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Saúde

Ozempic: alerta para perda de massa muscular

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Ozempic: alerta para perda de massa muscular
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Especialista atenta para os riscos à saúde metabólica e funcional durante tratamentos de perda de peso

A busca por tratamentos eficazes para o controle do peso e do diabetes tem levado muitos a optarem por medicamentos como o Ozempic, que tem ganhado popularidade nos últimos tempos. Porém, um aspecto importante que merece atenção é a perda de massa muscular, que pode ocorrer durante a redução de peso induzida por esses medicamentos. Embora o Ozempic, cujo princípio ativo é a semaglutida, seja altamente eficaz no controle glicêmico e na promoção da perda de peso, a rápida eliminação de gordura pode ocorrer. Esse efeito, infelizmente, pode também afetar a massa muscular, comprometendo a força e a saúde metabólica.

” A popularização de medicamentos como o Ozempic é preocupante porque eles estão sendo amplamente usados para outros fins que não os inicialmente estabelecidos. O emagrecimento rápido causado por esses produtos pode levar a uma significativa perda de massa muscular, o que traz riscos à saúde musculoesquelética, especialmente em pessoas que já possuem condições de fragilidade ou praticam pouca atividade física. É essencial que o uso seja acompanhado por profissionais especializados para evitar danos à saúde.”, explica Thiago Lima, ortopedista da Casa de Saúde São José.

O Ozempic faz parte de uma classe de medicamentos chamada agonistas do receptor GLP-1, utilizados no tratamento do diabetes tipo 2 e, mais recentemente, na gestão do peso. Comprovado em estudos clínicos, o medicamento é capaz de reduzir o peso corporal em até 14,9% após 68 semanas de tratamento. Além disso, tem demonstrado benefícios para a saúde cardiovascular, reduzindo riscos de eventos adversos em pacientes com obesidade ou sobrepeso. A crescente popularidade desses medicamentos reflete a busca por alternativas não invasivas, como a substituição das cirurgias bariátricas, que vêm caindo em número, enquanto o uso de medicamentos para emagrecimento aumentou 123% entre 2022 e 2023 nos Estados Unidos.

No entanto, é essencial lembrar que a perda de peso rápida pode resultar não apenas em uma diminuição da gordura corporal, mas também na perda de massa muscular. Esse fator pode impactar negativamente a funcionalidade do corpo, prejudicando a força e o metabolismo.

O médico da Casa de Saúde São José, alerta: “A preservação da massa muscular é fundamental para manter a saúde metabólica e prevenir complicações no futuro, como perda de mobilidade e problemas articulares, especialmente em pacientes mais velhos. A combinação de perda de peso com exercícios de resistência é uma forma eficaz de minimizar esses riscos.”

Para evitar esse efeito, profissionais de saúde recomendam que a perda de peso seja acompanhada de perto, com foco em estratégias para preservar a musculatura, como exercícios resistidos (atividade que aumenta a força dos músculos com o levantamento de pesos ou o uso de faixas elásticas) e uma alimentação rica em proteínas.

Embora os efeitos colaterais do Ozempic sejam geralmente limitados a sintomas gastrointestinais, como náuseas, vômitos e diarreia, é fundamental que o uso desses medicamentos seja supervisionado por um médico. Os benefícios, como a redução do peso e o controle glicêmico, continuam a superar os riscos, mas é importante que a abordagem terapêutica seja personalizada para garantir os melhores resultados, com a preservação da saúde muscular e metabólica.

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Saúde

Como evitar as principais doenças do verão e suas complicações em crianças e adultos

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Como evitar as principais doenças do verão e suas complicações em crianças e adultos
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Inflamação no ouvido, micoses, bicho-geográfico e intoxicações alimentares são algumas das enfermidades relacionadas ao uso mais frequente de praias e piscinas durante o verão. Especialistas do Hospital Santa Catarina – Paulista dão dicas sobre prevenção, para que você possa aproveitar o verão sem dor de cabeça

Com a chegada do verão, as altas temperaturas e a umidade do ar trazem benefícios, mas também aumentam os riscos de diversas doenças, principalmente aquelas relacionadas à exposição prolongada ao sol, à água de praias e piscinas, e ao aumento de atividades ao ar livre. Entre as condições mais comuns dessa estação estão infecções no ouvido, micoses, bicho-geográfico e intoxicações alimentares. Especialistas do Hospital Santa Catarina – Paulista alertam sobre os cuidados necessários para prevenir essas doenças, garantindo que todos possam aproveitar o período sem contratempos.

