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Unicef: mais de 400 milhões de criança vivem em privação severa

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© Arquivo/Fernando Frazão/Agência Brasil

Nos países de baixa ou média renda, 417 milhões de crianças enfrentam privações severas em pelo menos duas áreas vitais para sua saúde, desenvolvimento e bem-estar. O número representa uma em cada cinco crianças que vivem nos 130 países analisados em relatório divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) nesta quinta-feira (20), Dia Mundial da Criança.

O objetivo do estudo, chamado de Situação Mundial das Crianças 2025: Erradicar a Pobreza Infantil, é avaliar a amplitude da pobreza multidimensional, medindo privações em seis categorias: educação, saúde, moradia, nutrição, saneamento e água. A análise mostra que 118 milhões de crianças no mundo enfrentam três ou mais privações, e 17 milhões enfrentam quatro ou mais.

“Crianças que crescem na pobreza e privadas de direitos essenciais como boa nutrição, saneamento adequado e moradia enfrentam consequências devastadoras para sua saúde e desenvolvimento”, avaliou a diretora executiva do Unicef, Catherine Russell.

Segundo ela, o cenário pode ser transformado quando os governos se comprometem a erradicar a pobreza infantil por meio de políticas eficazes. “Eles podem abrir um mundo de possibilidades para as crianças”, afirmou.

No entanto, o relatório aponta que a proporção de crianças enfrentando uma ou mais privações severas em países de baixa e média renda caiu de 51% em 2013 para 41% em 2023. Isso se deu, principalmente devido à priorização dos direitos da criança em políticas públicas nacionais e planejamento econômico.

As maiores taxas de pobreza multidimensional entre crianças estão concentradas na África Subsaariana e no Sul da Ásia. No Chade, por exemplo, 64% das crianças enfrentam duas ou mais privações severas.

Desigualdade

A falta de saneamento atinge 65% das crianças que vivem sem acesso a banheiro em países de baixa renda; 26% em países de renda média-baixa e 11% em países de renda média-alta. A falta de saneamento adequado aumenta a exposição das crianças a doenças graves, como diarreias ou arboviroses.

De acordo com o Unicef, apesar dos conflitos, crises climáticas e ambientais e mudanças demográficas, ainda assim, é possível avançar na erradicação da pobreza infantil. O estudo destaca que a Tanzânia, por exemplo, reduziu a pobreza infantil multidimensional em 46 pontos percentuais entre 2000 e 2023, impulsionada por programas de transferência de renda e empoderamento das famílias para tomar decisões financeiras. Já em Bangladesh, a pobreza infantil caiu 32 pontos percentuais no mesmo período, graças a iniciativas governamentais que ampliaram o acesso à educação e à eletricidade, melhoraram a qualidade das moradias e investiram em serviços de água e saneamento, reduzindo a defecação a céu aberto de 17% em 2000 para zero em 2022.

O relatório também analisa a pobreza monetária, que limita ainda mais o acesso das crianças a alimentos, educação e serviços de saúde. De acordo com o estudo, mais de 19% das crianças no mundo vivem em pobreza monetária extrema, sobrevivendo com menos de US$ 3 por dia. Quase 90% dessas crianças estão na África Subsaariana e no Sul da Ásia. A análise incluiu ainda 37 países de alta renda, mostrando que cerca de 50 milhões de crianças – ou 23% da população infantil nesses países – vivem em pobreza monetária relativa. Isso significa que suas famílias têm renda significativamente menor que a maioria naquele país.

Embora a pobreza tenha diminuído, em média, 2,5% nos países de alta renda entre 2013 e 2023, o progresso estagnou ou retrocedeu em muitos casos. Na França, Suíça e Reino Unido, por exemplo, a pobreza infantil aumentou mais de 20%. No mesmo período, a Eslovênia reduziu sua taxa de pobreza em mais de um quarto, graças a um sistema robusto de benefícios familiares e legislação sobre salário mínimo.

O Unicef destaca que o relatório é divulgado em um momento em que muitos governos estão reduzindo a ajuda humanitária internacional. Estimativas recentes indicam que os cortes podem deixar mais 6 milhões de crianças fora da escola já no próximo ano.

“Antes mesmo da crise global de financiamento, muitas crianças já estavam privadas de suas necessidades básicas”, disse Catherine Russell.

Segundo a diretora executiva do Unicef, governos e empresas devem fortalecer os investimentos em serviços essenciais para manter as crianças saudáveis e protegidas, “garantindo acesso a itens básicos como boa nutrição, especialmente em contextos frágeis e humanitários. Investir nas crianças é investir em um mundo mais saudável e pacífico – para todos”.

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Lula assina 28 decretos para regularizar territórios de quilombolas

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© Ricardo Stuckert / PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou 28 decretos para regularização de territórios quilombolas localizados em 14 estados. O ato de assinatura foi realizado no Palácio da Alvorada, em Brasília, e marca o Dia da Consciência Negra, celebrado nesta quinta-feira (20).

