Internacional
ONGs condenam Israel pelos assassinatos de mais 2 jornalistas em Gaza

Organizações não governamentais (ONG) que defendem a liberdade de expressão e o trabalho da imprensa condenaram Israel pelos assassinatos de mais dois jornalistas na Faixa de Gaza, entre eles, o profissional da TV Al-Jazeera, o palestino Hossam Shabat.
A ONG Repórteres sem Fronteira (RSF) acusa o governo israelense de promover um “apagão da mídia” com cerca de 200 profissionais de mídia assassinados em Gaza desde o dia 7 de outubro de 2023, incluindo 43 jornalistas alvejados enquanto trabalhavam.
“A RSF apela à comunidade internacional para pressionar urgentemente o governo israelense a acabar com o massacre de jornalistas palestinos”, diz o comunicado da ONG publicado nesta terça-feira (25).
O profissional Hossam Shabat, de 23 anos de idade, foi morto por um drone israelense contra o veículo que o transportava na tarde de segunda-feira (24). Hossam atuava no norte de Gaza, a região mais castigada pela guerra, sendo um dos poucos profissionais no norte do território e um dos rostos mais conhecidos da imprensa local.
Após sua morte, a equipe que trabalhava com Hossam publicou em uma rede social o texto que o jornalista preparou para quando fosse morto por Israel.
“Se você está lendo isso, significa que fui morto – provavelmente um alvo – pelas forças de ocupação israelenses. Nos últimos 18 meses, dediquei cada momento da minha vida ao meu povo. Documentei os horrores no norte de Gaza minuto a minuto, determinado a mostrar ao mundo a verdade que eles tentaram enterrar”, diz a mensagem.
Além de Shabat, também foi assassinado no mesmo dia o jornalista da TV Palestine Today Mohammad Mansour, segundo informou o Sindicato de Jornalistas Palestinos.
Os assassinatos dos jornalistas também foram condenados pela ONG internacional Comitê de Proteção de Jornalistas (CPJ).
“A comunidade internacional deve agir rápido para garantir que os jornalistas sejam mantidos seguros e responsabilizar Israel pelas mortes de Hossam Shabat e Mohammed Mansour. Jornalistas são civis e é ilegal atacá-los em uma zona de guerra”, denuncia o diretor de programa do CPJ, em Nova York, Carlos Martinez de la Serna.
Apagão da mídia
O RSF alega que Israel promove um “apagão da mídia” com o assassinato de mais de 200 jornalistas.
“Desde 2023, a RSF apresentou quatro queixas ao Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra cometidos contra jornalistas por Israel e alertou contra a tentativa de Israel de impor um ‘apagão da mídia’ no território”, diz a organização.
O grupo afirma que, mesmo durante a trégua, as autoridades israelenses se recusaram a levantar o bloqueio em Gaza para permitir que a imprensa internacional e os jornalistas exilados de Gaza retornassem.
Israel acusa jornalistas
Por meio de nota, as Forças de Defesa de Israel (FDI) voltaram a acusar o jornalista Hossam Shabat de ser um atirador de elite do Hamas e de realizar ataques contra tropas e civis israelenses.
“Um terrorista atirador do Batalhão Beit Hanoun da organização terrorista Hamas, que cinicamente se passou por um jornalista da Al-Jazeera. Em outubro de 2024, a IDF e a ISA expuseram a afiliação direta do terrorista com a ala militar da organização terrorista Hamas”, acusa o comunicado israelense.
O RSF argumenta que carecem de provas os documentos usados por Israel para acusar, além de Hossam, outros cinco jornalistas da TV Al-Jazeera.
“As acusações não podem de forma alguma justificar seu assassinato, pois são baseadas em documentos que de forma alguma constituem que o jornalista tinha qualquer afiliação com o Exército. Esse padrão muito familiar alimenta o massacre sem precedentes de jornalistas em Gaza”, afirmou o chefe do RSF para o Oriente Médio, Jonathan Dagher.
