Saúde
Mitos e verdades sobre o tratamento via inalação da flor de Cannabis

São Paulo, Janeiro de 2024 – No Brasil, atualmente, mais de 430 mil pacientes fazem o uso da Cannabis, de acordo com 2° Anuário da Cannabis Medicinal Brasil, para tratamentos de doenças e quadros clínicos como epilepsia, Parkinson, tratamentos oncológicos, dores crônicas e ansiedade. A administração da Cannabis dentro desses tratamentos pode ocorrer de variadas formas, em formato de óleo, pasta, spray nasal e também por inalação através da vaporização da planta. Estima-se que 30 mil pacientes recorram a esse tipo de administração para tratar casos agudos.
A vaporização é realizada através de um aparelho que possui uma câmara de cerâmica em seu interior para esquentar a flor a uma determinada temperatura, fazendo os canabinóides evaporarem para então serem inalados. A grande diferença que existe entre a inalação da Cannabis e o fumo está na temperatura. Na inalação utiliza-se uma temperatura menor, com isso o CBD e o THC, por exemplo, se transformam em vapor entre 157ºC e 180ºC, enquanto no fumo a combustão chega a 315°C. A temperatura mais baixa previne a produção de toxinas ligadas à fumaça.
Em julho de 2022, a Anvisa emitiu uma nota técnica proibindo a importação de produtos compostos pela Cannabis in natura, ou partes da planta, utilizados na vaporização. Com isso, pacientes que se beneficiaram desse tipo de administração têm lutado judicialmente, desde então, para questionar a viabilidade de tal proibição, tendo seus tratamentos prejudicados por conta disso.
A FlowerMed, empresa especializada na produção e no fornecimento de produtos com CBD e THC, juntamente com a sua CEO, Carolina Heinz, convidou a médica Laura Cremonese, especialista em medicina integrada, com certificação internacional em medicina endocanabinóide e pós graduanda em Saúde Mental pela Academia Brasileira de Medicina Funcional e Integrativa, para desmistificar alguns mitos e esclarecer a importância dos benefícios da vaporização de cannabis.
“Ainda há muito desconhecimento, principalmente das autoridades, sobre os usos e benefícios da vaporização. Se um paciente tem asma, ele usa comprimido ou bombinha durante uma crise? Guardadas as devidas proporções, é essa a analogia que os pacientes que sofrem com quadros agudos de dores crônicas, por exemplo, fazem”, explica Caroline Heinz.
A Dra. Laura Cremonese afirma que o processo de vaporização é bem simples, sendo necessária a flor de cannabis in natura, de preferência cortada em pedaços menores e introduzida em um vaporizador de ervas, onde a temperatura pode ser regulada para que não ocorra a combustão da flor. “Feito isso, após escolha da temperatura adequada, o paciente realiza duas inalações e aguarda 15 minutos pela resposta terapêutica. Caso não tenha sido atingida, a vaporização pode ser repetida”, afirma a especialista.
Existem diferenças entre a vaporização e fumo da flor de cannabis.
Verdade: Existem muitas diferenças. No uso vaporizado não há combustão e formação de produtos tóxicos, que é o que acontece no uso fumado, em que todas aquelas partículas geradas pela combustão são inaladas e vão para dentro dos alvéolos pulmonares. No longo prazo, isso pode ser prejudicial. Além disso, com uso do vaporizador de ervas há o controle da temperatura, que varia entre 160º e 220ºC, resultando na proteção das vias aéreas em comparação com o fumo, que atinge mais de 1000ºC e por isso é muito mais lesivo.
Na vaporização ocorre uma melhor absorção das propriedades terapêuticas da Cannabis comparado ao fumo?
Verdade: No uso vaporizado a absorção dos fitocanabinoides é otimizada, pois não existe a pirólise desses compostos, como acontece no uso fumado, em que cerca de 30% dos fitocanabinóides são literalmente queimados. Isso significa que no uso vaporizado os efeitos terapêuticos são potencializados.
