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Polícia Militar prende mais de 400 pessoas durante carnaval no Rio
 
																								
												
												
											A Polícia Militar (PM) prendeu mais de 400 pessoas entre sexta-feira (28) e terça-feira (4), em ações para garantir a segurança do carnaval no estado do Rio de Janeiro. Entre as prisões, 52 foram em cumprimento a mandados de prisão. Câmeras de reconhecimento facial auxiliaram na identificação de 12 dessas pessoas.
Além das prisões, foram feitas apreensões de 58 adolescentes. Nas ações de revista feitas na entrada do Sambódromo e dos megablocos, foram apreendidos 213 facas e outros itens perfurocortantes.
“Considerando o volume de pessoas, uma expectativa de 8 milhões no estado, em especial na cidade do Rio, onde 6 milhões circularam por blocos, houve um planejamento muito importante da Polícia Militar, utilizando esquemas como bloqueios de revista e utilização de reconhecimento facial”, afirmou a porta-voz da PM, tenente-coronel Cláudia Moraes.
O esquema de segurança contou ainda com três carros de comando e controle da PM, que foram usados como centros de recepção de imagens em tempo real. No total, 260 mil câmeras e alarmes, além de 13 mil câmeras corporais instaladas em fardas de policiais, estão interligadas com esses carros e com o Centro Integrado de Comando e Controle (CICC).
Segundo a porta-voz da PM, apesar de o balanço das prisões ainda não ter sido concluído, grande parte das prisões foi motivada por furtos. Uma das ocorrências de maior gravidade foi o assassinato de dois homens, em um bate-bola, na sexta-feira (28), em Madureira, na zona norte da cidade.
“Os bate-bolas são uma manifestação cultural da cidade da zona norte, mas infelizmente criminosos se infiltram nesses grupos”, destaca a porta-voz. Segundo a Polícia Militar, dez criminosos infiltrados em grupos de bate-bolas foram presos.
O esquema de segurança do carnaval continua até domingo (9), uma vez que ainda estão previstos mais de 40 blocos pela cidade do Rio, além do desfile das escolas de samba campeãs, no Sambódromo, entre a noite de sábado (8) e a madrugada de domingo.
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Observatório da OAB-RJ vai acompanhar apuração sobre operação policial
 
														Um “observatório de investigações” foi criado na Seccional do Rio de Janeiro Ordem dos Advogados do Brasil, para acompanhar a apuração sobre o cumprimento da lei pelas policias civil e militar durante a Operação Contenção, realizada nos complexos do Alemão e da Penha, na última terça-feira (28). A operação foi a mais letal da história do estado.

“É dever da ordem zelar pela legalidade, pela transparência e pela segurança em ações desta natureza”, afirmou, em nota à imprensa, a presidente da OAB-RJ, Ana Tereza Basilio.
O observatório será presidido pelo advogado Rafael Borges, secretário-geral da OAB-RJ, e terá como vice-presidente a advogada Luciana Pires, vice-diretora de Assuntos Legislativos da seccional. Segundo o comunicado, o observatório quer contribuir com o aperfeiçoamento dos protocolos de segurança do Estado, reduzir a letalidade e conter a ação de grupos criminosos,
A Operação Contenção mobilizou efetivo de 2,5 mil policiais e, segundo o governo, resultou na morte de 121 pessoas – quatro dessas eram policiais. A quantidade de mortes é maior do que o número de pessoas presas (113) e de armas apreendidas (118).
Segundo o governo do Rio de Janeiro, o objetivo da operação era conter o avanço do Comando Vermelho nos complexos da Penha e do Alemão, cumprindo 180 mandados de busca e apreensão e 100 mandados de prisão.
Nesta sexta-feira, a Polícia Civil divulgou a lista parcial de pessoas mortas já identificadas, com 99 nomes. A polícia informou que 78 mortos tinham histórico criminal, e 21, não. Além disso, segundo o balanço divulgado pelas autoridades fluminenses, havia mandados de prisão em aberto contra 42, menos que a metade dos 99 identificados. Conforme notícia veiculada pelo jornal O Globo, nenhuma dessas pessoas havia sido denunciada à Justiça pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. A Agência Brasil solicitou confirmação do MP estadual.
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EBC confirma nomeação de nova ouvidora e ouvidor-adjunto
 
														A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) confirmou a empregada concursada Roberta Dante como nova ouvidora da EBC, e o jornalista Ricardo Pereira de Melo como ouvidor-adjunto. A nova composição reforça o compromisso da empresa com a valorização de seu quadro próprio e o fortalecimento da comunicação pública pautada na transparência, na escuta ativa e na participação social.

