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Indígena cadeirante usa arte para mobilizar periferia em Pernambuco

“Nascemos ativistas em um mundo machista/onde o homem branco quer dominar nossa vida/ matando, estuprando e violentando nossas terras/Com o urucum nos olhos/seguimos marchando com a força ancestral nos guiando”. Da voz emocionada da universitária indígena Maria Alice de Melo Silva, de 19 anos, que é cadeirante, nascem mais do que versos nos projetos e encontros regulares com outros jovens que ela promove no bairro do Ibura, periferia do Recife.
Nesta sexta-feira (7), Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas, a história de Alice, que é estudante de terapia ocupacional na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), mostra como a mobilização pelo próximo pode ocorrer desde muito jovem. Alice, nascida na cidade de Pesqueira (PE), da etnia Xukuru do Ororubá, é conselheira jovem do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), e também integrante do Reimaginando Futuros: Rede Nacional de Lideranças Adolescentes.
O Unicef explica que essa rede tem por objetivo fortalecer a participação e desenvolvimento de adolescentes para identificar oportunidades para a promoção de mudanças sociais em temas prioritários na agenda de direitos para esse público. Já o Conselho Jovem foi criado para promover o diálogo direto como um mecanismo de fomento à participação cidadã.
Alice é reconhecida por suas ações na comunidade do Ibura ao coordenar projetos de inclusão desde a adolescência. Ela diz que seu objetivo é ajudar em novas perspectivas para jovens em situação de vulnerabilidade na comunidade recifense, que é marcada com o estigma de ser um lugar violento. “A minha proposta é salvar vidas desses jovens. Mostrar para eles que eles podem muito mais.”
Cinema
No segundo semestre do ano passado, a universitária criou o projeto Cineclube Ibura, em que são exibidos filmes sobre temas ligados a direitos humanos, a mudanças climáticas, à luta contra preconceitos e à cultura da favela. “Depois do filme, nós fazemos uma rodada de debates entre os jovens, além de mostra cultural com a própria juventude da comunidade”.
O cineclube, que inclui discussões sobre cidadania, funciona no Centro Comunitário Paulo Freire, no mesmo bairro, e é voltado para que os mais de 100 jovens que participam do projeto possam mostrar seu talento em atividades como batalhas de rima, danças, desenhos e grafitagem. O sucesso fez com que, semana após semana, mais pessoas procurassem o cineclube.
Alice entende que os encontros servem para reflexões sobre as diversidades e a cultura que traz de sua comunidade da cidade de Pesqueira, onde nasceu. “É muito importante a gente trazer os saberes dos nossos ancestrais para a área urbana também. É necessário trabalhar para quebrar esse preconceito que tem na cidade. Eu tenho levado muito isso para a periferia e mostrado para eles a cultura indígena e quanto é importante respeitar e entender”, pontua.
A indígena explica que a intenção é mostrar para a juventude as potencialidades da arte. “Quando a gente, com projetos como o Cineclube Ibura, consegue conversar e mostrar as artes deles, consegue fazer transformações”.
Rap
O caminho de Alice fez diferença, e a indígena, junto com outros jovens, criou o coletivo Arte na Favela, que já conta com pelo menos 200 pessoas. “A ideia é trazer oportunidade, por exemplo, para os MCs da periferia gravarem músicas.”
Um desses artistas que viu a vida ser transformada pelo apoio da amiga Alice foi o estudante Ramon Lira, conhecido pelo nome artístico de Kim, de 18 anos. “Eu produzo cultura hip hop, poesia e rap. Fazemos duelos entre MCs, em que sobressai o artista com o melhor conhecimento daquele tema.”
Em geral, esses temas incluem as dificuldades de todos os dias, como a escassez de políticas públicas e os preconceitos contra quem mora na periferia. Os jovens artistas, com materiais gravados em mãos, buscam patrocinadores, e isso faz diferença para o rapaz que perdeu o emprego de atendente em um restaurante no ano passado. Agora, Ramon espera viver da arte e ter dinheiro para cuidar do primeiro filho, que nasce em abril. “A gente pergunta se as pessoas podem contribuir com qualquer valor.”
Ele diz que a responsabilidade da transformação do cenário deve ser creditada às ideias de Alice, que criou o movimento na comunidade. Segundo Ramon, as iniciativas de Alice têm se caracterizado pelo apoio às pessoas para que “não se desviem do caminho certo”. “Ela conseguiu deixar a cultura forte no nosso bairro. A gente não quer que minha missão aqui seja em vão. O hip hop entrou na minha vida para poder transformar.”
Ramon testemunha que as discussões a partir dos filmes de curta metragem desencadearam reflexões sobre a temática LGBT, a cultura negra e a exploração no campo profissional, por exemplo. O debate entrou nas letras dos raps sobre racismo.
