dinheiro”, disse.
Lutnick afirmou que o presidente Donald Trump estará aberto a “negociar e conversar com as grandes economias”. Ele, no entanto, ponderou que tais conversas podem esbarrar em dificuldades.
“Obviamente, após 1º de agosto, as pessoas ainda poderão falar com o presidente Trump. Ele está sempre disposto a ouvir. Até lá, acho que o presidente vai falar com muitas pessoas. Se elas podem fazê-lo feliz é outra questão”, acrescentou.
Entenda
No dia 9 de julho, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em que anuncia a imposição de uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras ao país norte-americano a partir do dia 1º de agosto.
No documento, Trump diz ter adotado a medida sob a justificativa de que o ex-presidente Jair Bolsonaro, que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, estaria sofrendo perseguição política.
Os Estados Unidos também iniciaram uma investigação interna contra práticas comerciais do Brasil que consideram supostamente “desleais”. Entre elas, o Pix.
O governo de Trump também revogou os vistos do ministro Alexandre de Moraes, seus familiares e “aliados na Corte”.
Na última sexta-feira (25), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que está aberto a negociar com Trump e disse que o presidente dos Estados Unidos foi induzido a acreditar “em uma mentira”. O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro da Indústria, Comércio e Serviço, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, lideram as iniciativas para uma solução diplomática com o país norte-americano. O governo também criou um comitê para discutir as taxações com o setor produtivo brasileiro.
Internacional
Gaza tem mais 5 mortes por fome em 24 horas, aponta Palestina

Pelo menos mais cinco pessoas morreram de fome e desnutrição em hospitais em Gaza nas últimas 24 horas, segundo registrou o ministério da Saúde da Palestina neste sábado (26). A informação foi divulgada em canal oficial no Telegram do órgão.Ainda de acordo com o governo palestino, com mais essas perdas, o número total de mortes por fome e desnutrição chega a 127 pessoas, sendo que 85 vítimas eram crianças.
Outra informação é que, também nas últimas 24 horas, pelo menos mais 29 pessoas morreram em hospitais locais em função dos ataques israelenses.
Caminhões com ajuda
O governo acrescentou que estava previsto para este sábado o ingresso de seis caminhões do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) com suprimentos médicos para entrar nos hospitais da Faixa de Gaza. “Eles não contêm nenhum item alimentar. Os itens que devem chegar são de grande importância e necessidade urgente para continuar a prestar assistência médica aos feridos e doentes e salvar vidas”.
Ainda neste sábado, relatório do ministério da Saúde aponta que, em 24 horas, chegaram ao hospital de Gaza 512 pessoas feridas pelos ataques militares de Israel.
“Várias vítimas ainda estão sob os escombros e nas ruas, pois as equipes de ambulância e defesa civil não conseguiram chegar até elas até o momento”, destacou o governo palestino.
“Há caminhões”
Durante a semana, o governo de Israel, em declaração na internet, rejeitou as críticas das entidades internacionais sobre o fornecimento de ajuda humanitária a Gaza.
“Neste momento crítico de negociações, elas (as críticas) estão ecoando a propaganda do Hamas e prejudicando as chances de um cessar-fogo. Instamos todas as organizações a deixarem de usar os argumentos do Hamas”.
O governo de Israel argumenta que cerca de 4,5 mil caminhões entraram em Gaza. “Há mais de 700 caminhões de ajuda humanitária dentro de Gaza”, apontou Israel.
“Cadáveres ambulantes”
Por outro lado, a ONU divulgou, na quinta (24), fala do comissário-geral da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (Unrwa), Philippe Lazzarini: “pessoas em Gaza não estão nem mortas nem vivas, são cadáveres ambulantes”.
Ele acrescentou haver funcionários que atuam pelas causas humanitáris “desmaiando de fome” durante a atuação profissional.