Economia
Petrobras faz parceria com governo para capacitar famílias do CadÚnico

A Petrobras vai capacitar pessoas em situação de vulnerabilidade social inscritas no Cadastro Único (CadÚnico) para que possam conseguir emprego na indústria de petróleo e gás. Além de promover oportunidade de renda para famílias de baixa renda, a iniciativa procura preencher uma lacuna de mão de obra especializada em operações da companhia.
A empresa vai aderir ao Programa Acredita Primeiro Passo, do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome. O protocolo de intenções será assinado pela presidente da empresa, Magda Chambriard, e o ministro Wellington Dias, na tarde desta quinta-feira (20), na sede da estatal, no Rio de Janeiro.
O CadÚnico é um conjunto de informações sobre as famílias em situação de pobreza e o principal instrumento do governo para a seleção e a inclusão de pessoas em programas sociais, como o Bolsa Família, Pé-de-Meia, Tarifa Social de Energia Elétrica, Auxílio Gás e Minha Casa Minha Vida. São cerca de 40 milhões de inscritos.
A gerente de Projetos Sociais da Petrobras, Marcela Levigard, explicou à Agência Brasil que a estatal do petróleo vai utilizar o já existente Programa Autonomia e Renda da companhia como braço de atuação na parceria com o governo federal.
Grupos vulnerabilizados
Dentro do CadÚnico, a Petrobras vai dar prioridade para grupos vulnerabilizados, como pretos e pardos, mulheres, pessoas com deficiência (PCD), pessoas trans, indígenas, quilombolas e refugiados, além de desempregados. Os alunos recebem ainda uma bolsa auxílio mensal. As inscrições podem ser feitas neste endereço.
“O Programa Autonomia e Renda é a nossa forma de contribuir para essa iniciativa do governo federal de qualificar pessoas em situação de vulnerabilidade, para que elas possam ampliar suas oportunidades de empregabilidade em um segmento de óleo e gás”, diz Levigard.
De acordo com o ministro Wellington Dias, cerca de 70 organizações têm parceria com o programa da pasta. “Acreditamos que a geração de oportunidades é o que trará qualidade de vida e maior participação social para famílias que estão vulneráveis”, afirmou o ministro, que ainda nesta quinta-feira, assina a parceria com a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), também no Rio de Janeiro.
Especialidades
A Petrobras calcula oferecer cerca de 20 mil vagas nos cursos de qualificação em 2025 e 2026. A companhia fez um mapeamento em várias operações da empresa, como exploração, produção e refino de petróleo, para identificar quais as lacunas de mão de obra qualificada.
Segundo Levigard, a maior parte das vagas será para quem cursou ao menos o 5º ano do ensino fundamental. São funções como caldeireiro, soldador, montador de andaime e pintura industrial. Já para quem tem o ensino médio, são cursos técnicos em áreas como eletrotécnica, segurança do trabalho e mecânica.
Karoline Batista é aluna do curso técnico de eletrotécnica em Araucária, no Paraná, cidade onde fica a Refinaria Presidente Getulio Vargas. Aos 28 anos, ela diz que viu na vaga aberta a oportunidade de voltar a estudar, “tendo a chance de ser um curso profissionalizante, em uma instituição renomada”.
“Esse curso abriu minha cabeça, tivemos a oportunidade de fazer nossa aula inaugural dentro da Petrobras, onde é meu sonho trabalhar, então sei que se me esforçar, me dedicar, vou conseguir ir muito longe”, disse à Agência Brasil.
A gerente Marcela Levigard explica que a mão de obra formada pelo programa de qualificação não será contratada diretamente pelo Petrobras, o que exige concurso público. A ideia é que os profissionais sejam absorvidos por empresas terceirizadas que fazem parte da cadeia de suprimentos da estatal.
Para adequar a formação profissional às necessidades da cadeia de óleo e petróleo, a Petrobras buscou instituições como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e Institutos Federais de Educação Ciência e Tecnologia para formatar os cursos.
Mão de obra local
Levigard conta que os cursos são oferecidos em regiões onde há a atuação da Petrobras, de forma que a capacitação de mão de obra local atenda a pressões por ocupação das próprias comunidades.