A vaporização é melhor que a ingestão em formato de óleo ou pasta da Cannabis.
Mito: São diferentes vias de administração dos mesmos compostos. A principal diferença se dá no tempo de absorção e início dos efeitos e na duração dos mesmos. Para deixar mais didático, podemos fazer uma analogia entre o uso vaporizado da Cannabis e o uso das bombinhas usadas no tratamento de asma, em que o início dos efeitos ocorre rapidamente, em minutos, mas que também tem uma duração mais curta se comparado com o uso por via oral/sublingual. Por isso, o uso vaporizado é indicado para controle agudo de sintomas como crises de ansiedade e crise de dor. Já o uso sublingual/oral do óleo da Cannabis pode ser comparado às medicações utilizadas em comprimidos, que levam em torno de 30 minutos para iniciarem sua ação, mas que a duração é mais prolongada. No caso do óleo de cannabis a duração média é de 6 horas. No uso vaporizado, a duração média é de 1h e 30min.
Um dos principais benefícios da vaporização é a rapidez em promover efeito no paciente
Verdade: Rápido início de ação e grande biodisponibilidade dos componentes na corrente sanguínea. Os pacientes que mais se beneficiam do uso vaporizado são os que necessitam de rápido início de ação e com alta potência, como nos casos de crises de dor ou crises de ansiedade. Ou então pacientes com Doença de Parkinson, com grande rigidez e tremores, conseguem alívio mais rápido desses sintomas. Assim como pacientes com vômitos excessivos, como acontece em casos de quimioterapia, por exemplo.
Dos tratamentos disponíveis, a vaporização é o tratamento mais eficaz no uso de Cannabis.
Mito: Não é verdade que tem mais eficácia, mas tem suas diferenças. A vaporização é a via que sabemos que há maior biodisponibilidade dos compostos, ou seja, melhor absorção. Além disso, apresenta uma previsibilidade maior. Na via sublingual/oral, a intensidade e o tempo de surgimento dos efeitos com a mesma dose podem variar muito de um paciente para o outro. E também do próprio paciente, dependendo de estado alimentado ou jejum, tempo de permanência do óleo embaixo da língua, tipos de alimentos que foram ingeridos naquele dia etc. Porém, pela maior durabilidade dos efeitos, se comparado ao uso vaporizado, a ingestão é a via de escolha para tratamento crônico e, se necessário, deve associar o uso vaporizado para casos indicados.
Qualquer vaporizador pode ser usado na inalação de flor de Cannabis.
Mito: O vaporizador mais adequado é o vaporizador de ervas secas. Existem diversos modelos e marcas disponíveis no mercado com diferentes características e valores, mas todos são efetivos. Mas é claro que alguns vaporizadores que carecem de um investimento maior podem apresentar melhor aproveitamento, maior controle de temperatura e até do sabor.
A vaporização pode viciar ou deixar chapado.
Mito: Ficar chapado é um efeito colateral de uma dose muito alta do THC, principalmente sem o CBD associado, independente da via de administração (oral ou inalatória). No caso de vaporização de flores ricas em CBD com baixo teor de THC (menor que 0,3%) o efeito psicoativo não acontece. Quanto ao vício, se a Cannabis for utilizada em altas doses, por longos períodos, sem orientação médica, no caso do uso adulto/recreativo, pode sim levar à adicção. A título de comparação, a Cannabis apresenta menor potencial de vício que a nicotina e o álcool.
A vaporização diminui o consumo de químicos nocivos liberados no processo, como comparado ao fumo da flor, por exemplo.
Verdade: Esse é um ponto bem interessante e uma grande vantagem do uso vaporizado em relação ao fumo. Quando é feito o uso fumado, há combustão, que gera produtos tóxicos que são nocivos ao organismo humano, promovem uma resposta inflamatória e pode levar a lesão nos alvéolos pulmonares o que no longo prazo pode levar a doenças crônicas. No uso vaporizado, não há combustão, consequentemente não há partículas tóxicas sendo criadas e levadas aos pulmões, sendo muito mais seguro para os pacientes.
