Saúde
Quais são as principais doenças no couro cabeludo e como tratá-las? Mais de 40 milhões de brasileiros sofrem com patologias capilares

Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), cerca de 30% das mulheres terão algum problema relacionado à alopecia após os 50 anos e 80% dos homens com mais de 80 anos sofrerão de calvície. Essas são apenas algumas das irritações que podem geradas pelo corpo, mas existem condições mais complexas, como psoríase, alopécia e foliculite, que têm impacto significativo na qualidade de vida.
O couro cabeludo desempenha um papel fundamental na proteção do crânio e na saúde dos fios. No entanto, assim como qualquer outra área da pele, está sujeito a uma infinidade de condições dermatológicas que podem afetar sua saúde e aparência. Compreender as principais condições que afetam essa região é essencial para poder detectar qualquer intercorrência capilar, a fim de buscar o tratamento apropriado para a condição.
De acordo com Dra. Cecilia Bello, diretora médica na Mais Cabello, rede líder de transplantes e tratamentos capilares dedicada a prevenir e tratar qualquer questão de saúde do couro cabeludo e fios, “quanto mais cedo o problema for reconhecido, melhores são as perspectivas de recuperação da saúde dos folículos e fios e na melhoria da qualidade de vida, sem que seja necessário sacrificar a autoestima”.
Para auxiliar na compreensão, identificação e melhor tratamento para cada caso, a especialista explica sobre cada uma das principais patologias capilares a seguir, mas ressalta que “é muito importante consultar um médico que lide com tricologia para um diagnóstico preciso e uma recomendaçãode tratamento personalizado”:
Dermatite seborreica
A dermatite seborreica, conhecida como caspa, é uma condição inflamatória crônica da pele que afeta principalmente o couro cabeludo, mas também pode ocorrer em áreas oleosas como rosto, sobrancelhas, orelhas ou tórax. Suas causas exatas não são completamente conhecidas, mas fatores como produção excessiva de sebo, presença do fungo Malassezia e resposta inflamatória do sistema imunológico são importantes. Os sintomas incluem descamação, coceira intensa, vermelhidão e irritação na pele.
O tratamento geralmente envolve o uso de shampoos medicamentosos contendo ingredientes como piritionato de zinco, cetoconazol ou ácido salicílico, além de manter uma boa higiene capilar e evitar o estresse. Em casos graves, um dermatologista pode prescrever medicamentos tópicos ou orais mais potentes, além de indicar tratamentos em clínicas especializadas.
Foliculite
A foliculite é uma condição comum da pele em que os folículos pilosos ficam inflamados, podendo ser causada por infecções bacterianas, fúngicas ou virais em qualquer área onde haja pelos, como couro cabeludo, rosto, costas, pernas ou região genital. No couro cabeludo, aparecem pequenas protuberâncias vermelhas ao redor dos folículos, acompanhadas de coceira, sensação de ardor, inchaço, sensibilidade, descamação da pele e, em casos mais graves, secreção de pus.
O tratamento inclui medidas para reduzir a inflamação e controlar a infecção, como o uso de shampoos para controle da oleosidade, aplicação tópica de cremes ou loções medicamentosas e, em casos mais severos, antibióticos orais prescritos por um médico. Procedimentos a laser também podem ser utilizados para reduzir a inflamação em casos persistentes.
Foliculite decalvante
A foliculite decalvante é uma forma crônica e rara de inflamação do folículo piloso que pode resultar em cicatrizes permanentes e perda de cabelo irreversível. Caracteriza-se por pústulas, crostas e áreas de alopecia (queda de cabelo) que se expandem progressivamente.
Suas causas ainda não são totalmente compreendidas, mas acredita-se que estejam relacionadas a uma resposta autoimune, com fatores bacterianos e genéticos desempenhando papéis importantes. O tratamento é desafiador e geralmente envolve o uso de antibióticos, corticosteróides e imunossupressores para controlar a inflamação e prevenir a progressão da doença. Terapias adicionais, como laser e tratamento tópico, também podem ser recomendadas para ajudar a manter a condição sob controle.
