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Por que não esquecer 08/01?

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© Marcelo Camargo/Agência Brasil

No memorial dos mortos torturados no Chile, uma frase de Mario Benedetti ecoa: “El olvido esta lleno de memoria.” Essas palavras ressoam a necessidade de lembrar eventos sombrios na história. A reflexão coletiva sobre esses acontecimentos gera repulsa pela repetição e promove um aprendizado essencial para as futuras gerações, evitando a perpetuação de erros, construindo uma cultura consciente e perene. No caso específico do 08/01/2023 no Brasil, apesar dos esforços governamentais em selar o pacto democrático, o cenário não parece otimista.

A polarização atingiu um ponto em que uma parcela considerável da população ainda acredita na narrativa de que os eventos foram meramente uma desordem generalizada, sem a intenção de minar o sistema democrático. Esta percepção equivocada merece atenção das autoridades, pois a pós verdade alimenta crenças dissociadas da realidade. A disseminação de desinformação e fake news deu origem ao ocorrido em 08/01, gestado muito antes, através do desrespeito às instituições, discursos de ódio camuflados como liberdade de expressão e a normalização do mal, tanto em discursos oficiais quanto informais.

Conforme destacam os autores do renomado livro “Como morrem as democracias”, a quebra da democracia não se dá de maneira súbita, ela se fragmenta gradualmente sob a aparência de um status quo democrático. Não há um colapso explícito, mas um declínio por meio de ações antidemocráticas cotidianas, na intolerância política, na criação de inimigos e na conivência de figuras governamentais. No entanto, quando tais constatações vêm dos próprios poderes, dos agentes políticos rejeitados pela massa, não surtem efeito. As pessoas se ancoram em suas crenças, ouvindo apenas verdades que confirmem suas convicções.

Para promover uma mudança de perspectiva, é essencial que outros atores levantem essas questões. A responsabilidade recai sobre a mídia, os juristas e os professores. Para preservar a democracia, precisamos desmistificar a ideia de liberdades absolutas, especialmente a liberdade de expressão, que não deve ser confundida com discursos de ódio que incitam violência e desordem. O respeito à ordem é crucial para o exercício dessas liberdades – sem isso, todas as liberdades serão restringidas, culminando na morte da democracia. O desafio consiste em conceder ao próximo direitos que ele tenta suprimir e, dentro da ordem, compreender que atentar contra esses direitos é prejudicar a si mesmo.

Editora e criadora da Rede Brasileira de Notícias. Fazendo também parte da redação do Imprensabr. Sempre com comprometimento com a imparcialidade na informação.

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Investigado por fraudar INSS já foi condenado por golpe similar no DF

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© Tânia Rego/Arquivo/Agência Brasil

Duas empresas de telemarketing que prestavam serviços a organizações sociais implicadas no esquema de descontos ilegais em benefícios previdenciários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pertencem a um empresário já condenado em primeira instância, no Distrito Federal, por práticas semelhantes.

Domingos Sávio de Castro consta como um dos donos das operadoras de call center Callvox e Truetrust Call Center. Entre os nomes dos sócios da TrueTrust aparece, além do de Castro, o de Antonio Carlos Camilo Antunes, o chamado Careca do INSS. A quem o Ministério Público Federal (MPF) se refere como o “[aparente] epicentro da corrupção ativa” que levou a Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) a realizarem, no último dia 23, a Operação Sem Desconto.

Conforme a Agência Brasil apurou, em dezembro de 2018, ou seja, seis anos e meio antes dos órgãos federais de controle deflagrarem a Operação Sem Desconto para aprofundar investigações sobre fraudes na cobrança das mensalidades associativas em nível nacional, Castro foi um dos alvos da Operação Strike, da Polícia Civil do Distrito Federal.

Inicialmente, a apuração distrital mirava uma organização criminosa que aplicava golpes dos precatórios a servidores distritais aposentadas (a maioria, idosos), mas ao analisar as provas recolhidas em endereços residenciais e comerciais dos suspeitos, os investigadores encontraram “elementos indicativos” de outras fraudes.

