Economia
Tarifaço impacta logística brasileira e exige cautela, diz CCO da Prestex

Como em um jogo de xadrez, as tensões comerciais entre EUA e China impõem paciência e análises estratégicas das operadoras logísticas no Brasil para tomada de decisão assertiva
Empresas de todos os segmentos estão atentas ao cenário de tensão comercial que parece estar longe do fim, com os Estados Unidos impondo altas tarifas sobre produtos chineses, e a China retaliando também com taxas elevadas sobre os produtos americanos. No total, 180 países estão sendo impactados pelas tarifas comerciais anunciadas no início de abril pelo presidente dos EUA, Donald Trump. O Brasil também foi afetado com tarifação de 10% em alguns setores e 25% sobre o aço nacional, um dos principais materiais que o país exporta para os estadunidenses.
Ainda que o Brasil tenha tido uma das menores taxas aplicadas, a reação na cadeia produtiva é real e impacta a logística brasileira. Segundo o especialista em logística emergencial, Marcelo Zeferino, CCO da Prestex, a verdade é que a indústria como um todo ligou o sinal de alerta nas duas pontas: “Se de um lado, o maior parceiro para venda de produtos industrializados do Brasil são os EUA e com taxa de 10% deve-se perder em competitividade, do outro lado, está o maior concorrente da indústria brasileira que é a China, e que pode desviar sua produção para o Brasil, acirrando ainda mais a competição no mercado interno”, explica.
Para o especialista, no meio desse “tabuleiro” estão as operadoras logísticas que transportam as cargas, componentes, peças, maquinários, grãos, medicamentos, roupas e bens de consumo. “O real impacto deste cenário só será mensurado quando os preços se estabilizarem. Nesse momento, a incerteza enfraquece a indústria e prejudica o mercado, que não sabe se precisa ser mais agressivo e fazer estoque ou esperar, contando com uma baixa das tarifas ali na frente”, destaca o executivo da Prestex.
Mas, segundo Marcelo Zeferino, é preciso transformar a dificuldade em oportunidade. Ele lembra que no setor automotivo a China não tem fábrica no Brasil e a logística de peças, componentes, maquinário, a chamada logística de spare parts (gestão de peças de reposição) se tornará muito relevante. “Uma coisa é certa: o estoque será ainda mais just in time, demandando uma logística mais personalizada e assertiva, com alta performance, para que a cadeia tenha uma flexibilidade no atendimento. Algumas empresas americanas estão inclusive antecipando compras de produtos manufaturados do Brasil. As operadoras logísticas que estiverem preparadas para atender às demandas emergenciais, sairão na frente”, ressalta o CCO.
Há 22 anos no mercado, especializada em logística emergencial B2B, a Prestex atende todos os segmentos e acompanha de perto a movimentação das peças neste jogo estratégico de xadrez comercial das indústrias. “Já temos aeronaves de sobreaviso e estratégias predefinidas para atender rapidamente às demandas das empresas. As próximas semanas serão decisivas”, conclui.
A aposta no modal aéreo pela Prestex se deve à agilidade, segurança, cobertura global, possibilidade de rotas alternativas e procedimentos rigorosos de segurança, que minimizam riscos de perdas e danos. O executivo lembra que a participação do modal aéreo no transporte de cargas nacional ainda representa cerca de 3%, enquanto no exterior já chega a 6%.
O certo é que o setor logístico e a agilidade na entrega desempenham um papel fundamental nos negócios das empresas e no desenvolvimento econômico do país, refletindo no Produto Interno Bruto (PIB) e na geração de emprego. Segundo a Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL) o setor representa 1,8% do PIB nacional e é responsável por 2,3% do total de pessoas ocupadas no país.
A análise final do executivo da Prestex é que o tarifaço apresenta tanto desafios quanto oportunidades substanciais para a logística brasileira. “A visão estratégica, combinada com tecnologia, flexibilidade e habilidade de se adaptar rapidamente, pode elevar o Brasil a um papel-chave na logística global, capturando os benefícios de um ambiente econômico em mudança”, conclui Marcelo Zeferino.
Economia
Cerca de 8 milhões ainda não declararam Imposto de Renda em 2025

A um dia do fim do prazo, cerca de 8 milhões de contribuintes ainda não acertaram as contas com o Leão. Até as 17h47 desta quinta-feira (29), 38.149.275 contribuintes enviaram a Declaração Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) à Receita Federal. O número equivale a 82,57% do total esperado para este ano.
