Educação
Quando a educação inclui, todos ganham

Com 33,8% dos estudantes enfrentando dificuldades de aprendizagem, especialista destaca a importância do preparo docente
À medida que o ano letivo de 2024 se aproxima do fim, a educação segue enfrentando um grande desafio: incluir estudantes com dificuldades de aprendizagem no ambiente escolar. Contudo, a capacitação adequada dos professores tem se mostrado essencial para não apenas garantir a inclusão, mas também impulsionar resultados positivos tanto para os alunos quanto para os educadores.
Um estudo realizado este ano pela Equidade.info, iniciativa da Escola de Educação da Universidade de Stanford, em parceria com o Stanford Lemann Center e a Fundação Itaú, revelou que 12,8% dos estudantes brasileiros apresentam deficiências ou transtornos de aprendizagem. Esse número é semelhante ao dos Estados Unidos (12%) e está próximo da média internacional. Guilherme Lichand, um dos pesquisadores responsáveis, destaca que esses dados mostram a importância de uma abordagem mais estruturada na formação docente.
Desafios crescentes na sala de aula
O cenário educacional brasileiro enfrenta um desafio significativo. Segundo o Instituto NeuroSaber, entre 15% e 20% das crianças podem apresentar dificuldades de aprendizagem nos primeiros anos escolares, com esse número podendo chegar a 30% ou até 50% dependendo do contexto. Paralelamente, o Inep reporta que o percentual de alunos com dificuldade para ler e escrever saltou de 15,5% em 2019 para 33,8% em 2022.
Diante desse panorama, a preparação específica dos professores se torna essencial. “A formação docente deve ir além do conteúdo acadêmico, abrangendo estratégias de ensino diferenciadas e uma compreensão mais profunda das necessidades individuais dos alunos”, afirma Roberta Cassará Scalzaretto -especialista na formação de professores voltada para a primeira infância.
Como a capacitação transforma o aprendizado
Maximiliano João dos Santos, pai de Emilly dos Santos, aluna do 6º ano, compartilha sua vivência com uma criança com transtorno de déficit de atenção. “Minha filha enfrentava grandes dificuldades para compreender o que os professores ensinavam, o que causava nela muita frustração e ansiedade. Entretanto, quando uma professora decidiu realmente ajudar minha filha, oferecendo a atenção que ela precisava, a situação mudou. Ela começou a entender melhor as disciplinas e isso se refletiu em uma melhora significativa em suas notas”, conta.
A capacitação de professores voltada à inclusão não apenas auxilia os alunos com dificuldades de aprendizagem, mas também beneficia toda a comunidade escolar. Métodos adaptativos, como o ensino colaborativo e o uso de TA (tecnologias assistivas), tornam o aprendizado mais acessível e dinâmico para todos.
Roberta ressalta: “Quando o professor está capacitado, ele consegue identificar precocemente as dificuldades de aprendizagem, implementar intervenções eficazes e criar um ambiente onde todos os alunos se sintam valorizados”.
Além disso, o impacto positivo vai além da sala de aula. “Um professor bem preparado não apenas transforma o desempenho dos estudantes, mas também contribui para diminuir as taxas de abandono escolar e ampliar as perspectivas de futuro dos alunos”, complementa o especialista.
Um futuro inclusivo na educação
Investir na formação de professores é investir no futuro. Ao capacitar educadores para lidar com as diversidades e desafios da sala de aula, a escola se torna um espaço verdadeiramente inclusivo, onde cada estudante tem a oportunidade de desenvolver seu potencial. “Não se trata apenas de ensinar, mas de transformar vidas. E isso começa com um professor preparado e comprometido”, conclui o especialista.
A construção de um sistema educacional inclusivo depende de esforços coletivos e do entendimento de que cada aluno, independentemente de suas dificuldades e até mesmo de suas habilidades extras, merece um ensino de qualidade e adaptado às suas necessidades.
Educação
MEC lança programa para ampliar acesso de estudantes ao ensino técnico

O Ministério da Educação lançou nesta segunda-feira (10) em Natal (RN), o Programa Nacional de Promoção de Igualdade de Oportunidades para acesso de estudantes da rede pública de ensino à Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, chamado de Partiu IF. O lançamento ocorreu durante o anúncio da criação da Rede Nacional de Cursinhos Populares (CPOP).
Este programa oferecerá aulas e atividades de reforço educacional a estudantes selecionados da rede pública, especialmente àqueles em situação de vulnerabilidade, para que acessem o ensino oferecido pela rede federal, que em 2024 tinha 685 unidades.
O objetivo da política é preparar os estudantes para as provas de seleção dos institutos federais e, desta forma reduzir, desigualdades educacionais. Em cerimônia na tarde de hoje, o ministro da Educação, Camilo Santana, adiantou que cada estudante terá a ajuda de custo para permanência no curso de R$ 200 por mês, durante oito meses.