Saúde
Casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave estão em queda, diz Fiocruz

O boletim InfoGripe, divulgado nesta quinta-feira (10), no Rio de Janeiro, destaca que o número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) entrou em queda em grande parte do país, indicando uma tendência de reversão da doença.
O quadro é atribuído à interrupção do crescimento ou queda das hospitalizações pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR) em crianças pequenas e de influenza A em idosos.
A análise dos especialistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta também para estabilidade nos casos de SRAG por Covid-19, que continuam baixos na maioria dos estados, com um pequeno aumento da doença no Estado do Rio de Janeiro.
A pesquisadora do InfoGripe, Tatiana Portella, alerta que, embora os números de casos de VSR e influenza A estejam caindo, ainda há locais com crescimento pontual em algumas faixas etárias. Os números de hospitalizações por SRAG ainda são considerados altos. Por isso, ela reforça a importância das medidas preventivas.
“É importante que todos estejam em dia com a vacina contra a gripe, continuem tomando alguns cuidados e mantendo a etiqueta respiratória, como fazer isolamento ou sair de casa usando máscaras em casos de aparecimento de sintomas de gripe ou resfriado, além de usar máscara em locais fechados e com muita aglomeração de pessoas. Além disso, pedimos que as pessoas verifiquem se estão em dia com a vacina contra a Covid-19, lembrando que idosos e pessoas imunocomprometidas precisam tomar doses de reforço a cada seis meses”, alerta a especialista.
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Incidência
Apesar da tendência de queda na maior parte do país, os casos de SRAG nas crianças, associados ao Vírus Sincicial Respiratório (VSR), continuam elevados na maioria do país, com exceção do Tocantins e Distrito Federal.
Os casos de SRAG entre os idosos, associados à influenza A, permanecem em níveis de moderado a muito alto nos estados da região Centro-Sul, além de alguns estados do Norte (Amapá, Rondônia e Roraima) e do Nordeste (Alagoas, Sergipe, Maranhão e Paraíba).
O InfoGripe observa a incidência de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), com tendência de aumento na população idosa, associada à influenza A em alguns estados do Nordeste (Paraíba e Sergipe), e possibilidade de aumento de SRAG em crianças, associadas ao VSR em Roraima.
O InfoGripe é uma estratégia do Sistema Único de Saúde (SUS) voltada ao monitoramento de casos de SRAG no Brasil, oferecendo suporte às vigilâncias em saúde na identificação de locais prioritários para ações de preparação e resposta a eventos de saúde pública. A atualização é referente à Semana Epidemiológica 27, de 29 de junho a 5 de julho.
Saúde
Hospital Ceuta oferece atendimento premium com foco em conforto, exclusividade e recuperação otimizada

Crédito: João Macêdo/ Agência MiThi.
Legenda: Com equipe especializada e ambiente controlado, o Ceuta garante protocolos assistenciais rigorosos desde o pré-operatório.
Com estrutura moderna e atendimento humanizado, o Hospital Ceuta adota um modelo de atenção voltado à exclusividade e ao bem-estar do paciente. Localizado em Águas Claras, o hospital alia alta tecnologia à lógica assistencial de curta permanência, buscando máxima eficiência e segurança nos procedimentos, sem a necessidade de longas internações.
“O Ceuta foi planejado para ser mais que um hospital: é uma experiência. Nossa proposta é oferecer um atendimento de excelência com alma de boutique, onde cada detalhe é pensado para que o paciente se sinta acolhido”, afirma o diretor técnico e sócio-fundador, Dr. Silvio de Moraes Júnior.