Empregada pública concursada desde 2012, Roberta Dante iniciou sua carreira na Diretoria de Jornalismo e, posteriormente, atuou como secretária-executiva da EBC. Sua trajetória é marcada pela atuação em governança corporativa e fortalecimento institucional, assessorando tecnicamente diferentes gestões. Pós-graduada em gestão e políticas públicas pelo IBMEC e graduada em administração pelo UniCEUB, foi chefe de gabinete da Diretoria de Jornalismo entre 2014 e 2018 e secretária-executiva da EBC de abril de 2018 a outubro de 2023, com destaque para o planejamento estratégico, a gestão de colegiados estatutários e a prestação de contas à sociedade e aos órgãos de controle.
Atuação na Ouvidoria
Desde novembro de 2023, Roberta ocupava o cargo de ouvidora-adjunta de Conformidade e substituta eventual da ouvidora. Nesse período, coordenou o canal de denúncias, o acolhimento de manifestações de cidadãos e empregados, o Serviço de Informação ao Cidadão (SIC) e a interlocução com diversas áreas da empresa e com a Ouvidoria-Geral da União (OGU).
“Estou muito feliz e honrada com o convite para conduzir o trabalho da Ouvidoria da EBC. É um grande desafio. A Ouvidoria da EBC possui características próprias que devem ser somadas ao seu papel de ouvidoria pública. O objetivo é atuar com transparência, de forma colaborativa, sendo um canal ativo de participação social. É preciso contribuir para que os anseios e necessidades da sociedade sejam considerados na tomada de decisões estratégicas, em defesa dos serviços públicos prestados pela EBC”, destacou Roberta.
Ouvidor-Adjunto
Ricardo Pereira de Melo, que assume o cargo de ouvidor-adjunto em São Paulo, é jornalista. Foi diretor de Jornalismo da EBC e atuou também como chefe de redação do SBT, editor-executivo do Diário de S.Paulo, do Jornal da Band, do Jornal da Globo, do Grupo Estado, do Jornal da Tarde e do Jornal da Lilian, no Portal Terra. Exerceu ainda o cargo de editor da revista Brasil Invest, do Valor Econômico, e foi repórter especial da revista Exame. Em 2016, assumiu a presidência da EBC, mas foi destituído no mesmo ano após o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff.
Ao comentar o novo desafio, Ricardo destacou o papel estratégico da Ouvidoria na reconstrução da empresa.
“Quero agradecer o convite do presidente para fazer parte dos quadros da Ouvidoria da EBC. A Ouvidoria vem cumprindo um papel de grande importância ao ajudar a orientar os próximos passos no processo de reconstrução da empresa, depois do terremoto destruidor das gestões Temer e Bolsonaro. Espero contribuir acolhendo as sugestões de pauta, as críticas da maneira mais plural e encaminhá-las com observações aos gestores. Vamos fazer da Ouvidoria um ponto de avanço da empresa e reafirmar o seu papel insubstituível na consolidação da democracia no Brasil”, declarou.
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Moradores de favelas protestam no Rio após megaoperação com 121 mortos
 
														Moradores dos complexos da Penha e do Alemão e de outras favelas do Rio de Janeiro realizam um protesto na tarde desta sexta-feira (1º), após a morte de 121 pessoas na Operação Contenção, na última terça. Mesmo debaixo de chuva, milhares de pessoas se reuniram em um campo de futebol, na Vila Cruzeiro, uma das comunidades do Complexo da Penha, de onde pretendem sair em caminhada até a Avenida Brasil, uma das principais vias expressas da cidade.

