Economia
Petroleira britânica BP anuncia descoberta “significativa” no pré-sal

A petroleira britânica BP Energy anunciou nesta segunda-feira (4) a descoberta de um reservatório de petróleo no pré-sal da Bacia de Santos, no litoral do Rio de Janeiro. O poço, no bloco Bumerangue, fica a uma profundidade de 5.855 metros. É a maior descoberta da empresa em 25 anos.
O vice-presidente executivo de Produção e Operações da BP, Gordon Birrell, classificou a descoberta como significativa. “Estamos entusiasmados em anunciar esta descoberta significativa em Bumerangue, a maior da BP em 25 anos”, celebrou.
Ainda de acordo com o executivo, a intenção da multinacional do petróleo é “estabelecer um hub [centralização] de produção significativo e vantajoso no país”.
O poço exploratório 1-BP-13-SPS do bloco Bumerangue fica a 404 quilômetros (km) da costa do Rio de Janeiro. Para efeito de comparação, é quase a distância entre as cidades do Rio e de São Paulo (417 km).
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De acordo com a BP, a perfuração atravessou uma coluna de hidrocarbonetos (compostos orgânicos) em um reservatório no pré-sal “de alta qualidade” com extensão superior a 300 km² ─ área similar a extensão da cidade de Fortaleza (313 km²).
A companhia informou que os primeiros resultados de análise na sonda indicam níveis elevados de dióxido de carbono (CO₂), um dos gases causadores do efeito estufa, quando liberado na atmosfera. A empresa fará novas avaliações para caracterizar melhor o potencial do bloco Bumerangue.
O pré-sal, reservatórios de 5 mil a 7 mil metros de profundidades, são a principal fonte de petróleo conhecida no país, responsáveis por 78,8% de toda a produção, segundo dados mais recentes (junho) da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), órgão regulador da indústria do petróleo, vinculado ao Ministério de Minas e Energia.
Três anos para descoberta
A multinacional britânica detém 100% de participação no bloco, arrematado em dezembro de 2022 em leilão promovido pela ANP. Pelo contrato de patilha assinado com o governo brasileiro, a petroleira britânica BP Energy se comprometeu a ceder à União ─ em nome da estatal Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA) ─ 5,9% do óleo excedente (saldo após pagamento dos custos).
A BP participa também da exploração de petróleo em oito blocos marítimos, sendo operadora em quatro deles. A próxima campanha de exploração planejada é no bloco Tupinambá, também no pré-sal de Santos, em 2026. A área foi arrematada em leilão da ANP, com um lance de R$ 7,04 milhões em 2023.
No Brasil desde 1957, a BP atua nos segmentos de exploração de petróleo e gás natural, fornecimento de gás, produção de biocombustíveis e bioenergia, combustível para aviação e marítimo, lubrificantes (Castrol) e energia solar.
A BP tem participação na Usina Termelétrica GNA II, maior termelétrica a gás natural da América Latina, localizada no Porto do Açu, em São João da Barra (RJ). A estrutura foi inaugurada na última segunda-feira (28), com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Mudança de nome
Até o início dos anos 2000, a companhia era chamada British Petroleum. A marca BP Energy faz referência ao conceito Beyond Petroleum (além do petróleo, em inglês), indicando que a empresa atua em outras áreas energéticas.
No primeiro semestre do ano 2010, a companhia ganhou destaque internacional negativo, por causa do vazamento em uma plataforma de petróleo no Golfo do México, na América do Norte, que durou quase três meses para ser contido. A companhia se comprometeu a pagar indenização bilionária a pescadores atingidos.
Economia
Haddad entrega hoje a Lula plano contra efeitos do tarifaço dos EUA

O texto da medida provisória (MP) com as ações planejadas pelo governo federal, em resposta ao tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, contra os produtos com origem no Brasil, será enviado ao Palácio do Planalto pelo Ministério da Fazenda ainda nesta quarta-feira (6).
“Será um plano muito detalhado para começar a atender, sobretudo, aqueles que são pequenos e não têm alternativas à exportação para os EUA. A maior preocupação é com o pequeno produtor”, disse o ministro Fernando Haddad ao chegar no ministério.
Haddad também informou que o plano está pronto. Ele prevê medidas de concessão de crédito para as empresas mais impactadas pelo tarifaço; e aumento das compras governamentais.
“Ele está pronto. Ontem nós procuramos entender a encomenda do presidente em relação ao detalhamento. Dissemos para ele que a questão empresa por empresa não precisa evidentemente ser tratada em lei. Pode ser objeto de regulamentação. Provavelmente o ato do presidente será uma medida provisória, para entrar em vigor imediatamente”, acrescentou.
