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Trabalho justo e sustentável é pauta das centrais sindicais para o G20

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Trabalho justo e sustentável é pauta das centrais sindicais para o G20
© Akemi Nitahara/Agência Brasil

Pensar o mundo do trabalho a partir das mudanças tecnológicas, da emergência ambiental e da justiça social. Esses são os pilares das demandas que as centrais sindicais brasileiras vão levar para a Cúpula Social do G20, prevista para o ocorrer entre os dias 14 e 16 de novembro, na região da Praça Mauá, no Rio de Janeiro.

Os dois primeiros dias de evento terão atividades autogestionadas, ou seja, organizadas pelas entidades da sociedade civil. A atividade promovida pelos sindicatos ocorre no dia 14, entre 13h30 e 16h. Ao fim do dia, será aprovado um texto chamado “Transições no mundo do trabalho: garantir empregos de qualidade e promover a redução das desigualdades”. Ele vai ser apresentado ao lado das propostas das outras entidades civis no dia 16, quando vai ser produzido um documento síntese da Cúpula Social.

O encontro das centrais sindicais tem como organizadoras: CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, Intersindical, Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), Pública, União Geral dos Trabalhadores (UGT) e Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

“Nos outros encontros do G20 que ocorreram pelo mundo, o debate ficou restrito aos chefes de Estado. Os movimentos sindical e social ficaram à margem, tentando fazer atividades paralelas para ser ouvidos. No G20 do Brasil, a sociedade está integrada, vai poder debater e apresentar suas propostas. Nós temos a expectativa de contribuir com um documento único e entregar ao presidente Lula, para que ele possa ler diante dos outros chefes de Estado. É uma oportunidade extraordinária de apresentar uma pauta ampla em relação a temas que são urgentes”, diz Sérgio Nobre, presidente nacional da CUT.

Futuro do trabalho

O documento das centrais sindicais parte do entendimento de que os impactos climáticos globais intensificam o deslocamento de refugiados e aprofundam as disparidades sociais. Há preocupação com a perda de empregos devido ao estresse térmico, em setores como agricultura, construção civil, turismo e comércio de rua. Eles são considerados mais vulneráveis pela maior exposição ao calor ou frio excessivos, pela escassez hídrica, por enchentes, queimadas, e outras condições extremas.

Baseadas em informações da Organização Internacional do Trabalho (OIT), as centrais apoiam uma economia sustentável, com redução de emissões de gases de efeito estufa, que seja capaz de gerar inclusão social e criar até 60 milhões de empregos a mais do que a economia convencional.

Há também preocupação de que o crescimento da digitalização e do uso de inteligência artificial (IA) promovam mudanças no mercado de trabalho e acelerem a obsolescência profissional. A automação é um sinal de alarme principalmente em países com predomínio de empregos de baixa renda, porque pode aprofundar problemas de desemprego, precarização e desigualdades. As centrais destacam o aumento dos trabalhos com menos direitos, sem proteção social, com obstáculos à organização sindical, jornada de trabalho extensa e desregulamentada, instabilidade da renda e sobrecarga de tarefas.

“Nesse mundo mais sustentável que desejamos, é importante que a gente garanta que ninguém fique para trás. Nem os trabalhadores, nem comunidades tradicionais, nem as mulheres negras, juventude. Por isso, ele deve ter como eixo estrutural a redução das desigualdades. E, nesse sentido, a classe trabalhadora reivindica postos de trabalho ambientalmente sustentáveis, com condições de trabalho dignas, orientadas pelo conceito de trabalho decente da OIT”, diz Adriana Marcolino, socióloga e diretora técnica do Dieese.

Demandas ao G20

Para as centrais sindicais, o G20 é a oportunidade única de ampliar vozes e demandas dos trabalhadores. A expectativa é que o encontro dos chefes de estado aborde mais do que questões macroeconômicas, e inclua também temas sociais. Um dos caminhos defendidos é o de que seja possível reduzir as desigualdades que se manifestam mesmo entre os países do bloco, como diferentes legislações e condições trabalhistas.

