Siga-nos nas Redes Sociais

Cultura

Do colecionismo ao ‘show digital’, menções aos bebês reborn são majoritariamente positivas nas redes

Publicado

em

(crédito: Valter Campanato/Agência Brasil)

Apesar da onda de críticas, pesquisadora da FGV ressalta a complexidade de determinar o que é relatado apenas para engajar e os casos que de fato extrapolam o bom senso

Bonecas hiper-realistas com veias pintadas, peso de recém-nascido e até respiração simulada. Os bebês reborn, que imitam bebês humanos com detalhes impressionantes, saíram do nicho do colecionismo para se tornarem fenômeno pop nas redes sociais — e, não raro, alvo de polêmica. Apesar das muitas críticas recentes aos entusiastas, o tema não é tão novo na internet brasileira, mas foi nas redes sociais que o fenômeno ganhou corpo e é tratado, na maioria das vezes, de forma positiva. “De setembro de 2024 a abril de 2025, buscas e menções sobre reborns explodiram, segundo o Google Trends. Somente no Instagram, a hashtag #bebereborn já soma mais de 338 mil publicações, enquanto #rebornbaby e #reborndoll ultrapassam 1,3 milhão de posts combinados”, aponta a pesquisadora Lilian Carvalho, PhD em Marketing e coordenadora do Centro de Estudos em Marketing Digital da FGV/EAESP. Com o auxílio da plataforma Buzzmonitor, ela fez um levantamento não apenas da quantidade, mas também do tom utilizado por quem comenta o assunto: somente nos últimos 15 dias, foram mais de 20 mil menções, sendo 70% delas positivas.

“O que observo é que, no fim das contas, o bebê reborn reflete tanto o desejo de cuidado e pertencimento quanto as ansiedades e contradições de uma era em que o real, o simbólico e o viral se confundem”, avalia.

A viralização dos reborns é recente, mas a história dessa prática já carrega doses de drama. O primeiro exemplar de destaque foi criado em 1999 pela artista alemã Karola Wegerich, que buscava consolar uma amiga enlutada. Desde então, a função terapêutica dessas bonecas — especialmente para quem viveu perdas gestacionais, lida com infertilidade ou enfrenta o “ninho vazio” — ganhou espaço no discurso de fabricantes e especialistas.

Atualmente, no YouTube, canais como Dinha Reborns (879 mil inscritos), Si Fortuna (811 mil) e Ana Reborn (433 mil) lideram o segmento. No TikTok, influenciadoras como Nane Reborn (Elaine Alves) exibem coleções de até 14 bonecas, avaliadas em quase R$ 30 mil — e acumulam centenas de milhares de seguidores. O ápice da viralização veio com a influenciadora Carol Sweet, que simulou o “parto” de um reborn em vídeo de ASMR, com direito a bolsa amniótica cenográfica e cordão umbilical. O conteúdo ultrapassou 4 milhões de visualizações e dividiu opiniões, mas garantiu que o tema furasse a bolha do colecionismo e invadisse o debate público.

No entanto, o fenômeno também levanta discussões sobre os limites entre fantasia e saúde mental. Casos de adultos tentando agendar consultas médicas para bonecas ou reivindicando vagas em filas preferenciais chegaram ao Congresso, que discute um projeto de lei para coibir abusos. Mas afinal, estamos diante de uma febre de colecionadores ou de um voyeurismo digital sobre doenças psicológicas?

Para a pesquisadora em marketing digital, apesar do apelo emocional e artístico, o fenômeno dos bebês reborns desafia fronteiras entre afeto, fantasia e espetáculo digital. “O que para uns é arte e conforto, para outros é sintoma de uma sociedade que flerta com o hiper-real e questiona: o que ainda é real, quando a imagem e a performance ganham o centro da nossa atenção? Ao mesmo tempo, é preciso ter cuidado. Pois determinar os casos reais em que as pessoas, em massa, estão ‘levando bonecos ao médico’ e o que é relatado nas redes apenas para criar polêmica e engajar é uma tarefa complexa e que os filtros da internet nem sempre nos permitem concluir”, ressalta Lilian Carvalho.