Segundo a organização, esse tipo de acusação é recorrente contra outros jornalistas mortos pelo Exército israelense, como Ismail al-Ghoul, Hamza al-Dahdouh e Mustafa Thuraya.
“Uma investigação da RSF descobriu que os documentos publicados pelos militares israelenses sobre Hossam Shabat careciam gravemente de provas de que esses jornalistas eram afiliados aos militares”, completou a nota da RSF.
Para o Comitê de Proteção dos Jornalistas (CPJ), as acusações de Israel contra os jornalistas são infundadas e justificam a matança de membros da imprensa.
“Shabat disse ao CPJ em outubro que não era membro do Hamas. ‘Nós transmitimos a verdade sobre a Al Jazeera, e nos movemos dentro das áreas classificadas por Israel como seguras’, disse Shabat. ‘Somos cidadãos, e transmitimos suas vozes. Nosso único crime é que transmitimos a imagem e a verdade’”, destacou a organização de defesa da liberdade de expressão.
Internacional
Brasil e França devem fazer nova declaração climática visando a COP30

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva viaja à França, entre os dias 4 e 9 de junho, para uma visita de Estado que não é realizada há 13 anos por um chefe de governo brasileiro. A última ocorreu em 2012, durante o mandato de Dilma Rousseff. Um dos pontos altos da agenda deverá ser o anúncio de uma nova declaração climática conjunta dos dois países, em um dos encontros bilaterais entre Lula e o presidente francês, Emmanuel Macron.
“Há expectativa de adoção de uma nova declaração dos dois líderes sobre a mudança do clima considerando o engajamento dentro dos países nesse tema e a necessidade de maior mobilização internacional para a COP30 [Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas], sediada pelo Brasil. Também esperamos acordar a criação de um corredor marítimo descarbonizado com a França”, pontuou o embaixador Flávio Goldman, diretor do Departamento de Europa do Ministério das Relações Exteriores, em entrevista a imprensa na última sexta-feira (30), para detalhar sobre a viagem.
Ao todo, os dois presidentes devem assinar 20 atos bilaterais, envolvendo acordos de cooperação na área de vacinas, de segurança pública, de educação e de ciência e tecnologia. Um anúncio de investimentos entre os dois países também é esperado. Atualmente, a corrente de comércio entre Brasil e França é de US$ 9,1 bilhões, segundo dados de 2024, alta de 8% em relação a 2023. A França é o terceiro país que mais investe no Brasil, com mais de US$ 66,3 bilhões em estoque.
“A visita acontece num momento muito positivo do relacionamento bilateral, com aproximação em diversas áreas. Durante sua passagem pela França, Lula terá vários encontros com Emmanuel Macron, nos quais ele discutirá aspectos relevantes do relacionamento bilateral e temas da agenda internacional de importância dos dois países, como a necessidade de reforma da governança global, a defesa do multilateralismo, o combate ao extremismo e a preparação para a COP30”, destacou Goldman.
Lula e comitiva embarcam na próxima quarta-feira (4), e o primeiro compromisso, em Paris, será no dia seguinte, com a cerimônia oficial de chegada ao Pátio de Honra da Esplanada dos Inválidos, na área norte do edifício Hotel des Invalides. O local sedia cerimônias militares francesas e é frequentemente utilizado para desfiles e outros eventos.
Em seguida, o presidente brasileiro se reúne com Macron no Palácio do Eliseu, sede do governo francês, em uma reunião entre as delegações dos dois países e que será seguida por uma cerimônia de assinatura de atos, além de declarações à imprensa.
Reconhecimento
No dia 6 de junho, Lula receberá o título de Doutor Honoris Causa na Universidade Paris 8. No mesmo dia, ele fará uma visita à exposição sobre o ano do Brasil na França, no Grand Palais, o principal centro de convenções do país. De acordo com o Palácio Itamaraty, a programação da temporada brasileira na França compreenderá diversas atividades até setembro, em mais de 50 cidades francesas. Elas incluirão iniciativas tanto na área artística quanto nas de cooperação acadêmica, científica, tecnológica, educativa e ambiental, com o objetivo de longo prazo de fortalecer os laços entre os países.