“Nós também vamos dar uma bolsa no mesmo valor do Pé-de-Meia para os alunos que vão fazer o cursinho do Partiu IF em todo o Brasil”, destacou o ministro da Educação, Camilo Santana.
Público-alvo
O programa Partiu IF pretende ampliar as oportunidades educacionais de acesso e permanência na educação profissional técnica de nível médio. O foco será a recuperação das aprendizagens de estudantes que enfrentaram desigualdades étnico-raciais na educação.
O ministro Camilo Santana apontou que terão prioridade na seleção de alunos: os jovens negros, quilombolas, indígenas, pessoas com deficiência. Os estudantes ainda precisam ter renda familiar per capita de até um salário mínimo. Atualmente, R$ 1.518.
Para Camilo Santana, a questão é de equidade e justiça social na educação a todos os brasileiros.
“É uma forma de dar oportunidade para aqueles jovens que não estão bem preparados. Será um reforço para esse jovem do 9º ano se preparar para fazer a seleção para a prova do instituto federal”.
Meta
A iniciativa pretende preparar até 2027 cerca de 78 mil estudantes do 9º ano do ensino fundamental da rede pública que desejam ingressar nos cursos técnicos integrados ao ensino médio, oferecidos na rede federal. O investimento do MEC será de R$ 463 milhões.
Somente para 2025, serão ofertadas 26 mil vagas a estudantes que estão no último ano do fundamental II. Ao todo, o custo estimado do programa para o biênio 2024-2025 é de R$ 115,8 milhões.
Aulas
O Partiu IF tem dois eixos de formação: Ciclo Básico e Formação Suplementar. A carga horária total é de 320 horas. O primeiro eixo é formado por: linguagem, matemática e ciências naturais. As habilidades e competências a serem recompostas estão relacionadas ao currículo da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, que aderirem ao programa. No ciclo básico, também serão ofertadas oficinas de redação.
Além do suporte acadêmico, o programa prevê formação suplementar com apoio social. Este eixo possui atividades voltadas ao acompanhamento psicopedagógico dos estudantes, monitoramento do progresso acadêmico e emocional dos participantes, orientação individual e/ou em grupo para abordar desafios específicos para construir um ambiente comunitário.
O ministro da Educação adiantou que as aulas vão começar a partir do próximo sábado (15) e que serão montadas cerca de 650 turmas com os alunos do público-alvo.
A previsão é que o Partiu IF tenha uma turma por campus, com 40 alunos cada. Desde agosto de 2024, o projeto piloto ocorre no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas (Ifsuldeminas), no campus Pouso Alegre (MG).
Educação
CNU: matrícula para cursos de formação da Enap começa nesta segunda

Começa nesta segunda-feira (10) o período de inscrição para os cursos de formação do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU). Dos nove cursos previstos em edital, cinco são organizados pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap) e quatro pelo Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe).
As inscrições devem ser feitas na página das instituições organizadoras pelos candidatos que estão na lista final divulgada na sexta-feira (7). O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) avisa que quem não realizar a matrícula dentro do prazo será automaticamente eliminado daquele cargo.
Enap
A matrícula para os cinco cursos de formação organizados pela Enap deve ser feita no site da escola a partir de hoje, até as 23h59 do dia 18 de março. A Enap não envia e-mail ou faz contato direto com candidatos.
Os cargos com cursos de formação na Enap são: especialista em políticas públicas e gestão governamental (EPPGG); analista de comércio exterior (ACE); analista em tecnologia da informação (ATI); e analista técnico de políticas sociais (ATPS); e analista de infraestrutura (AIE).
A documentação necessária para a matrícula nos cursos de formação da Enap está detalhada aqui.
Para candidatos que são servidores da administração pública federal, a exoneração do cargo efetivo não é pré-requisito para a matrícula. Nesse caso, o candidato e servidor deve pedir uma licença para participar do curso de formação.
Cebraspe
Os demais quatro cargos do concurso unificado terão cursos de formação organizados Cebraspe, com datas de inscrição distintas. As inscrições deverão ser feitas diretamente no site da instituição, conforme cada cargo.
As matrículas para o curso de formação do cargo de auditor-fiscal do trabalho (AFT) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) começam nesta terça-feira (11) e vão até as 18h da próxima sexta-feira (14).
De 13 e 17 de março, será a vez dos convocados fazerem suas matrículas para os cursos dos cargos de: especialista em regulação de serviços públicos de energia da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel); especialista em regulação de saúde suplementar da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS); e especialista em regulação de serviços de transportes aquaviários da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).
O MGI recomenda aos candidatos convocados a acompanharem o site do Cebraspe.
