Internacional
Trump e Harris intensificam divergências sobre política migratória nos EUA em primeiro debate

No recente debate televisivo entre Donald Trump e Kamala Harris, candidatos à presidência dos Estados Unidos, transmitido pela ABC News no National Constitution Center, na Filadélfia, questões centrais da eleição americana foram discutidas, com destaque para a imigração. O tema tornou-se um dos mais polêmicos do encontro, com Trump criticando ferozmente a administração Biden e a atuação de Harris, encarregada de gerenciar o fluxo migratório na fronteira sul do país.
O advogado de imigração Vinicius Bicalho, membro da American Immigration Lawyers Association (AILA), afirmou que: “o problema de controle migratório na fronteira sul é inquestionável, mas a responsabilidade permanece um ponto de discórdia.” De acordo com ele, enquanto Trump culpa o governo Biden pelo fracasso no controle da imigração, Harris alega que a ineficiência se deve a entraves legislativos, em especial à resistência do Partido Republicano.
Segundo Bicalho, o debate evidenciou um impasse claro: a persistência do problema migratório sem um consenso sobre quem deve ser responsabilizado pela sua má gestão. “Resta saber se houve uma falha de competência por parte de Kamala Harris ou se ela enfrentou limitações reais em sua função”, pondera. Ele acrescenta: “É fundamental destacar que a discussão sobre imigração se refere principalmente àqueles que entram no país de forma ilegal. Os Estados Unidos são um polo de atração para trabalhadores e valorizam aqueles que desejam contribuir de forma qualificada e legal. Nesse contexto, a imigração regular é vista de maneira muito positiva”, ressalta o Dr. Bicalho.
Internacional
Lula defende aproximação entre Mercosul e Sudeste Asiático

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, nesta quarta-feira (9), que uma aproximação entre os países do Cone Sul e do Sudeste Asiático seria benéfica para o comércio global. Lula recebeu o presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, em visita oficial de Estado.
Segundo o Itamaraty, a visita reforça a prioridade conferida à Ásia na política externa brasileira e os interesses no estreitamento das relações com Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean).
O Cone Sul é a área mais ao sul do continente americano, que inclui o Chile e os países do Mercosul, e, entre eles, o Brasil. Já o Sudeste Asiático é a região ao sul da China, que engloba países populosos como as Filipinas, o Vietnã e a Indonésia.
O encontro ocorreu no Palácio do Planalto, em Brasília, na sequência da participação de Subianto na 17ª Cúpula do Brics entre domingo (6) e segunda (7), no Rio de Janeiro. Anunciada neste ano, a Indonésia foi um dos últimos membros plenos a entrar no bloco.
“A Asean é um bloco de 680 milhões de habitantes e tem experimentado crescimento econômico acelerado e rápida evolução tecnológica. Seu PIB [Produto Interno Bruto – soma das riquezas] agregado é de US$ 4 trilhões, o que representa a quarta economia do mundo, atrás de Estados Unidos, China e Japão. Espero consolidar esses laços na próxima cúpula do grupo, em outubro, na Malásia”, disse Lula, sobre sua participação no evento da Asean.
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O presidente da Indonésia convidou Lula para uma visita de Estado no país, no mesmo período. Os dois países mantêm parceria estratégica desde 2008 e têm cooperação nas áreas de agricultura, financeira, educação, energia e mineração, além de erradicação da pobreza e promoção de comércio e investimento.
Como presidente do Mercosul neste semestre, o Brasil vai atuar para a celebração de um acordo do bloco sul-americano com a Indonésia, que é o quarto país asiático mais populoso do mundo, com 280 milhões de habitantes. Lula falou sobre os esforços para a diversificação e ampliação do comércio do Brasil com a Indonésia, sobretudo no setor de carne bovina e na área de defesa.
“No ano passado, atingimos o maior fluxo de comércio bilateral em nossa história. A Indonésia já é o quinto maior destino dos produtos do agronegócio brasileiro. Queremos facilitar o comércio de carne bovina brasileira, que pode contribuir para a segurança alimentar do povo indonésio. Conversamos sobre a diversificação do nosso intercâmbio comercial, incluindo nas áreas de aviação civil e de produtos de defesa”, disse.
Em 2024, o comércio bilateral Brasil-Indonésia alcançou US$ 6,34 bilhões. As exportações brasileiras somaram US$ 4,46 bilhões, enquanto as importações foram de US$ 1,87 bilhão.
Pelo lado brasileiro, há interesse de aprofundar o diálogo sobre minerais estratégicos, utilizados na transição energética. “O Brasil pode se inspirar no exemplo indonésio, em especial nos incentivos para que o beneficiamento desses recursos ocorra localmente”, afirmou Lula.
Já a Indonésia quer aprender com a experiência brasileira nos setores de biocombustíveis e agricultura. “O presidente Lula já aceitou o pedido para enviar equipes de especialistas para estudo, do ponto de vista da inovação, modernização e tecnologias agrícolas”, disse o presidente Prabowo Subianto, também manifestando interesse na cooperação para transferência de tecnologias no setor de defesa, como mísseis e submarinos, e para treinamento de militares.
Temas globais
Os dois presidentes também manifestaram o alinhamento nos principais temas internacionais, como a defesa do diálogo para o fim da guerra na Ucrânia e solução em dois Estados para o conflito entre israelenses e palestinos, no Oriente Médio.
“Nossos países também têm denunciado incansavelmente as atrocidades cometidas contra a população palestina em Gaza. Nunca tivemos medo de apontar a hipocrisia dos que se calam diante das mais flagrantes violações do nosso tempo. Reconhecer o Estado palestino e permitir seu ingresso como membro pleno da ONU [Organização das Nações Unidas] é garantir a simetria necessária para viabilizar a solução de dois Estados”, disse Lula.
Segundo o governo brasileiro, as afinidades entre Indonésia e Brasil se expressam também no combate à fome e à pobreza e no enfrentamento à mudança do clima. O governo indonésio trabalha na implementação de um amplo programa de alimentação escolar no país e tem como referência a experiência brasileira do Programa Nacional de Alimentação Escolar. “A Aliança Global contra a Fome a Pobreza, criada pela presidência brasileira do G20, vai contribuir para transformar esse plano em realidade”, reforçou Lula.
A cooperação com a Indonésia também é estratégica na agenda de proteção florestal, já que o país abriga a terceira maior floresta tropical do mundo, na Bacia de Bornéu-Mekong. Os dois países integram o grupo Unidos por Nossas Florestas e o comitê diretor do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), que tem o objetivo de remunerar países em desenvolvimento que mantêm suas florestas em pé.
“Também estamos entre os maiores produtores de bioenergia do mundo. Juntos, podemos criar um mercado global de biocombustíveis, que contribuirá para descarbonizar os setores marítimo e de aviação. É possível produzir bioenergia de forma sustentável. Mas a definição de padrões de sustentabilidade deve ser feita na esfera multilateral, e não imposta unilateralmente por alguns países ou blocos”, defendeu o presidente brasileiro.
Internacional
Geólogos descobrem pulsações iguais a de coração abaixo da Etiópia