Desidratação – Calor

A desidratação é uma das complicações mais comuns no verão, especialmente entre crianças e idosos. Com o aumento das temperaturas, o corpo perde uma quantidade significativa de líquidos devido ao suor excessivo e à falta de ingestão adequada de líquidos. Os sintomas incluem boca seca, fraqueza, tontura, urina escura e, em casos mais graves, confusão mental. O Dr. Renato Altikes, gastroenterologista do Hospital Santa Catarina – Paulista, alerta que a desidratação pode agravar quadros de intoxicação alimentar e levar a complicações mais graves. “É essencial manter-se hidratado, bebendo bastante água, água de coco ou isotônicos, e evitar bebidas com cafeína e ao consumir bebidas alcoólicas, fazer com moderação, pois elas podem piorar a desidratação”, explica. Para prevenir, é importante beber líquidos regularmente, especialmente durante atividades físicas ao ar livre.

Otite – Infecção no Ouvido

A otite, especialmente a otite externa, é uma das doenças mais recorrentes no verão. A infecção no ouvido acontece com mais frequência devido à maior exposição à água do mar ou das piscinas, que podem permanecer no canal auditivo, criando o ambiente propício para a proliferação de bactérias. Crianças, por exemplo, estão mais propensas a esse tipo de infecção devido ao hábito de brincar na água.

De acordo com o Dr. Ali Mahmoud, otorrinolaringologista do Hospital Santa Catarina – Paulista, para prevenir a otite, é essencial diminuir o tempo de imersão na água e evitar o uso de hastes flexíveis para limpeza do ouvido. “A inserção de hastes flexíveis pode machucar a pele do canal auditivo e facilitar a entrada de bactérias, resultando na infecção”, explica o especialista. Caso os sintomas como dor intensa no ouvido e secreção apareçam, é importante buscar ajuda médica para o tratamento adequado, que pode envolver o uso de medicamentos tópicos ou orais.

 Micose e Bicho-Geográfico – Infecções Fúngicas e Parasitas

O aumento da umidade e das altas temperaturas no verão favorece a proliferação de fungos e parasitas, tornando as micoses e o bicho-geográfico mais comuns. As micoses são infecções causadas por fungos, enquanto o bicho-geográfico é uma infecção parasitária provocada por vermes encontrados em ambientes contaminados, como praias e áreas rurais. Crianças que brincam descalças na areia ou em grama úmida estão particularmente expostas a esses riscos.

A Dra. Carolina Pellegrini, dermatologista do Hospital Santa Catarina – Paulista, recomenda cuidados básicos de higiene para prevenir essas doenças. “Manter a pele seca, especialmente nas áreas de dobras como entre os dedos e nas virilhas, e evitar andar descalço em ambientes públicos como vestiários e praias não higienizadas é fundamental”, explica a dermatologista. Além disso, evitar o uso prolongado de roupas molhadas também ajuda a prevenir as micoses.

Em relação ao bicho-geográfico, a prevenção envolve o uso de calçados e o cuidado ao se sentar diretamente no chão ou na areia. O tratamento das micoses geralmente envolve antifúngicos tópicos, enquanto o bicho-geográfico requer a remoção da larva por um profissional de saúde, o que nunca deve ser feito de forma caseira, pois pode causar complicações.

Intoxicação Alimentar – Cuidados com a Alimentação

O verão também é marcado por um aumento no número de casos de intoxicação alimentar, um problema comum durante as viagens e festas típicas da estação. O calor favorece a multiplicação de bactérias nos alimentos, principalmente quando não são armazenados corretamente, causando intoxicação alimentar. As principais manifestações da doença incluem diarreia, vômitos, febre e dores abdominais.