“Pressão daquela comunidade que está ali em entorno, que vê aquela obra grande acontecendo e pensa ‘eu quero trabalhar, eu quero fazer parte disso’”, diz.
Ela acrescenta que para a empresa é “muito mais interessante” poder contar com trabalhadores locais. “Não vai ter custo de alojamento, não vai impactar equipamento de serviço público. Se a sua mão de obra vier de fora, você gera esses impactos, preço do aluguel, custo de vida, em tudo isso”.
Segundo a gerente, algumas operações da Petrobras conseguem ter mais de 80% de trabalhadores da própria região. “A mão de obra que vem de fora é muito específica, muito especializada”.
Os cursos são oferecidos em 47 cidades de sete estados, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Pernambuco, a maior parte relacionada a operações de refinarias.
Em Pernambuco está a maior parte das vagas, mais de 7,3 mil, por causa das obras de ampliação da Refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca, região metropolitana do Recife.
“No pico da obra, teremos lá de 10 mil a 12 mil pessoas. Existe um clamor daquelas comunidades que estão em torno das nossas operações de que elas precisam ser atores principais no processo. Não tem necessidade na visão delas, da nossa também, de se importar mão de obra para aquela região”, comenta o gerente executivo de Responsabilidade Social, José Maria Rangel.
Rafaelson Barbosa da Silva mora em Cabo de Santo Agostinho, município vizinho de Ipojuca, e faz um curso de caldeireiro, com a esperança de se empregar na Abreu e Lima.
“Eu vejo esse curso como uma porta de novas oportunidades, porque eu já trabalhei muito em oficina, um pouco com montagem e ganhei a classificação de soldador. Eu via muito as pessoas trabalhando como caldeireiro e fiquei com vontade”, disse à Agência Brasil o pernambucano de 35 anos.
Está no radar da empresa fazer um mapeamento para instituir o programa de capacitação no Amapá, estado que servirá de base para a exploração de petróleo na Margem Equatorial, tida como de grande potencial.
A intenção é que, uma vez que a exploração seja liberada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), não haja uma enxurrada de trabalhadores forasteiros.
“Está no nosso radar uma avaliação da ampliação do programa, fazendo um levantamento de quais são as carreiras que a gente vai ter lá”, adiantou Rangel.
Maioria feminina
O Programa Autonomia e Renda começou as primeiras qualificações em setembro de 2024 e terminou o ano passado com 1,1 mil inscritos. As primeiras turmas se formarão em março.
Entre os que procuram a capacitação, 75% são pretos ou pardos. Entre os alunos, 60% são mulheres e 45% são mulheres com filhos de até 11 anos.
A bolsa auxílio é R$ 650. Para mulheres com filhos até 11 anos, o valor sobe para R$ 858. “A mulher para poder estudar com um filho pequeno, vai ter que ter um dinheirinho para pagar alguém para cuidar da criança”, diz Levigard, ressaltando que trabalho de cuidado de filhos ainda é muito atribuído às mulheres.
O fato de a maioria das vagas serem ocupadas por mulheres pode ser um impulso para alterar a realidade atual da indústria de petróleo e gás, ocupada majoritariamente por homens.
“Potencial temos de sobra! Creio que, com toda a preparação e conhecimento adquirido, podemos e iremos entregar um serviço de excelência tanto quanto os homens”, afirma Karoline, do curso em Araucária e mãe de um menino de 8 anos.
Requalificação
O Autonomia e Renda tem também a função de requalificar trabalhadores. José Maria Rangel contextualiza que há seis anos a Petrobras sofreu um processo de “desmonte”, o que deixou pessoas desempregadas. Segundo ele, atualmente a empresa precisa desses trabalhadores de volta.
“Só que essa mão de obra está sem praticar, sem treinar há seis anos. Então, o projeto vai nessa linha”.
Empresas contratantes
A Petrobras incentiva que os trabalhadores capacitados cadastrem currículos em bancos de emprego do Sistema Nacional de Emprego (Sine) e em Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT), ao mesmo tempo em que estimula as empresas da cadeia do petróleo que disponibilizem as vagas nesses bancos.
