Economia
O que são CBDC e por que esse assunto está em alta?

CBDC são moedas digitais que estão sendo emitidas por Bancos Centrais
CBDC é a sigla para “Central Bank Digital Curency”. Trata-se de uma moeda digital que é emitida e administrada por bancos centrais, como a tradução do nome sugere. Esta moeda digital tem a regulamentação destes bancos centrais.
Os bancos centrais estão investindo na criação de CBDC para conseguir acompanhar o crescimento desta economia digital. Esta é uma forma que estas instituições encontraram para garantir ainda mais esta inovação tecnológica, prezando por maior inclusão e segurança.
Quais as vantagens da CBDCs para a economia?
A implantação da CBDC na economia traz consigo uma série de vantagens. Uma delas é a redução da burocracia ao falar das transações de moedas digitais, uma vez que teria o banco central por trás. Outra questão é a segurança. Este tipo de moeda é regulamentada por uma autoridade central, garantindo mais segurança e estabilidade ao sistema financeiro.
Além disso, as transações com CBDCs são mais fáceis de lidar. Isso porque costumam ser instantâneas e menos custosa, justamente por ter esta regulamentação do Banco Central por trás. Matheus Medeiros, CEO da Futokens, traz uma explicação maior do que está por trás deste tipo de moeda digital.
“Os CBDCs oferecem vantagens significativas para a economia ao promover a inclusão financeira, reduzir custos de transação e aumentar a segurança. Além disso, como são controladas pelos Bancos Centrais, elas proporcionam uma maior estabilidade ao sistema financeiro, permitindo um controle mais eficiente da política monetária e uma melhor resposta a crises econômicas”, explica Matheus Medeiros.
CBDC também são moedas digitais mais seguras por serem mais tranquilas de se rastrear. Isso ajuda no combate de alguns crimes como lavagem de dinheiro ou até mesmo evasão fiscal. Ou seja, é uma tendência que pode crescer cada vez mais ao falar deste cenário.
CBDCs versus Criptomoedas Descentralizadas
A principal diferença entre as CBDCs e as criptomoedas descentralizadas é a autoridade central. Como tratado, a CBDC tem a maior autoridade financeira de um país por trás. Enquanto isso, as criptomoedas descentralizadas não têm um órgão regulador no controle.
Ou seja, por essa questão da regulação, uma comparação que pode ser feita entre as duas é a questão da segurança. Criptomoedas descentralizadas, como o Bitcoin e o Ethereum, embora protegidas por tecnologias de blockchain, estão sujeitas a variações extremas de valor e a vulnerabilidades em exchanges. Matheus Medeiros se aprofundou sobre o assunto.
“As CBDCs são mais seguras porque são supervisionadas pelos Bancos Centrais, garantindo maior proteção para quem usa. Já as criptomoedas descentralizadas, mesmo sendo protegidas por tecnologias como o blockchain, podem ter mudanças bruscas de valor e estar vulneráveis a ataques nas plataformas de troca onde são negociadas”, disse o CEO da Futokens.
Quanto aos valores, existem métodos de comparação da mesma forma. No caso das CBDCs, elas são atreladas ao valor da moeda oficial. Já algumas criptomoedas descentralizadas, como o Bitcoin, apresentam uma maior volatilidade. Stablecoins, por outro lado, são um tipo específico de criptomoeda descentralizada que mantém seu valor atrelado a moedas fiduciárias, como o dólar, e tendem a ser mais estáveis.
Casos de CBDCs em desenvolvimento ao redor do mundo
Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), existem mais de 100 países que estão avaliando a implementação de CBDCs de alguma forma.
Países como Bahamas, Jamaica e Nigéria já colocaram suas CBDCs em circulação, enquanto a União Europeia, Reino Unido, China, Índia e Brasil estão avançando rapidamente nesse processo.
No Brasil, a CBDC será chamada de Drex. No caso, o real – moeda brasileira -, será representada em cripto desta forma. Será, de fato, uma moeda nacional, não estando enquadrada como um token, por exemplo.
Mas em outros lugares, como União Europeia, existem estudos para a implementação de uma moeda digital em formato de CBDC. “Com o avanço da digitalização, as CBDCs têm o potencial de transformar o futuro do sistema financeiro global, sendo uma alternativa segura e regulada às criptomoedas descentralizadas, ao mesmo tempo em que promovem inclusão financeira e tornam as transações mais eficientes”, destacou Matheus Medeiros, da Futokens.
As CBDCs representam uma evolução significativa no mundo financeiro, combinando a segurança e a regulamentação dos Bancos Centrais com a inovação digital. A tendência é que cada vez mais os países abracem tal tipo de economia digital.