O Dr. Renato Altikes, gastroenterologista do Hospital Santa Catarina – Paulista, alerta para a importância de manter uma alimentação segura durante o verão. “O aumento da temperatura facilita a decomposição dos alimentos e a proliferação de micro-organismos, por isso é fundamental manter os alimentos refrigerados adequadamente e cozinhar bem carnes, ovos e peixe”, recomenda o especialista. Para prevenir, também é importante lavar bem as mãos antes de manusear os alimentos e garantir que frutas e vegetais sejam bem higienizados. Se surgirem sintomas como desidratação, vômitos persistentes ou febre alta, é necessário procurar atendimento médico imediatamente.

 Prevenção

 Embora as doenças no verão sejam comuns, a maior parte delas pode ser facilmente evitada com alguns cuidados simples, como a higienização adequada, o uso de protetor solar, o consumo de alimentos bem armazenados e a utilização de roupas frescas e secas. Além disso, o uso de calçados adequados em locais públicos e o cuidado com o tempo de exposição ao sol e à água são fundamentais para reduzir o risco de infecções. 

 “Prevenir doenças no verão é mais fácil do que se imagina, basta ter consciência dos cuidados necessários para proteger a saúde das crianças e adultos”, conclui o Dr. Ali Mahmoud. Com os cuidados certos, é possível curtir o verão sem preocupações, mantendo o bem-estar de toda a família.

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Saúde

Litoral de São Paulo enfrenta aumento em casos de virose

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Litoral de São Paulo enfrenta aumento em casos de virose
© Carlos Nogueira/Prefeitura de Santos

Turistas e moradores de cidades do litoral paulista, principalmente da Baixada Santista, reclamam do aumento de casos de virose após as festas de final de ano. Eles vêm relatando sintomas como vômito, dor abdominal e diarreia. Também afirmam estar sofrendo com hospitais lotados e falta de remédios em farmácias.

Em entrevista à Rádio Bandeirantes, o prefeito Alberto Mourão, de Praia Grande (SP), informou que cerca de sete mil pessoas foram atendidas nos três prontos-socorros da cidade nas últimas 48 horas. Isso representa um aumento de 40% em relação ao mesmo período do ano passado.

Por meio de nota, a Secretaria de Saúde Pública (Sesap) de Praia Grande (SP) confirmou que as unidades de urgência e emergência estão realizando atendimentos relacionados a casos de virose com maior frequência nesses primeiros dias de 2025. O aumento de casos estaria relacionado ao grande número de turistas que visitam a cidade nessa época do ano, com pico de cerca de 2 milhões de pessoas durante a virada do ano.

O número de casos total, no entanto, não foi informado pela secretaria. “De acordo com protocolo do Ministério da Saúde, não é necessário produzir a notificação dos casos de virose, somente em um quadro de surto, o que não condiz com o cenário atual do município”, diz a nota da prefeitura de Praia Grande.

Santos

Os casos também cresceram em Santos. A prefeitura da cidade observou crescimento nos casos de virose em três unidades de pronto-atendimento (UPA) desde o mês de novembro. Em novembro foram contabilizados 2.147 atendimentos, em dezembro foram 2.264 e nos dois primeiros dias deste ano já foram atendidas 273 pessoas com sintomas de virose.

Segundo a prefeitura santista, os casos de virose costumam aumentar no verão, já que as férias, aglomeração de pessoas, o consumo de alimentos de origem desconhecida e as enchentes causadas pelas chuvas são fatores de risco.

“Santos é uma cidade turística, que historicamente registra um grande aumento da população flutuante entre os meses de dezembro e fevereiro. A Ecovias, concessionária do Sistema Anchieta-Imigrantes, estima que, até o final de fevereiro, 3,6 milhões de veículos passarão pelo sistema a caminho das cidades da Baixada Santista”, informou a administração municipal de Santos.

Em São Vicente, a prefeitura contabilizou 1.657 atendimentos por sintomas relacionados a virose em novembro nos serviços municipais e 1.754 em dezembro. A Secretaria de Saúde de São Vicente informou que notou “um aumento no volume de atendimentos no início deste ano devido a possíveis fatores que favorecem os casos de virose no período do verão”.

Já no Guarujá houve reforço de médicos e enfermeiros no sistema municipal para lidar com o aumento de casos o que, segundo a prefeitura, fez diminuir o tempo de espera que, em uma das UPAs chegou a ser de quatro horas ontem e passou para cerca de duas horas hoje.