Com menor volume de internações e foco total em cirurgias eletivas, o hospital consegue oferecer atenção personalizada, sem o ambiente agitado típico de grandes centros médicos. Cada paciente é tratado de forma única, desde a ambientação do quarto até o cardápio individualizado, passando por protocolos assistenciais customizados. “Aqui, o paciente não divide o espaço ou a equipe com casos emergenciais ou de alta complexidade. Ele é o centro das atenções naquele momento”, destaca o diretor. Esse cuidado, segundo ele, contribui não apenas para o conforto físico, mas também para a tranquilidade emocional, fator decisivo para uma boa recuperação.
Modelo hospital dia
O Ceuta é o primeiro hospital dia de Brasília, modelo que permite que entre 70% e 80% das cirurgias, tradicionalmente realizadas em hospitais gerais, possam ser feitas com alta no mesmo dia, desde que os pacientes estejam dentro dos critérios clínicos de elegibilidade. “A curta permanência reduz o risco de infecções hospitalares, diminui a ansiedade e contribui para uma recuperação mais rápida, no conforto do lar”, explica o médico. A estrutura foi projetada para diminuir o estresse, com leitos privativos, design clean e uma estética diferente dos hospitais tradicionais.
Com o sucesso do modelo, o Ceuta já iniciou sua ampliação e pretende lançar novos centros cirúrgicos. A meta é manter o padrão de excelência enquanto expande sua atuação, sempre com foco em inovação, segurança e personalização da jornada hospitalar.
Serviço:
Contato Principal: (61) 3356-0020
Endereço: Lote 34, Avenida Sibipiruna – Águas Claras, Brasília – DF
Website Institucional: https://ceutahospitaldia.com.br/
Saúde
Produção acadêmica para residência: o que realmente conta na avaliação?

Um dado relevante para a medicina é que 8 em cada 10 dos maiores programas de residência médica realizam avaliação curricular, segundo levantamento da Demografia Médica publicada em 2025. Conforme a Resolução CNRM nº 17, de 21 de dezembro de 2022 esse item deve corresponder a 10% da nota final.
Essa etapa pode decidir a aprovação no programa de residência que muitos sonham. Apesar da relevância e do impacto na aprovação, muitos estudantes continuam apostando em atividades pouco relevantes ou mal documentadas.
Para a médica e especialista em preparação para programas de residência, Dra. Clara Aragão, a chave está em montar um currículo estratégico. “Coletar certificados sem planejamento não ajuda. Avaliar o edital com atenção e selecionar atividades alinhadas à especialidade faz toda a diferença”, afirma. Ela destaca que entender o que pontua é o primeiro passo para investir tempo e energia de forma inteligente.
Segundo Clara, os componentes mais valorizados são a iniciação científica com vínculo institucional por pelo menos um ano, publicações em periódicos indexados, apresentações em eventos científicos da área médica e monitorias devidamente reconhecidas. “O estudante precisa priorizar o que soma pontos e garantir comprovação com documentos oficiais”, explica.
Outro problema frequente é a falta de documentação adequada. “É comum ver certificados sem carga horária, sem assinatura ou sem registro da instituição. Isso pode zerar toda a pontuação, mesmo que a atividade tenha sido feita de fato”, alerta. A orientação de Clara é revisar cada comprovação antes de enviá-la no sistema de avaliação.
Para quem ainda está em início de graduação, ela aconselha um planejamento gradual: “Comece cedo. Desde o ciclo básico formando-se em atividades relevantes com tempo de duração e vínculo institucional. Currículo bem-feito se constrói ano a ano, não dois meses antes da inscrição.”
Além dos itens técnicos, a Dra. Clara também enfatiza o valor das soft skills: liderança em ligas, participação em projetos de extensão e habilidades de comunicação, que podem ser decisivos em entrevistas ou arguições curriculares exigidas por alguns programas.
Por fim, Clara avalia que, mesmo em um sistema em que a prova escrita pesa mais, a análise curricular pode eliminar candidatos fortes. “Reserve 10% da sua preparação para construir um currículo consistente. Um erro nessa etapa pode custar a vaga, mesmo com uma ótima performance na prova”, conclui.