Segundo a Receita Federal, 58,8% das declarações entregues até agora terão direito a receber restituição, enquanto 21,8% terão que pagar Imposto de Renda e 19,5% não têm imposto a pagar nem a receber.
A maioria dos documentos foi preenchida a partir do programa de computador (83,6%), mas 11,2% dos contribuintes recorrem ao preenchimento on-line, que deixa o rascunho da declaração salvo nos computadores do Fisco (nuvem da Receita), e 5,2% declaram pelo aplicativo Meu Imposto de Renda para smartphones e tablets.
Um total de 49,5% dos contribuintes que entregaram o documento à Receita Federal usaram a declaração pré-preenchida, por meio da qual o declarante baixa uma versão preliminar do documento, bastando confirmar as informações ou retificar os dados. A opção de desconto simplificado representa 56% dos envios.
Desde 1º de abril, a declaração pré-preenchida passou a ser baixada com todos os dados disponíveis. O abastecimento dos dados da declaração pré-preenchida atrasou neste ano por causa da greve dos auditores fiscais da Receita.
O prazo para entregar a declaração começou em 17 de março e termina às 23h59min59s de 30 de maio. O programa gerador da declaração está disponível desde 13 de março.
A Receita Federal espera receber 46,2 milhões de declarações do Imposto de Renda da Pessoa Física este ano, o que representará um acréscimo de quase 7%, na comparação com 2024, quando foram entregues 43,2 milhões de declarações.
As pessoas físicas que receberam rendimentos tributáveis acima de R$ 33.888, assim como aquelas que obtiveram receita bruta da atividade rural acima de R$ 169.440, são obrigadas a declarar. As pessoas que receberam até dois salários mínimos mensais durante 2024 estão dispensadas de fazer a declaração, salvo se se enquadrarem em outro critério de obrigatoriedade.
arte irpf 2025 – Arte/Agência Brasil
Economia
Contas do Governo Central têm melhor abril em três anos

Num mês tradicionalmente de forte entrada de receitas no governo, as contas públicas surpreenderam. Em abril, as contas do Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) registraram superávit primário de R$ 17,782 bilhões. Descontada a inflação, o resultado positivo é 45,5% maior que o do mesmo mês do ano passado, quando as contas tinham registrado superávit de R$ 11,585 bilhões.
Esse é o melhor superávit para meses de abril desde 2022, quando o Governo Central tinha registrado resultado positivo de R$ 28,997 bilhões. O resultado veio melhor que o esperado pelas instituições financeiras. Segundo a pesquisa Prisma Fiscal, divulgada todos os meses pelo Ministério da Fazenda, os analistas de mercado esperavam resultado positivo de R$ 12,2 bilhões em abril.
Com o resultado positivo de abril, as contas públicas continuam no positivo no acumulado do ano. Nos quatro primeiros meses de 2025, o Governo Central registra superávit primário de R$ 72,359 bilhões, o segundo melhor resultado da série histórica com início em 1997, só perdendo para o mesmo período de 2022. Nos mesmos meses do ano passado, havia superávit de R$ 31,756 bilhões.
O resultado primário representa a diferença entre as receitas e os gastos, desconsiderando o pagamento dos juros da dívida pública. A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deste ano e o novo arcabouço fiscal estabelecem meta de déficit primário zero, com margem de tolerância de 0,25 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB) para cima ou para baixo, para o Governo Central. No limite inferior da meta, isso equivale a déficit de até R$ 31 bilhões.
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Precatórios
Apesar do superávit acumulado no ano, está previsto o pagamento de R$ 70 bilhões em precatórios (dívidas com sentenças judiciais definitivas) em julho. Em 2024, o governo antecipou o pagamento de precatórios para fevereiro.
Segundo o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, divulgado na semana passada, o Orçamento de 2025 prevê déficit primário de R$ 97 bilhões. Ao considerar apenas os gastos dentro do arcabouço, há previsão de déficit primário de R$ 31 bilhões, no limite inferior da meta. O marco fiscal exclui R$ 45,3 bilhões de precatórios (dívidas com sentença judicial definitiva a serem pagas pelo governo).