“A prefeitura notificou a Sabesp sobre a possibilidade de vazamentos e ligações clandestinas de esgoto na região da Enseada, que podem ser a causa do aumento dos casos de virose na cidade, mas não obteve resposta. A prefeitura aguarda também o resultado de análises encaminhadas ao Instituto Adolfo Lutz para tentar esclarecer a origem dos casos de GECA (gastroenterocolite aguda), uma doença que causa inflamação no estômago, intestino delgado e intestino grosso”, informou a prefeitura do Guarujá.

Por meio de nota, o governo de São Paulo escreveu que a Sabesp está fazendo um monitoramento, mas que até o momento não observou qualquer ocorrência que tenha alterado a qualidade da água fornecida na Baixada Santista.

Virose

A virose é como se chama qualquer doença causada por um vírus que nem sempre pode ser identificado, embora os mais comuns sejam provocados por adenovírus e rotavírus. As principais viroses são respiratórias ou gastrointestinais. A transmissão ocorre pelas vias respiratórias, a partir de gotículas expelidas por tosse ou espirro, ou pelo consumo de alimentos contaminados por bactérias e outros microrganismos. 

As viroses afetam principalmente o trato gastrointestinal [sistema digestivo]. Os principais sintomas são diarreia, febre, vômito, enjoo, falta de apetite, dor muscular, dor na barriga, dor de cabeça, secreção nasal e tosse, que podem durar entre um dia e uma semana. O principal tratamento é a hidratação.

“Para diminuir os sintomas é preciso ficar em repouso, beber muita água ou isotônicos, evitar leite e derivados, café, refrigerantes, alimentos gordurosos, grãos e alimentos crus. Além, é claro, de procurar atendimento médico caso os sintomas persistam por mais de 12 horas”, disse Marco Chacon, coordenador da Vigilância Sanitária de Guarujá.

Entre as principais formas de prevenção de viroses estão as práticas de higiene e consumo adequado de alimentos, lavando sempre as mãos antes e depois de utilizar o banheiro e ao manipular e preparar alimentos. Também é importante evitar a ingestão de alimentos mal cozidos e de água ou sucos de procedência desconhecida.

Monitoramento

O governo de São Paulo também orienta a população para se atentar à qualidade do mar e buscar informações antes de se banhar no litoral paulista, consultando a situação da água no site da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) ou acompanhando a bandeira de sinalização da praias: se ela estiver vermelha, isso indica que a praia se encontra imprópria para banho. Também não é recomendado o banho na água 24 horas após as chuvas.

Ontem (2), das 175 praias usadas por banhistas no estado de São Paulo e que são monitoradas pela Cetesb, 38 estavam impróprias para banho. Entre elas, as praias Aviação, Vila Tupi, Vila Mirim, Maracanã, Real e Balneário Flórida, em Praia Grande, e as praias de Perequê e Enseada, no Guarujá. Já em Santos, a Ponta da Praia, Aparecida, Embaré, Boqueirão, Gonzaga e José Menino estavam impróprias para banho.

Por meio de nota, o governo de São Paulo informou ainda que os municípios com aumento de ocorrências de diarreia aguda estão sendo orientados pela Secretaria de Estado da Saúde a realizarem investigação epidemiológica e a coleta de fezes dentro de cinco dias do início dos sintomas. De acordo com o governo, essa coleta é fundamental para detectar o patógeno causador do surto.

Segundo o site Agenciabrasil.ebc,

Com informações: Agenciabrasil.ebc

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Saúde

Taxa de nascimentos prematuros do Brasil está acima da média global

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Taxa de nascimentos prematuros do Brasil está acima da média global
© Reuters/Mohammed Al-Masri/Proibida reprodução

Os famosos “nove meses” de gravidez, na verdade, simplificam uma conta muito mais complexa: a gestação humana leva em torno de 40 semanas, mas é considerada “a termo”, ou seja, dentro do tempo adequado, de 37 até 42. No entanto, em 2023, quase 12% dos nascimentos no Brasil aconteceram antes desse marco, totalizando cerca de 300 mil bebês prematuros, com riscos menores ou maiores de problemas de saúde, dependendo do tempo que passaram na barriga da gestante. O Brasil não só está acima da média global, que é em torno de 10%, como também é um dos dez países com maior número de nascimentos prematuros por ano.