Foliculite dissecante
É uma alopecia que, inicialmente, pode lembrar uma foliculite simples, mas que evolui com nódulos que supuram e podem se interligar, fazendo fístulas na pele. Pode estar associada a acne grave e hidradenite supurativa.
A fisiopatologia da doença está associada à obstrução folicular, um aumento de queratina nos folículos, com aumento local de bactérias, secundariamente. O tratamento, quando instituído rapidamente e é bem sucedido, consegue replicar parte dos fios. Ele pode ser à base de retinóide oral, antibióticos, corticoide tópico ou infiltrativo, dentre outros medicamentos.
Para prevenir o aparecimento de tais patologias capilares, existem diversas clínicas especializadas com tratamentos ideais para cada tipo de caso. A rede Mais Cabello é pioneira nacional em transplantes e tratamentos capilares dedicada a prevenir e tratar qualquer questão de saúde do couro cabeludo e fios. Com unidades em todas as capitais brasileiras, a Mais Cabello tem como objetivo promover a democratização e o fácil acesso a cuidados para o cabelo, barba, sobrancelha e body hair para todos, desde crianças até idosos.
Eflúvio telógeno
O eflúvio telógeno é um tipo de queda de cabelo em que mais folículos capilares do que o normal entram na fase de repouso do ciclo de crescimento do cabelo, chamada fase telógena. Isso resulta em uma queda excessiva de fios, geralmente três meses após algum evento como estresse, infecções, cirurgias, partos ou mudanças na dieta. Essa condição geralmente é reversível, com o cabelo voltando a crescer dentro de seis meses a um ano.
O tratamento visa tratar a causa subjacente do evento e pode incluir gerenciamento do estresse, ajustes na dieta, suplementos vitamínicos e cuidados com o cabelo e couro cabeludo. Em alguns casos, medicamentos tópicos ou orais podem ser prescritos para estimular o crescimento capilar, além de procedimentos em clínicas especializadas.
Alopecia areata
A alopecia areata é uma condição autoimune que causa a queda repentina e imprevisível de cabelo em áreas específicas do couro cabeludo e/ou do corpo. Nesta condição, o sistema imunológico ataca erroneamente os folículos pilosos, interrompendo o ciclo de crescimento do cabelo. A pele nessas áreas fica lisa e brilhante e os pelos ao redor podem ser facilmente removidos. Embora a causa exata não seja totalmente conhecida, fatores genéticos e ambientais podem desempenhar um papel no seu desenvolvimento.
Apesar de não ser grave ou dolorosa, pode ter um impacto emocional significativo, especialmente quando a perda de cabelo é visível e afeta a autoestima. O tratamento pode incluir terapias tópicas, corticóides injetáveis, medicamentos orais, fototerapia com luz ultravioleta ou inibidores da Jak em casos mais graves.
Alopecia androgenética
Também conhecida como calvície, a alopecia androgenética é a forma mais comum de queda de cabelo que afeta homens e mulheres. É hereditária e está relacionada à sensibilidade dos folículos capilares aos hormônios sexuais masculinos, especialmente a diidrotestosterona (DHT). Os sintomas incluem perda gradual de cabelo, começando nas áreas frontais, temporais ou no topo da cabeça em homens, e no topo da cabeça em mulheres, além de afinamento progressivo dos fios, deixando o couro cabeludo mais visível.
O tratamento visa estimular o crescimento do cabelo e retardar a progressão da queda, e pode incluir medicamentos tópicos, orais e terapias de luz com laser de baixa potência (LLLT) para estimular os folículos capilares. Em casos avançados, o transplante capilar é uma opção eficaz a longo prazo. No entanto, os resultados variam e o tratamento requer acompanhamento contínuo para manter os resultados.
