Empresas & Negócios
Franquias: o que fazer para vencer os desafios dos primeiros anos

O mercado de franquias no Brasil tem se destacado pela resiliência. Trata-se de um mercado que apresenta crescimento na casa dos dois dígitos mesmo em períodos de instabilidade econômica. Em comparação com 2022, o segmento de franquias cresceu 13,8% em 2023, com destaque para as marcas oriundas dos setores de alimentação, saúde, beleza e bem-estar, hotelaria e turismo.
Esses resultados refletem a capacidade de as franquias se adaptarem a novos modelos de negócios, incorporarem novas tecnologias e adaptação das marcas na busca por inovação. Diante de desafios como mudanças no comportamento do consumidor, avanços tecnológicos e concorrência acirrada, a transformação digital constante nas operações vem fortalecendo a adoção da omnicanalidade pelo segmento.
Outra característica marcante do mercado de franquias no Brasil é a diversidade de segmentos e oportunidades. Sob um modelo de negócio que combina a segurança de uma marca estabelecida com a autonomia do empreendedor, as franquias têm conquistado espaço e a confiança de investidores e consumidores.
Esse cenário promissor tem atraído diversos perfis de franqueados, porém, nem todos estão fadados ao sucesso. Em 15 anos de experiência no ramo de franquias, tenho observado que os franqueados mais bem-sucedidos têm em comum experiências profissionais em empresas que têm processos muito bem estabelecidos.
Geralmente, os franqueados que atingem os melhores resultados têm um legado de saber seguir regras e processos. Pouco se fala sobre isso, mas saber seguir regras é um ponto crucial para garantir uma relação sadia entre franqueado e franqueador. Na prática, o que tenho visto nos últimos anos, em muitos casos bem-sucedidos de franqueados, é a coincidência ou não de bons franqueados com bagagem e experiência profissional do mundo corporativo.
Esse debate é fundamental no mundo das franquias. O brasileiro tem aptidão para empreender, mas a maioria tem uma tendência a buscar atalhos para fazer o negócio acontecer do seu jeito.
Regras traçam caminho para sucesso
Na prática, a dificuldade em seguir um script, um passo a passo, pode ser a pista para identificar um CPF que terá dificuldades em se transformar em um CNPJ com resultados consistentes. Historicamente, no ramo de franquias, a prática me mostra que os empreendedores que trazem bagagens sólidas do mundo corporativo tendem a apresentar mais resultados e obterem sucesso mais rápido.
No mundo das franquias, não basta ter uma quedinha pelo setor. É um erro achar que se pode gerenciar com maestria uma franquia campeã no ramo de chocolates, por exemplo, por gostar muito do produto. O alinhamento de interesses é importante, claro, mas outras questões anteriores precisam estar muito bem resolvidas.
Outro erro muito comum é achar que não uma marca sólida de franquia pode render lucros capazes de pagar parte do investimento. No dia a dia, já vi muito franqueado ter apenas 50% do valor da franquia e apostar que o pagamento do restante será feito com o lucro do negócio, o famoso giro.
Essa prática é recorrente, principalmente em redes mais jovens. Há uma expectativa muito alta em atrair franqueados, mas não há uma avaliação fria sobre a capacidade de investimentos desses empreendedores. Um dos erros mais clássicos é o franqueado acreditar apenas no poder da marca. Por outro lado, há também uma pressão muito grande em cima das redes de gerar caixa no curto prazo.
Não se iluda com mágica do capital de giro
Se o negócio tem o custo total de R$ 200 mil, o investidor entra apenas com R$ 100 mil, acreditando que vai saldar a dívida, ou seja, quitar as parcelas com o giro do negócio. Esse é um dos maiores pecados no setor de franquia, porque o retorno pode demorar muito mais do que se imagina.
Além disso, o dia a dia de um negócio, franquia ou não, exige um capital de giro, seja para lidar com reposição de estoques, driblar emergências ou resolver problemas de RH. O franqueado muitas vezes não sabe – e ninguém diz isso claramente – que ele precisa ter uma reserva para garantir o capital de giro, sobretudo, nos seis primeiros meses de operação.
Há uma frase clássica no mundo dos negócios que se aplica muito a esse desconhecimento: o excel aceita tudo. Mas a verdade nua e crua sobre a necessidade real do capital de giro poucos responsáveis pela expansão da marca ousam dizer.
Também reparo uma falta de maturidade em algumas franqueadoras, que focam demais na captação de franqueados, sem um escrutínio de sua capacidade financeira ou na aptidão para gerir o negócio. Talvez um caminho seja desenhar uma política de aprovação mais bem definida. Isso deveria estar na pauta das franquias.
Entendo a pressão em gerar caixa. Se a régua é muito alta, consequentemente a quantidade de contratos efetivados vai ser menor. Mas é uma questão que precisa ser debatida para garantir a sustentabilidade do negócio e a imagem do setor de franquias.
E isso passa por trabalhar mais a linha de educação e a capacitação, que é uma bandeira da Associação Brasileira de Franchising (ABF). Enxergo uma preocupação muito grande da ABF em apoiar com a educação dos participantes do setor e em estruturar programas para capacitar e profissionalizar o segmento. Isso é uma estratégia necessária e muito inteligente no trabalho da associação para os próximos anos.
O setor de franquias no Brasil vai continuar se desenvolvendo, mas poderia ser ainda mais promissor se houvesse um trabalho fundamentado na capacitação dos franqueados. Do lado das franqueadoras, o aprendizado é evitar práticas de geração de caixa a qualquer custo, o que engloba a atração de franqueados despreparados.
A escolha do franqueado deve obedecer a alguns critérios inegociáveis. Essa etapa deve ser criteriosa como os processo de seleção em grandes empresas para cargos de liderança. Sem essa seleção correta, a consequência, a médio prazo, é um prejuízo para a franqueadora.
Tal como num reality show, os candidatos mais bem preparados para chegarem à final precisam apresentar doses de empatia, aptidão para trabalhar em equipe e solucionar conflitos e gerenciar suas estalecas, no caso o famoso capital de giro. Vence quem tiver mais resiliência e capacidade de se adaptar à evolução da tecnologia e às demandas do público. Quando isso não acontece, nenhum franqueado estará imune ao paredão.
Empresas & Negócios
FM Logistic cresce 22% na movimentação da Páscoa 2025