Acessibilidade
Os efeitos de uma paralisia nas pernas, desde os 10 anos de idade, não desmobilizam os ideais da universitária em terapia ocupacional. Pelo contrário, Alice entende que ser uma pessoa com deficiência fez com que ela se sensibilizasse por outras pessoas que precisam de suporte. “Eu venho lutando muito pelos meus direitos, mostrando que nós, mesmo tendo deficiência, podemos trabalhar, estudar e sonhar.”
Atualmente, ela mora sozinha e percorre trajetos que somam três horas em transporte público. “Nos meus debates com os jovens com deficiência, há, às vezes, os que se sentem desanimados com o diagnóstico. Eles acham que não podem mais construir uma vida. Eu quero mostrar para eles que podem, sim.”
Os olhos da universitária brilham quando ela conta que quer se especializar em terapia ocupacional social. “Vou querer sempre ajudar a minha comunidade. Hoje tenho 19 anos. Mas não quero sair daqui.”
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A complexidade e a liderança por trás dos grandes projetos submarinos

O setor de óleo e gás permanece como um dos pilares estratégicos da economia mundial, responsável por movimentar trilhões de dólares e impulsionar a inovação tecnológica em escala global.Nesse cenário, a exploração offshore, especialmente em águas profundas e ultraprofundas, tornou-se fundamental, exigindo o desenvolvimento de tecnologias cada vez mais complexas e seguras.
Empresas que atuam com tecnologia submarina têm papel decisivo nesse ecossistema. Elas desenvolvem sistemas integrados de produção submarina, válvulas, bombas, compressores, árvores de natal molhadas e equipamentos de controle de fluxo capazes de operar sob condições extremas de pressão e temperatura. O objetivo é aumentar a eficiência da produção, reduzir custos operacionais e garantir a segurança ambiental das operações.
Nos últimos anos, a digitalização e a automação transformaram profundamente o setor. Sensores inteligentes, sistemas de monitoramento remoto e análise de dados em tempo real permitem prever falhas, otimizar a produção e aumentar a vida útil dos equipamentos. Essa integração entre engenharia, automação e inteligência artificial redefiniu o conceito de eficiência operacional no fundo do mar.
Liderança e Estratégia em Projetos Submarinos
Nesse ambiente altamente técnico e competitivo, profissionais de liderança exercem papel essencial para o sucesso de cada operação. À frente de projetos complexos está Bruno Rompkovski, executivo com sólida trajetória internacional no setor, que atua como responsável pelas áreas de Licitações, Propostas, Operações Comerciais e Projetos em uma das maiores empresas globais de tecnologia submarina.
Rompkovski liderou projetos submarinos de grande porte em diversas regiões do mundo, unindo conhecimento técnico e visão estratégica. Em sua função como Western Hemisphere Tender Manager, ele supervisiona o portfólio de propostas para produtos, sistemas e serviços submarinos no Hemisfério Ocidental, assegurando consistência global, conformidade e alinhamento com os objetivos corporativos.
Sua atuação envolve definir e implementar estratégias de licitação, gerenciar propostas complexas e desenvolver soluções competitivas que impulsionam receitas e destravam casos de negócios desafiadores junto a grandes operadores do setor. O papel que desempenha exemplifica a importância de uma liderança técnica e comercial integrada, capaz de conectar engenharia de ponta, inovação e resultados financeiros sustentáveis.
Os desafios enfrentados por gerentes comerciais e diretores de projetos nesse setor são notáveis. “O ciclo de vendas de soluções submarinas é longo, técnico e envolve contratos de alto valor, frequentemente em múltiplas jurisdições, exigindo uma combinação rara de visão estratégica, domínio técnico e capacidade de negociação”, afirma Bruno.
Atuando em posições que exigem tanto visão comercial quanto conhecimento técnico aprofundado, Bruno gerencia negociações complexas e coordena equipes multidisciplinares. A experiência de Rompkovski ilustra como o sucesso no setor depende de uma atuação integrada, em que gestão, engenharia e estratégia comercial caminham lado a lado para garantir resultados sustentáveis e inovadores.
O futuro do mercado de óleo e gás, em especial no segmento de tecnologia submarina, aponta para uma integração cada vez maior entre inovação, sustentabilidade e automação. A busca por operações mais seguras, eficientes e com menor impacto ambiental orienta novos investimentos em inteligência artificial, robótica submarina e soluções energéticas híbridas.
Assim, o setor continua sendo um dos mais desafiadores e fascinantes do mundo industrial. Profissionais como Bruno Rompkovski exemplificam o perfil de liderança que impulsiona essa transformação — combinando excelência técnica, gestão estratégica e visão global em um ambiente onde inovação e resiliência são essenciais para o sucesso.
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Zurich Seguros anuncia Thales Amaral como novo diretor comercial regional RJ/ES/N/NE

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Parecer do Senado reconhece que o homeschooling é o direito de educar nasce na família

Autoria: Zizi Martins
A luta pelo reconhecimento da liberdade educacional no Brasil tem raízes que remontam a 1994, quando o Projeto de Lei 4.657 propôs, pela primeira vez, a regulamentação do ensino domiciliar. Desde então, milhares de famílias têm enfrentado perseguições judiciais e administrativas por exercerem o direito mais básico: educar seus filhos conforme seus valores, crenças e convicções. O homeschooling não é uma moda, mas uma expressão legítima de um direito natural dos pais educarem seus filhos, que, além de tudo, lhes permite o desenvolvimento pleno de seu potencial em um ambiente personalizado, seguro e alinhado aos princípios familiares.