Com Castro, os policiais que participavam da Operação Strike afirmaram ter apreendido um documento de 34 páginas, com mais de mil registros de servidores públicos distritais (nomes, CPFs, datas de nascimento, órgãos aos quais pertencem, número de matrícula e endereço completo), além de uma mídia DVD-R, contendo arquivos com informações pessoais e funcionais de servidores públicos.

Segundo consta no processo ao qual a Agência Brasil teve acesso, os investigadores também encontraram documentos timbrados de uma das entidades já investigadas por suspeita de fraudes com precatórios. 

Entre os papeis, havia apontamentos de que a mesma entidade pagou comissão a Castro pela captação de novos associados, dos quais a entidade cobrava mensalidades descontadas diretamente dos benefícios previdenciários das vítimas.

No decorrer do processo, quatro vítimas apontaram Castro como sendo “a pessoa que aplicou o ardil contra elas, culminando em débitos [não autorizados] em suas folhas de pagamento”, em favor de uma entidade de classe. 

Vítimas

Uma das vítimas, então com 80 anos, afirmou que, ao se apresentar, Castro lhe ofereceu serviços de saúde prestados por uma associação para a qual trabalhava. A idosa contou que Castro frequentou sua casa entre 2017 e 2020 e que, por isso, já o considerava como um “amigo”, tendo assinado vários documentos que ele apresentava. Só algum tempo depois ela identificou os descontos em seu benefício, em favor de mais de uma entidade.

A filha de outra vítima demonstrou que, desde 2008, sua mãe teve descontos não autorizados. Segundo a depoente, os descontos começaram após Domingos Sávio de Castro vender um suposto seguro de vida para sua mãe, que morreu em janeiro de 2015, sem nunca conseguir reaver os valores devidos. 

Após [a mãe] falecer, [a filha] encontrou [Castro] ‘na rua’ e questionou acerca do seguro de vida que ele havia feito. Na ocasião, Castro teria dito que “não saberia o que poderia ser feito” e que poderia pagar apenas o “auxílio funeral”, em valor próximo a R$ 3 mil. Contudo, não providenciou nada.

Defesa

No decorrer do processo, a defesa de Castro sustentou que ele jamais integrou o quadro de funcionários das associações investigadas no Distrito Federal, bem como “nunca teve papel de vendedor dos benefícios ofertados pelas associações, o que foi confirmado pelos demais denunciados em seus depoimentos”. 

Apesar disso, em novembro de 2023, três anos após a apresentação da denúncia, o juiz Marcio Evangelista Ferreira da Silva condenou Castro e outras 16 pessoas.

“A culpabilidade está caracterizada. As investigações apontam que Domingos atua na organização criminosa [investigada na Operação Strike] como ‘corretor’, praticando efetivamente o ardil na residência das vítimas”, sentenciou o magistrado, referindo-se às acusações contra Castro, condenado por estelionato a três anos e 11 meses de reclusão em regime aberto.

Os condenados em regime aberto podem trabalhar ou exercer outra atividade sem vigilância, mas devem se recolher à noite e em dias de folga. Na sentença à época, o juiz entendeu que “é socialmente recomendável que o denunciado cumpra penas alternativas ao invés de
ser segregado”.

Falso corretor

A promotora de Justiça que atuou no processo, Fabiana Giusti, concedeu entrevista à Agência Brasil nesta terça-feira (12). Ela reforçou que, anos antes de figurar como dono de empresas investigadas, Domingos Sávio de Castro atuou como “falso corretor” no Distrito Federal.

Ele era um dos réus que atuavam como corretores do esquema. Havia as pessoas que se revezavam à frente de entidades de fachada e havia os corretores. Em geral, eram estes que iam até às vítimas e as enganavam em troca de comissões. Via de regra, eles recebiam o valor das duas primeiras mensalidades [cobradas das vítimas] e um percentual de 10% a 15% de tudo o que era descontado posteriormente”, disse Fabiana.

