Economia
Santander Asset vê mercado de renda fixa local com viés positivo em julho

A decisão unânime do Banco Central pela manutenção do patamar de juros em 10,50% reduziu alguns ruídos de curto prazo, mas as incertezas em relação à condução da política fiscal continuam tendo impacto no mercado de juros. A avaliação está na carta mensal de julho da Santander Asset Management Brasil (SAM), divulgada hoje.
“Apesar da indefinição do cenário à frente, acreditamos ser baixa a probabilidade de novas altas na taxa Selic e, nos patamares atuais, ainda enxergamos algum prêmio na curva de juros”, afirma a gestora de recursos do Santander Brasil, que adotou visão neutra com viés positivo para o mercado local de renda fixa.
Para o crédito privado, o posicionamento da casa segue neutro. Apesar da indústria de fundos de crédito privado seguir bastante aquecida, com alta procura dos investidores, os spreads dos títulos já estão em níveis de baixa atratividade, diz a asset do Santander.
Após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de junho, quando o BC manteve a Selic estável, a SAM mudou sua projeção de taxa básica de juros para o final de 2024, de 10,25% para 10,5%. A estimativa para o fim de 2025 continua em 9,5%.
Segundo a gestora, o cenário doméstico ainda apresenta nível de incerteza mais elevado do que o usual, o que explica a última decisão do Copom e também o discurso mais conservador da autoridade monetária sobre seus passos seguintes. Assim, avalia a SAM, os juros devem ser mantidos neste nível até dezembro.
Já o comportamento das expectativas de inflação segue desconfortável, observa a Santander Asset, com as projeções em tendência de aceleração. A casa prevê alta de 3,8% e 3,7% para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2024 e 2025, respectivamente. “Por fim, a atividade mantém uma trajetória sólida, e não traz sinais claros que suportem uma tendência de queda de juros”, afirma a SAM.
Para a Santander Asset, o patamar elevado de juros no Brasil e também nos EUA retira a atratividade de investimentos em ativos de risco. Por isso, a SAM segue com visão neutra para a Bolsa local, embora o valuation das empresas e as projeções de lucros continuem construtivos. “Ainda não observamos fluxo relevante do investidor estrangeiro na Bolsa local e seguimos com poucos gatilhos que possam impactar positivamente o Ibovespa no curto prazo.”
Veja a carta mensal completa em:
https://www.santanderassetmanagement.com.br/content/view/14729/file/Carta%20Mensal%20Julho.pdf?inLanguage=por-BR&version=1
Economia
“Se fizer olho por olho, vai ficar todo mundo cego”, diz Alckmin

A sobretaxação em 25% do aço e do alumínio pelos Estados Unidos não foi decidida por causa do Brasil, mas prejudicará o país e o comércio global, disse nesta quinta-feira (13) o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. Ele classificou de “equivocada” a decisão do governo de Donald Trump.
“Entendemos que o caminho não é olho por olho. Se fizer olho por olho, vai ficar todo mundo cego. Comércio exterior é ganha, ganha. Ganha quem tem mais competitividade para exportar e ganha o conjunto da sociedade. O caminho é a reciprocidade e buscar diálogo”, declarou o vice-presidente após anunciar a confirmação da tarifa zero para nove tipos de alimentos.
O vice-presidente reiterou que os Estados Unidos têm superávit comercial com o Brasil, com tarifa zerada para a maioria dos produtos. “A medida tomada de aumentar para 25% a tarifa de aço e de alumínio não foi contra o Brasil, foi uma medida geral. Não foi específica. Entendemos que a decisão é equivocada porque o Brasil não é problema comercial para os Estados Unidos. Eles têm superávit comercial com o Brasil”, destacou.
Nos dois primeiros meses de 2025, o Brasil acumulou déficit comercial de US$ 342,9 milhões com os Estados Unidos, com a segunda maior economia do planeta exportando para o Brasil mais do que importa. “Contando bens e serviços, o superávit comercial dos Estados Unidos com o Brasil [déficit do Brasil com os Estados Unidos] chega a US$ 25 bilhões”, acrescentou Alckmin.
Dos dez produtos que os Estados Unidos mais vendem para o Brasil, ressaltou Alckmin, oito têm tarifa zero porque estão na lista de ex-tarifários, que isenta de Imposto de Importação bens de capital (máquinas e equipamentos usados na produção) e bens de telecomunicações. A tarifa comercial média aplicada pelo Brasil aos produtos norte-americanos está em 2,7%, com 72% do que os Estados Unidos exportam entrando no país com alíquota zero.
Economia
Luciana Ikedo reforça o conselho fiscal do IBPC no Rio de Janeiro

A planejadora financeira Luciana Ikedo, de São José dos Campos, toma posse como conselheira fiscal do Instituto Brasileiro de Práticas Colaborativas (IBPC) no próximo dia 15 de março, em cerimônia que ocorrerá no Rio de Janeiro.
O IBPC é uma organização sem fins lucrativos que reúne profissionais como advogados, psicólogos e psicanalistas. O instituto atua na mediação de conflitos, especialmente em casos de divórcio com crianças envolvidas, promovendo soluções colaborativas e equilibradas para as partes envolvidas.
Com a chegada de Luciana ao conselho fiscal, o IBPC amplia sua atuação ao incluir uma especialista em finanças na mediação dessas questões. Luciana contribuirá trazendo sua experiência na orientação e organização financeira para ajudar famílias e indivíduos a tomarem decisões mais conscientes e seguras durante esses processos.
“O impacto financeiro de uma separação ou qualquer outro conflito familiar pode ser significativo. Minha atuação no IBPC tem como objetivo ajudar as pessoas a organizarem suas finanças nesses momentos delicados, evitando prejuízos e permitindo que tomem decisões mais equilibradas e seguras”, afirma Luciana.
Ikedo é planejadora financeira certificada CFP®, autora do livro “Vida Financeira – Descomplicando, Economizando e Investindo”, docente universitária e possui formação internacional com MBAs pela Universidade de Tampa e Universidade de Ohio, além de especialização em Finanças pelo IBMEC/Insper.
Economia
BNDES lança edital de R$ 20 milhões para cooperativas de reciclagem