Ainda no âmbito cultural, o presidente Lula receberá uma homenagem na Academia Francesa. A Academia foi criada em 1635, e, em seus quase 400 anos de história, apenas outros 19 chefes de Estados foram homenageados em sessão oficial. Antes dele, o único brasileiro reconhecido pela honraria havia sido Dom Pedro II, em 1872.
Está prevista também a participação de Lula na sessão do Fórum Econômico Brasil-França. O encontro reunirá autoridades e líderes empresariais de ambos os países.
Certificação sanitária
Ainda neste dia, Lula participará de um evento que formaliza o reconhecimento do status do Brasil como país livre da febre aftosa sem vacinação. O reconhecimento foi aprovado na reunião da assembleia-geral da entidade, em 29 de maio.
O presidente brasileiro deverá se encontrar com a prefeita de Paris, Ane Hidalgo, e viajará a Toulon, onde manterá outro encontro com Macron, desta vez na Base da Marinha Francesa, para tratar do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (ProSub), uma retribuição à mesma agenda realizada pelo francês, em março do ano passado, durante sua visita de Estado ao Brasil.
COP dos Oceanos
No dia 8 de junho, Lula foi convidado a participar, em Mônaco, de evento sobre a economia azul, com enfoque na questão da utilização econômica e mobilização de financiamento para a conservação dos oceanos. No dia seguinte, o presidente vai a Nice para participar da Terceira Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos, que deve reunir ao menos 60 chefes de Estado.
Em Lyon, Lula deve visitar ainda a sede da Interpol, a organização policial internacional, atualmente comandada pelo brasileiro Valdecy Urquiza, delegado da Polícia Federal.
Internacional
Lula reafirma que guerra em Gaza é genocídio e que judeus são contra

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou o posicionamento brasileiro em defesa do fim dos conflitos que estão ocorrendo entre Israel e Palestina; e entre Rússia e Ucrânia. As afirmações foram feitas neste domingo (1º) em Brasília, durante o encerramento da convenção do PSB, partido que integra a base do governo federal.
Durante o discurso, o presidente brasileiro leu a íntegra da nota emitida hoje pelo Itamaraty, condenando “nos mais fortes termos” o anúncio feito por Israel, de que aprovava mais 22 assentamentos israelenses na Cisjordânia – território que, segundo a nota, é “parte integrante do Estado da Palestina”.
Israel x Palestina
Sob os gritos de “Palestina Livre” por parte dos presentes, Lula reiterou afirmações feitas anteriormente, de que essa guerra não é desejada nem pelo povo judeu, nem pelo povo de Israel. “Essa guerra é uma vingança de um governo contra a possibilidade da criação do Estado Palestino. Por detrás do massacre em busca do Hamas, o que existe na verdade é a ideia de assumir a responsabilidade e ser dono do território de Gaza”, disse Lula.
“O que nós estamos vendo não é uma guerra entre dois exércitos preparados, em campo de batalha com as mesmas armas. É um exército altamente profissionalizado matando mulheres e crianças indefesas na Faixa de Gaza. Isso não é uma guerra. É um genocídio contra e em desrespeito a todas as decisões da ONU, que já pediu o fim essa guerra”, acrescentou.
Rússia x Ucrânia
Lula manifestou também posição contrária à guerra entre Rússia e Ucrânia. Ele lembrou das conversas que teve com o presidente Russo, Vladimir Putin, na qual teria falado que já estava na hora de os dois países fazerem um acordo, dando fim ao conflito.
“O Brasil também foi contra a ocupação territorial feita pela Rússia. A gente não quer guerra. O mundo está precisando de paz, de harmonia, o mundo está precisando de livros e não de armas. É dessas coisas que as pessoas têm de compreender”, disse Lula.