A Agência Brasil não conseguiu contato com Castro. O advogado que o representa no processo que tramita na Justiça do Distrito Federal, Eduardo Teixeira, afirmou que está recorrendo da condenação em primeira instância, e que seu cliente não o procurou para tratar do fato de ser citado pela PF no âmbito da recente Operação Sem Desconto.

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Bahia

Entrar em uma religião sem preparo pode ser perigoso: o alerta do Babalawo Sergio ifatokun

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O crescente interesse por religiões afro-brasileiras e afro-diaspóricas, como o culto de Ifá, o Candomblé e a Kimbanda, tem chamado a atenção de estudiosos, sacerdotes e praticantes antigos. Embora esse movimento represente um avanço na valorização da espiritualidade ancestral, ele também traz um risco cada vez mais comum: pessoas se envolvendo nessas tradições sagradas sem o devido preparo, conhecimento ou orientação.

Segundo o Babalawo Sergio ifatokun — sacerdote de Kimbanda, Candomblé e iniciado no culto de Ifá, conhecedor profundo dos fundamentos religiosos —, esse fenômeno tem causado desequilíbrios, frustrações e, em muitos casos, experiências espirituais negativas que poderiam ser evitadas com mais consciência e responsabilidade.

> “Religião de matriz africana não é espetáculo, nem moda. É compromisso de alma, é aliança com os ancestrais. E todo compromisso exige preparação, escuta e entrega real”, alerta o babalawo.

O caminho espiritual exige iniciação e não improviso

Muitos chegam atraídos por promessas de resultados rápidos — amor, dinheiro, poder espiritual — sem entender que as religiões afro-brasileiras são sistemas completos, com liturgias próprias, regras, tempo de aprendizado e iniciações profundas.

No Ifá, por exemplo, a consulta ao oráculo é o primeiro passo. A partir dela, entende-se quem é a pessoa espiritualmente, quais forças regem seu destino (ori), e se ela está ou não pronta para uma iniciação. Pular etapas nesse processo é como construir uma casa sem fundação: os riscos são altos.

> “Se a pessoa não está preparada, o oráculo vai mostrar. Não se entra no culto por curiosidade. Se entra por chamado, por missão, e com a orientação certa”, afirma Ifatokun.

O mesmo vale para o Candomblé, que possui ciclos de aprendizado chamados de obrigações. Cada etapa — desde o bori (oferta à cabeça) até a feitura completa de santo — é um renascimento, um mergulho nos arquétipos e nos elementos que sustentam o axé (força vital) do iniciado.

As consequências de entrar despreparado

Entre os efeitos mais comuns para quem se inicia sem preparo ou com sacerdotes despreparados estão:

* Desconexão espiritual: a pessoa passa por um ritual sem compreender seu significado ou função espiritual, criando uma relação vazia com o sagrado.

* Confusão emocional e energética: rituais mal conduzidos podem desestruturar o equilíbrio do ori (mente espiritual) e causar desequilíbrio mental, emocional e até físico.

* Perda de recursos e tempo: falsas promessas levam muitos a gastar dinheiro com “iniciações expressas” ou “rituais mágicos” sem nenhum valor real.

* Rompimento com os ancestrais: em vez de se aproximar da ancestralidade, o iniciado sem preparo pode se afastar ainda mais dela, por não honrar os fundamentos corretos.

Além disso, o risco de cair nas mãos de falsos sacerdotes ou pessoas sem fundamento é real e crescente.

> “O verdadeiro sacerdote orienta, acolhe, prepara e ensina. Ele não pressiona ninguém a se iniciar, nem cobra valores abusivos. Ele entende que a espiritualidade é sagrada, e não comércio”, pontua o Babalawo.

Como saber se você está pronto para entrar em uma religião afro-brasileira?

