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Internacional

Alemanha vai às urnas em meio à recessão e avanço da extrema-direita

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© Fabrizio Bensch/dpa/Reuters/picture alliance/ Reprodução proibida

Os alemães vão às urnas neste domingo (23) para eleger o novo Parlamento, de onde sairá o novo chanceler que vai governar a maior economia da Europa. A votação ocorre em meio ao avanço da extrema-direita e recessão de dois anos consecutivos. Após cair 0,3% em 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) alemão retraiu 0,2% no ano passado.  

Entre os temas que dominaram o debate eleitoral, estão a guerra da Ucrânia, o aumento do preço da energia, com o corte do fornecimento do gás barato russo, a imigração e o futuro da segurança da Alemanha após os Estados Unidos (EUA) anunciarem que a Europa deve se proteger com seus próprios recursos.  

De acordo com as pesquisas, o favorito é o partido conservador da União Democrata Cristã (CDU), da ex-chanceler Angela Merkel. A atual liderança da CDU é Friedrich Merz, que pode ser o novo chanceler caso costure uma coalizão com maioria no Bundestag, o Parlamento alemão. 

O atual chanceler, Olaf Scholz, do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD), é apontado como possível maior derrotado. A previsão é que sua legenda perca vários acentos no Legislativo.

Por outro lado, espera-se algum crescimento dos partidos de esquerda, tanto o mais tradicional, o A Esquerda (Die Linke), quanto o mais recente, a Aliança Sahra Wagenknecht – Razão e Justiça (BSW), que mistura propostas contra a imigração com a defesa de políticas econômicas e de saúde de esquerda.

Enquanto isso, existe a expectativa da extrema-direita, representada pela Alternativa para a Alemanha (AfD), virar a segunda maior força política da Alemanha sob a liderança da candidata à chanceler Alice Weidel.

Com um perfil incomum para uma liderança da ultradireita, Weidel é casada com outra mulher, uma imigrante de Sri Lanka, com quem tem dois filhos. Além disso, é especialista em economia chinesa, tendo trabalhado seis anos na China. Ela promete ser dura contra a imigração, quer o fim da guerra na Ucrânia e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).   

A doutora em Relações Internacionais e professora da FIA Business School, Carolina Pavese, destacou que o AfD, criado em 2013, tem capilaridade em todo o país e é forte nos distritos locais.

“Eles vêm com uma agenda extremamente nacionalista, abertamente anti-migração e contrário ao atual formato da EU. Tem muitos membros do partido que são neonazistas e que flertam com o nazismo”, informou a especialista em Europa.

Crise econômica

O político e ativista ítalo-brasileiro José Luís Del Roio, ex-senador da Itália em 2006 e especialista em Europa, explicou que o crescimento da AfD tem relação com a crise econômica alemã e com o medo do trabalhador de perder empregos para imigrantes.

“Quem vota na extrema-direita são os trabalhadores alemães menos qualificados, aterrorizados com a imigração. A relação com os imigrantes funcionava bem enquanto a economia estava indo bem. Mas a economia alemã desmoronou. Nos últimos quatro anos, a produção industrial alemã caiu de 9%. Isso é um desastre”, destacou Del Roio.

Atualmente, cerca de 18% da população que vive na Alemanha nasceu fora do país. Se considerar os filhos dos imigrantes, essa porcentagem chega a 24% dos cerca de 84 milhões de habitantes, segundo dados oficiais.  

O teto de gasto alemão, que impede o governo de investir para recuperação econômica, é outro fator destacado per José Luís Del Roio para explicar a crise atual.

“Eles não gastam porque tem contenção de despesas no orçamento. É uma loucura porque eles têm dinheiro. E aí uma vamos para essa eleição nessa situação. Evidentemente, a Alternativa para Alemanha (AfD) é contra esse arcabouço fiscal”, comentou.