Entre os participantes, se destacam as mães de jovens mortos durante outras operações policiais. Liliane Santos Rodrigues, moradora do Complexo do Alemão, perdeu o filho Gabriel Santos Vieira, de 17 anos, há apenas seis meses. O jovem estava na garupa de uma moto por aplicativo, a caminho do trabalho, quando foi baleado com cinco tiros durante uma perseguição policial.
“Eu estou sentindo a dor dessas mães. Foi um baque muito grande ver que um rapaz foi morto no mesmo lugar em que o meu filho morreu. Tem três dias que eu não sei o que é dormir direito. Muita gente julga, mas só sabe quem passa. Hoje eu estou aqui para dar força para essas mães.”
Até hoje, Liliane diz que tem poucas informações sobre o que aconteceu com seu filho e sobre quem fez os disparos que tiraram sua vida. Além de lutar por justiça, ela teme pela vida da filha mais nova, de apenas 9 anos.
“No dia da operação, eu estava dormindo, quando a minha filha entrou desesperada no meu quarto, tremendo, e falando ‘tá dando tiro’. Quando eu vi, ela tava alisando a foto do irmão no celular e chorando. Ela me perguntou: ‘Será que vai acontecer com a gente igual o que aconteceu com o meu irmão?’ Foi um dia desesperador. Parecia que os tiros estavam dentro da nossa casa.”
            
        
Essa tragédia dupla se abateu sobre a família de Nádia Santos, moradora do Complexo do Chapadão. Primeiro, ela perdeu Cleyton, morto a tiros em uma ação policial em 2015, depois foi o filho mais novo, Cleyverson, alvejado em 2022.
“Esse governador é o ‘Exterminador do Futuro’, porque ele extermina o futuro e os sonhos dos jovens. Ele poderia entrar com educação, com saneamento básico, com emprego, mas a única oportunidade que o governo deu pra eles foi caírem no narcotráfico e pegarem um fuzil na mão. Quando o governo não dá oportunidade, o tráfico abraça.
“E não é culpa nossa. Nenhuma mãe cria seu filho pra ver ele tombado sem cabeça. Eu ainda sangro pela morte dos meus filhos, mas hoje eu tô sangrando ainda mais pelas mortes desses 121 filhos”
Quem também participa da manifestação é Adriana Santana de Araujo, mãe de Marlon Santana de Araujo, um dos 28 mortos durante uma operação no Jacarezinho, em 2021, que figurava como a mais letal do Rio antes da realizada nesta semana.
Além de perder o filho, Adriana também foi vítima de uma fake news nas redes sociais, quando a identidade de uma mulher, que aparecia em uma foto segurando um fuzil, foi falsamente atribuída a ela. O sofrimento e as consequências da mentira obrigaram a microempreendedora a se mudar do Jacarezinho, onde vivia por quase 40 anos.
“Eu vim aqui porque eu sei o que essas mães de agora estão passando. A dor não passa nunca. A gente acostuma a viver com ela. Enterram os nossos filhos mortos e enterram nós, as mães, vivas. Logo depois que o Marlon morreu, meus outros filhos me protegeram do que tava sendo falado na internet. Depois de um tempo, eu pensei em voltar a trabalhar, pra seguir com a vida. Um dia, eu fui pegar um dinheiro na casa de um cliente, mas acabei batendo na porta errada, e o cara me disse: ‘se eu tivesse uma arma aqui, eu te matava, você tinha que morrer junto com o seu filho’”, lembra.
O protesto também reuniu membros de movimentos sociais e trabalhistas, como a dirigente sindical Raimunda de Jesus. “A forma que aconteceu aqui não acontece na Zona Sul, nas áreas mais ricas, mas lá também tem bandidos”.
“Nós, que moramos na periferia, somos discriminados. Mas o Estado não pode nos ver como inimigos. O Estado tem que tratar e cuidar do seu povo, de toda a sua população”, afirmou.
            
        
Segundo o governo do estado, a Operação Contenção foi realizada para cumprir 100 mandados de prisão e 180 de busca e apreensão contra a facção criminosa Comando Vermelho. A mobilização de cerca de 2,5 mil agentes fez da operação a maior em 15 anos no estado, mas o número recorde de mortos a tornou a mais letal da história.
Entre as 121 pessoas que morreram, quatro eram policiais e 117 eram civis. Segundo o governo do estado, 99 já foram identificados e 89 tiveram os corpos liberados para retirada no Instituto Médico Legal. Entre os que já tiveram a identidade divulgada, 78 tinham histórico criminal, e 42 tinham mandado de prisão pendente.
Entidades de direitos humanos e organizações da sociedade civil denunciam a operação como “massacre” e “chacina” e criticam a alta letalidade da ação, que inicialmente teve o número 58 mortos divulgado pelo governo do estado.
Familiares e moradores do Complexo da Penha, entretanto, retiraram dezenas de corpos de uma área de mata na região na madrugada seguinte à ação e relatam que tambem havia sinais de tortura e até mutilações nos cadáveres.
 
                         
								