Sergio Ifatokun oferece orientações práticas para quem sente o chamado, mas ainda está em dúvida ou busca fazer isso da maneira correta:

Busque conhecimento antes de qualquer ritual

Leia, participe de rodas de conversa, assista a palestras. Conhecer minimamente o sistema religioso é essencial para evitar enganos. Espiritualidade sem consciência é terreno fértil para frustração.

Faça uma consulta com oráculo legítimo

No caso do Ifá, a consulta com o opele ou os ikins indicará os caminhos e revelará se há ou não um chamado espiritual real. A consulta sempre vem antes da iniciação.

Observe o comportamento do sacerdote

Um verdadeiro líder espiritual é ético, discreto e transparente. Ele respeita seu tempo e sua liberdade. Desconfie de quem impõe decisões, usa o medo ou promete milagres imediatos.

Evite pressa. Espiritualidade é processo

Cada etapa tem seu tempo. Não se compare com outras pessoas ou com o que vê nas redes sociais. O que é certo para um pode não ser para você neste momento.

Desconfie de rituais “instantâneos”

Iniciação séria exige preparo, tempo e recolhimento. Quem oferece iniciações rápidas ou “pacotes espirituais” está, na maioria das vezes, longe da tradição verdadeira.

Conclusão: espiritualidade com consciência é proteção

A busca espiritual é legítima e bonita. Mas como ensina o Babalawo Sergio Ifatonun, entrar em uma religião é entrar em uma aliança com forças ancestrais que merecem respeito. Fazer isso com consciência, orientação e humildade é a única forma segura de trilhar esse caminho.

> “Religião não é para quem tem pressa. É para quem tem propósito. Antes de qualquer ritual, se conecte com o saber. Porque conhecimento é o maior escudo espiritual que alguém pode ter”, finaliza Ifatokun

Ifatokun – Sacerdote de Ifá, Kimbanda e Candomblé 

Ifatokun é um sacerdote altamente respeitado nas tradições espirituais afro-brasileiras, com mais de 20 anos de dedicação aos caminhos, Kimbanda e Candomblé, e também em Ifá. Sua trajetória é marcada por um profundo compromisso com a preservação e a transmissão dos ensinamentos ancestrais, guiando discípulos e consulentes em suas jornadas espirituais.  

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Tiroteio no Complexo da Maré deixa ao menos três mortos

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© PMERJ/Divulgação

Uma operação da Polícia Militar no Complexo da Maré, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, resultou em confronto armado

Pelo menos três pessoas foram baleadas e chegaram ao Hospital Municipal Evandro Freire já mortas.

Segundo a PM, um homem foi identificado como Thiago da Silva Folly. Ele é apontado pela polícia como um dos líderes da facção criminosa que controla parte das comunidades do complexo.

Os confrontos, que começaram por volta das 3h, provocaram interdições na Linha Amarela, uma das principais vias expressas da cidade, que liga a zona oeste à zona norte.

Outras duas vias expressas, a Linha Vermelha e a Avenida Brasil, também tiveram bloqueios por alguns minutos e os motoristas tiveram de retornar na contramão. As linhas de ônibus que passam na região tiveram seus trajetos desviados.

Quarenta e cinco escolas e quatro unidades de saúde que atendem à região permaneceram fechadas por causa do tiroteio.

Antes mesmo da operação policial, duas pessoas tinham sido baleadas na Avenida Brasil, nas proximidades da Maré. De acordo com os bombeiros, os dois homens foram baleados por volta de 1h. 

As vítimas, um de 27 anos e outro de 47, foram encaminhados para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, também na zona norte.

*Matéria ampliada e alterada às 9h05 com inclusão do 5° parágrafo e informações sobre transporte público no 4° parágrafo. Texto alterado para esclarecer horário do confronto. Título e texto corrigido às 9h30. Diferentemente do publicado no título, foram três mortos (e não um).

 

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