Tecnologia
Estudo inédito revela que visibilidade dos ambientes em cloud é prioridade para CIO’s em 2023

A SoftwareOne, companhia líder em soluções de softwares e tecnologia de nuvem e serviços, acaba de divulgar um estudo inédito que aponta um movimento do mercado global em aumentar seus orçamentos com TI, bem como investir em nuvem e FinOps, o qual consiste em um modelo de controle e gerenciamento dos custos em nuvem, ainda para 2023. O levantamento CIO Pulse 2023 foi realizado com 600 líderes de TI em todo o mundo, a fim de compreender seus gastos no setor e prioridades para este ano.
A pesquisa aponta que, atualmente, os CIO’s enfrentam um cenário desafiador que exige o equilíbrio inteligente entre novos serviços e a otimização da tecnologia existente. Desta forma, 93% dos entrevistados indicam que seus orçamentos de TI serão amplamente aumentados de alguma forma, visto que as companhias planejam investir em tecnologia para impulsionar a inovação, acelerar a transformação digital e reforçar a segurança em uma superfície de ataque em expansão.
Neste recorte, quase um em cada cinco profissionais (17%) prevê um aumento de mais de 50% no orçamento e mais de três quartos (76%) esperam uma expansão de 1 a 49%. No entanto, 83% dos líderes de TI acreditam que precisarão fazer mais com menos recursos.
Segundo o Eronides Junior, COO Brasil da SoftwareOne, nos últimos cinco anos, o papel do CIO e do departamento de TI em geral mudou de apenas manter a infraestrutura de TI em funcionamento para criar e impulsionar a estratégia organizacional das empresas. “O CIO de hoje é um agente de mudança, auxiliando a criar e oferecer novos serviços digitais para diferenciar as organizações e impulsionar o aumento de receitas e valor”, afirma.
Neste sentido, apesar de 92% dos entrevistados garantirem que a inovação digital impulsionará novas receitas ainda este ano, 72% destes revelam que estão atrasados neste processo de transformação digital, em grande parte devido à dívida técnica, uma vez que ao longo da pandemia de Covid-19, diversas organizações aceleraram seus projetos digitais e a implementação de ferramentas tecnológicas.
Os desafios tecnológicos enfrentados pelas companhias
Atualmente, as organizações devem lidar com seu débito técnico e questões de TI ultrapassadas para realizar uma transformação digital efetiva. “Nossa pesquisa aponta que quase um terço (31%) dos líderes de TI afirmam que não estão obtendo os melhores resultados da nuvem porque não otimizaram as cargas de trabalho antes da migração”, conta Eronides Junior.
Isto por que, uma das principais adesões e atualizações aceleradas pelas empresas ao longo da pandemia foi a tecnologia em nuvem, a qual também será responsável por grande parte do aumento de orçamento previsto para 2023, de acordo com 90% dos CIO’s.
Considerando o cenário observado nos últimos anos, em que muitas organizações correram para implantar novas aplicações e serviços remotos usando serviços de nuvem, atualmente 55% dos líderes de TI estão lidando com problemas causados pela falta de preparação na migração para a nuvem, incluindo 38% que admitem lidar com problemas causados por uma migração apressada para a nuvem e mais 17% que afirmam ter movido aplicações e serviços para a nuvem sem um planejamento completo de orçamento, o que significa que gastaram demais e agora precisam reajustar.
Para Eronides Junior, está cada vez mais claro que modernizar a infraestrutura legada, aprimorar a estratégia de nuvem e lidar com o débito técnico são fatores importantes para os líderes de TI. “Quase três quartos dos entrevistados informaram que os esforços de transformação digital de suas organizações estão atrasados devido ao débito técnico, enquanto 51% citam uma infraestrutura legada de TI complexa como um de seus principais desafios”.
Desta forma, um em cada quatro líderes de TI planeja migrar cargas de trabalho críticas para a nuvem, citando aumentos rápidos na carga de trabalho que excedem a capacidade (40%) e a continuidade da transformação (40%). Além disso, 82% esperam que seu investimento em modernização de aplicativos aumente; desses, 45% esperam um aumento leve, enquanto 37% antecipam um aumento significativo.