A FM Logistic, um dos principais operadores de logística e supply chain do mundo, tem se preparado para uma operação robusta na Páscoa de 2025, se consolidando como referência em logística e armazenagem para o setor de chocolates. Com foco em todo o Brasil, a empresa ampliou a capacidade de armazenagem para os produtos da época sazonal em quase 20 mil m², distribuídos entre as unidades de Anhanguera e Cajamar, em São Paulo.
De acordo com Pamela Martins, gerente sênior de desenvolvimento de negócios da FM Logistic, a expectativa é de um crescimento médio de 22% na movimentação em relação ao ano passado, com uma distribuição superior a 10 milhões de produtos diversos de chocolate.
“Para atender a essa demanda, a FM Logistic inicia seu planejamento com seis meses de antecedência, envolvendo todas as áreas da empresa, incluindo operações, recursos humanos, projetos, financeiro e TI. Além disso, a empresa conta com mais de 15 anos de experiência na operação de Páscoa, o que garante alta acuracidade de inventário e capacidade produtiva em curto prazo”, explica.
Segundo a executiva, a operação da Páscoa não se limita aos tradicionais ovos de chocolate, abrangendo também bombons, barras e kits diversos. O pico da movimentação ocorre em fevereiro, exigindo sinergia e rápida adaptabilidade para garantir que os produtos cheguem às gôndolas dos maiores varejistas em todo o território nacional.
“Para nossos clientes do segmento de chocolates e varejo, a Páscoa é a maior operação do ano. Com foco, expertise e dedicação conseguimos entregar uma logística eficiente e de alto desempenho, ano após ano”, destaca.
Este é o segundo ano consecutivo em que a FM Logistic realiza ampliações para atender às empresas fabricantes de chocolates. Investimentos constantes reafirmam o compromisso da empresa em oferecer soluções logísticas estratégicas que garantem eficiência e competitividade ao mercado.
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Universidade e Indústria: desafios e contradições na busca pela eficiência da inovação

por Ivan Ribeiro, Karini Borri e Diogo de Prince
Recentemente, tivemos um estudo publicado na revista britânica ‘Applied Economic Letters’. A pesquisa, desenvolvida como projeto do Centro de Estudos da Ordem Econômica (CEOE), vinculado à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), trouxe à tona uma discussão fundamental sobre as diretrizes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a eficiência da inovação — entendida como a relação entre a quantidade de patentes e recursos aplicados em pesquisa & desenvolvimento (P&D).