Os decretos declaram que são de interesse social os imóveis rurais localizados em territórios quilombolas. 

A medida vai permitir desapropriação das propriedades pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o pagamento de indenizações aos proprietários. Após essas etapas, os quilombolas vão receber a titulação de posse definitiva das áreas.

Em uma publicação nas redes sociais, o presidente disse que o país está ampliando as políticas públicas que chegam aos territórios e às comunidades quilombolas. 

“Hoje, dia 20 de novembro, o Brasil reafirma que a igualdade racial é memória, reparação e um projeto de futuro. Essa data, marcada pela luta de Zumbi dos Palmares e pela resistência do povo negro, lembra que democracia forte se constrói com direitos garantidos e oportunidades reais para todas e todos”, escreveu. 

A ministra Igualdade Racial, Anielle Franco, disse que os decretos vão beneficiar 5,2 mil famílias e 31 comunidades. Segundo a ministra, Lula já assinou 60 decretos no atual mandato.

“Esses decretos são o passo anterior à titulação. Hoje, a gente tem um recorde de decretos assinados. O último número que nós tínhamos, de 50, foi no mandato da presidenta Dilma. E hoje, o presidente Lula se torna o presidente que mais assinou decretos na história do país”, afirmou a ministra.

Decretos

Os decretos serão aplicados em propriedades rurais de 14 estados: Bahia (6); Ceará (3); Sergipe (3); Goiás (2); Rio Grande do Sul (2); Maranhão (1); Paraíba (1); Rio de Janeiro (1); Santa Catarina (1); São Paulo (1); Mato Grosso do Sul (1) e Alagoas (1).

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Mulheres negras LBTI se mobilizam por direitos no 20 de novembro

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© Valter Campanato/Agência Brasil.

Mulheres Negras Lésbicas, Bissexuais, Transexuais e Intersexo (LBTI) reunidas em Brasília aproveitaram o feriado da Consciência Negra para finalizar um diagnóstico para apontar as necessidades, problemas e falhas das políticas públicas brasileiras voltadas a estes grupos.

Coordenadora do Comitê Nacional LBTI, a psicóloga Amanda Santos é uma das organizadoras do encontro que culminará, dia 25, na Marcha de Mulheres Negras. Segundo ela, a ideia do documento é viabilizar “uma série de ações visando o bem estar das mulheres negras”.

Amanda Santos explica que, a exemplo do grupo do Centro-Oeste, reunido nesta quinta-feira (20) em Brasília, há várias outras rodas de conversas sendo estabelecidas com o mesmo objetivo em outras cidades.

Diagnóstico

“Trata-se de um relatório nacional com eixos básicos de sobrevivência em áreas como saúde, segurança, comunicação, direito familiar, arte, cultura, moradia”, justifica a coordenadora.

Ela explica que conceitos distorcidos que desconsideram a diversidade da sociedade acabaram por estabelecer regras e até mesmo legislações que dificultam a esse grupo o acesso a direitos historicamente reconhecidos e concedidos a outros grupos.

Esse processo excludente que retira acesso a direitos básicos nada mais é, segundo ela, do que LGBTfobia.

Os exemplos são muitos, segundo a ativista. “Há situações de casais homoafetivos em que uma das parceiras não poderá tomar decisões sobre procedimentos, caso a outra fique doente e perca a consciência. Nesses casos, caberá à família tomar a decisão”, disse ela ao lembrar que, em muitos casos, a conexão com a família não é tão próxima quanto a da cônjuge.

Diversidade

Ela cita também alguns programas de habitação do governo que não consideram os mesmos direitos dos casais héteros para os homoafetivos.

“Na área da saúde, muitos órgãos públicos e privados colocam dificuldades para reconhecer nome social adotado pela pessoa. É preciso criminalizar essa recusa”, defendeu a coordenadora.

Segundo ela, o governo precisa reparar essas situações e enxergar a diversidade do próprio país. “E a sociedade precisa enxergar os direitos que nos foram excluídos”, complementou.

Reparação

Brasília - 20/11/2025 - Pesquisadora aposentada do IBGE e referência do movimento lésbico e LGBT, Heliana Hemetério.  Foto Valter Campanato/Agência Brasil.
Brasília - 20/11/2025 - Pesquisadora aposentada do IBGE e referência do movimento lésbico e LGBT, Heliana Hemetério.  Foto Valter Campanato/Agência Brasil.

Pesquisadora aposentada do IBGE e referência do movimento lésbico e LGBT, Heliana Hemetério. Foto Valter Campanato/Agência Brasil.

A reunião de hoje contou com a participação de uma referência do movimento lésbico e LGBT: a fundadora da Rede Nacional de Lésbicas e Mulheres Bissexuais Negras, Heliana Hemetério.

Pesquisadora aposentada pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), Heliana diz que tornar o 20 de Novembro um feriado nacional foi importante por reconhecer aqueles que representam a maior parte da população brasileira.