Cultura

“Macacos”, aclamado espetáculo de Clayton Nascimento, chega ao Teatro Nova Iguaçu Petrobras

Publicado

em

Clayton Nascimento na peça Macacos - Foto Julieta Bacchin
Clayton Nascimento na peça Macacos - Foto Julieta Bacchin

No solo, o ator enfrenta o desafio de retratar o preconceito a partir do relato de um homem negro que busca respostas para o racismo do cotidiano

Criado, dirigido e atuado por Clayton Nascimento, o aclamado monólogo “Macacos” chega ao palco do Teatro Nova Iguaçu Petrobras nos dias 26 e 27 de julho, sábado, às 20h, e domingo, às 19h. No solo, o ator enfrenta o desafio de retratar o preconceito contra os povos pretos a partir do relato de um homem negro que busca respostas para o racismo do cotidiano, além de trazer pontos importantes da história de sua comunidade. A dramaturgia foi criada a partir do caso do goleiro Aranha, do Grêmio, ofendido pela torcida tricolor gaúcha em 2014. 

O título do espetáculo faz referência a uma das formas de ofensa racista mais usadas para atacar pessoas negras no mundo todo. A peça se desenrola num fluxo de pensamentos, desabafos e elucidações que surgem em cena, tendo como pano de fundo a história do Brasil e situações de violência racial vividas por grandes artistas negros, de Elza Soares a Machado de Assis e Bessie Smith, até os relatos e estatísticas de jovens presos e executados pela polícia em dados coletados pelo Atlas da Violência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, cruzados com os do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 


De acordo com matéria publicada no site da Revista Piauí em julho de 2024 (sob o título “Eu só tinha um sonho, um batom e uma bermuda”, de autoria do jornalista Gilberto Porcidonio) a respeito do artista, um desses casos de morte violenta citadas na peça é a “de Eduardo de Jesus Ferreira, filho de Terezinha Maria de Jesus. O menino de 10 anos foi assassinado pela Polícia Militar com um tiro na cabeça enquanto brincava na porta de casa, no Complexo do Alemão, em abril de 2015. No ano de 2023, um advogado que estava na plateia, terminado o monólogo, procurou Terezinha para conversar. Tornou-se seu representante legal. Um mês depois, unindo as forças da arte, de uma mãe lutadora e de um advogado conseguiu-se fazer com que a investigação da morte fosse desarquivada pelo Ministério Público do Rio.”


Macacos começou a ser escrita em 2015 e surgiu primeiro como cena curta em 2016, tendo estreado no seu formato longo em 2022. Desde então, a peça já participou de festivais em Fortaleza, Curitiba, Brasília, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Fortaleza, Pernambuco e Amazonas, além de temporadas internacionais por países como Rússia, Holanda, Alemanha, Estados Unidos, Uruguai e Chile. Na temporada carioca, em 2023, ganhou o reconhecimento da classe artística, sendo elogiada por atrizes como Fernanda Montenegro, Renata Sorrah, Deborah Bloch, Camila Pitanga, Neusa Borges e pelo ator Caio Blat. O espetáculo acumula mais de uma dezena de premiações, entre elas “Prêmio Especial do Júri por Relevância Temática e Proposição Cênica” do IX Festival Niterói em Cena, do XIV Festival de Esquetes de Cabo Frio, do XX Festival de Teatro do Rio de Janeiro e do VIII Festival de Teatro do Amazonas, além dos Prêmios Shell, APCA, Associação de Produtores de Teatro, e Deus Ateu de Teatro, estes na categoria de melhor ator.