No entanto, muitas empresas estão enfrentando dificuldades para ter controle e visibilidade do verdadeiro custo da provisão em nuvem. Apesar do fato de que todas as organizações entrevistadas utilizam tecnologia em nuvem, apenas 27% afirmam que estão obtendo um valor muito superior ao esperado pelo seu investimento, em grande parte devido a implementações apressadas e configuração inadequada dos serviços.
“Muitas instituições de TI gastaram muito nesses serviços, enquanto outras não otimizaram as cargas de trabalho e possuem aplicações em nuvem que não estão configurados para suas necessidades específicas. Isso representa uma forma de dívida técnica, ou seja, o preço que as empresas pagam pela entrega de projetos no curto prazo em detrimento da eficiência a longo prazo, sendo uma abordagem que soluciona problemas e necessidades imediatas, como a de suportar o trabalho remoto, mas não oferece valor a longo prazo”, explica o executivo.
Investimento em FinOps: visibilidade da nuvem
Levando este cenário em consideração, 95% dos entrevistados desejam aumentar a visibilidade dos custos relacionados à nuvem, enquanto 45% acreditam que ter uma maior transparência dos custos em nuvem resultaria em melhor valor agregado e segurança. Sendo assim, 80% dos líderes de TI esperam ampliar seus gastos com FinOps como uma maneira de obter a tão necessária clareza e controle dos custos com cloud.
As práticas de FinOps ajudam a avaliar e compreender o desempenho e o potencial das plataformas e serviços em nuvem, portanto, 40% dos entrevistados o classificaram como uma prioridade para reduzir os custos de TI, sendo que as únicas outras prioridades de redução de custos com classificações semelhantes foram “redução dos custos de mão de obra de TI por meio da terceirização” e “migração contínua para a nuvem a partir da saída dos data centers”.
Segundo o executivo, é essencial que os CIO’s reconheçam a necessidade de calibrar sua estratégia em nuvem para o atual cenário econômico e técnico, bem como desenvolvam um plano de mudança tecnológico. “A SoftwareOne tem como objetivo auxiliar as organizações a avançarem em seu processo de evolução digital, reduzindo o débito técnico e otimizando o valor de seus investimentos”.
Eronides Junior sugere, portanto, que os CIOs sigam cinco etapas prioritárias, as quais incluem primeiro identificar áreas em que o débito técnico possua o maior impacto em relação aos objetivos do negócio e analisar o código-fonte para identificar onde as otimizações devem ser feitas. Em seguida, é indicado utilizar métricas claras para demonstrar o valor dos investimentos digitais existentes. “Neste caso, o FinOps pode fornecer uma estrutura poderosa para a visibilidade dos custos de nuvem atuais, proporcionando responsabilidade financeira em toda a organização”.
O terceiro passo seria identificar rapidamente as mudanças e atualizações necessárias, e a quarta etapa consiste em desenvolver um plano de modernização completo, com informações sobre o custo total de propriedade e retorno sobre o investimento. Para finalizar, o executivo da SoftwareOne indica que as licenças sejam otimizadas, por meio da avaliação dos ativos de TI, por exemplo.
“Entendemos que o débito técnico é uma consequência de planos que eram adequados anteriormente, mas, assim como qualquer dívida, precisa ser quitada para evitar implicação de custos a longo prazo. Pensando nisso, o estudo confirmou que, de fato, modernizar e migrar aplicativos para a nuvem antes que a dívida técnica prejudique a inovação digital deve ser uma prioridade, assim como o investimento em FinOps, para obter visibilidade e controle dos gastos em ambientes de cloud”, finaliza o executivo.
Sobre a SoftwareOne
A SoftwareOne é uma provedora global com presença local, e líder em soluções de softwares e tecnologia de nuvem, com sede na Suíça. Com um portfólio de serviços baseados em tecnologia e IP, permite que as empresas desenvolvam e implementem holisticamente suas estratégias comerciais, de tecnologia e de transformação digital. Através da modernização de aplicativos, migração de workloads críticos em nuvens públicas, gestão de software, inovação, segurança, governança e computação em nuvem. Suas ofertas são conectadas pelo PyraCloud, a plataforma digital exclusiva da SoftwareOne que fornece aos consumidores inteligência acionável por data-driven. Com cerca de 7.700 funcionários e recursos de vendas e prestação de serviços em 90 países, a SoftwareOne atende cerca de 65.000 clientes com soluções em nuvem e software de mais de 7.500 fabricantes. As ações da SoftwareONE (SWON) são cotadas na SIX (Bolsa de Valores da Suíça). Para mais informações, visite SoftwareOne.com.