>>Tarifaço sobre parte de exportações brasileiras entra em vigor hoje
Interesse nacional
De acordo com o ministro, as medidas focam na garantia da soberania nacional e da aplicação da lei da legislação brasileira pertinente ao caso, disse Haddad ao avaliar como inaceitável a tentativa de interferência do governo norte-americano no Judiciário brasileiro.
“O Executivo está zelando pelo interesse nacional”, disse ao reiterar pedido de uma união nacional que envolva empresários e governadores da oposição, uma vez que os estados são afetados.
Nesse sentido, o ministro cobrou dos governadores que cumpram as prerrogativas do cargo, no sentido de defender os interesses de seus estados. Para Haddad, o mesmo vale para o empresariado: “Precisam ligar para a oposição e pedir que parem de atrapalhar o país”, afirmou.
“Somos o único país do mundo que tem uma força política interna em Washington trabalhando contra o interesse nacional. Tem algum indiano fazendo isso? Tem algum chinês fazendo isso? Tem algum russo fazendo isso? Tem algum europeu fazendo isso? Não. Temos de botar o dedo nessa ferida de uma vez por todas”, complementou.
Haddad citou uma entrevista recente de Eduardo Bolsonaro, na qual o deputado licenciado ameaça, mais uma vez, os poderes constituídos do Brasil.
“Foi uma entrevista muito forte, ameaçando o Congresso Nacional”, disse.
“Tem também uma entrevista de um líder da oposição da extrema direita brasileira dizendo que vai fazer o possível para continuar atrapalhando o país. Se isso não é a notícia do dia, fica difícil entender para onde nós vamos. O país precisa se unir para defender a causa nacional e separar o que é a economia, do que é política”, acrescentou o ministro da Fazenda.
Reunião marcada
Haddad informou que a reunião com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, já tem “data e hora fixada”. Será na próxima quarta-feira, dia 13.
“Obviamente, a depender da qualidade da conversa, ela poderá se desdobrar em uma reunião de trabalho presencial, aí com os ânimos já orientados no sentido de um entendimento entre os dois países que, repetimos, têm um relacionamento de 200 anos.
América do Sul
O ministro da Fazenda avaliou que até mesmo a taxação inicialmente prevista, de 10%, já seria inadequada para os países da América do Sul, uma vez que a relação desses países com os EUA é deficitária.
“Uma outra coisa que é importante é que nós somos um bloco econômico. O Brasil não pode ser tratado diferentemente do Paraguai, Uruguai, da Argentina, Bolívia. É um bloco econômico, assim como a União Europeia”, argumentou.
Economia
Tarifaço sobre parte de exportações brasileiras entra em vigor hoje

Entraram em vigor, nesta quarta-feira (6), as tarifas de 50% impostas sobre parte das exportações brasileiras para os Estados Unidos. A medida, assinada na semana passada pelo presidente norte-americano Donald Trump, afeta 35,9% das mercadorias enviadas ao mercado estadunidense, o que representa 4% das exportações brasileiras. Cerca de 700 produtos do Brasil ficaram fora do tarifaço.
Café, frutas e carnes estão entre os produtos que passam a pagar uma sobretaxa de 50%. Ficaram de fora dessa taxa suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes e aeronaves civis, incluindo seus motores, peças e componentes, polpa de madeira, celulose, metais preciosos, energia e produtos energéticos.
O tarifaço imposto ao Brasil faz parte da nova política da Casa Branca, inaugurada por Donald Trump, de elevar as tarifas contra parceiros comerciais na tentativa de reverter à relativa perda de competitividade da economia americana para a China nas últimas décadas.
No dia 2 de abril, Trump iniciou a guerra comercial impondo barreiras alfandegárias a países de acordo com o tamanho do déficit que os Estados Unidos têm com cada nação. Como os EUA têm superávit com o Brasil, foi imposta, em abril, a taxa mais baixa, de 10%.
Porém, no início de julho, Trump elevou a tarifa para 50% contra o Brasil em retaliação a decisões que, segundo ele, prejudicariam as big techs estadunidenses e em resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de liderar uma tentativa de golpe de Estado após perder o pleito de 2022.
Especialistas consultados pela Agência Brasil avaliam que a medida é uma chantagem política com objetivo de atingir o Brics, o bloco de potências emergentes que tem sido encarado por Washington como uma ameaça à hegemonia estadunidense no mundo, em especial, devido à proposta de substituir o dólar nas trocas comerciais.
Lula
Em pronunciamento no domingo (3), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ressaltou que não quer desafiar os Estados Unidos, mas que o Brasil não pode ser tratado como uma “republiqueta”. O presidente disse ainda que pais não abre mão de usar moedas alternativas ao dólar.