Alopecia fibrosante frontal
A alopecia fibrosante frontal é uma forma de alopecia cicatricial que afeta principalmente mulheres pós menopausa, embora também possa ocorrer em homens e em mulheres mais jovens. A condição é caracterizada por uma perda progressiva e irreversível de cabelo na linha frontal do couro cabeludo, que pode se estender para a perda de sobrancelhas e alterações na pele da face.
Acredita-se que a patologia esteja relacionada a uma resposta autoimune, em que o sistema imunológico ataca os folículos capilares. O tratamento visa controlar a progressão da doença e pode incluir o uso de medicamentos e terapias tópicas e orais.
Além disso, possuem protocolos personalizáveis, como:
Transplante capilar
Procedimento cirúrgico que envolve a transferência de folículos capilares saudáveis de áreas do couro cabeludo com cabelo para áreas afetadas pela calvície, permitindo o crescimento de cabelo permanente nessas regiões.
Hair Spa
Tratamento que consiste em reparar e revitalizar a saúde do couro cabeludo e dos fios.
Soroterapia
Tratamento intravenoso de reposição das vitaminas, minerais e aminoácidos conforme a necessidade individual. Para cuidar do cabelo de dentro para fora.
Revitalize Barba
Terapia de revitalização e estímulo de barba.
Purify scalp
Peeling feito no couro cabeludo que ajuda na regeneração do couro cabeludo.
SOBRE MAIS CABELLO
Mais Cabello, rede líder de transplantes e tratamentos capilares dedicada a prevenir e tratar qualquer questão de saúde do couro cabeludo e fios. Com uma missão centrada na excelência médica e terapêutica, a empresa combina técnicas manuais especializadas e tecnologia de ponta para proporcionar tratamentos e transplantes abrangentes para o couro cabeludo, fios, sobrancelha e barba. Com mais de 35 unidades localizadas em todo o país, conta com Malvino Salvador e Deborah Secco como sócios embaixadores. Comprometidos em oferecer soluções personalizadas e eficazes para cada necessidade dos pacientes, a empresa conta com uma equipe multidisciplinar altamente qualificada e experiente, empenhada em fornecer cuidados individualizados, entregando resultados surpreendentes.
Site: https://www.maiscabello.com.br/
Saúde
Planos de saúde poderão abater dívidas ao atender pacientes do SUS

Planos de saúde terão a possibilidade de abater dívidas de ressarcimento ao Sistema Único de Saúde (SUS) ao atender pacientes da rede pública. A portaria que oficializa a medida foi apresentada nesta segunda-feira (28) pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, pelo advogado-geral da União, Jorge Messias, e pela presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Carla de Figueiredo Soares.
A expectativa é que os pacientes do SUS sejam atendidos na rede privada a partir de agosto. A medida faz parte do programa Agora Tem Especialistas, e priorizará seis áreas com mais carência por serviços especializados: oncologia, oftalmologia, ortopedia, otorrinolaringologia, cardiologia e ginecologia.
Segundo o Ministério da Saúde, também será considerada a demanda dos estados e municípios, que vão apresentar suas necessidades. Estima-se que, inicialmente, R$ 750 milhões em dívidas das operadoras privadas sejam convertidos em consultas, exames e cirurgias.
As dívidas ocorrem porque os planos de saúde têm que ressarcir o SUS quando os beneficiários dos planos de saúde usam serviços públicos e estes constam na cobertura contratual assinada.
As operadoras que desejarem participar do programa devem aderir ao edital conjunto do Ministério da Saúde e da ANS. É preciso comprovar capacidade técnica e operacional e disponibilizar uma matriz de oferta que atenda às necessidades do SUS. Segundo a pasta, as vantagens da adesão ao edital são a regularidade fiscal, o uso da total capacidade dos hospitais conveniados e a redução de litígios administrativos e judiciais.
Os valores a serem convertidos em atendimento terão que ser negociados com a ANS ou com a Procuradoria-Geral Federal, no caso de dívidas ativas. Os planos de saúde precisam realizar mais de 100 mil atendimentos por mês. De forma excepcional, será considerado valor mínimo de R$ 50 mil por mês para planos de saúde de menor porte.
