Siga-nos nas Redes Sociais

Outras

Religiosos e pesquisadores defendem fé que acolha população LGBTQIA+

Publicado

em

Religiosos e pesquisadores defendem fé que acolha população LGBTQIA+
© Arte Fundo Positivo/Divulgação

As religiões podem se tornar espaços de acolhimento e de inclusão das diferentes orientações sexuais e identidades de gênero. É com essa visão que pesquisadores, ativistas e religiosos se reúnem a partir de hoje (4) no 1º Seminário Nacional LGBTQIA+ de Fé: diálogo inter-religioso e luta contra fundamentalismos. O evento vai até o dia 6 de fevereiro na Biblioteca Parque Estadual, na região central do Rio de Janeiro.

A cientista da religião Giovanna Sarto é uma das curadoras do encontro, que vai reunir representantes de tradições religiosas diferentes: Budismo, Santo Daime, Islamismo, Candomblé, Umbanda, Hinduísmo, Catolicismo, religião pagã, além de instituições evangélicas tradicionais, pentecostais e neopentecostais.

Ela diz ter esperança de que, por meio do diálogo e da mobilização coletiva, fé e pluralidade sexual sejam elementos cada vez mais compatíveis.

“No Brasil hoje, a gente vê que há maior abertura para a diversidade sexual e de gênero, por exemplo, entre as religiões de terreiro, como umbanda e candomblé. Mas em todas as religiões há nuances de conservadorismos e de fundamentalismos que impedem o diálogo. Por outro lado, há grupos da Igreja Católica e de igrejas pentecostais que são bem abertos ao diálogo”, diz a pesquisadora.

Um dos principais obstáculos nesse sentido é o do fortalecimento mais recente dos fundamentalismos religiosos, impulsionados em parte por políticos reacionários.

 “Fundamentalismos são diferentes tendências entre grupos e instituições de promover interpretações literais ou fundamentais de textos religiosos. Muitas vezes, sem levar em conta o contexto do que foi escrito, qual é a base histórica e política dele. E isso para justificar violência, exclusão e segregação”, explica Giovanna.

Brasília – Religiosos e pesquisadores defendem fé que acolha população LGBTQIA+ – Foto Giovanna Sarto/Arquivo Pessoal

Para a pesquisadora, é uma contradição que religiões originalmente plurais e acolhedoras hoje se apresentem de forma excludente e violenta contra a população LGBTQIA+.

“Se a gente olhar nos textos do Cristianismo, que representa o caldo mais grosso da religiosidade brasileira hoje, é uma religião extremamente plural. Quando a gente abre a bíblia judaico-cristã, vê inúmeras histórias de vivências sexuais, diferentes identidades e formas de relação. Que na época, inclusive, afrontaram o sistema e perturbaram a ordem”, diz Giovanna.

“Muito paradoxal ver hoje o Cristianismo como esse grande formulador do que é a verdade, do que deve ser a sexualidade, do que não se deve aceitar em termos morais. Quando, na verdade, ele nasce desse lugar de pluralidade, de vivência mais livre, respeito e de uma coletividade dialogal”, complementa.

Seminário

O 1º Seminário Nacional LGBTQIA+ de Fé também vai reunir ativistas, artistas e políticos. O evento é organizado pelo Fundo Positivo, uma organização sem fins lucrativos, voltada principalmente para ações nas áreas de saúde preventiva, HIV/AIDS e diversidade. Além de Giovanna Sarto, a teóloga queer Ana Ester também responde pela curadoria do seminário.

Entre os participantes confirmados estão a vereadora Monica Benício (PSOL/RJ), a deputada estadual Dani Balbi (PcdoB/RJ), Pai Rodney de Oxóssi, os ativistas Fred Nicácio e Valéria Barcellos.

Os principais temas trabalhados no encontro são Terapia de Reversão, O enfrentamento aos fundamentalismos a partir da ética da diversidade, Bíblia e diversidade sexual e de gênero e Intolerância religiosa no Brasil”. No fim do encontro, será publicada a Carta do Rio de Janeiro contra a LGBTfobia, destinada a políticos e autoridades, com o objetivo de incentivar políticas públicas de defesa à vida.