“É importante que o debate leve em conta os interesses de todos. E busque parâmetros internacionais. A OIT tem um papel fundamental nessa discussão, para que possamos ter um modelo unitário de legislação trabalhista e espaço de produção. Hoje, temos regras diferentes de um lugar para o outro. Há alguns com ambientes insalubres de produção, sem jornadas de trabalho regulamentadas. Muitas vezes, uma multinacional sai de um país e vai para o outro, buscando aquilo que ela pode subverter na lei de outro país. A concorrência baseada nessa precarização prejudica os trabalhadores e o meio ambiente”, analisa João Carlos Gonçalves (Juruna), secretário-geral da Força Sindical.

Dessa forma, o documento que será apresentado na Cúpula Social do G20 pelas centrais sindicais brasileiras terá, ao menos, 20 demandas:

1 – Implementação de políticas de desenvolvimento econômico socialmente justo e ambientalmente sustentável, com redução das diferentes dimensões das desigualdades.

2 – Garantia de acesso público, universal e de qualidade à saúde, educação, aos serviços de cuidado e seguridade para as populações ao longo de toda a vida.

3 – Garantia de direitos trabalhistas, previdenciários e sindicais, revertendo processos de precarização do trabalho difundidos ao redor do mundo, revendo o estabelecimento de contratos de trabalho precários.

4 – Fortalecimento da liberdade de organização sindical e a negociação coletiva nos setores público e privado, combate de práticas antissindicais e garantia de autonomia dos trabalhadores na definição do sistema de financiamento sindical.

5 – Implementação da política de valorização salarial.

6 – Ampliação da adesão às Convenções da OIT, como a convenção 156, sobre a adoção de medidas para impedir que demandas familiares dificultem o acesso ao emprego e o crescimento profissional; criação de convenções que tratem das novas formas de trabalho mediadas pela digitalização e pelo uso da Inteligência Artificial.

7 – Ampliação das oportunidades orientadas pelos princípios do trabalho decente para mulheres, população negra, juventude, LGBTQIA+ e pessoas com deficiência, além de combater o trabalho escravo e erradicar o trabalho infantil.

8 – Atualização das regulações da jornada laboral de modo a limitar a fragmentação do tempo de trabalho por meio das novas tecnologias.

9 – Garantia de formação profissional permanente e de qualificação profissional para novos postos de trabalho em casos de empresas afetadas pela automação.

10 – Eliminação de processos produtivos prejudiciais à saúde dos trabalhadores garantindo saúde e segurança no trabalho.      

11 – Garantia de proteção aos desempregados através de políticas como seguro-desemprego, formação profissional, intermediação de mão de obra e programas de transferência de renda.

12 – Instituição da renda básica universal como direito social, complementar aos direitos do trabalho.

13 – Implementação de tributação progressiva sobre renda e patrimônio e o aumento da tributação sobre grandes heranças e fortunas, lucros e dividendos para a criação de um fundo mundial para transição energética e o combate à pobreza e às desigualdades.

14 – Implementação de políticas de transição, recuperação e preservação ambiental que incluam a geração de trabalho decente e amparo para todas as comunidades afetadas.

15 – Garantia da valorização da agricultura familiar, da agroecologia, da economia circular e redução da poluição nas cidades e no campo.

16 – Implementação de investimentos em energia limpa, renovável e acessível, garantindo que a população tenha acesso a padrões de vida dignos e mobilidade.

17 – Ampliação dos investimentos em infraestrutura para uma produtividade ancorada em ciência e tecnologia e criação de empregos formais de qualidade e sustentáveis.

18 – Estabelecer infraestrutura econômica, social e ambiental para uma industrialização sustentável, revertendo o processo de reprimarização em países da periferia.

19 – Regulamentação do uso de tecnologias que impactam negativamente os postos e as condições de trabalho, de forma que as inovações sejam elementos de promoção e melhoria da vida em sociedade.

20 – Compartilhamento dos ganhos de produtividade advindos de avanços tecnológicos com os trabalhadores (por meio da redução da jornada de trabalho e da valorização dos salários) e com o Estado (arrecadação de tributos).

Com informações: agenciabrasil.ebc.com.br

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Cerca de 11,8 milhões de pessoas vivem em áreas de conservação no país

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© Marcelo Camargo/Agência Brasil

Cerca de 11,8 milhões de pessoas vivem em áreas de conservação ambiental no país, o que representa 5,82% da população brasileira. O dado inédito faz parte de um suplemento do Censo 2022, divulgado nesta sexta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

O instituto identificou que o Brasil tem 2.365 unidades de conservação, sendo 1.138 (48,11% delas) habitadas. Em 1.227 não foi identificada a presença de habitantes. Por ser a primeira vez em que o IBGE coleta os dados, não é possível fazer comparações com censos anteriores.