“É a primeira vez na história do SUS que implementamos um mecanismo como este. As dívidas, que antes iam para o Fundo Nacional de Saúde, mas não se convertiam em atendimento, agora viraram ações concretas para reduzir filas e dar dignidade a quem mais precisa”, disse o ministro Alexandre Padilha.
Plataforma de integração
O Ministério da Saúde também anunciou que os dados dos atendimentos realizados pela rede pública e pela rede de saúde suplementar estarão integrados na Rede Nacional de Dados em Saúde.
A partir de outubro, a promessa é de que os pacientes tenham mais autonomia e facilidade para acessar o histórico clínico. Será possível consultar exames, prescrições médicas, diagnósticos e tratamentos realizados no SUS e nos hospitais, clínicas e laboratórios conveniados aos planos de saúde.
Segundo a pasta, as informações da rede suplementar evitarão a repetição de exames, reduzirão custos e melhorarão diagnósticos e tratamentos.
A integração com a plataforma do SUS ocorrerá em etapas. Entre 1º de agosto e 30 de setembro, a Rede Nacional de Dados em Saúde receberá dados da população dos períodos de 2020 a 2025. A partir de outubro, a transferência será automática, conforme os atendimentos forem realizados.
Dados dos planos de saúde serão visualizados pela população no aplicativo Meu SUS Digital. Profissionais e gestores do SUS poderão acessá-los nas plataformas SUS Digital Profissional e SUS Digital Gestor, respectivamente.
O Ministério da Saúde espera que o volume na Rede Nacional de Dados em Saúde passe dos atuais 2,8 bilhões de registros para mais de 5,3 bilhões. A plataforma do SUS já conta com informações referentes a atendimentos públicos: mais de 80% dos estados e 68% dos municípios brasileiros usam a rede para organizar e planejar ações.
Saúde
Ministério da Saúde abre inscrições para o Agora Tem Especialistas

Profissionais interessados em participar do programa Agora Tem Especialistas podem se inscrever na plataforma da Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde a partir desta segunda-feira. O programa vai selecionar médicos especialistas para atuar em unidades públicas, com o objetivo de reduzir o tempo de espera por esses atendimentos. As inscrições vão até o dia 10 de agosto e as atividades começam em setembro, com duração de um ano.
O edital oferece 635 vagas imediatas, além de 1.143 para cadastro de reserva. Do total de vagas, 20% serão reservadas para pessoas negras, indígenas ou quilombolas e 6% para pessoas com deficiência. Para participar, é preciso ter Registro de Qualificação de Especialista – RQE ou estar em processo de solicitação, desde que a residência médica tenha sido concluída, ou o título de especialista já tenha sido emitido pela Associação Médica Brasileira – AMB.
Os médicos selecionados vão dedicar 16 horas semanais de assistência à população, e outras 4 horas a itinerários formativos teórico-práticos, conduzidos por profissionais dos hospitais do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde – Proadi-Sus e da Rede Ebserh. Em troca, receberão uma bolsa mensal que varia entre R$10 mil e R$20 mil reais, conforme a vulnerabilidade social da cidade onde irão atuar.
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No momento da inscrição, o candidato já deverá escolher em qual município e estabelecimento de saúde de sua preferência, podendo indicar até dois locais. A seleção será feita por pontuação, de acordo com as titulações de especialização e tempo de formação comprovados.
“Pela primeira vez, o Ministério da Saúde lança um programa com o intuito de trazer médicos especialistas para a Atenção Especializada da rede pública de saúde. Depois do sucesso do Programa Mais Médicos, que possibilitou formar e contratar médicos de família e comunidade, chega a vez do Agora Tem Especialistas, que vai investir no desenvolvimento desses profissionais já especializados”, explica o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Saúde
Manicômios judiciários unem o pior da prisão e do hospício, diz CFP

Inspeções em manicômios judiciários do país, realizadas pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), revelaram o uso de choque elétrico, medicalização forçada, violência física e psicológica, isolamento punitivo e outras práticas de tortura e violações. As conclusões estão no Relatório de Inspeção Nacional: Desinstitucionalização dos Manicômios Judiciários, lançado nesta segunda-feira (28) pela entidade, em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
“É uma denúncia pública e técnica que escancara o que o Brasil insiste em esconder através dos muros e grades dos estabelecimentos de custódia e tratamento psiquiátricos: a continuidade de práticas de tortura, abandono, medicalização forçada e o encarceramento que pode equivaler, na prática, com prisões perpétuas”, disse a presidenta do CFP, Alessandra Almeida, durante evento de divulgação do relatório.