Traumas religiosos

Héder Bello vai participar do seminário como coordenador do grupo de trabalho que pede a criminalização da chamada “cura gay”. Ele se apresenta como um sobrevivente desse processo, que aconteceu quando tinha entre 14 e 27 anos de idade. Natural de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, cresceu em uma família evangélica fundamentalista que entendia a homossexualidade como um desvio moral.

Brasília – Religiosos e pesquisadores defendem fé que acolha população LGBTQIA+ – Foto Héder Bello/Arquivo Pessoal

“Passei por psicólogos cristãos que tentavam me reorientar, por exorcismos, jejuns de três dias (um dos quais me levou ao desmaio, interpretado como possessão demoníaca), autoflagelação, orações incessantes e confissões públicas sobre meus desejos, tudo em busca de uma ‘cura’ que nunca viria”, diz Héder.

“Eu estava preso em um regime de constante controle e repressão emocional, o que afetou minha autoestima, meu amor próprio e fez com que eu literalmente me odiasse, fazendo com que pensamentos suicidas fossem muito frequentes”, complementa.

Héder cursou psicologia na universidade e, ao ter acesso a novas perspectivas, começou a questionar as visões negativas da religião sobre a diversidade sexual. Atualmente, está concluindo um doutorado na área, em que pesquisa os efeitos negativos das terapias de conversão sexual.

“Hoje, minha luta é para que o Brasil avance no combate à cura gay, não apenas com a proibição ética pelo Conselho de Psicologia, mas com uma criminalização efetiva dessas práticas, garantindo que nenhum jovem LGBTQIA+ precise passar pelo que eu passei. Além disso, defendo que o poder público implemente políticas de reparação para as vítimas dessas práticas, reconhecendo os danos irreversíveis que elas causam”, diz Héder. “A cura gay não é uma terapia. É um mecanismo de tortura psicológica e emocional que destrói vidas”.

Segundo o site Agenciabrasil.ebc,

Com informações: Agenciabrasil.ebc

A ImprensaBr é um portal de notícias que fornece cobertura completa dos principais acontecimentos do Brasil e do mundo.

Clique para comentar

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Outras

A indústria do engajamento falso: como agências lucram com números inflados

Publicado

em

Reprodução / Internet
Reprodução / Internet

A indústria do engajamento falso: como agências lucram com números inflados está entre os assuntos mais discutidos no marketing de influência em 2025. O aumento de investigações e denúncias ligadas à compra de seguidores coloca o setor em alerta.

A prática de comprar seguidores tem sido amplamente utilizada por quem busca status rápido, mas os riscos dessa escolha são cada vez maiores. Plataformas como Instagram e TikTok estão fortalecendo seus algoritmos para identificar e punir quem tenta burlar os sistemas de engajamento.

Casos como esse levantam dúvidas entre anunciantes e marcas. Muitas empresas estão exigindo dados reais de desempenho antes de fechar contratos com influenciadores — como prints de métricas, acessos ao painel e informações do público.

Os influenciadores que utilizam seguidores falsos estão sendo gradualmente excluídos de campanhas, rankings e até dos algoritmos de distribuição de conteúdo. O público também está mais atento e cobra autenticidade como nunca.

Para quem deseja ganhar seguidores reais e engajamento legítimo, o melhor caminho é investir em estratégias modernas e serviços confiáveis que priorizam alcance qualificado.

  1. 2025 marca uma nova era na influência digital — e só sobrevive quem constrói sua base com verdade e consistência. O futuro é transparente.

Continue Lendo

Outras

PF passa a fazer fiscalização e registro de CACs a partir desta terça

Publicado

em

© Edilson Rodrigues/Agência Senad

A responsabilidade pelo registro das licenças, controle e fiscalização das atividades de colecionadores, atiradores desportivos e caçadores, os chamados CACs, passa a ser da Polícia Federal (PF), a partir desta terça-feira (1º). Anteriormente, a atribuição estava a cargo do Comando do Exército, conforme estabelece o Decreto nº 11.615, de 21 de julho de 2023.