As unidades de conservação visitadas pelos recenseadores se dividem entre unidades de proteção integral – que reúnem áreas como reservas biológica, parques e monumentos naturais – e unidades de uso sustentável – que congregam regiões como florestas, reservas extrativistas, de fauna e áreas de proteção ambiental (APA).

Do total de unidades, 861 são de proteção integral e 1.504, de uso sustentável. A pesquisa identificou que 98,73% dos moradores se situam nas unidades de uso sustentável.

Características

Dos quase 12 milhões de moradores dessas áreas de preservação, 9,3 milhões estão em áreas urbanas (78,71%), e 2,5 milhões (21,29%) em regiões rurais. Para efeito de comparação, na população brasileira como um todo são 87,41% em áreas urbanas e 12,59%, rurais.

As áreas de conversação podem ser administradas nas esferas federal, estadual e municipal. O suplemento do Censo 2022 aponta que a maior parte dos moradores dessas áreas, 66,47%, vivem em região de administração estadual; 20,81%, federal; e 10,94%, municipal. As demais são áreas onde a administração é de mais de uma esfera político-administrativa.

Cor ou etnia

O IBGE apresentou uma classificação étnico-racial da população (cor ou raça, pessoas indígenas e pessoas quilombolas) que vive em área de preservação ambiental. O estudo revela que os pardos são mais da metade dos habitantes dessas áreas:

  • Pardos: 51,12%
  • Brancos: 35,82%
  • Pretos: 11,92%
  • Quilombola: 2,39%
  • Indígena: 1,12%

O total supera 100% pois indivíduos que se identificam como indígenas ou quilombolas podem também se apontar como integrante de outros grupos.

Para efeito de comparação, percebe-se que, enquanto os pardos são mais da metade (51,12%) dos habitantes dessas áreas, representam 45,34% da população brasileira. 

Já os brancos, que são 43,46% da população brasileira, representam pouco mais de um terço dos moradores de áreas de preservação (35,82%).

Focando especificamente na população indígena e na quilombola, o IBGE apurou que 7,84% da população indígena reside em unidades de conservação (132,8 mil pessoas). Entre os quilombolas, são praticamente um em cada cinco (21,22%), agrupando 282,2 mil pessoas.

Condição dos domicílios

Os recenseadores coletaram informações sobre as condições dos domicílios dos moradores das unidades de conservação, de forma a perceber que os lares dessa população apresentam piores características se comparadas à população geral.

A pesquisa mostra que 40,34% dos moradores viviam em domicílios onde havia pelo menos uma precariedade em relação ao abastecimento de água, à destinação do esgoto ou à coleta de lixo. Na população brasileira, essa proporção é de 27,28%.

O estudo mostra anda que 7,31% dos habitantes residiam em lares em que existiam conjuntamente as três formas de precariedade (água, lixo e esgoto). Isso representa mais que o dobro da proporção (3%) do país como um todo.

Especificamente em relação ao abastecimento de água, o Brasil tem 93,95% dos moradores cuja casa está na rede geral de distribuição, tem poço, fonte, nascente ou mina encanada até dentro do domicílio. Nas áreas de conservação, essa marca se reduz para 87,54%.

Em relação ao esgotamento sanitário, 24,26% dos habitantes convivem com precariedade, como fossa rudimentar, buraco, vala, ou sem esgotamento. Nas áreas delimitadas, a proporção sobe para 36%.

Cerca de 90% da população brasileira têm coleta direta ou indireta de lixo. Nas áreas de conservação, são apenas 83,62%.

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Saiba quais são as unidades de conservação mais populosas do país

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© Fernando Frazão/Agência Brasil

As dez unidades de conservação mais populosas do país concentram 4,2 milhões de habitantes. Isso quer dizer que abrigam mais de um terço (36%) do total de pessoas que vivem nessas regiões instituídas pelo poder público, com objetivos de conservação e limites definidos.