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou nesta quinta-feira (13) um programa para apoiar cooperativas de catadores de materiais recicláveis, com o objetivo de fortalecer a capacidade produtiva e ampliar a comercialização e o rendimento dessas entidades no mercado de reciclagem. Batizada de Tudo na Circularidade, em menção à ideia de economia circular, a iniciativa conta com R$ 20 milhões do Fundo Socioambiental do BNDES, que serão usados na contratação de uma entidade gestora para tocar o projeto na ponta. A seleção pública será aberta em 5 de maio.
“Essa entidade gestora vai coordenar a elaboração de editais, seleção de projetos, contratação e acompanhamento dos executores, de acordo com as realidades locais das cooperativas em todo o país”, explicou a diretora Socioambiental do BNDES, Tereza Campelo, durante evento de lançamento do projeto. Segundo Tereza Campelo, esses recursos aportados poderão ser ampliados com a adesão de empresas e entidades públicas e privadas.
“Queremos juntar recursos. O BNDES está entrando com recursos, no caso R$ 20 milhões, e queremos buscar outros grandes colaboradores, que podem ser empresas, governos, instituições públicas e privadas. O total esperado é de R$ 100 milhões”, estimou.
Créditos de Logística Reversa
A principal meta do Tudo na Circularidade é ampliar o acesso de redes de cooperativas e associações de catadores de materiais recicláveis ao mercado de créditos de logística reversa (CLR) e impulsionar a geração de emprego e renda para esse segmento de trabalhadores.
A logística reversa é um dos principais instrumentos da Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), instituída em lei federal desde 2010. Esse termo define um conjunto de “ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada”.
Pela lei, diversos setores econômicos, incluindo fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de produtos como agrotóxicos, pilhas e baterias, pneus, lâmpadas, eletroeletrônicos, óleos lubrificantes, medicamentos e produtos embalados em plástico, metal e vidro, entre outros, devem instituir sistemas de logística reversa para que suas embalagens retornem ao ciclo produtivo ou tenham destinação adequada após o consumo. Isso deve ocorrer de forma independente do serviço público de limpeza urbana.
Uma das formas de viabilizar a logística reversa de embalagens foi a criação de um sistema de compensação, semelhante aos “créditos de carbono”, em que as empresas podem remunerar agentes da cadeia produtiva da reciclagem que atuam na coleta, separação e reinserção desses materiais, que inclui principalmente os catadores e suas cooperativas.
“Estamos em um novo momento, falando de circularidade, logística reversa. São temas novos para os catadores, que precisam ter acesso de fato. Quem coloca a mão na massa são os catadores, mas, muitas vezes, os créditos vão para outros agentes”, afirmou o presidente da Associação Nacional de Catadores (Ancat), Roberto Rocha. “Esse programa precisa do BNDES precisa contribuir para que os catadores consigam se inserir nessa massa de crédito”, acrescentou.
O edital do BNDES pretende apoiar as cooperativas em capacitação e apoio para adoção de tecnologias modernas de coleta, separação e tratamento de resíduos; agregação de valor, armazenamento e comercialização; gestão, incremento do conhecimento técnico e comercialização; atendimento à legislação ambiental e sanitária e aumento da produção e da renda.
“As cooperativas recebem resíduos, separam e são remuneradas pela venda dos resíduos separados, pelo seu peso. Essa renda é frequentemente menor que um salário mínimo ou daquela de quando os catadores trabalhavam de forma autônoma nos lixões. Nós queremos dar condições para que essas entidades sejam remuneradas também pela prestação por serviços ambientais que elas fazem, por meio do crédito de logística reversa”, argumentou Tereza Campelo.
Lixões
Metade dos municípios brasileiros, onde vivem 18 milhões de pessoas, despeja resíduos em lixões. São mais de 2,5 mil lixões ainda em operação no país. Cerca de 77 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos não tem destinação adequada no Brasil, o que representa cerca de 43% do total.
Um estudo do Ministério do Meio Ambiente (MMA) estima que, se o país aproveitasse os materiais recicláveis aterrados ou descartados em lixões, incluindo papel, papelão, plásticos, metais, vidro e orgânicos, o volume anual de receita ultrapassaria os R$ 38 bilhões. “Isso é três vezes o valor necessário para encerrar todos os lixões ainda existentes no país”, explicou o diretor do Departamento de Gestão de Resíduos do MMA, Eduardo Santos.
De acordo com a Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), o índice de reciclagem é de pouco mais de 8% no Brasil.
Ainda segundo o diretor do MMA, o projeto do BNDES também pode atrair empresas interessadas em incentivar a reciclagem mediante desconto em tributos federais, como o Imposto de Renda (IR), medida que foi viabilizada com a regulamentação da Lei de Incentivo à Reciclagem, que entrou em vigor no final do ano passado.
“Está disponível para qualquer projeto de reciclagem, acessar uma dedução fiscal por meio do Imposto de Renda. Então, esses projetos podem ser apoiados por patrocinadores, que vão poder abater do imposto de renda. A gente enxerga como potencial que alavanca a reciclagem em sinergia com esse projeto do BNDES”, observou Eduardo Santos.