Segundo a PF, a transição será feita aos poucos pelas superintendências regionais. Entre as atribuições que a instituição assumirá estão o registro de pessoas físicas e jurídicas para o exercício das atividades de colecionadores, tiro desportivo e caça excepcional; autorização para compra e transferência de armas; fiscalização das atividades exercidas por CACs; concessão de guias de tráfego e fiscalização e controle do comércio varejista para pessoa física.

Na semana passada, a PF anunciou está desenvolvendo um painel de Business Intelligence (BI) para trazer mais transparência aos dados estatísticos de processos relacionados aos CACs. A nova ferramenta contará com dados sobre registros, tipos de armas mais comuns, quantidade de armas, número de vistorias realizadas, autuações e apreensões, entre outros.

Relembre

Assinado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, pelo ministro da Defesa, José Múcio, e pelo então ministro da Justiça e Segurança Pública, o atual ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, o Decreto nº 11.615 regulamentou o Estatuto do Desarmamento.

A legislação estabelece novas regras para aquisição, registro, posse, porte, cadastro e comercialização nacional de armas de fogo, munições e acessórios. Ela define também que as atribuições de autorização, registro e fiscalização de armas de CACs passem do Exército para a PF.

A transição progressiva de competências dos registros de CACs do Comando do Exército para a Polícia Federal foi estabelecida em Acordo de Cooperação Técnica (ACT), publicado em 19 de setembro de 2023. O primeiro termo aditivo a esse acordo, de 27 de dezembro, definiu a data de 1º de julho de 2025 para o início da fiscalização pela PF.

Em maio, o Ministério da Justiça destinou R$ 20 milhões para a PF assumir a nova atribuição. De acordo com o secretário-executivo do ministério, Manoel Carlos de Almeida Neto, até o mês passado, 600 servidores da instituição já tinham sido qualificados para exercer as novas funções e novas estruturas, como as delegacias e os núcleos de Controle de Armas que estão sendo criadas.

Fonte

Continue Lendo

Outras

Ao completar 15 anos, ONU Mulheres diz que desigualdade é desafio

Publicado

em

© Pedro Nogueira/ONU Mulheres

“Direitos das mulheres são como ondas do mar: há retrocesso, mas avanços são persistentes”, disse a representante da ONU Mulheres no Brasil, Ana Querino, alertando para a necessidade de renovar esforços em defesa de meninas e mulheres.

O mundo tem 4 bilhões de meninas e mulheres, mas a sobrevivência delas em igualdade com os homens permanece um desafio global. Elas não estão representadas proporcionalmente na política, nos cargos de decisão nas empresas e nos governos e sofrem de maneira diferenciada com a pobreza e a violência.

Com o desafio de pensar ações e estratégias capazes de melhorar a vida desse contingente, a agência das Nações Unidas (ONU) para as Mulheres completa 15 anos em 2025. A entidade reconhece que a caminhada pela igualdade de gênero, nesse período, não andou em linha reta, mas que as idas e vindas fazem parte do processo. Para impedir retrocessos acentuados, no entanto, propõe uma repactuação.

Pesquisa da entidade, de março deste ano, mostra que direitos humanos das mulheres estão em risco em um a cada quatro países, além de salientar preocupação com o aumento da violência e da exclusão digital de mulheres.

Na avaliação da entidade, o momento histórico é precário, o que, na prática, significa piora das condições de vida, como reconhece Ana Querino, representante interina da ONU Mulheres no Brasil.

“São 15 anos de atuação, de institucionalização de um trabalho que começou há 50 anos, com a intenção de acelerar os avanços”, explicou a gestora. “Quando a gente pensa em mudanças estruturantes, que mudam a sociedade, é normal que se tenha esses movimentos, que não são em linha reta. São avanços como as ondas do mar, analogia de que me apropriei, pois, vão e voltam, mas são persistentes e não têm como segurar. A força da natureza é maior”, comparou.