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Com ganhos de mais de 91% em agilidade, WEG revoluciona a implementação de ambientes de aplicações

Fazer automatizações e isolar tarefas durante um ambiente de aplicações pode ser um desafio para empresas que não estão preparadas tecnologicamente. O gerenciamento de containers, por exemplo, requer sistemas atualizados em tempo real, tornando a execução de atividades mais rápidas e eficazes dentro das companhias.
Durante o dia a dia de trabalho, a WEG, fabricante multinacional brasileira de equipamentos elétricos e eletrônicos, com fábricas em 15 países, operações comerciais em 37 países e mais de 40.000 funcionários, que utiliza vários sistemas operacionais Linux em sua infraestrutura local, percebeu um aumento repentino no ambiente baseado em containers.
Na mesma velocidade, a empresa enfrentou um grande desafio: a falta de padronização e de ferramentas de gerenciamento desses sistemas. Ao longo dos períodos de aplicações, a empresa se viu dependente de processos manuais para aprovação de recursos de infraestrutura e gerenciamento de clusters Kubernetes. Com essas falhas ameaçando a velocidade, a eficiência e a agilidade do desempenho da equipe, a WEG começou a busca por uma solução de gerenciamento de containers comprovada. “Antes do Ranch Primer levávamos dias para a criação de uma estrutura. Agora podemos executar um novo aplicativo em minutos ou em poucas horas”, explica Eduardo Piccoli, Arquiteto de Soluções da WEG.
Com a implementação das soluções da SUSE, empresa líder em código aberto, como o Rancher Prime, que oferece uma plataforma central que padroniza e simplifica o gerenciamento de clusters Kubernetes, além de ferramentas avançadas para otimizar a utilização de recursos e aplicar políticas de segurança consistentes, e também do SUSE Multi-Linux Support, solução de tecnologia e suporte totalmente aberta que fornece patches de segurança e atualizações de manutenção, a WEG encontrou na SUSE um único suporte corporativo que reduz a complexidade e os custos operações, além de aumentar a segurança e a conformidade necessárias.
“Observamos uma melhora na produtividade do desenvolvimento. Antes do Rancher Prime, o provisionamento de infraestrutura levava dias. Agora, podemos colocar um novo ambiente de aplicações em funcionamento em horas — com mais de 91% mais rapidez. Isso nos dá um verdadeiro atalho para o sucesso”, reforça Eduardo Piccoli.
Outros significativos resultados com o uso das duas soluções SUSE, estão no aumento da produtividade, eficiência e controle no gerenciamento de containers e recursos, definição de cotas rigorosas de recursos nos clusters Kubernetes, entre outros.
“A jornada da WEG mostra como o código aberto é essencial para impulsionar a inovação com segurança e escalabilidade. Ao escolher tecnologias open source como as soluções da SUSE, a WEG não só modernizou sua infraestrutura crítica, como também ganhou independência tecnológica e flexibilidade para crescer globalmente. Este é um exemplo poderoso de como o open source entrega valor real aos negócios, combinando robustez empresarial com liberdade de escolha”, explica Marcos Lacerda, presidente da SUSE América Latina.
Confira o case completo clicando aqui.
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Dez mil bolsas gratuitas para Bootcamp Cibersegurança para formar especialistas contra fraudes digitais

O Santander, em parceria com a plataforma de educação DIO, abre as inscrições para o Bootcamp Santander Cibersegurança 2025, um programa gratuito e 100% online focado na capacitação prática de profissionais em segurança ofensiva. Com 10 mil bolsas disponíveis e uma trilha de 31 horas de conteúdo prático, o bootcamp oferece 15 cursos, desafios práticos, grupos de desenvolvimento de códigos e cinco lives exclusivas com especialistas do setor. As inscrições estão abertas até 07/09/2025 pelo link https://c.dio.me/KQEcoH .