De acordo com a diretora executiva da Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros, Denise Suguitani, a maior parte desses casos podem ser prevenidos: “Aqui no Brasil essas taxas estão muito ligadas a determinantes sociais, de acesso à saúde e à educação. A gestação na adolescência, por exemplo, já é um fator de risco de parto prematuro porque o corpo da menina não está preparado para gestar. Por outro lado, um bebê que é planejado, a chance de ser prematuro é menor, então o planejamento familiar é muito importante. E, claro, o acesso ao pré-natal. E não é só o volume de consultas que importa, mas a qualidade do atendimento e das informações.”

Denise Suguitane. Taxa de nascimentos prematuros do Brasil está acima da média global – Denise Suguitane/Arquivo Pessoal

A obstetra Joeline Cerqueira, que integra a Comissão de Assistência Pré-Natal da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), enumera algumas situações que podem ser identificadas no pré-natal e tratadas para evitar o parto prematuro, entre outras complicações: “A gente tem as infecções, a rotura prematura da bolsa e as síndromes hipertensivas na gestação. Essas doenças acometem muitas mulheres na gravidez e são algumas das principais responsáveis pelo parto prematuro.”

A especialista esclarece que é preciso que a gestante inicie o pré-natal precocemente, seja bem avaliada para identificar fatores de risco pré-existentes, e faça todos os exames recomendados no tempo certo. “No momento em que a gestante faz o ultrassom morfológico, a gente também faz a medida do colo do útero. Se ele estiver muito curto, essa mulher tem um maior risco, mesmo sem nenhuma outra doença, de ter um parto prematuro. E a gente pode usar, por exemplo, a progesterona via vaginal, que é um relaxante da musculatura e previne que as contrações ocorram de forma precoce. Esse exame precisa ser feito por volta da 22ª semana de gestação”, explica Joeline.

Principais causas

A ruptura prematura da bolsa é mais frequente em gestantes adolescentes ou com idades mais avançadas, pessoas com alguma malformação uterina, mal nutridas e também que ingerem bebidas alcoólicas, fumam ou usam outros entorpecentes durante a gravidez. O risco também é maior em gestações de mais de um bebê, e quando a placenta está mal inserida no útero. Mesmo nas situações em que a causa não pode ser revertida, a gestante pode ser monitorada com mais frequência e até mesmo internada em um hospital, e receber medicamentos para acelerar a maturidade dos órgãos do bebê e tentar prolongar ao máximo a gestação.

As infecções bacterianas, principalmente a urinária, e as de transmissão sexual, também são grandes causa de prematuridade. As infecções de transmissão sexual podem ser detectadas em exames laboratoriais e prevenidas com sexo seguro, já a infecção urinária é bastante comum na gestação e nem sempre tem sintomas nesse período. Mas um desconforto abdominal incomum, ou o aumento repentino da vontade de urinar podem ser sinais de alerta, e se a doença for tratada com antibiótico, o parto prematuro pode ser evitado.

Já a hipertensão é o principal fator de complicações na gravidez, e além de provocar partos prematuros, é a maior causa de morte materna e perinatal do Brasil. Estima-se que 15% das gestantes tenham pressão alta durante a gestação e que um quarto dos partos prematuros ocorram por esse motivo. Por isso, a aferição de pressão é um dos procedimentos básicos das consultas de pré-natal, reforça a especialista da Febrasgo: “A melhor prevenção é a primária, ou seja, detectar qual o potencial que aquela mulher tem de ter uma hipertensão grave na gravidez e já fazer a profilaxia com AAS, que é um remédio muito barato, e cálcio. Mas mesmo quando você detecta que a pressão começou a subir, se já começar a tratar, isso realmente previne até 80% dos casos de desfecho ruim”.

A diretora executiva da Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros, Denise Suguitani, afirma que a grande quantidade de cesarianas do Brasil também contribui pra esse cenário. De acordo com dados do Ministério da Saúde, em 2023, quase 60% dos nascimentos ocorreram via cirurgia.