Receitas
Na comparação com abril do ano passado, as receitas subiram em ritmo maior que as despesas. No mês passado, as receitas líquidas subiram 10,9% em valores nominais. Descontada a inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a alta chega a 5,1%. No mesmo período, as despesas totais subiram 8,2% em valores nominais e 2,5% após descontar a inflação.
O superávit primário foi impulsionado pelo crescimento da arrecadação federal em abril. Se considerar apenas as receitas administradas (relativas ao pagamento de tributos), houve alta de 3,3% em abril na comparação com o mesmo mês do ano passado, já descontada a inflação.
Os principais destaques foram o aumento do Imposto de Importação, decorrente da alta do dólar em 12 meses, e do Imposto de Renda. A alta do lucro de empresas também beneficiou o caixa do Tesouro.
As receitas não administradas pela Receita Federal subiram 18,2% descontada a inflação na mesma comparação. Os principais fatores de alta foram os pagamentos de dividendos de estatais, que subiram R$ 3,25 bilhões por causa do pagamento de juros sobre capital da Caixa Econômica Federal e a alta de 18,2% nos royalties de petróleo, decorrente da desvalorização cambial nos últimos 12 meses.
Despesas
Quanto aos gastos, o principal fator de alta foi a Previdência Social, que subiram 2,4% acima da inflação em abril na comparação com o mesmo mês do ano passado, devido ao aumento do número de beneficiários e à política de valorização do salário mínimo. Os gastos com o Benefício de Prestação Continuada (BPC) saltaram em ritmo maior: 9,9% acima da inflação, pelos mesmos motivos.
A complementação da União ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) saltou 22,8% acima da inflação na mesma comparação. Segundo o Tesouro, isso ocorreu por causa da mudança na cesta de impostos que compõem os repasses.
As despesas obrigatórias com controle de fluxo (que englobam os programas sociais) subiram 2,1% em abril descontada a inflação na comparação com o mesmo mês do ano passado. As despesas com saúde subiram R$ 2 bilhões, parcialmente compensadas pelo recuo de R$ 1,1 bilhão nos gastos com o Bolsa Família, que passa por uma revisão constante de cadastro.
Os gastos discricionários (não obrigatórios) subiram 5% descontada a inflação em abril na comparação com o mesmo mês do ano passado. A queda reflete o atraso na aprovação do Orçamento, que só começou a ser totalmente executado em abril.
Os gastos com o funcionalismo federal recuaram 1,4%, também considerando a inflação. No entanto, o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, admitiu que as despesas com os servidores aumentarão nos próximos meses, com o início do pagamento retroativo do reajuste salarial para diversas categorias.
Investimentos
Quanto aos investimentos (obras públicas e compra de equipamentos), o total nos quatro primeiros meses do ano somou R$ 16,462 bilhões. O valor representa alta de 3,3% descontado o IPCA em relação ao mesmo período de 2024.
Além das diferenças de cronogramas mensais de obras públicas, o atraso na aprovação do Orçamento interferiu na alta. Até a sanção da lei orçamentária, em meados de abril, os investimentos estavam sendo executados com restos a pagar, verbas empenhadas (autorizadas) em anos anteriores. Nas duas semanas finais do mês, os investimentos aceleraram.
Economia
Juro do consignado para setor privado sobe para 59,1% ao ano em abril

Os juros do crédito consignado para trabalhadores do setor privado subiram 15,1 pontos percentuais (pp) em abril, passando de 44% ao ano em março para 59,1% em abril. Em 12 meses, o aumento é de 20,6 pp. Os dados são das Estatísticas Monetárias e de Crédito, divulgadas nesta quinta-feira (29) pelo Banco Central (BC).
A alta ocorreu em meio ao lançamento do Programa Crédito do Trabalhador, do governo federal, para facilitar e baratear os juros do empréstimo consignado a trabalhadores registrados com carteira assinada (CLT). O programa foi instituído em março e, naquele mês, o aumento nos juros foi de 3,1 pp. Até então, as variações na taxa dessa carteira de crédito chegavam a até 1 pp.
Segundo o BC, impulsionado pelas contratações do crédito do trabalhador, facilitado via Carteira Digital de Trabalho, as concessões de crédito consignado para o setor privado cresceram 148,7% em abril, com 7,4% de aumento no saldo da carteira.