A constatação faz parte de um suplemento do Censo 2022, divulgado nesta sexta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os recenseadores identificaram 11,8 milhões de habitantes (5,82% da população) em 1.138 unidades de preservação espalhadas por 1.375 municípios. Essas regiões delimitadas incluem áreas como reservas biológicas, extrativas, florestas, parques e Áreas de Proteção Ambiental (APA).

Confira a lista das dez unidades de conservação mais populosas – São Paulo e Maranhão se destacam:

  • APA do Planalto Central (DF/GO): 601.773 habitantes
  • APA da Baixada Maranhense (MA): 583.882 habitantes
  • APA de Upaon-Açu / Miritiba / Alto Preguiças (MA): 509.977 habitantes
  • APA Sistema Cantareira (SP): 495.859 habitantes
  • APA Jundiaí (SP): 449.143 habitantes
  •  APA Piracicaba Juquerí-Mirim Área II (SP): 430.934 habitantes
  • APA da Bacia do Rio São Bartolomeu (DF): 360.760 habitantes
  • APA Serra da Ibiapaba (CE): 352.779 habitantes
  • APA de Petrópolis (RJ): 242.034 habitantes
  • APA das Reentrâncias Maranhenses (MA): 240.498 habitantes

Unidades da federação

O suplemento do Censo 2022 classificou o número de habitantes por unidades da federal (UF). São Paulo é o estado com maior quantidade de pessoas vivendo em áreas de conservação.

Confira a lista das cinco UFs com maior número de pessoas em regiões de preservação:

  • São Paulo: 2.483.199 habitantes
  • Maranhão: 1.555.668 habitantes
  • Bahia: 1.354.144 habitantes
  • Rio de Janeiro: 1.118.507 habitantes
  • Distrito Federal: 1.103.325 habitantes

Em relação à proporção da população, o Distrito Federal ocupa o topo, seguido pelo Maranhão. Das dez UFs que lideram o ranking, nove se situam acima da proporção do Brasil (5,82%):

  • Distrito Federal: 39,16%
  • Maranhão: 22,96%
  • Bahia: 9,58%
  • Alagoas: 8,90%
  • Piauí: 8,50%
  • Mato Grosso do Sul: 7,96%
  • Pará: 7,11%
  • Rio de Janeiro: 6,97%
  • Amazonas: 6,64%
  • São Paulo: 5,59%

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Criança que caiu em cânion no Rio Grande do Sul é encontrada morta

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© CRBM/Divulgação

O Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul confirmou a morte da menina Bianca Zanella, de 11 anos, que caiu de uma altura de 70 metros em uma área do Cânion da Fortaleza, no Parque Nacional da Serra Geral, em Cambará do Sul (RS). O resgate ocorreu seis horas após a localização da criança por meio de um drone com câmera térmica.

O acidente ocorreu na tarde dessa quinta-feira (10), durante um passeio turístico da família de Curitiba (PR) ao local. A menina, que estava acompanhada dos pais e de dois irmãos, teria transtorno do espectro autista e a queda ocorreu no momento em que todos lanchavam 

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) publicou nota lamentando a morte da criança e informando que as equipes locais da gerência regional do Sul e da Concessionária Urbia Cânions Verdes estão mobilizadas desde os primeiros momentos e que o resgate foi iniciado rapidamente.

“Infelizmente, apesar dos esforços de busca, a criança foi encontrada sem vida. O ICMBio está à disposição das autoridades competentes para cooperar com a investigação sobre o caso”, conclui a nota.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, também lamentou o acidente em nota publicada nas redes sociais, na qual coloca o ICMBio à disposição das autoridades competentes para cooperar com a investigação. 

“Ao pai, à mãe e aos dois irmãos, com quem ela visitava o parque, meus sentimentos e o mais profundo pesar pela perda tão precoce”, destacou Marina.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, prestou solidariedade à família e agradeceu as forças de segurança pela agilidade e dedicação ao descer 70 metros durante a noite, em condições difíceis, para resgatar a criança.

“Muito obrigado aos homens e mulheres dedicados e obstinados das nossas forças de segurança, em especial do Corpo de Bombeiros, também da Brigada Militar e Polícia Civil, por cumprirem com essa missão e, mais uma vez, aos familiares e amigos da Bianca o nosso abraço, carinho e a nossa solidariedade”.

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