Os manicômios judiciários são destinados a pessoas com transtorno mental ou deficiência psicossocial em conflito com a lei e estão no foco da Resolução nº 487/2023 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que criou a Política Antimanicomial do Poder Judiciário e indicou a necessidade de fechamento desses locais.
Segundo Almeida, foi observado um contexto de violações sistemáticas e institucionalizadas nas instituições asilares, como contenções físicas e químicas sem respaldo clínico, agressões físicas e verbais, isolamento punitivo, violação de vínculos familiares e ausência de canais de denúncia.
A inspeção identificou 2.053 pessoas com deficiência psicossocial em conflito com a lei ainda institucionalizadas nesses locais de caráter asilar – que é centrado na exclusão e isolamento.
“São práticas que contrariam frontalmente a prescrição de cuidado e atenção à saúde que devem ser direcionadas à essa população, conforme o que estabelece a Lei 10.216/2001 [Lei da Reforma Psiquiátrica], Convenções Internacionais das quais o Brasil é signatário e uma série de dispositivos e normativas que orientam a política de saúde mental no país”, disse.
Equipes do CFP fizeram inspeção presencial em 42 instituições, de janeiro a março de 2025, em 21 unidades federativas, das cinco regiões do país. Realizado dez anos após o primeiro diagnóstico feito pela entidade sobre o tema, o novo relatório concluiu que esses locais continuam reproduzindo “o pior da prisão com o pior do hospício”.
“A negligência, a lógica do castigo, a violação e o abandono estatal que chega a resultar em prisões perpétuas são marcas dessas instituições”, apontou a entidade.
O documento pontua ainda que as instituições têm problemas como infraestrutura degradada, restrições severas à circulação, falta de acessibilidade e superlotação; o acesso à água potável e à alimentação é limitado e insalubre; e faltam itens básicos para a higiene pessoal e roupas de cama. Segundo o CFP, foram identificadas também diversas formas de precarização do trabalho.
Racismo e capacitismo
“Quando olhamos para os manicômios judiciários, vemos pessoas que não são punidas pelo que fizeram mas pelo que se teme que possam fazer. Esse é o conceito de periculosidade, uma noção subjetiva e frequentemente enviesada, racializada e capacitista”, disse a presidenta do conselho.
Com base no pensamento de Franz Fanon, ela mencionou que a psiquiatria pode servir como ferramenta de opressão quando trata os sujeitos como problemas a serem corrigidos e não como pessoas a serem compreendidas. “Fanon, que foi psiquiatra e revolucionário, já advertia que a colonialidade habita os discursos da normalidade, do diagnóstico e do controle”.
“No Brasil, essa colonialidade se expressa de forma aguda na vida das pessoas negras, pobres, periféricas e com sofrimento psíquico. Ana Flauzina [doutora em Direito] afirma que o sistema prisional brasileiro é um sistema de desaparecimento de corpos negros, uma tecnologia de morte lenta e silenciosa”, acrescentou.
Ao citar ainda Carla Akotirene, autora da obra Interseccionalidade, Alessandra Almeida ressalta os cruzamentos entre raça, gênero, classe e deficiência no contexto da construção do que seria um “sujeito perigoso”.
“Isso nos faz reafirmar que, pelo menos, para as análises, investigações e práticas psicológicas, já não é possível – diante das complexidades sociais impostas – que não utilizemos a interseccionalidade como um elemento importante da nossa práxis”, concluiu.