Saúde
Covid: 5 anos após 1ª morte no país, documentos expõem negacionismo

Neste 12 de março, há exatos cinco anos da primeira morte por covid-19 no Brasil, ocorre o lançamento do Acervo da Pandemia, um repositório digital de documentos que expõem o negacionismo e a política da morte no país durante a crise sanitária.
“O material do acervo foi reunido e analisado com base em critérios científicos. Ele comprova como um sistema [de poder formado por agentes públicos e privados] coordenado e articulado, que beneficiou interesses econômicos e políticos, colocou em risco a vida da população brasileira ao incentivar práticas anticiência, como o uso de medicamentos ineficazes, a negação da vacina e o boicote a medidas sanitárias”, divulgou o SoU_Ciência.
A iniciativa se baseia no conceito de necropolítica, do historiador camaronês Achille Mbembe, que explica como determinados agentes do poder decidem quem vive e quem morre em uma sociedade.
“Alguns desses materiais contêm discursos autoincriminatórios e evidenciam as condutas que levaram à ampliação do número de mortes evitáveis no Brasil”, ressaltou a instituição.
São cerca de 250 registros documentais, incluindo textos, vídeos e áudios que comprovam a atuação do governo do então presidente Jair Bolsonaro e de seus aliados na disseminação de desinformação e no enfraquecimento das medidas de combate à covid-19. O conjunto de registros traz discursos e condutas negacionistas, disseminados no período de 2020 a 2022, contrários à ciência e à defesa da vida.
Diante disso, alguns itens são identificados com um selo que alerta sobre a presença de desinformação ou de posicionamentos contrários às evidências científicas. Esses itens também receberam uma seção intitulada O Que Diz a Ciência, na qual são esclarecidas as informações falsas ou imprecisas, com base em evidências científicas.
O acervo está estruturado em 17 temas, tais como uso de máscara, contágio e imunização de rebanho, tratamento precoce, lockdown e impacto na economia, ética e autonomia médica, Caso Manaus; além de 16 categorias de agentes ou atores envolvidos.
Covid-19 no país
Em 26 de fevereiro de 2020, foi confirmado o primeiro caso de covid-19 no Brasil: um homem de 61 anos, que havia viajado para a Itália e estava em atendimento desde o dia 24 no Hospital Israelita Albert Einstein.
Naquele dia, a confirmação foi feita pelo Ministério da Saúde, em uma entrevista coletiva sem distanciamento ou máscaras, com a presença do então ministro Luiz Henrique Mandetta.
Havia ainda, na ocasião, 20 casos suspeitos de infecção pelo coronavírus monitorados pela pasta em sete estados do país – Espírito Santo, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo.
A primeira morte pela doença no país, em dia 12 de março de 2020, aconteceu também em São Paulo. A vítima era uma mulher de 57 anos, que havia sido internada no Hospital Municipal Dr Carmino Caricchio no dia anterior.
700 mil mortes
A escalada de casos e mortes e a demora de decretos federais de restrição de circulação foram decisivos para a interiorização dos casos que levaram a quase 700 mil mortes no país, apenas no governo Jair Bolsonaro, de 2020 até 2022. Em abril de 2021, o Brasil chegou a registrar mais de 4 mil mortes por dia.
Segundo estudo de 2022, de Thalyta Martins e Raphael Guimarães, “a pandemia de covid-19 desvelou no Brasil uma crise do Estado federativo. O contexto de instabilidade política, que vinha desde 2015, se tornou ainda mais caótico mediante a gestão ineficiente e pouco articulada da União na condução da crise sanitária”.
Durante a gestão da crise, os pesquisadores destacaram a ocorrência de entraves de articulação intergovernamental, indefinição e sobreposição de atribuições e funções, barreiras na integração e execução de ações em tempo oportuno, protagonismo de alguns governos e negligência de outros, veiculação de informações contraditórias e com pouca transparência.
Caso Manaus
No início de 2021, o Amazonas já enfrentava a falta de oxigênio hospitalar em estabelecimentos públicos de saúde. A crise na saúde do estado levou familiares de pacientes infectados por covid-19 a buscarem cilindros de oxigênio por conta própria para tentar evitar que seus parentes morressem por asfixia.
Eles chegaram a sair com cilindros vazios dos hospitais da capital Manaus em busca de locais que pudessem enchê-los. Na ocasião, o ministro da Saúde era Eduardo Pazuello. Para a professora de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), Deyse Ventura, o que aconteceu na capita amazonense foi um crime.
“Manaus é um dos muitos episódios que, na nossa memória, passados quase cinco anos, pode ser interpretado como incompetência e nós estamos aqui para lembrar que não foi negligência e nem incompetência, foram crimes que tiveram cúmplices”, disse ela à equipe do programa Caminhos da Reportagem, da TV Brasil, em episódio sobre os cinco anos do início da pandemia
Vacina
Foi também no início de 2021 que o Brasil viu chegar a grande esperança para conter o avanço da doença: a vacina. O diretor-geral do laboratório Bio-manguinhos/Fiocruz, Maurício Zuma, avalia que a produção do imunizante em tão pouco tempo ocorreu graças ao empenho de profissionais da ciência em todo o mundo.
A enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, foi a primeira pessoa a tomar a vacina contra a covid-19 no país. Ela recebeu uma dose do imunizante pouco depois de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ter aprovado o uso emergencial da CoronaVac, vacina contra o novo coronavírus produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac.
Saúde
Campanha Março Roxo alerta para a conscientização da epilepsia

O mês de março é marcado pela campanha Março Roxo, uma iniciativa global de conscientização sobre a epilepsia. A ação tem o objetivo de combater o preconceito, disseminar informações corretas sobre a condição e garantir mais inclusão e qualidade de vida para as pessoas que convivem com a doença.
A epilepsia afeta cerca de 50 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Caracterizada por descargas elétricas anormais no cérebro, a condição pode causar crises epilépticas de diferentes intensidades. No entanto, com o tratamento adequado, que pode incluir medicação e acompanhamento médico, a maioria dos pacientes consegue levar uma vida normal.
Apesar de ser uma condição neurológica comum, a epilepsia ainda é cercada por estigmas e desinformação. Muitas pessoas acreditam, por exemplo, que a doença está associada a distúrbios psicológicos ou que a crise convulsiva precisa ser contida segurando o paciente, o que é um mito perigoso. O correto, segundo especialistas, é deitar a pessoa de lado, afastar objetos próximos e proteger a cabeça, sem tentar conter os movimentos ou colocar algo na boca.
Durante o mês de março, diversas organizações promovem palestras, campanhas educativas e iluminação de monumentos na cor roxa para reforçar a importância do tema. O Dia Mundial da Conscientização da Epilepsia, também chamado de Purple Day, é celebrado em 26 de março e simboliza o compromisso global na luta contra o preconceito e pela inclusão das pessoas com epilepsia.
Especialistas reforçam que informação é a melhor ferramenta para combater o preconceito e incentivar o diagnóstico e tratamento precoces. A campanha Março Roxo é, portanto, um passo fundamental para construir uma sociedade mais empática e acolhedora para todos.
Saúde
Entenda como o uso prolongado de medicamentos pode afetar os rins

Médico alerta para perigos do uso de remédios sem orientação profissional e explica como cuidar da saúde dos rins no dia a dia
A automedicação é um hábito muito comum entre os brasileiros. Isso porque, apesar de oferecer perigosos para a saúde e ser amplamente contraindicada por profissionais médicos, 89% das pessoas se medicam por conta própria no Brasil. O dado é da Pesquisa de Automedicação (2022), do Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico (ICTQ ). Essa prática levanta o alerta para a saúde dos rins, uma vez que quando um indivíduo usa medicamentos sem orientação médica, especialmente de forma prolongada, os rins podem ser sobrecarregados.
Marcus Zionede, médico da área de urologia do AmorSaúde, explica que muitos medicamentos, após cumprirem sua função no organismo, precisam ser processados e eliminados pelos rins. “Os rins são responsáveis por filtrar o sangue e eliminar substâncias tóxicas do organismo. Por isso, o uso indiscriminado de certos medicamentos sobrecarrega esses órgãos, podendo causar lesões, reduzir sua capacidade de filtragem e, em casos mais graves, levar à insuficiência renal”, explica.
Medicamentos que podem oferecer mais riscos aos rins
Entre as classes de medicamentos que representam maior risco para os rins, os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), como ibuprofeno e diclofenaco, e analgésicos, como paracetamol, merecem atenção especial. “Esses medicamentos são amplamente consumidos sem orientação médica e, quando usados de forma prolongada, podem prejudicar o fluxo sanguíneo nos rins, afetando sua função”, alerta Zionede. Antibióticos, diuréticos e fármacos utilizados para tratar hipertensão e diabetes também podem impactar negativamente os rins, especialmente em pacientes que já possuem algum comprometimento renal.
Sinais de alerta para problemas renais
O médico ressalta que alguns sintomas podem indicar que os rins estão sendo prejudicados pelo uso excessivo de medicamentos. Entre os principais sintomas estão:
- Inchaço no corpo;
- Alterações na quantidade ou cor da urina;
- Cansaço excessivo;
- Náuseas;
- Pressão arterial elevada.
“Caso a pessoa apresente esses sintomas, é essencial buscar orientação médica imediatamente para avaliar a função renal e evitar complicações mais graves”, destaca o profissional.
Como cuidar dos rins com hábitos práticos
Para proteger os rins e minimizar os danos causados pelo uso prolongado de medicamentos, adotar hábitos saudáveis no dia a dia é fundamental. “Beber bastante água ao longo do dia, evitar o consumo excessivo de sal, manter uma alimentação equilibrada e praticar atividades físicas regularmente são medidas que contribuem para o bom funcionamento desses órgãos”, orienta Zionede.
Segundo o médico, frutas, vegetais, grãos integrais e alimentos ricos em antioxidantes ajudam a reduzir o impacto dos medicamentos nos rins. Por outro lado, o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, ricos em sódio e gorduras saturadas, deve ser evitado.