Ao fazer as concorrências públicas para fechar contrato empresas terceirizadas, a Petrobras não pode exigir que essas firmas admitam apenas funcionários qualificados pelo Autonomia e Renda, mas faz articulação para que a oferta de trabalhadores seja aproveitada.
“Um movimento no sentido de mostrar para os empresários que existe uma mão de obra qualificada ali”, comentou Rangel.
Já em relação à primeira oportunidade no mundo do trabalho, o gerente executivo afirmou que há cláusulas que exigem de 15% a 30% das vagas ocupadas por pessoas no primeiro emprego.
Economia
Dólar cai para R$ 5,43 e atinge menor valor desde setembro

Influenciado pelo cenário internacional e pelo mercado de trabalho brasileiro, o mercado financeiro teve um dia de euforia nesta segunda-feira (30). O dólar teve forte queda e atingiu o menor valor desde setembro do ano passado. A bolsa de valores subiu quase 1,5% e valorizou-se mais de 15% no semestre.
O dólar comercial encerrou esta segunda-feira vendido a R$ 5,435, com recuo de R$ 0,05 (-0,88%). Em queda durante toda a sessão, a cotação chegou a R$ 5,42 na hora final de negociação, antes de acelerar um pouco perto do fim do fechamento, com investidores aproveitando o preço baixo para comprar dólares.
No menor nível desde 19 de setembro do ano passado, a divisa caiu 4,99% apenas em junho. Esse foi o melhor desempenho mensal desde janeiro, quando a moeda norte-americana perdeu 5,56%. No primeiro semestre, a divisa recuou 13,51%.
No mercado de ações, o dia também foi marcado pela euforia. O índice Ibovespa, da B3, fechou aos 138.855 pontos, com alta de 1,45%. O indicador subiu 1,33% em junho e acumula alta de 15,44% no primeiro semestre.
Tanto fatores internos como externos influenciaram o mercado financeiro. A decisão do Canadá de retirar uma taxa a empresas tecnológicas estadunidenses trouxe alívio global. No fim da semana passada, o presidente Donald Trump tinha ameaçado encerrar as negociações comerciais com o país vizinho.
As bolsas norte-americanas fecharam em níveis recordes e tiveram o melhor trimestre em mais de um ano. Ao mesmo tempo, as taxas dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos recuaram, o que estimula a migração de recursos para países emergentes, como o Brasil.
No Brasil, a divulgação de que o país criou 148,9 mil postos com carteira assinada em maio foi bem recebida. O número veio abaixo das previsões das instituições financeiras, o que aumentou as chances de que o Banco Central comece a reduzir os juros antes do previsto. Isso estimula investimentos na bolsa de valores.
*com informações da Reuters
Economia
Appy: efeitos da reforma tributária devem aparecer durante a transição

O secretário extraordinário da Reforma Tributária do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, informou, nesta segunda-feira (30), que o projeto das alíquotas sobre o Imposto Seletivo, tributo cobrado sobre bens e serviços que causam danos à saúde ou ao meio ambiente, deverá ser enviado ao Congresso Nacional no próximo semestre.
Para Appy, é possível que, no mesmo período, seja encaminhado ao Congresso o projeto de regulamentação da transferência de recursos para fundos sobre o consumo. No entanto, ele reforçou que a questão sobre o envio desses projetos para o Congresso dependerá de uma decisão política.
“O projeto da forma de transferência de recurso para os fundos já está pronto, é uma questão de decisão política de quando mandar”, disse Appy a jornalistas, após palestra sobre a modernização do sistema tributário brasileiro, em evento promovido pelo Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP).
Segundo o secretário, o que se tem feito é preparar simuladores para que haja uma decisão política sobre quais serão as alíquotas, entendendo o que significa em termos de qual é a situação atual e qual o potencial de arrecadação. “E isso está sendo feito para cada uma das categorias sobre as quais incidirá o Imposto Seletivo. Esse trabalho já está quase pronto e, a partir daí, vai ter o trabalho de ter a decisão política antes do envio do projeto”, acrescentou.