Entre os desafios do momento, a agência destaca a obrigação dos países de incluírem 50% de mulheres nos espaços de decisão, conforme recomendação recente da Convenção para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação com as Mulheres (Cedaw). A convenção tem força de lei no Brasil, tendo sido adotada em 1984. Hoje, as brasileiras não chegam a duas a cada dez parlamentares no Congresso Nacional. Elas são 17% do total de 513 deputados e 81 senadores eleitos no país.

Outra preocupação da ONU Mulheres é com 600 milhões de mulheres e meninas vivendo em zonas de conflito, 50% a mais que há dez anos, segundo balanço da entidade. Além do risco de morte e das condições de vida precária, a situação é fator determinante para mortes maternas. Seis em cada dez mortes de mulheres relacionadas à gravidez ocorrem nos 35 países afetados por conflitos.

“Estamos em momento de fragilidade em relação aos acordos alcançados na criação da ONU, portanto, mais do que nunca, é preciso reforçar a mensagem da Carta da ONU, que completou 70 anos. Mas a certeza que a gente tem, independentemente do conflito, é de que as mulheres e meninas são afetadas de forma específica pelas guerras e, muitas vezes, a violência contra essas mulheres e meninas, incluindo estupros, são usados como arma”, explicou a representante no Brasil.

A organização cobra que lideranças, em especial os chefes de Estado e os parlamentos, assumam a defesa dos compromissos internacionais, como os pactuados há 30 anos na Plataforma de Ação de Pequim e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, entre outros acordos, como a Resolução 1.325 do Conselho de Segurança. O documento reconhece o impacto diferenciado das guerras sobre meninas e mulheres e a necessidade de participação delas na mediação e construção da paz.

Nesse cenário, a ONU Mulheres quer renovar o compromisso dos Estados e instituições privadas e propõe 15 ações em diversas áreas, divulgadas nesta terça-feira (1º). A principal é proteger as conquistas já obtidas.

“Isso inclui garantir que os sistemas legais, políticos e financeiros promovam — e não dificultem — a igualdade de gênero”, destaca o informe da entidade divulgado para marcar o aniversário.

“A gente precisa muito que essas lideranças, nos mais variados espaços, nos governos, parlamentos, nas empresas privadas e na sociedade civil, assumam esse compromisso ou pelo menos visibilizem e falem sobre [os direitos das mulheres], porque temos ouvido, com frequência, vozes de outras pessoas em posições de destaque, vamos falar assim, que estão se contrapondo [a esses direitos]”, explicou Ana. “Precisamos de vozes que reforcem o progresso”, frisou.

Outra importante ação é incluir as mulheres digitalmente. A representante da ONU explicou que muitas têm dificuldade de usar a tecnologia, o que acaba limitando o uso por elas. Paralelamente, a entidade cobra mais mulheres na indústria digital. “Se não temos mulheres por trás desse avanço tecnológico, temos a tecnologia reproduzindo a misoginia e a discriminação”, alertou. Como resultado dessa exclusão, a ONU também observa o aumento da violência facilitada pela internet.

Entre as 15 ações propostas pela ONU para repactuar avanços sobre a igualdade de gênero, além de impedir retrocessos e acabar com os conflitos, são prioridades erradicar a pobreza, uma vez que uma em cada dez meninas ou mulheres ainda vive com menos de US$ 2,15, ou seja, menos de R$ 12 por dia, e combater a fome. Segundo a ONU, mais mulheres do que homens enfrentam insegurança alimentar.

Enfrentar a violência é outra ação que requer medidas imediatas, pois uma mulher ou menina é assassinada a cada dez minutos no mundo por um parceiro ou parente próximo. Em 2023, 85 mil foram assassinadas intencionalmente. A situação exige fortalecimento das leis, tolerância zero e apoio às sobreviventes.

A participação das mulheres nas discussões sobre as mudanças do clima e a participação delas na economia são também frentes da ONU Mulheres. A entidade propõe políticas ou sistemas de cuidado com empregos dignos no setor, além de salários iguais em todas as profissões. Elas ainda ganham 20% menos.

Fonte

Continue Lendo