Exames para monitorar a função renal
Para aqueles que fazem uso contínuo de medicamentos, o acompanhamento médico regular é indispensável. O profissional recomenda a realização periódica de exames como:
- Creatinina sérica: avalia a capacidade dos rins de filtrar o sangue;
- Taxa de filtração glomerular: indica o nível de funcionamento dos rins;
- Exame de urina: identifica possíveis alterações precocemente.
“Monitorar a saúde dos rins permite detectar problemas em estágios iniciais, e isso facilita o tratamento e evita complicações mais graves”, conclui Zionede.
Saúde
Com benefícios para a saúde, uva pode ser utilizada em receitas saudáveis

Nutricionista ensina preparos práticos para incluir a fruta na alimentação e explica seus benefícios
A uva, além de saborosa, é uma fruta rica em nutrientes e benefícios para a saúde. Isso porque uma dieta rica em alimentos com polifenóis, como o caso da uva, pode reduzir em até 23% o risco de síndrome metabólica, um conjunto de alterações metabólicas e hormonais que aumentam o risco de doenças cardiovasculares. O dado é de um trabalho que integra o Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), publicado em fevereiro no Journal of Nutrition.
A pesquisa envolveu mais de seis mil brasileiros e acompanhou, durante oito anos, sua ingestão de polifenóis — compostos bioativos conhecidos por sua ação antioxidante e anti-inflamatória — para, enfim, associá-los à proteção de problemas cardiometabólicos. Além da uva, alimentos como morango, açaí, laranja e chocolate também possuem efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios, ajudando a proteger contra esses problemas.
Segundo Celso Felipe Roos, profissional de nutrição do AmorSaúde, rede de clínicas parceiras do Cartão de TODOS, a uva também é uma excelente fonte de minerais como potássio, cálcio, ferro, fósforo, magnésio e zinco, além de ser rica em vitaminas A, B, C e K. “Ela ajuda na saúde do coração, melhora a circulação sanguínea, auxilia no fortalecimento do sistema imunológico e promove uma pele saudável”, afirma Roos. “As fibras presentes na uva também contribuem para uma boa digestão e melhoram o funcionamento da flora intestinal”, explica.
Variedade de uvas e suas diferenças nutricionais
Embora todas as uvas sejam saudáveis, as diferentes variedades apresentam características nutricionais distintas. As uvas roxas e rosadas, por exemplo, são mais ricas em resveratrol, um antioxidante benéfico para a saúde do coração. Já a uva verde se destaca pela quantidade de vitamina C, essencial para o fortalecimento do sistema imunológico. “A escolha da variedade pode depender de objetivos específicos de saúde, mas, no geral, todas são boas opções”, orienta Roos.
Como usar uvas em receitas práticas
Além de ser consumida in natura, a uva também pode ser incorporada em diversas receitas, como saladas, iogurtes, smoothies e até sobremesas, tornando-se uma boa opção para quem busca melhorar a alimentação de maneira prática e saborosa. A seguir, o nutricionista sugere receitas fáceis e refrescantes:
Sorvete de uva: ótima opção de lanche para os dias quentes de verão
- Ingredientes: 500g de uva congelada (qualquer variedade), 03 colheres de sopa de leite em pó (pode ser integral, desnatado ou zero lactose).
- Modo de preparo: em um processador, coloque as uvas congeladas e o leite em pó. Processe até formar uma mistura homogênea (aproximadamente 5 minutos). Transfira para um recipiente e sirva.
Bombom de uva saudável: boa alternativa para matar a vontade de doce
- Ingredientes: 12 uvas verdes sem sementes, 01 potinho de iogurte natural, ½ scoop de Whey (ou 2 colheres de sopa de leite em pó), 6 quadradinhos de chocolate 50% cacau.
- Modo de preparo: misture as uvas cortadas ao meio com o iogurte e o whey ou leite em pó. Derreta o chocolate e despeje sobre a mistura. Leve ao congelador por 4 horas.
Suco de uva integral como pré-treino
O suco de uva integral também traz muitos benefícios, como os antioxidantes, mas pode ter uma maior concentração de açúcares naturais do que a fruta fresca. “Ele pode ser uma boa fonte de energia antes do treino, mas a recomendação é consumir com moderação, ajustando a quantidade às necessidades calóricas individuais”, alerta Roos.
Aproveitando a doçura natural da uva
Para quem busca reduzir o consumo de açúcar, a uva pode ser uma excelente alternativa para adoçar receitas de forma natural. “Você pode usá-la para adoçar smoothies, bolos e geleias caseiras, sem a necessidade de adicionar açúcar refinado. As uvas passas também são ótimas para substituir o açúcar em pães e biscoitos, oferecendo um toque doce e nutritivo”, sugere o nutricionista.
Moderação no consumo
Embora a uva seja uma fruta saudável, pessoas com diabetes devem monitorar o consumo devido ao seu teor de açúcares naturais. Além disso, quem tem alergia ou intolerância deve evitar a fruta. “Moderação também é recomendada para evitar desconforto digestivo, especialmente se consumida em grande quantidade”, finaliza Roos.