Em abril, nas novas contratações de crédito para as famílias, a taxa média de juros livres atingiu 57,4% ao ano, com altas de 1,1 pp no mês e de 4,6 pp em 12 meses. De acordo com o BC, além do incremento no consignado para o setor privado, outro destaque foi o aumento de 2 pp no crédito pessoal não consignado.
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Nas contratações para as empresas, a taxa média do crédito livre ficou em 26% ao ano, com aumento de 2,4 pp no mês e de 4,7 pp em 12 meses. Nesse caso, se sobressaíram as elevações nas taxas médias de cheque especial pessoa jurídica (30,8 pp) e de conta garantida (24 pp).
A taxa média de juros para as famílias e as empresas chegou, em abril, a 45,3% ao ano nas concessões de empréstimos no crédito livre. O resultado representa um aumento de 1,1 pp em um mês e de 4,6 pp em 12 meses, segundo o BC.
A elevação dos juros bancários acompanha um momento de alta da taxa básica de juros da economia, a Selic, definida em 14,75% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC.
A Selic é o principal instrumento usado pelo BC para controlar a inflação, pois juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança, fazendo com que as pessoas consumam menos e os preços caiam.
As estatísticas mostram que a taxa de captação de recursos livres dos bancos – o quanto é pago pelo crédito – também vem subindo, variando 0,2 pp no mês, para baixo, mas com alta de 3,2 pp em 12 meses, chegando a 14% em abril.
Já o spread bancário nas operações com recursos livres, que mede a diferença entre o custo de captação e as taxas médias de juros, alcançou 31,3 pp, com incrementos de 1,9 pp no mês e em 12 meses.
Crédito direcionado
No crédito livre, os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes. Já o crédito direcionado, com regras definidas pelo governo, é destinado basicamente aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito.
No caso do crédito direcionado, a taxa para pessoas físicas ficou em 11,1% ao ano em abril, com redução de 0,3 pp em relação ao mês anterior e alta de 1,2 pp em 12 meses. Para empresas, a taxa caiu 2,4 pp no mês e aumentou 4,6 pp em 12 meses, indo para 15,9% ao ano.
A taxa média no crédito direcionado ficou em 12,2% ao ano, redução de 0,7 pp em abril e alta de 2 pp em 12 meses.
Saldos
Em abril, as concessões de crédito chegaram a R$ 639,9 bilhões. O incremento foi de 4,3%, resultado dos aumentos de 2,9% nas operações para as pessoas físicas e de 6% para as empresas.
O estoque de todos os empréstimos concedidos pelos bancos do Sistema Financeiro Nacional (SFN) ficou em R$ 6,597 trilhões, um crescimento de 0,7% em relação a março. Na comparação interanual, com março do ano passado, o crédito total cresceu 11,5%.
Já o crédito ampliado ao setor não financeiro, o crédito disponível para empresas, famílias e governos, independentemente da fonte que pode ser bancário, mercado de título ou dívida externa, alcançou R$ 18,989 trilhões, com aumento de 0,7% no mês, refletindo, principalmente, os acréscimos de 1,4% nos títulos públicos de dívida e de 0,7% nos empréstimos do SFN. Em 12 meses, o crédito ampliado cresceu 13,5%, com avanços de 13,9% nos títulos de dívida e de 10,9% nos empréstimos.
Endividamento
Segundo o Banco Central, a inadimplência, os atrasos acima de 90 dias, se mantém estável há bastante tempo, com pequenas oscilações, registrando 3,5% em abril. Nas operações para pessoas físicas, situa-se em 4,1%, e para pessoas jurídicas, em 2,5%.
O endividamento das famílias, a relação entre o saldo das dívidas e a renda acumulada em 12 meses, ficou em 48,6% em março, aumento de 0,1 pp no mês e de 0,8 pp em 12 meses. Com a exclusão do financiamento imobiliário, que pega um montante considerável da renda, o endividamento ficou em 30,4% em abril.
Já o comprometimento da renda, que é a relação entre o valor médio para pagamento das dívidas e a renda média apurada no período, ficou em 27,2% em março, redução de 0,1 pp na passagem do mês e alta de 1% em 12 meses.
Esses dois últimos indicadores são apresentados com uma defasagem maior do mês de divulgação, pois o Banco Central usa dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).