A proposta é preparar os participantes para atuar em áreas estratégicas da cibersegurança como testes de invasão (pentest), engenharia social, criação de malware, ataques Man-in-the-Middle e análise de vulnerabilidades, utilizando ferramentas como Kali Linux, Medusa e Python em ambientes virtualizados. “O conhecimento em cibersegurança é uma necessidade para os dias atuais. O bootcamp é uma forma de democratizar o acesso à formação de ponta, capacitando novos talentos para proteger o ecossistema digital brasileiro”, afirma Márcio Giannico, senior head de Governos, Instituições, Universidades e Universia do Santander no Brasil.
Voltado para profissionais de tecnologia com conhecimentos básicos em Python, o bootcamp se destaca por sua abordagem prática e investigativa. Ao longo da jornada, os participantes poderão desenvolver projetos reais, simulando cenários de ataque e defesa, alinhados com as exigências do mercado de trabalho.
“Esse bootcamp marca a parceria de sucesso entre a DIO e o Santander Brasil. Com 10 mil bolsas de estudo 100% gratuitas, este programa é o resultado do compromisso dessas duas instituições em capacitar indivíduos interessados na interseção entre tecnologia e cibersegurança”, comenta Iglá Generoso, CEO da DIO. Ao final da trilha, os alunos estarão aptos a identificar e explorar vulnerabilidades, automatizar testes de segurança e atuar em times especializados ou como consultores de segurança cibernética.
356 bilhões de tentativas de ciberataques no Brasil
O lançamento do programa acontece em um momento que o Brasil registrou cerca de 356 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos em 2024, segundo dados do FortiGuard Labs, laboratório de inteligência de ameaças da Fortinet. O setor financeiro brasileiro sofreu uma média de 1.752 ataques semanais por organização entre setembro de 2024 e fevereiro de 2025.
Como medida de prevenção a fraudes e golpes, o Banco possui camadas de proteção como o ID Santander, solução de autenticação em duas etapas robustas e a Biometria Facial, tecnologia que utiliza inteligência artificial e algoritmos para confirmar a identidade do cliente, além de outras camadas como senhas, validações comportamentais, entre outras. O objetivo é garantir a segurança e autenticidade das operações realizadas pelos clientes.
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Influenciadores adolescentes e a adultização digital: até onde vai o trabalho e os direitos de quem começa cedo na internet?

Após o vídeo do youtuber Felca sobre a ‘adultização’ de menores nas redes sociais, especialistas alertam para os limites legais da jornada de influenciadores adolescentes e discutem a emancipação como saída para a gestão dos lucros
O vídeo recente do youtuber Felca, que abordou a adultização de adolescentes no ambiente digital, trouxe à tona um debate cada vez mais urgente: quais são os limites do trabalho de influenciadores adolescentes no Brasil? A ausência de uma legislação específica para essa atividade deixa dúvidas sobre jornada, administração dos rendimentos e até o papel da emancipação como ferramenta de autonomia financeira.
De acordo com a Pesquisa Kids Online Brasil 2023, mais de 86% dos adolescentes entre 11 e 17 anos acessam diariamente redes sociais, e uma parcela crescente já enxerga no ambiente digital uma oportunidade de carreira. Mas a linha entre lazer e trabalho remunerado se torna cada vez mais tênue — e a pressão do mercado pode acelerar a adultização, expondo jovens a responsabilidades de adultos muito antes da hora.
O que diz a lei sobre influenciadores menores de idade
No Brasil, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) determinam que menores de 16 anos não podem trabalhar, salvo na condição de aprendiz a partir dos 14. Já os adolescentes entre 16 e 18 anos só podem exercer atividades que não sejam noturnas, insalubres ou perigosas.
Para atividades artísticas e esportivas — onde a Justiça inclui a atuação de influenciadores digitais — é necessária autorização judicial, que define a carga horária e condições específicas. No caso de aprendizes, a jornada máxima é de 6 horas diárias (se o ensino fundamental não foi concluído) ou 8 horas (após a conclusão).
Segundo a advogada trabalhista Juliane Moraes, a ausência de uma lei própria para influenciadores digitais cria uma “zona cinzenta” jurídica.