O governo brasileiro informou ainda que o plano de contingência para auxiliar as empresas afetadas pelo tarifaço será implementado nos próximos dias, com linhas de crédito e possíveis contratos com o governo federal para substituir eventuais perdas nas exportações.
Negociações
Após a confirmação da imposição das tarifas na semana passada, a Secretaria de Tesouro dos Estados Unidos entrou em contato com o Ministério da Fazenda para iniciar as negociações sobre as tarifas, ao mesmo tempo que Trump anunciou estar disposto a conversar, pessoalmente, com o presidente Lula.
Já nesta semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que as terras raras e minerais críticos podem ser objeto de negociação entre Brasil e Estados Unidos. Esses minérios são essenciais para a indústria de tecnologia, e é um dos principais motivos de disputa entre Pequim e Washington.
“Temos minerais críticos e terras raras. Os Estados Unidos não são ricos nesses minerais. Podemos fazer acordos de cooperação para produzir baterias mais eficientes”, disse Haddad em entrevista a uma rede de televisão.
Ainda segundo o ministro da Fazenda, o setor cafeeiro acredita que pode ser beneficiado por um acordo com os EUA para excluir o produto da lista de mercadorias tarifadas. No mesmo dia que Trump assinou o tarifaço, a China habilitou 183 empresas brasileiras para exportar café para o país asiático.
Economia
Drone ajuda Transpetro a poupar até R$ 1 milhão em inspeção de navio
A Transpetro, subsidiária na área de logística da Petrobras, colocou em prática uma forma inédita de fazer vistoria de navios petroleiros. Com a ajuda de drones, a empresa realizou inspeção obrigatória em tanques de carga que transportam toneladas de óleo. O procedimento faz com que as embarcações fiquem menos tempo longe da operação e representa ganho financeiro de até R$ 1 milhão por operação.
O primeiro petroleiro a receber a certificação após a vistoria estrutural feita por drones foi o João Cândido. O procedimento foi realizado no fim de julho, na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, e a certificação foi obtida no último domingo (3), pela American Bureau of Shipping (ABS), classificadora internacional, focada na segurança marítima.
A nova forma de inspeção dos navios consiste em usar drones equipados com câmeras de alta resolução e tecnologia de ultrassom. Os dispositivos são capazes de acessar áreas de difícil acesso, como tanques, cascos, dutos e espaços confinados. A tecnologia verifica a espessura do chapeamento dos tanques de carga e a necessidade de manutenções preventivas ou corretivas por conta de possíveis pontos de corrosão ou trincas.
Os dados são armazenados e transmitidos em tempo real para uma central de monitoramento e acompanhados por especialistas da empresa e da ABS.
Menos tempo parado
A forma pioneira de realizar as vistorias representa ganho de tempo, precisão e segurança. Na forma tradicional, é preciso lançar mão de alpinistas industriais, montagem de andaimes ou utilização de botes, e a verificação leva uma semana. Com os drones, a tempo de inatividade se reduz a três ou quatro dias.
Com menos dias fora de operação, a Transpetro consegue ganhos financeiros. Dependendo da receita diária do navio, o valor pode chegar a R$ 1 milhão por inspeção.
O diretor de Transporte Marítimo da Transpetro, Jones Soares, diz que essa certificação permite inaugurar no Brasil uma forma de fazer inspeções em petroleiros.
“O uso da tecnologia dispensa a necessidade de acesso humano aos espaços confinados durante a inspeção, contribuindo para um ambiente de trabalho ainda mais seguro. Além disso, temos também ganhos financeiros”.
O certificado obtido pelas embarcações atesta às seguradoras e autoridades portuárias que o navio atende aos padrões internacionais exigidos para o tipo de navegação e carga transportada.
Implementação na frota
A companhia informou à Agência Brasil que, após a experiência bem sucedida no João Cândido, esse tipo de vistoria pode ser aplicado em mais 14 dos 33 navios da empresa que têm certificação da ABS. A subsidiária acrescenta que se prepara para expandir a técnica para as demais embarcações.
“Em muitos portos, a apresentação de comprovantes de agências reconhecidas é requisito para atracação e operação”, assinala Soares.
Os petroleiros certificados pela ABS passam por vistoria obrigatória a cada dois anos e meio. A próxima está prevista para o navio Zumbi dos Palmares, no primeiro semestre de 2026.
Maior subsidiária da Petrobras, a Transpetro opera 48 terminais, sendo 27 aquaviários e 21 terrestres, e aproximadamente 8,5 mil quilômetros de dutos. A empresa é a maior companhia de logística multimodal de petróleo, derivados e biocombustíveis da América Latina e presta serviços a distribuidoras, petroquímicas e outras empresas do setor de óleo e gás.