Aos jornalistas, Appy disse que o envio dos projetos não dependerá da aprovação do Projeto de Lei Complementar (PLP) 108/2024, que regulamenta a reforma tributária e está em tramitação no Congresso e foca no Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). “O PLP 108 não interfere no envio dos demais projetos. Basicamente, a gente tem o projeto de lei ordinária das alíquotas do Imposto Seletivo e um projeto que regulamenta a forma de transferência de recursos para o fundo de desenvolvimento regional para o fundo de compensação de benefícios fiscais, mas eles independem do PLP 108. São processos em paralelo, um não interfere no outro”, explicou.
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Quanto à aprovação do PLP 108, Appy disse que tem expectativa de que ocorra em breve. “A perspectiva é de aprovação em um prazo relativamente curto. A discussão técnica sobre o PLP 108 avançou bastante. Ainda falta uma última discussão política de alguns pontos que tenham ficado em aberto. E, a partir daí, o prazo vai ser definido pelo Senado Federal. A interlocução com o Legislativo na área técnica avançou muito. Acho que falta pouco para a apresentação do parecer”, destacou.
Efeitos sobre o PIB
Para o secretário, os efeitos positivos da reforma tributária sobre o Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país) devem começar a aparecer já durante o processo de transição.
“Os efeitos sobre o PIB dependem de vários fatores. Um deles vai aparecer ao longo da transição e na proporção da transição, que é a desoneração de investimentos e de exportações. Isso acontece ao longo da transição”, afirmou. Appy citou um fator, que tem a ver com a simplificação do sistema, que vai ter algum efeito já em 2027, com a extinção do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e a substituição pelo novo sistema.
“O grosso dessa simplificação vem em 2033, com o fim do ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços], que é disparado o tributo mais complexo que a gente tem hoje no Brasil”, acrescentou.
Economia
Brasil tem saldo positivo de 148,9 mil empregos com carteira assinada

O Brasil fechou o mês de maio com saldo positivo de 148.992 postos de trabalho com carteira assinada. O balanço é do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) divulgado nesta segunda-feira (30), em Brasília, pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
No acumulado do ano, de janeiro a maio, o país gerou 1.051.244 mil novas vagas, um crescimento de 2,3%. O estoque de empregos formais no país é de 48.251.304.
O resultado do mês passado decorreu de 2.256.225 admissões e de 2.107.233 desligamentos no período. Os cinco grupamentos principais resultaram em geração positiva de empregos, liderado pelo setor serviços com saldo de 70.139, seguido por comércio, com 23.258.
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Indústria e agropecuária
Na indústria, foram 21.569 novos empregos gerados, enquanto na agropecuária o saldo positivo foi de 17.348 e, na construção civil, o número de novos empregos gerados é de 16.678.
Entre os estados, os maiores geradores de emprego foram São Paulo (+33.313), Minas Gerais (+20.287) e Rio de Janeiro (+13.642). O maior crescimento relativo ocorreu no Acre, com variação de 1,24%. O saldo negativo foi verificado apenas no Rio Grande do Sul, com total negativo de 115 vagas de emprego.
No mês de maio, a geração de postos foi mais positiva para mulheres (78.025) do que para os homens (70.967). O crescimento também foi verificado para os jovens de 18 a 24 anos (98.003), sendo maior a geração de empregos no comércio (35.901) e na indústria da transformação (20.287).
“Dos 148 mil [postos de trabalho], nós temos a esmagadora maioria de jovens. Então, derruba por terra essa certeza de muita gente de que os trabalhadores jovens não estão aceitando ir para o mercado de trabalho”, disse o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho.
Salários baixos
Segundo ele, o que mais afasta os jovens do mercado formal são os baixos salários oferecidos. O ministro defendeu uma revisão dos pisos salariais para atrair mais os jovens ao mercado de trabalho com carteira assinada.
O emprego também foi maior para pessoas com nível médio (113.213) e para pardos (116.476). Ao grupo PCD (Pessoas com Deficiência), o saldo ficou positivo em 902 postos de trabalho.
O salário médio real de admissão em maio foi de R$ 2.248,71, uma queda de meio por cento no salário médio do mês anterior.