Guerra Ucrânia

O apoio dado à Guerra na Ucrânia tem reduzido a influência dos partidos tradicionais, alimentando o crescimento de legendas que defendem o fim da ajuda à Kiev, como fazem tanto a extrema direita, quando a BSW, de esquerda.  

“Antes, você tinha o gás que chegava da Rússia, muito barato, fundamental para competitividade da economia alemã. Agora o gás tem que vir dos EUA. O gás chegou a custar 12 vezes mais do que custava o gás russo. Hoje se estabilizou, mas custa quatro vezes mais que o russo”, destacou José Luís Del Roio.

A professora Carolina Pavese, que atua também no Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), destacou a queda dos investimentos, o fechamento de fábricas e as demissões em massa.

“Isso pode puxar toda a UE para baixo. Boa parte da crise econômica tem sido impulsionada pelos altos gastos com energia que se acentuaram a partir da guerra da Ucrânia. Há uma relação clara entre a guerra e a crise econômica, com perda de competitividade industrial da Alemanha”, analisou a doutora pela London School of Economics.

Del Roio diz que, nesse cenário, a extrema-direita saiu na frente ao defender o fim da ajuda da Alemanha para a guerra e o retorno das relações com a Rússia, culpando a política de guerras pela onda de imigração.

“O partido AfD destaca que a culpa é das guerras de destruição da Síria, do Iraque, da Líbia, da Iugoslávia, que fizeram chegar todos esses imigrantes na Alemanha”, destacou, acrescentando que, nesse ponto, a legenda teria razão.  

Esquerda

As pesquisas tem apontado para um crescimento da legenda A Esquerda (Die Linke), com ampliação do alcance nas redes sociais a partir do carisma da liderança da Heidi Reichinnek. A agremiação tem dificuldade de ultrapassar os 5% dos votos nas eleições posteriores, mínimo necessário para garantir espaço no Parlamento. Dessa vez, há a expectativa que conquistem essa marca.

Outra novidade é o Aliança Sahra Wagenknecht (BSW), fundado em 2023 e com expectativa de que alcance os 5% da cláusula de barreira. A legenda mescla um discurso contra a imigração com bandeiras históricas da esquerda.

O partido é liderado pela Sahra, que deu nome à legenda, tendo começado sua carreira política no Die Linke. Natural da Alemanha Oriental, o programa do partido contrário a guerra na Ucrânia e crítico à aliança com Washington. “A Sarah tem um público mais reduzido, porque ela é muito alemã oriental. Tem essas divisões na Alemanha que pesam”, disse José Luiz.

Partido Verde

O tradicional Partido Verde alemão – que compõe o governo com o atual chanceler Olaf Scholz – deve perder força nessas eleições, segundo as pesquisas. O apoio à guerra da Ucrânia e a substituição do gás russo por carvão minaram a credibilidade da legenda, avaliaram os especialistas.

“Houve rupturas dentro dessa agenda, principalmente por causa da política energética que o Scholz adotou, retomando produção de carvão e outros combustíveis fósseis. A questão ambiental e climática tem tido menos repercussões nessa campanha”, ponderou Carolina Pevese.

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Internacional

Israel explode único hospital contra o câncer da Faixa de Gaza

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As Forças de Defesa de Israel (FDI) explodiram, nesta sexta-feira (21), o único hospital especializado no combate ao câncer na Faixa de Gaza. O Hospital da Amizade Turco-Palestina foi construído pela Turquia e era operado por autoridades locais no centro da cidade de Gaza.

Em nota, a FDI disse que o Hamas usava o local.

“Os terroristas do Hamas exploraram um local no norte de Gaza — que anteriormente servia como hospital ‘turco’ — como um centro de comando e controle, de onde dirigiram e executaram ataques terroristas”, diz o comunicado.

A Turquia condenou a destruição do hospital, afirmando que essa é uma estratégia de Israel para expulsar os palestinos do território.