“Não existe lei específica para influenciadores, mas o Judiciário entende que se trata de uma atividade artística. Assim, a carga horária deve ser autorizada judicialmente, sempre respeitando o estudo, o lazer e o desenvolvimento saudável do adolescente”, explica.
A questão da emancipação e os rendimentos
Outro ponto de dúvida recorrente diz respeito à administração dos valores recebidos pelos adolescentes. Pela legislação, os rendimentos pertencem ao menor, mas sua gestão cabe aos pais ou responsáveis legais até a maioridade.
A emancipação, que pode ser concedida voluntariamente a partir dos 16 anos, permite que o jovem abra empresa, assine contratos e gerencie seus próprios lucros. Para Juliane, essa alternativa precisa ser avaliada com cuidado.
“A emancipação pode trazer autonomia jurídica para que o adolescente gerencie seus contratos e lucros, mas também transfere responsabilidades legais. É uma decisão que precisa de análise cuidadosa, porque pode ser um peso para quem ainda não está preparado”, afirma.
O risco da adultização precoce
Além da questão legal, o fenômeno da adultização digital preocupa especialistas em saúde e educação. A exposição precoce à cobrança de resultados, contratos e negociações pode impactar o desenvolvimento emocional e social dos adolescentes.
Juliane Moraes alerta que, sem regulação clara, há espaço para abusos.
“O fenômeno da adultização coloca adolescentes em papéis que não condizem com sua fase de vida. A busca pelo sucesso rápido não pode se sobrepor ao direito ao desenvolvimento saudável e protegido”, reforça.
Perspectivas para o futuro
Enquanto países como França e Estados Unidos já estabeleceram leis específicas para proteger menores influenciadores, o Brasil ainda discute como adaptar sua legislação a essa nova realidade. O crescimento da economia criativa e o papel cada vez mais central dos criadores de conteúdo digital tornam o debate urgente.
“O sucesso digital pode ser uma oportunidade, mas também um risco quando não há limites claros. É fundamental que a sociedade e a Justiça avancem na discussão sobre como proteger influenciadores adolescentes, garantindo que a internet não se torne um espaço de exploração infantil”, conclui Juliane.
A adultização de influenciadores adolescentes: até onde vai o trabalho e o direito deles?
Nos últimos dias, o vídeo do youtuber Felca reacendeu um debate necessário: a adultização digital de adolescentes. Tenho acompanhado esse movimento de perto como advogada trabalhista, e vejo com preocupação a forma como muitos jovens têm sido expostos precocemente a pressões, responsabilidades e jornadas que, em tese, deveriam estar restritas ao mundo adulto.
A legislação brasileira é clara em alguns pontos. Menores de 16 anos não podem trabalhar, salvo na condição de aprendiz a partir dos 14. Já entre 16 e 18 anos, a regra é que a atividade não seja noturna, insalubre ou perigosa. No caso dos influenciadores digitais, a Justiça costuma enquadrar a atividade como artística, exigindo autorização judicial para definir carga horária e condições. O que a lei tenta garantir, na prática, é que o trabalho não comprometa os estudos, o lazer e o desenvolvimento saudável do adolescente.
Mas sabemos que, na internet, as fronteiras são borradas. Quando o conteúdo gera receita, contratos são firmados e marcas entram no jogo, o adolescente deixa de ser apenas um criador de vídeos para se tornar parte da economia criativa. Surge então outra questão: quem administra os lucros? Pela lei, os valores pertencem ao menor, mas a gestão é dos pais ou responsáveis. A emancipação, possível a partir dos 16 anos, pode dar autonomia para que ele mesmo administre seus contratos e ganhos. Contudo, ela também transfere responsabilidades legais e financeiras que nem sempre esse jovem está preparado para assumir.
O fenômeno da adultização precisa ser olhado com seriedade. Não se trata de frear talentos, mas de garantir que o sucesso digital não seja construído à custa da infância e da adolescência. Precisamos debater a criação de regras claras que protejam esses jovens, como já acontece em países como França e Estados Unidos, onde existem leis específicas para influenciadores menores de idade.
O mundo digital não pode se tornar um espaço de exploração infantil. Oportunidade e proteção precisam andar juntas.