Economia
Brics: Lula defende espaço fiscal para erradicar doenças no Sul Global

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu mais espaço fiscal (gasto público) para que países do Sul Global possam assegurar vida saudável às populações. A declaração foi na abertura do segundo dia da cúpula de líderes dos países do Brics, nesta segunda-feira (7), no Rio de Janeiro.
“Não há direito à saúde sem investimento em saneamento básico, alimentação adequada, educação de qualidade, moradia digna, trabalho e renda”, disse Lula o presidente.
“Implementar o ODS 3 — saúde e bem-estar — requer espaço fiscal”, completou. O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 3 (ODS 3) é uma das metas da Organização das Nações Unidas. Já o espaço fiscal é a capacidade de os governos ampliarem gastos.
Em sua intervenção à frente dos demais líderes do Brics, Lula chamou atenção para as doenças determinadas por questões sociais, que atingem os países do Sul Global – nações em desenvolvimento que partilham problemas sociais.
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“No Brasil e no mundo, a renda, a escolaridade, o gênero, a raça e o local de nascimento determinam quem adoece e quem morre”, declarou. “Muitas das doenças que matam milhares em nossos países, como o mal de Chagas e a cólera, já teriam sido erradicadas se atingissem o Norte Global”, acrescentou.
Lula afirmou que o Brics aposta na ciência e na transferência de tecnologias “para colocar a vida em primeiro lugar” e que é urgente recuperar o protagonismo da Organização Mundial da Saúde (OMS) como foro legítimo para o enfrentamento às pandemias e a defesa da saúde dos povos.
O presidente Lula adiantou que o Brics lançará nesta segunda-feira uma parceria para a eliminação de doenças socialmente determinadas, que se propõem a superar desigualdades com ações voltadas para infraestrutura física e digital.
Ele apontou, ainda, que o Brics já alcançou avanços concretos, como a consolidação da Rede de Pesquisa de Tuberculose, com apoio do Novo Banco de Desenvolvimento (também conhecido como Banco do Brics) e da Organização Mundial da Saúde, assim como a cooperação regulatória em produtos médicos. “Estamos liderando pelo exemplo”, disse o presidente. “Colocando a dignidade humana no centro de nossas decisões”.
Entenda o Brics
O Brics é formado por 11 países-membros: África do Sul, Arábia Saudita, Brasil, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia, Índia, Irã e Rússia. Essas nações representam 39% da economia mundial e 48,5% da população do planeta. Os países que têm status de parceiros são Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã. Os parceiros não têm poder de voto nos debates.
O Brics se identifica como nações do Sul Global e busca mais cooperação entre si e tratamento mais equânime em organismos internacionais.
Os países-membros se alternam ano a ano na presidência. O Brasil será sucedido pela Índia em 2026.
Perguntas e respostas sobre o Brics
Economia
Mercado financeiro reduz previsão da inflação para 5,18%

A previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – considerado a inflação oficial do país – passou de 5,2% para 5,18% este ano. É a sexta redução seguida na estimativa, publicada no Boletim Focus desta segunda-feira (30), em Brasília. A pesquisa é divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC) com a expectativa de instituições financeiras para os principais indicadores econômicos.
Para 2026, a projeção da inflação permaneceu em 4,5%. Para 2027 e 2028, as previsões são de 4% e 3,8%, respectivamente.
A estimativa para 2025 está acima do teto da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior 4,5%.
Em maio, a inflação oficial fechou em 0,26%. O resultado mostra desaceleração após o IPCA ter marcado 0,43% em abril. O índice – divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – acumula taxas de 2,75% no ano e de 5,32% em 12 meses.
Juros básicos
Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, definida em 15% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom).
Apesar do recuo recente da inflação, as incertezas em relação à economia fizeram o colegiado elevar os juros em 0,25 ponto percentual na última reunião, no mês passado, sendo o sétimo aumento seguido da Selic em um ciclo de contração na política monetária.
Em ata, o Copom informou que deverá manter os juros no mesmo patamar nas próximas reuniões, enquanto observa os efeitos do ciclo de alta da Selic sobre a economia. No entanto, não descartou mais aumentos, caso a inflação suba.
A decisão surpreendeu parte do mercado financeiro, que não esperava um novo aumento e, nesse cenário, a estimativa dos analistas é que a taxa básica encerre 2025 em 15% ao ano.
Para o fim de 2026, a expectativa é de que a taxa básica caia para 12,5% ao ano. Para 2027 e 2028, a previsão é que ela seja reduzida novamente para 10,5% ao ano e 10% ao ano, respectivamente.
Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Mas, além da Selic, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas. Assim, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia.
Quando a taxa Selic é reduzida a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.