“[O feriado nacional] reconhece a existência de 54% da população brasileira que se declara negra. Estas são pessoas que se declaram como tal, o que nos leva a crer que o percentual real é ainda maior”, argumentou.

Heliana explica que a data ajudará na reparação de injustiças que são históricas. “O que é reparação? É reconhecimento do negro como cidadão, com moradia, educação, estudo, lazer, direitos, saúde”, disse. Para ela, a data ajuda a “recontar a História, mas sob um outro olhar”. 

Para ela, que é também historiadora, o que levou o Brasil a abolir a escravidão não foi o desejo de melhorar a vida de sua população negra.

“A verdadeira motivação foi econômica”, afirmou ao explicar que, na época, havia muita pressão externa e mudanças das estruturas sociais motivadas pela Revolução Industrial.

 

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Consciência Negra: ato na Avenida Paulista reúne militância e cultura

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© Rovena Rosa/Agência Brasil

Centenas de pessoas participaram, na manhã desta quinta-feira (20), na região central de São Paulo, da 22ª edição da Marcha da Consciência Negra – Zumbi e Dandara 300+ 30. 

O ato organizado pelo Movimento Negro Unificado (MNU) e pela União de Negras e Negros pela Igualdade (Unegro) reuniu centenas de pessoas na Avenida Paulista para lembrar a importância de Palmares e seus líderes e a “representação dos negros nas instituições com poder de decisão na sociedade”.

A manifestação teve de dança e música de religiosidade afro-brasileira, com shows curtos de estilos musicais diversos, incluindo ritmos como reggae, MPB e Black Music. Entre as apresentações, ocorreram discursos curtos e objetivos, focados na importância da mobilização em torno de pautas comuns. 

O professor Ailton Santos, um dos organizadores do evento, afirmou à Agência Brasil, que o momento é “justamente de fazer com que a sociedade brasileira, que se diz democrática, de fato faça incluir aqueles que, há muitos anos, historicamente continuam à margem da sociedade.

São Paulo (SP), 20/11/2025 - XXII Marcha da Consciência Negra na avenida Paulista. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
São Paulo (SP), 20/11/2025 - XXII Marcha da Consciência Negra na avenida Paulista. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

 XXII Marcha da Consciência Negra na avenida Paulista. Foto – Rovena Rosa/Agência Brasil

“Diariamente, o povo negro sofre em função de várias violências. Normalmente falamos da morte matada, mas esse é o último estágio, porque até ela chegar, passamos diariamente por outras, que envolvem mobilidade, segurança, saúde e educação.”

 

Para o professor, é necessário que o governo reconheça que uma população, historicamente, está sendo colocada de lado.

“Então, a nossa bandeira é não morremos, e fazer com que o projeto que envolve a reparação, que hoje está na casa dos 20 milhões, seja aprovado para todos os negros e negras do Brasil”, concluiu.

Cuidado, não corre na rua

Ana Paula Félix, 56 anos, é copeira e acompanhou a marcha na tarde desta quinta-feira. Ela considera que é importante apoiar as manifestações, apoiar aqueles que sofrem preconceito e  desvalorização por causa da cor. Com três filhos criados, de idades entre 34 e 30 anos, ela se diz orgulhosa por todos terem cursado universidades públicas, o que foi possível por meio de  políticas de apoio. Mas ela ainda reclama que outras situações, “que ainda não melhoraram”.

“Você sabe que periferia ainda é o pior lugar para os negros morarem, porque é o lugar que a polícia não respeita. E nossos filhos é que pagam esse preço. Então a gente tem que estar sempre falando aos nossos filhos: – Cuidado, não corre na rua, anda sempre com documento, põe sempre a camisa, esteja sempre com o cabelo cortado, barba feita. Porque são os negros que mais morrem.”

Pautas e reivindicações

São Paulo (SP), 20/11/2025 - XXII Marcha da Consciência Negra na avenida Paulista. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
São Paulo (SP), 20/11/2025 - XXII Marcha da Consciência Negra na avenida Paulista. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

O grupo seguiu em caminhada até o Masp –  Museu de Arte de São Paulo – onde foram sugeridas pautas, reivindicações e a possibilidade de participação em movimentos. Giovana Santos, 31 anos, que estava passando pela via, parou para escutar e acompanhar os temas. “É importante acompanhar as políticas públicas que estão realmente ativas, sabe? Eu acho interessante, eu gosto de me informar”, disse a jovem, que trabalha como atendente de telemarketing. Para ela, a violência, inclusive policial, é um dos pontos para o qual tem mais atenção.

“Temos visto a polícia, que deveria sempre nos proteger, nos atacar. É muito importante a população saber disso, e é muito bom saber que os movimentos tem se organizado para reivindicar,  embora aninda pareça um sonho, a gente sentar e conversar e tentar se entender”, afirmou.

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