“O mundo gastou o ano passado US$ 2,4 trilhões em armas, enquanto 733 milhões de seres humanos vão dormir toda a noite sem ter o que comer. Não por falta de alimento, mas por falta de dinheiro para as pessoas comprarem os alimentos. Se esse dinheiro gasto em armas fosse gasto em comida, teríamos todo mundo com a barriga cheia, todo mundo saudável”, argumentou o presidente.
Reformas no Conselho de Segurança
Lula voltou a defender mudanças no Conselho de Segurança da ONU, como forma de dar mais força a uma entidade que, segundo ele, tem se mostrado frágil e desrespeitada por conta de decisões unilaterais de membros de seu conselho.
“Os EUA invadiram o Iraque por conta própria, sem consultar a ONU. A França e a Inglaterra invadiram a Líbia sem consultar ninguém. E Israel fez o que está fazendo sem consultar ninguém. A Rússia também invadiu a Ucrânia sem consultar ninguém. Se os membros do Conselho de Segurança da ONU não se respeitam e não discutem coletivamente, a ONU perdeu credibilidade”, afirmou Lula.
O presidente brasileiro disse que luta para mudar este conselho, de forma a incluir, entre seus integrantes, Alemanha, África, Índia, Japão e Brasil, além de México e Argentina. “O que nós queremos é que o mundo esteja melhor representado na ONU, para que a gente possa evitar esse desconforto”, complementou.
Internacional
Governo brasileiro condena novos assentamentos de Israel na Palestina

A aprovação, pelo governo de Israel, de mais 22 assentamentos israelenses em território palestino foi duramente criticada pelo governo brasileiro. Trata-se, segundo o Itamaraty, de uma “flagrante ilegalidade perante o direito internacional”, repudiado pelo Brasil.
“O governo brasileiro condena, nos mais fortes termos, o anúncio pelo governo israelense, realizado no dia 29 de maio, da aprovação de 22 novos assentamentos na Cisjordânia, território que é parte integrante do Estado da Palestina”, se manifestou por meio de nota neste domingo (1º) o Ministério das Relações Exteriores.
Mais cedo, durante a convenção nacional do PSB, em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva leu a nota emitida pelo Itamaraty e reiterou as críticas ao que classifica como “genocídio” praticado por Israel contra os palestinos.
“Essa guerra é uma vingança de um governo contra a possibilidade da criação do estado Palestino. Por detrás do massacre em busca do Hamas, o que existe na verdade é a ideia de assumir a responsabilidade e ser dono do território de Gaza”, afirmou Lula.
“Não é uma guerra entre dois exércitos equipados. O que vemos é um exército altamente especializado atacando mulheres e crianças. Isso não é uma guerra. É genocídio”, completou Lula.
Flagrante ilegalidade
De acordo com a diplomacia brasileira, “essa decisão constitui flagrante ilegalidade perante o direito internacional e contraria frontalmente o parecer consultivo da Corte Internacional de Justiça de 19 de julho de 2024”, acrescentou.
A Corte à qual o MRE se refere considerou ilícita a “contínua presença de Israel no território palestino ocupado”, e cobra a obrigação de Israel em cessar, imediatamente, quaisquer novas atividades em assentamentos, além de evacuar todos os seus moradores do território.
Repúdio
“O Brasil repudia as recorrentes medidas unilaterais tomadas pelo governo israelense, que, ao imporem situação equivalente a anexação do território palestino ocupado, comprometem a implementação da solução de dois Estados”, complementou.
A nota reafirma o “histórico compromisso” do Brasil com um Estado da Palestina “independente e viável, convivendo em paz e segurança ao lado de Israel, nas fronteiras de 1967, incluindo a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, com capital em Jerusalém Oriental”.
O anúncio da aprovação dos 22 novos assentamentos judaicos na Cisjordânia ocupada foi dado pelo ministro das Finanças israelense, Bezalel Smotrich na quinta-feira (29). Smotrich é de extrema-direita e defensor da soberania de Israel sobre a Cisjordânia.