Geólogos ingleses descobriram a existência de ondas rítmicas, que pulsam com uma frequência parecida com as batidas de um coração, abaixo da região de Afar, entre a Etiópia e Uganda.
O estudo sobre a descoberta foi publicado na revista científica Nature, em junho, e é assinado por 16 pesquisadores, com o nome da geóloga Emma J. Watts em destaque.
Abaixo de Afar, existe uma coluna de rocha derretida que pulsa para cima e sobe do interior da Terra até a superfície. O mecanismo pode ser o responsável pela formação de uma fenda que está rachando lentamente o continente africano. Essa rachadura pode criar um novo oceano e fazer com que parte da Etiópia se torne uma ilha.
Encontro de fendas
A região tem uma característica rara que é ser ponto de encontro de três fendas tectônicas: da Etiópia, do Mar Vermelho e do Golfo de Áden.
Ao longo de milhões de anos, à medida que as placas tectônicas se afastam, elas se esticam e afinam até se romperem, o que produz uma estrutura geológica conhecida como rifte.
Segundo o estudo, o movimento das placas tectônicas influenciam o manto abaixo de Afar a se também mover, por meio desses pulsos.
Os cientistas analisaram dados geoquímicos de mais de 130 amostras de vulcões “jovens”, maneira como são chamadas as ressurgências do manto na superfície com menos de 2,6 milhões de anos. Esses materiais, então, foram comparados com rochas mais antigas, para entender as mudanças químicas ao longo do tempo.
A partir do estudo, os geólogos vão tentar entender melhor qual é a velocidade desses pulsos e quais são os efeitos que eles provocam na superfície da Terra.
Internacional
Médicos sem Fronteiras tem 12º profissional morto em Gaza

A organização Médicos sem Fronteiras (MSF) registrou o 12º profissional morto na Faixa de Gaza desde outubro de 2023. Abdullah Hammad foi assassinado pelo Exército israelense no último dia 3 de julho na região sul do território.
“As forças israelenses atacaram deliberadamente um grupo de pessoas que aguardavam por caminhões de ajuda, incluindo Abdullah, sem qualquer advertência prévia”, afirma o MSF.
Abdullah era higienista, profissional responsável pela desinfecção e manutenção do ambiente hospitalar seguro e livre de microrganismo, e havia trabalhado na clínica do MSF em Al Mawasi por um ano e meio.
“A MSF está chocada e profundamente triste com esta tragédia atroz”, disse em nota.
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Pelo menos 16 pessoas foram mortas no total no mesmo incidente, de acordo com as equipes médicas do hospital Nasser.
“O grupo esperava desesperadamente para coletar farinha de um caminhão de assistência em Khan Younis, no sul de Gaza, próximo a uma usina de dessalinização na região, onde um episódio semelhante já havia ocorrido em 17 de junho”, informou a organização humanitária.
Segundo o coordenador de emergência de MSF em Gaza, Aitor Zabalgogeazkoa, é provável que o número real de mortos seja muito maior, pois o Exército israelense se recusou a permitir que os corpos fossem retirados do local.
“As forças israelenses então ordenaram que as pessoas que estavam tentando recolher farinha saíssem imediatamente. O nível de desespero por alimentos em Gaza está nesse momento além de qualquer compreensão. A capacidade das agências humanitárias de atender às necessidades urgentes está restrita ao mínimo necessário. As autoridades israelenses estão limitando as movimentações e a circulação de suprimentos e criaram uma maneira militarizada de distribuir alimentos que é degradante e mortal. A situação de fome sistêmica e deliberada a que os palestinos estão sendo submetidos há mais de 100 dias está levando as pessoas em Gaza ao limite. Esta carnificina precisa acabar agora”, disse Aitor, em nota.
No dia 4 de julho, a Organização das Nações Unidas (ONU) registrou 613 mortes em pontos de distribuição de alimentos em Gaza. Os números abrangiam o período de 27 de maio a 27 de junho.
Profissionais do MSF que estiveram recentemente na Faixa de Gaza relataram um cenário de terra devastada pelos bombardeios do exército israelense.
Segundo a coordenadora do MSF em Jerusalém Oriental, Damares Giuliana, que atendia os territórios de Gaza e Cisjordânia, 94% dos hospitais de Gaza estão fora de funcionamento porque foram bombardeados ou despejados. Os 6% que ainda funcionam também foram danificados.