Mesmo que os investimentos sejam expressivos e o número de patentes cresça, ainda se gasta muito para cada nova ideia – ou seja, os resultados são limitados em termos de eficácia.
O estudo também sugere que ecossistemas com menor intervenção governamental e maior competitividade estão frequentemente associados ao aumento na quantidade de patentes registradas e a maiores montantes de P&D. A abertura de mercado, individualmente, é insuficiente para gerar eficiência na inovação. É como se os países estivessem fazendo um uso parcial e limitado do ‘ranking’ da OCDE, pois usam o modelo de concorrência, mas não conseguem converter todo o esforço em resultados proporcionais.

O caso do Brasil ilustra perfeitamente a contradição. O país ocupa a 24ª posição em número de registros de patentes e o 15º em capital de P&D, mas, quando se analisa a eficiência desses investimentos, o posicionamento cai drasticamente, para 45° lugar. Um sinal claro de que, apesar dos esforços e recursos investidos, o retorno em inovação é insatisfatório.
Existe certa resistência quanto à aproximação entre instituições acadêmicas e o empresariado, como se fosse algo ilegítimo. -É preciso que as pesquisas feitas dentro da universidade tragam progressos para a sociedade. Caso contrário, apesar do grande volume investido em P&D, o Brasil continuará atrás no próprio ranking.
Empresas & Negócios
Empreendedoras inovam e impulsionam economia do país apesar dos preconceitos

O empreendedorismo feminino avança no Brasil, mesmo diante de desafios persistentes, como o preconceito de gênero e o acesso desigual ao crédito. De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empreass (SEBRAE), com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 34% dos negócios no país são liderados por mulheres, o que representa mais de 10 milhões de empreendedoras.
Grande parte dessas mulheres começaram a empreender por necessidade. Ainda assim, construíram negócios criativos, inovadores e com alto potencial de crescimento. Porém, as barreiras são inúmeras. Uma das principais está no acesso ao crédito. Estudo do SEBRAE, com dados do Banco Central, mostra que empresas com lideranças femininas pagam, em média, juros de 40,6% ao ano, contra 36,8% para os homens. De acordo com o Sebrae, essa diferença configura uma relação de consumo desigual, marcada por preconceitos que refletem uma forma de “violência econômica e social velada”.
Apesar de apresentarem maior nível de escolaridade que os homens, as mulheres ainda ganham 22% menos, mesmo como proprietárias de seus negócios. Segundo a análise do Sebrae, as dificuldades são estruturais e envolvem desde o machismo no mercado até a sobrecarga de responsabilidades dentro e fora do ambiente empresarial.
Mesmo diante desse cenário, histórias de sucesso inspiram outras mulheres a empreender. É o caso da consultora Lilian Aliprandini, CEO da Acceta, uma das empresas que mais cresce no Brasil. Ela destaca que é possível aumentar os lucros com estabilidade mesmo diante dos desafios “É comum iniciar com medo e insegurança, sem saber se terá resultados. Você precisa acreditar no seu potencial, investir em capacitação e buscar redes de apoio. O empreendedorismo feminino é a força que move a economia”, pontua Lilian.
A empresária também destaca a importância das parcerias e dos colaboradores, bem como da busca por conhecimento constante. ”Capacitação é a chave! Quanto mais você aprende, mais segura se sente para tomar decisões importantes. E, principalmente, não caminhar sozinha. Participar de redes de apoio e trocar experiências com outras mulheres empreendedoras faz toda a diferença”, aconselha.
Ela reforça que o empreendedorismo feminino é, atualmente, uma força fundamental na transformação da economia brasileira “Fato é que as mulheres atuam em pequenos e grandes negócios e são fontes de inovação, criatividade e produtividade. É preciso reconhecer isso com políticas públicas, crédito justo e mais visibilidade”. Os pequenos negócios representam 97% do total de empresas no Brasil e são responsáveis por 26,5% do PIB nacional, movimentando os principais setores da economia, como serviços, comércio e indústria leve.
O caminho é desafiador, mas o protagonismo feminino no empreendedorismo é uma realidade que cresce a cada dia. “Não é fácil, mas é possível. Se você tem um sonho, comece! O primeiro passo é fundamental!”, finaliza Lilian.