“A gente tem muitas cesáreas eletivas, que é aquela cesárea agendada sem necessariamente uma indicação médica. Isso traz mais bebês prematuros porque a gestação não é uma matemática exata. Hoje o Conselho Federal de Medicina autoriza o agendamento sem indicação médica só a partir de 39 semanas, mas muitas vezes quando o médico agenda uma cesárea com 39 semanas, por desinformação da mulher ou algum erro no cálculo, o bebê pode ter menos de 37. E ele está imaturo. É um bebê que não precisa ir para uma UTI de imediato, mas quando ele vai mamar ele se atrapalha, ele tem dificuldade pra respirar.” complementa Denise.

Consequências

Geralmente, um feto é considerado viável – ou seja, com possibilidade de viver fora do útero – a partir das 25 semanas, e com peso mínimo de 500 gramas. Mas a taxa de mortalidade após o nascimento entre esses prematuros extremos é de 30% a 45% e menos da metade dos sobreviventes se desenvolvem sem deficiências ou problemas de saúde. A cada semana de gestação, a taxa de sobrevivência aumenta e a probabilidade de sequela diminui, mas mesmo bebês nascidos dias antes do período ideal têm risco aumentado de paralisia cerebral leve e de apresentar atrasos no desenvolvimento.

Yngrid Antunes Louzada teve o parto antecipado por uma infecção urinária e seus filhos gêmeos, Lucas e Isis, nasceram com apenas 27 semanas de gestação, pesando menos de 1 quilo e medindo 33 e 35 centímetros. A família recebeu um alerta assustador dos médicos: as crianças corriam alto risco de ter atrasos psicomotores e problemas respiratórios e a própria internação representava um risco de infecções. Foram 52 dias de cuidados intensivos para os pequeninos e de ansiedade para Yngrid e o marido, Felipe:

Yngrid Antunes e Felipe com os filhos recém-nascidos- Yngrid Antunes/Arquivo Pessoal

“A gente ficava na Utin (unidade de terapia intensiva neonatal) duas horas por dia, sete dias na semana. Todos os dias eu chegava um pouco mais cedo para poder tirar leite pra eles. Era tudo bem organizado, as crianças ficavam na incubadora e eu e meu marido a gente se dividia, cada um com uma criança. A gente sempre ficava de olho em cada barulhinho, no monitor, na saturação. Era o final da pandemia de covid-19, então tinha que ter todo o cuidado, os pais precisavam usar uma roupa especial, com uma máscara”

E não era nada fácil quando as duas horas de visita terminavam: “Não ter os filhos em casa era triste para gente né? Porque a gente não tinha idealizado aquilo, por mais que eles estivessem muito bem amparados e cuidados. Depois de três semanas de internação, eles permitiram o método canguru, e foi um momento muito especial, muito emocionante. Porque, ali de fato, eu pude ter o primeiro contato físico com os meus filhos.”

Depois de 52 dias, Lucas e Isis tiveram alta e o melhor: foram pra casa sem sequelas. Eles precisaram fazer fisioterapia, terapia ocupacional e tratamento de fonoaudiologia por quase 2 anos e meio, mas agora têm a rotina de qualquer criança saudável. “Eles nasceram no hospital da Marinha e quando tiveram alta, já foram encaminhados para a terapia, porque o sistema de saúde da Marinha tem um local específico para tratamento de prematuros. Essa assistência fez muita diferença” diz Yngrid.

Yngrid Antunes e Felipe com os filhos Lucas e Isis grandinhos – Yngrid Antunes/Arquivo Pessoal

Denise Suguitani, diretora executiva da Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros reforça esse ponto: mesmo os prematuros que saíram do hospital saudáveis precisam de acompanhamento. “A prematuridade não é uma sentença: cada bebê escreve a sua história. Mas o risco é grande, então a gente precisa olhar com uma lupa porque essas crianças precisam de uma atenção especial de vários profissionais: terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, várias especialidades médicas, nutricionistas para olhar esse bebê que tem um desenvolvimento peculiar. Esses especialistas podem identificar um risco e já intervir precocemente”, acrescenta

“O impacto da prematuridade é tão grande que muitas vezes o pai abandona o bebê ou acaba acontecendo uma separação familiar e a mãe fica sozinha. E se é uma criança que demanda muitas consultas, terapias, como fica essa mãe? Então a assistência social para essa família também é importante”, complementa Denise.

Segundo o site Agenciabrasil.ebc,

Com informações: Agenciabrasil.ebc

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