PIB e câmbio
A estimativa das instituições financeiras para o crescimento da economia brasileira este ano passou de 2,21% para 2,23% nesta edição do Boletim Focus. Para 2026, a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB – a soma dos bens e serviços produzidos no país) foi reduzida de 1,87% para 1,86%. Para 2027 e 2028, o mercado financeiro estima expansão do PIB em 2%, para os dois anos.
Puxada pela agropecuária no primeiro trimestre de 2025, a economia brasileira cresceu 1,4%, de acordo com o IBGE. Em 2024, o PIB fechou com alta de 3,4%. O resultado representa o quarto ano seguido de crescimento, sendo a maior expansão desde 2021 quando o PIB alcançou 4,8%.
A previsão da cotação do dólar está em R$ 5,70 para o fim deste ano. No fim de 2026, estima-se que a moeda norte-americana fique em R$ 5,75.
Economia
Brics pede renegociação de dívidas de países pobres dentro do G20

Os países do Brics defenderam a renegociação de dívidas de economias de renda baixa e média dentro de um mecanismo sugerido pelo G20 (grupo das 19 maiores economias do planeta, mais União Europeia e União Africana). A sugestão consta da Declaração de Líderes do Brics, assinada neste domingo (6) pelos países membros e associados ao grupo.
O documento defendeu um tratamento “holístico” ao endividamento internacional, principalmente de países mais pobres afetados por choques econômicos internacionais nos últimos anos. O texto ressalta que juros altos e condições de crédito internacional mais restritas pioram as vulnerabilidades de muitos países.
“Acreditamos que é necessário enfrentar adequada e holisticamente o endividamento internacional para apoiar a recuperação econômica e o desenvolvimento sustentável, considerando as leis e os procedimentos internos de cada nação, acompanhados por endividamento externo sustentável e responsabilidade fiscal”, destacou o documento.
O Brics pediu a implementação do Marco Comum do G20 para Tratamento da Dívida. Acertado na reunião do G20, no ano passado, o mecanismo prevê discussões bilaterais entre governos, credores privados e bancos multilaterais de desenvolvimento, como Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento e Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como Banco do Brics.
“Um dos instrumentos, entre outros, para lidar coletivamente com vulnerabilidades relacionadas à dívida é a implementação previsível, ordenada, oportuna e coordenada do Marco Comum do G20 para Tratamento da Dívida, com a participação de credores bilaterais oficiais, credores privados e Bancos Multilaterais de Desenvolvimento (MDBs em inglês), em conformidade com o princípio de ação conjunta e repartição justa de encargos”, destacou o documento.
Mecanismo de garantias
A declaração final também mencionou o início das discussões sobre uma iniciativa de Garantias Multilaterais (GMB), defendeu a criação de um mecanismo de garantias entre os países do Brics. Esse instrumento pretende reunir ativos de vários países para cobrir eventuais inadimplências. Caso entre em prática, esse sistema resulta em juros mais baixos para empréstimos e financiamentos externos.
“A GMB visa oferecer instrumentos de garantia personalizados para reduzir o risco de investimentos estratégicos e melhorar a credibilidade, no Bricas e no Sul Global. Com base nas lições aprendidas nas experiências internacionais, concordamos com as diretrizes para incubar a GMB dentro do NDB [Novo Banco de Desenvolvimento] como uma iniciativa piloto, começando com seus membros, sem aportes de capital adicionais. Esperamos desenvolver essa iniciativa piloto ao longo de 2025, com vistas a relatar o progresso na Cúpula do Brics de 2026”, destacou.
A declaração conjunta dos ministros de Finanças e presidentes dos Bancos Centrais do Brics, divulgada sábado (5) à noite, previa a criação de um mecanismo semelhante para financiamentos climáticos e investimentos em infraestrutura.
O texto final dos líderes do Brics também mencionou outros mecanismos acordados pelos ministros de Finanças e presidentes dos Bancos Centrais, como a revisão do Acordo de Reservas Contingentes (ARC) para incluir novas moedas. O ARC é um mecanismo de ajuda financeira mútua criado em 2014 em caso de dificuldades no balanço de pagamentos (contas externas e investimentos estrangeiros) por países de média e de baixa renda.
Brics
O Brics é um bloco que reúne representantes de 11 países membros permanentes: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Indonésia. Também participam os países parceiros: Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Tailândia, Cuba, Uganda, Malásia, Nigéria, Vietnã e Uzbequistão. Sob a presidência do Brasil, a 17ª Reunião de Cúpula do Brics ocorre no Rio de Janeiro nos dias 6 e 7 de julho.
Os 11 países representam 39% da economia mundial, 48,5% da população do planeta e 23% do comércio global. Em 2024, países do Brics receberam 36% de tudo que foi exportado pelo Brasil, enquanto nós compramos desses países 34% do total do que importamos.