Em 2018, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a constitucionalidade do ensino domiciliar ao decidir que sua ausência de regulamentação não o torna ilegal, mas sim um vácuo legislativo a ser preenchido. Ministros como Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso foram claros: a educação é dever conjunto da família e do Estado, e os pais têm liberdade para escolher a forma de ensino, desde que respeitados os princípios constitucionais Esse marco abriu caminho para a esperança de uma regulamentação justa e equilibrada.
Essa esperança ganhou corpo com a aprovação, em maio de 2022, do PL 1338/2022 pela Câmara dos Deputados. O projeto, que altera a LDB e o ECA para permitir o ensino domiciliar com supervisão estatal, foi aprovado com 264 votos favoráveis, demonstrando amadurecimento político e reconhecimento do direito das famílias. Hoje, tramita no Senado, sob a relatoria da senadora Professora Dorinha, que apresentou parecer, reforçando a necessidade de segurança jurídica para os pais.
O parecer favorável da senadora Professora Dorinha, apresentado em 6 de outubro de 2025, é o fato novo que confirma a necessidade de mudar o rumo do Estado brasileiro em relação ao ensino domiciliar. Como relatora do PL 1338/2022 na Comissão de Educação do Senado, Dorinha não apenas endossou o projeto, mas o fez com um relatório claro, técnico e profundamente alinhado com os princípios da liberdade familiar e da autonomia pedagógica. Ela, que também é especialista em Educação, reconhece que o ensino domiciliar é uma escolha legítima, respaldada por valores constitucionais, e que o Estado tem o dever de regulamentar sem dificultar ou proibir. Esse posicionamento político e jurídico ratifica o que há décadas famílias educadoras buscam em termos de reconhecimento. E que mais de 60 países também já consagraram.
Apesar disso, a perseguição persiste. Em Manhuaçu (MG), o Ministério Público processou cinco famílias por praticarem homeschooling, exigindo matrícula compulsória e ameaçando multas e desobediência. Casos semelhantes ocorrem em diversos estados, revelando um padrão de hostilidade institucional contra pais que buscam apenas o melhor para seus filhos. Essa criminalização da parentalidade é incompatível com uma sociedade democrática e não se sustenta frente às evidências sociais e científicas.
O direito à educação domiciliar é natural, anterior ao Estado, e está protegido por tratados internacionais como o Pacto de San José da Costa Rica, que tem hierarquia constitucional no Brasil. A UNESCO, agência da ONU, em relatório recente, também reconheceu o homeschooling como uma alternativa válida para garantir ambientes educativos seguros, personalizados e inclusivos, alinhados ao direito universal à educação. O mundo avança; o Brasil insiste em punir quem ousa escolher.
A regulamentação do PL 1338/2022 não é um favor, mas uma obrigação. Ela traz regras claras: matrícula em instituições para acompanhamento, avaliações periódicas e qualificação dos responsáveis. Nada disso representa ameaça à sociedade, mas sim responsabilidade e transparência. O que está em jogo é a liberdade educacional: o direito de cada família escolher a melhor forma de ensino, com base em evidências de excelência acadêmica, desenvolvimento integral e valores éticos. O ensino domiciliar tem demonstrado resultados superiores em aprendizagem, formação cívica e preparação para a vida adulta, com alunos mais autônomos, críticos e bem-sucedidos na vida civil.
As famílias que educam em casa não fogem da sociedade. Ao contrário, preparam cidadãos mais autônomos, críticos e resilientes. Estudos internacionais mostram que alunos homeschoolers têm desempenho superior em avaliações e maior taxa de sucesso no ensino superior. No Brasil, a comunidade cresce com eventos, plataformas e materiais didáticos, provando que é possível construir um ecossistema educacional paralelo, plural e eficaz.
É hora de o Brasil reconhecer que a liberdade educacional não é privilégio, mas direito fundamental. O PL 1338/2022 é o caminho para garantir proteção estatal àqueles que já a exercem sob risco. Regular não é permitir, é reconhecer. E proteger não é favorecer, é cumprir a Constituição. A família, não o Estado, é o primeiro e mais importante espaço de formação humana. E esse direito natural merece, finalmente, ser respeitado.
*Zizi Martins é ativista pela liberdade. Vice-presidente do Conselho Administrativo da ANED, membro fundadora e diretora da Lexum, Presidente do Instituto Solidez e membro do IBDR. Procuradora do Estado da Bahia, Advogada. Com mestrado em direito público e especialização em Direito Religioso, Doutora em Educação, Pós-Doutora em Política, Comportamento e Mídia.