Cursos de formação
Os cursos de formação correspondem à terceira etapa do certame e têm caráter classificatório e eliminatório. Desta forma, a reprovação no curso resultará na eliminação do concurso e a nota obtida no curso será usada na classificação final.
O MGI explica que a formação dos candidatos aprovados no CPNU tem como objetivo desenvolver competências técnicas, gerenciais e estratégicas, além de proporcionar um entendimento mais profundo sobre as funções e responsabilidades dos cargos no serviço público federal, consideradas pelo MGI como essenciais.
Além de preparar os candidatos para aplicar conhecimentos específicos, os participantes serão orientados por valores como ética, equidade, sustentabilidade e foco nos resultados para o cidadão.
Todos que concluíram o curso com êxito e corresponderem aos requisitos legais receberão um diploma de pós-graduação com título de especialista.
Carga horária
O regime de aulas e a duração dos cursos foram determinados em regulamentos específicos das instituições responsáveis. A carga horária varia conforme o cargo, entre 140 e 540 horas.
Os cursos de formação serão realizados em formato integralmente presencial, sem possibilidade de acompanhamento remoto. A única exceção é o cargo de auditor-fiscal do trabalho (AFT), que terá formato híbrido, com parte presencial em Brasília e a outra online.
Somente o cargo de especialista em regulação de saúde suplementar (ANS) ocorrerá no Rio de Janeiro. Os demais participantes terão aulas em Brasília.
Remuneração inicial
Durante o curso, os convocados receberão 50% da remuneração inicial prevista para o cargo, menos descontos, com exceção dos servidores públicos, que poderão optar por manter os vencimentos atuais.
Os matriculados deverão cumprir obrigações, como: frequentar todas as aulas e atividades programadas pontualmente, realizar e entregar trabalhos e avaliações nos prazos estipulados, cumprir atividades não presenciais e dedicar-se integralmente e exclusivamente ao curso de formação.
Educação
Organização social atua com oficinas socioeducativas para crianças e adolescentes na região de Pirituba , em São Paulo (SP)

Desde 2017, a ONG PAC (Projeto Amigos da Comunidade) tem transformado a vida de crianças em situação de vulnerabilidade por meio da oficina socioeducativa EduPAC. O projeto, que já impactou 600 crianças e adolescentes, inicia neste mês de março um novo ciclo de atividades estruturadas, agora realizadas quatro vezes por semana.
Mais do que garantir acesso à educação de qualidade, o EduPAC busca ampliar a qualidade de vida das comunidades atendidas, fomentando o aprendizado e o desenvolvimento dos jovens.
A ONG capitaneia oficinas socioeducativas, pois são ações que têm se destacado como uma importante estratégia para diminuir as desigualdades educacionais no Brasil. Essas atividades, frequentemente adotadas por instituições públicas, ONGs e projetos sociais como meios de ensino e transformação, ajudam a fomentar a inclusão social e o desenvolvimento de habilidades, saberes e valores, especialmente entre pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Atualmente, 100 crianças de 6 a 14 anos participam da oficina EduPAC, que vão além do ensino tradicional, ao utilizar metodologias ativas, promovendo um ambiente dinâmico, lúdico e participativo. Sendo assim, o projeto estimula o desenvolvimento de competências sociais, emocionais, cognitivas e profissionais, incentivando a autonomia, o trabalho em equipe e a solução criativa de problemas.
Para alunos em situação de vulnerabilidade socioeconômica, as oficinas socioeducativas oferecem uma série de benefícios, como atenção personalizada, adaptando os ensinamentos e atividades às necessidades e ao ritmo de cada criança, auxílio no desenvolvimento das habilidades básicas de leitura e escrita, além de contribuir com o aprendizado de disciplinas exatas e outras matérias estruturantes.
“Investir em educação é a chave para reescrever histórias e criar futuros possíveis. Buscamos não apenas ensinar, mas também inspirar nossos jovens a superarem os desafios e a enxergarem a educação como um meio de transformação pessoal e comunitária. Trabalhamos para garantir que cada criança tenha a chance de construir um caminho mais justo e promissor para si e para sua comunidade”, afirma Rosane Chene, empreendedora social e diretora da ONG PAC.
Uma história de transformação
A trajetória de Maria Eduarda Castilho ilustra o impacto do EduPAC. Durante a pandemia, ela iniciou a vida escolar de forma remota, enfrentando grandes desafios de aprendizado. Sua mãe, Érica Castilho, que não possuía escolaridade, buscou apoio no EduPAC. Com um ano de acompanhamento intensivo, Maria Eduarda foi alfabetizada, e inspirada pelo progresso da filha, Érica também decidiu retornar aos estudos por meio da oficina Empodera, voltada para a educação de jovens e adultos.