Clayton Nascimento


Ator, dramaturgo, diretor e professor brasileiro. Vencedor do Prêmio Shell de Teatro como Melhor Ator em 2023. Sua peça MACACOS foi aclamada pelo público e pela crítica, sendo considerada um importante documento histórico e dramático pelo jornal O Globo. Graduado pelo Teatro Escola Célia Helena, pela Escola de Arte Dramática, e em Educomunicação pela USP, onde é mestrando na Escola de Comunicação e Artes, estudou também na SP Escola de Artes e na Casa do Teatro. É professor de graduação do Teatro Escola Célia Helena. Na TV, ele participou da série Carcereiros, Selvagem, Dois Tempos (Disney Plus), A Caverna de Petra (Globoplay), As Five e da novela Fuzuê (Rede Globo). Atuou também como preparador de elenco na Rede Globo e no filme Erva do Gato, de Novíssimo Edgar, com Gracê Passô e Jup do Bairro. Em 2024 roteirizou, dirigiu e apresentou o especial Falas Negras pela Rede Globo, que teve uma ampla aceitação e comoção pública. No programa, trouxe em formato de experimento social, uma denúncia sobre o sistema de reconhecimento facial, utilizado pelo estado para condenar injustamente, em sua maioria corpos negros, acusados por crimes não cometidos.
No início de 2025 apresentou ao lado da atriz Renata Sorrah, o 35º Prêmio Shell de Teatro.


Ficha técnica:
Clayton Nascimento – Diretor, Ator e Dramaturgo
Cyntia Monteiro/Lúcio Bragança Junior – Iluminação
Terezinha Maria de Jesus – Part. Especial
Alex Junior – Diretor de Produção
Beatriz de Franco – Assistência de Produção
Cia do Sal – Produção

Programação recheada de atrações

O Teatro Nova Iguaçu Petrobras está com a programação recheada de atrações. Confira a agenda completa e adquira seu ingresso em https://ingressodigital.com/pesquisa.php?busca=S&pg=1&txt_busca=nova+igua%C3%A7u  

Serviço:

“Macacos”

Dia e hora: 26 e 27 de julho, sábado, às 20h, e domingo, às 19h       

Local: Teatro Nova Iguaçu Petrobras – Rua Coronel Bernardino de Melo, 1081, Caonze, Nova Iguaçu – RJ

Ingressos: de R$ 45 a R$ 90, vendas pelo site https://ingressodigital.com/evento/16474,16475/macacos

Rede social:     

Teatro Nova Iguaçu Petrobras – https://www.instagram.com/teatronovaiguacupetrobras/

Continue Lendo

Exposição

Carla Carvalhosa apresenta a exposição ‘Faces’, no Capitu Café, com trabalhos inéditos e escultura de Machado de Assis, feita em parceria com o cartunista Alviño

Publicado

em

Carla Carvalhosa
Carla Carvalhosa
A artista plástica Carla Carvalhosa apresenta a exposição ‘Faces’, no Capitu Café, com curadoria de Alviño, trazendo 15 trabalhos, em sua maioria inéditos, revelando as múltiplas faces de sua arte, além da escultura de Machado de Assis da entrada feita em parceria com o cartunista Alviño.
 
 
 

A mostra ”Faces’ expressa a criatividade, emoções e sensibilidade em sua trajetória artística ao utilizar diversas técnicas, estilos e materiais, ela busca libertar-se de regras pré-estabelecidas,  dando maior  originalidade à sua obra.


 
Carla Carvalhosa ministra cursos de arte há 30 anos. Durante sua carreira recebeu várias premiações, entre elas, prêmio de melhor obra: CSSA em 1995, Biblioteca Nacional  em 1996, Aeroporto Internacional em 1997. Teve três de suas obras publicadas nos cartões da Telemar e participou de vários salões como jurada. Atualmente vem se dedicando a exposições individuais e coletivas. Seus temas estão associados a questões sociais e sustentabilidade.
 
 
Suas esculturas são confeccionadas com material descartado: embalagens plásticas, jornal e papelão, cabos de vassoura, revistas etc. Através da técnica de papietagem e papel maché, a artista ressignifica esse material, dando delicadeza e expressão, convidando o público a interagir com sua obra.
 
 
A abertura será no dia 01 de agosto (sexta), às 16h, na Rua Cosme Velho, 174, e pode ser visitada até o dia 15, com entrada franca. De segunda a sábado, das 7h às 21h30, e domingos, das 8hs às 20h30.
 