“O ataque deliberado a um hospital que presta serviços de saúde a civis em Gaza constitui parte da política de Israel que visa tornar Gaza inabitável e deslocar à força o povo palestino. Apelamos à comunidade internacional para que tome medidas concretas e dissuasivas contra os ataques ilegais e o terrorismo de Estado sistemático de Israel”, informou o Ministério das Relações Exteriores da Turquia, em nota. 

Segundo o direito internacional, os serviços de saúde devem ser preservados durante conflitos armados. Diversos hospitais e unidades de saúde foram destruídos ou seriamente danificados em Gaza desde o dia 7 de outubro de 2023. 

Israel continua com bombardeios massivos contra Gaza, incluindo operações terrestres no sul do enclave palestino. A relativa trégua iniciada no dia 19 de janeiro foi rompida por Israel na última terça-feira (18). Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, quase 600 pessoas morreram desde o reinício dos bombardeios em massa nessa semana.

O governo do primeiro-ministro Benjamin-Netanyahu alega que retomou a guerra porque o Hamas não tem aceitado negociar a troca dos 59 reféns que permanecem sob controle do grupo.

O Hamas nega que tenha abandonado às negociações e argumenta que Israel tenta enganar a opinião pública para “retomar seu genocídio contra civis desarmados”

“O Hamas também confirma que ainda está envolvido em negociações e está acompanhando os irmãos mediadores de forma responsável e séria”, disse o grupo nesta sexta-feira.

Destruição total

Nessa semana, o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, ameaçou os moradores civis da Faixa de Gaza com a “destruição total” da região caso a população não remova o Hamas e não entregue os reféns israelenses.

“Aceite a oferta do presidente dos Estados Unidos (EUA), liberte os reféns e elimine o Hamas, e outras opções se abrirão para você, incluindo ir para outros lugares do mundo, para quem quiser. A alternativa é destruição total”, diz o comunicado do ministro israelense.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem defendido a remoção dos moradores do enclave para outros países, com posterior anexação do território. A solução é rejeitada pelos estados árabes e pelas lideranças palestinas.

Entenda

Especialistas no conflito do Oriente Médio consultados pela Agência Brasil avaliam que a volta da guerra por Israel busca consolidar o plano para anexar o território da Faixa de Gaza, além de servir para blindar o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, acusado de corrupção e sob risco de dissolução do seu gabinete com a perda de apoio dos setores mais radicais do parlamento.

“A retirada unilateral de Israel do cessar-fogo é totalmente esperada e resultado de suas próprias ambições. A retomada da matança de moradores de Gaza sob o pretexto de combater o terrorismo/Hamas é parte de uma estratégia de ocupação ilegal e anexação de terras em Gaza”, avaliou a professora de pós-graduação em Relações Internacionais da PUC de Minas Gerais Rashmi Singh.

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Internacional

Em busca de acordos, Lula e autoridades embarcam para Ásia

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© Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva viaja neste sábado (21), às 21 horas (horário de Brasília), para Tóquio, no Japão, onde cumpre uma visita de chefe de Estado no início da semana que vem, com a expectativa de abrir o mercado japonês para a carne bovina brasileira e avançar nas negociações para um acordo comercial entre o gigante asiático e o Mercosul 

A viagem do presidente é longa. O voo, que parte de Brasília, fará uma escala de abastecimento em Houston, nos Estados Unidos, para seguir depois ao destinado final, onde o presidente só deve chegar, pelo fuso horário local, na segunda-feira (24), uma vez que o Japão está 12 horas à frente do horário oficial de Brasília. O primeiro compromisso é um encontro com o imperador Naruhito e a imperatriz Masako, na terça-feira (25), noite de segunda-feira (24) no Brasil. No mesmo dia, os monarcas oferecem um jantar no Palácio Imperial do Japão.

Na quarta-feira (26), Lula participar do Fórum Empresarial Brasil-Japão, com empresários de ambos os países, e terá uma reunião com o primeiro-ministro Shigeru Ishiba, seguido de um antar oferecido pelo anfitrião no Palácio Akasaka.

Nos dias 28 e 29 de março, Lula cumpre visita oficial a Hanói, no Vietnã. O primeiro-ministro do país do Sudeste Asiático, Pham Minh Chính, esteve no Brasil em 2023.

Ao longo da viagem, Lula deve ser acompanhado por uma comitiva de 11 ministros (veja a lista a seguir), além dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), além do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), entre outros parlamentares.

Comércio e diplomacia

Do ponto de vista comercial, em 2024, o Japão foi o terceiro maior parceiro comercial do Brasil na Ásia e terceiro maior destino de exportações brasileiras à região, com intercâmbio comercial de US$ 11 bilhões e superávit de US$ 148 milhões. Segundo o Banco Central (BC), em 2023, o Japão respondia por um total de US$ 35 bilhões em investimentos diretos no país, sendo o nono maior estoque de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) no Brasil e o segundo maior investidor asiático.

De acordo com a diplomacia brasileira, um dos objetivos da viagem ao Japão é conseguir um compromisso político do país para que envie ao Brasil uma missão técnica das autoridades sanitárias japonesas para inspecionar as condições da produção de carne bovina do país. Esse seria um dos passos necessários para o Brasil acessar o mercado de carne bovina japonês, o terceiro maior importador de carne do mundo, um dos mercados mais cobiçados do segmento de proteína animal.    

No Vietnã, que se tornou o quinto maior consumidor dos produtos agropecuários brasileiros, o objetivo também é fortalecer a parceria, tanto em nível comercial como diplomático. Um dos objetivos dessa visita é consolidar as etapas necessárias para elevar o Vietnã a parceiro estratégico do Brasil.  

Em 2024, Brasil e Vietnã registraram um volume de comércio de US$ 7,7 bilhões, com superávit brasileiro de US$ 415 milhões. Em 2002, na última visita de Lula ao país, o comércio entre as duas nações era de apenas US$ 500 milhões.

Autoridades previstas na viagem de Lula ao Japão e ao Vietnã

Ministros

  • Ministro da Educação, Camilo Santana
  • Ministro do Trabalho, Luiz Marinho
  • Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira
  • Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira
  • Ministro dos Transportes, Renan Filho
  • Ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho
  • Ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro
  • Ministro das Comunicações, Juscelino Filho
  • Ministra da Ciência, Tecnologia e Inovações do Brasil, Luciana Santos
  • Ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva
  • Ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes

Parlamentares

  • Presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP)
  • Presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB)
  • Senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG)
  • Deputado Federal Arthur Lira (PP-AL)

 

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Internacional

Papa Francisco deve ter alta hospitalar neste domingo

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© Sala de Imprensa da Santa Sé/Divulgação

O papa Francisco receberá alta neste domingo (23) e seguirá para a Casa Santa Marta, no Vaticano, onde reside.

Internado desde o dia 14 de fevereiro para tratar uma pneumonia dupla, Francisco continuará a recuperação com fisioterapia e acompanhamento médico.

“Segundo a equipe médica, trata-se de uma ‘alta protegida’, o que significa que a recuperação exigirá fisioterapia respiratória e motora, além de suporte diário com oxigênio e acompanhamento médico. A voz do Pontífice deverá retornar gradualmente, conforme esperado nesses casos”, disse o Vaticano.

Mais cedo, a Santa Sé havia anunciado que o papa planeja aparecer amanhã na janela do Hospital Gemelli, em Roma, para fazer uma saudação aos fiéis. Esta será a primeira aparição desde que o pontífice foi internado.

“Durante a internação, enfrentou uma pneumonia severa, mas permaneceu consciente e estável nas últimas semanas. Antes de retornar ao Vaticano, fará uma breve saudação e concederá sua bênção na sacada do Hospital Gemelli”, informou o Vaticano.

A condição clínica de Francisco se manteve estável nas duas últimas semanas. Além da continuidade do tratamento medicamentoso, será necessário um período de repouso em convalescença por pelo menos dois meses.

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