 
O Capitu Café é o local onde Machado de Assis residia e o espaço está sempre promovendo eventos culturais, como shows de jazz, chorinho, lançamento de livros, saraus e exposições. Na abertura, os visitantes poderão assistir ao show de jazz do Trio Alienista, na terrazza (lado de fora), a partir das 18h30.
 
 
Instagram: @carlacarvalhosa @capitu.cafe
 
Assessoria de Imprensa
Paula Ramagem

Continue Lendo

Cultura

Arthur Bomfim e a nova linguagem do realismo na tatuagem contemporânea

Publicado

em

Com traços precisos, refinamento técnico e sensibilidade compositiva, Arthur Bomfim tem se firmado como uma das figuras mais relevantes da cena artística brasileira atual, especialmente no segmento de realismo preto e cinza. Seu trabalho vem despertando atenção não apenas pela qualidade de execução, mas pela forma como propõe um novo olhar sobre a tatuagem enquanto linguagem visual legítima, complexa e emocionalmente expressiva.

Natural de São Paulo, Arthur construiu uma trajetória marcada pela busca contínua da excelência. Ao longo dos anos, desenvolveu uma assinatura própria no campo do hiper-realismo, com foco em retratos humanos e animais que impressionam pela fidelidade, textura e equilíbrio de luz e sombra. O resultado são obras que evocam impacto estético imediato, mas que também revelam profundidade técnica e sensibilidade artística ao olhar atento.

O reconhecimento por seu trabalho não se restringe ao público geral. Dentro da própria comunidade de artistas, Arthur é apontado como um dos expoentes de uma nova geração de tatuadores que têm expandido os limites da técnica e do conceito no Brasil. Seu estúdio, localizado na capital paulista, tornou-se referência em produção autoral de alto nível, atraindo admiradores de diversas regiões e clientes públicos notáveis, incluindo MC Dricka, artista premiada e voz representativa do funk paulista com forte atuação em pautas de gênero e periferia, e MC Lele JP, nome em ascensão no cenário musical brasileiro com milhões de ouvintes mensais nas plataformas digitais.

https://www.instagram.com/tattooinvicto18

Ambos os artistas, reconhecidos por seu alcance popular e conexão com públicos diversos, confiaram em Arthur a criação de tatuagens que traduzissem aspectos simbólicos de suas trajetórias. A escolha reforça não apenas o prestígio do artista entre celebridades, mas também sua capacidade de dialogar visualmente com diferentes identidades culturais, mantendo sua integridade estética.

Sua atuação em eventos especializados, como a Tattoo Week São Paulo, uma das maiores convenções de tatuagem da América Latina, reforça seu lugar de destaque na cena profissional. Nessas ocasiões, é comum que sua presença seja citada por organizadores como exemplo de rigor técnico, estética apurada e contribuição cultural. Paralelamente, sua agenda, sempre cheia, e sua presença digital consistente evidenciam o alcance e a relevância de sua obra.

Arthur também atua como mentor, compartilhando conhecimento com novos profissionais e promovendo uma cultura de excelência e responsabilidade técnica. Essa dimensão educacional de sua carreira não apenas amplia seu impacto, como reforça o compromisso com o desenvolvimento coletivo do setor, algo cada vez mais valorizado em contextos artísticos contemporâneos.

Mais recentemente, seu nome tem circulado com frequência em redes internacionais de referência na tatuagem, o que contribui para a difusão de sua estética fora do Brasil. Essa movimentação global vem consolidando sua atuação como artista com linguagem própria e reconhecimento transnacional, o que naturalmente abre espaço para conexões culturais mais amplas.

Ao reunir técnica rigorosa, pesquisa visual e uma abordagem autoral madura, Arthur Bomfim simboliza uma vertente da tatuagem em que arte, identidade e excelência caminham juntas. Sua obra não apenas expressa domínio técnico. Ela comunica. E nesse diálogo silencioso entre a pele e a imagem, encontra-se um artista que sabe transformar o traço em experiência.

(Fotos: divulgação)

Continue Lendo