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Quais estratégias as empresas podem adotar para tornar o ambiente de trabalho seguro para mulheres?

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Quase metade das brasileiras se preocupam com a própria segurança no trabalho

 

A segurança das mulheres no ambiente corporativo continua um desafio global. A quarta edição do relatório Women @ Work, da consultoria Deloitte, revelou que 49% das brasileiras sentem preocupação com sua segurança no trabalho. Entre elas, 25% afirmam já ter lidado com clientes que as assediaram ou se comportaram de uma forma que as deixaram desconfortáveis. O cenário evidencia a necessidade de ações efetivas por parte das empresas para enfrentar o problema.

Situações de assédio, falta de políticas de proteção e a ausência de um ambiente verdadeiramente inclusivo ainda são barreiras que impedem muitas profissionais de se sentirem seguras e valorizadas. Segundo Rennan Vilar, diretor de Pessoas e Cultura do Grupo TODOS Internacional, a construção de um ambiente seguro para as mulheres vai muito além de medidas superficiais, exigindo o comprometimento real das empresas com políticas estruturadas e uma cultura organizacional voltada à diversidade e à equidade de gênero.

“A segurança das colaboradoras não deve ser tratada como um tema secundário, mas sim como um princípio essencial para qualquer organização que valorize a ética, a diversidade e o bem-estar de seus funcionários”, enfatiza Vilar.

O executivo ainda chama atenção para o movimento de grandes empresas que estão descontinuando seus programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI). “Isso me preocupa por dois motivos principais. Primeiro, porque mostra uma falta de honestidade ao tratar políticas de DEI apenas como discurso de mercado, já que, na primeira oportunidade, algumas marcas preferem se desfazer dessas iniciativas”, afirma. “E segundo, porque como vamos mudar a realidade para as mulheres e outros grupos historicamente prejudicados no mundo corporativo se estamos desmontando essas políticas?”, questiona.

 

Liderança feminina e impacto na cultura corporativa

Para Paula Lisboa, gerente de Pessoas e Cultura do Grupo TODOS Internacional, o compromisso com a equidade para as mulheres precisa fazer parte da cultura organizacional das empresas, saindo, assim, do lugar de meta secundária para se tornar um objetivo para o negócio. Lisboa comenta, inclusive, que a representatividade das mulheres na alta gestão influencia diretamente na construção de um ambiente seguro.

“Empresas com maior diversidade em posições estratégicas tendem a implementar políticas mais eficazes para a proteção e valorização das mulheres”, afirma. No entanto, essa ainda é uma realidade distante para muitas trabalhadoras no Brasil, visto que na pesquisa realizada pela Deloitte, por exemplo, em relação aos cargos das brasileiras participantes, 50% eram de nível não gerencial, 25% gerencial, 15% gerencial sênior e 10% c-level. O recorte mostra que a participação feminina diminui quanto mais alta a hierarquia e o poder de decisão.

Sendo assim, a segurança delas no trabalho depende diretamente de diretrizes institucionais robustas, passando por uma cultura organizacional pautada em DEI, e de canais de denúncia eficazes, com a criação de um código de conduta claro e amplamente divulgado. “Organizações comprometidas com a segurança devem estabelecer regras rígidas contra assédio e violência, garantindo processos de apuração rigorosos e mecanismos de proteção às vítimas”, ressalta Lisboa.

De acordo com a profissional, a implementação de canais de denúncia anônimos é um fator crítico para encorajar as colaboradoras a relatarem situações de assédio sem receio de retaliações. “Mais do que disponibilizar um canal, é preciso que ele funcione de forma eficiente, com garantia de confidencialidade, acolhimento adequado e ações corretivas concretas”, acrescenta Lisboa.

 

Treinamentos e ações preventivas

A prevenção é a base para a construção de um ambiente laboral mais seguro. A realização de treinamentos regulares para funcionários e lideranças sobre assédio e violência de gênero deve ser encarada como um compromisso regular e não apenas em datas comemorativas como o 8 de março. “A conscientização e a educação corporativa são fundamentais para transformar a cultura organizacional. Os treinamentos não devem se restringir ao tema da identificação e combate ao assédio, mas ir além, debatendo a promoção de um ambiente respeitoso e inclusivo”, reforça Vilar.

Além disso, é essencial que a empresa adote medidas preventivas, como a criação de protocolos específicos para lidar com denúncias, estabelecimento de comitês de diversidade e inclusão, e políticas que incentivem a equidade de gênero nos mais diversos níveis hierárquicos.

 

Monitoramento e percepção da segurança

Na busca por um ambiente de trabalho que garanta a segurança e o bem-estar das colaboradoras, Vilar destaca que as companhias devem adotar mecanismos eficazes de monitoramento e avaliação da percepção de segurança no ambiente de trabalho. “A implementação de pesquisas internas periódicas, associadas a indicadores quantitativos e qualitativos, permite um diagnóstico mais preciso da realidade enfrentada pelas mulheres dentro das organizações”.

Além disso, métricas como o número de denúncias registradas, auditorias sobre o cumprimento de normas de segurança e avaliações anônimas de satisfação podem fornecer informações sobre a eficácia das políticas adotadas e os pontos de melhoria necessários.

 

Ações imediatas diante de denúncias

Diante de uma denúncia de assédio ou violência, a resposta da empresa tem um papel decisivo que pode incentivar ou coibir futuras queixas. “É fundamental garantir a integridade e a privacidade da vítima, conduzindo investigações rigorosas e assegurando que medidas corretivas sejam adotadas de maneira justa e eficaz”, explica Vilar.

A adoção de protocolos bem definidos, aliados a um comitê independente de apuração de casos, pode contribuir significativamente para evitar impunidade e fortalecer a confiança das colaboradoras na empresa.

 

Desafios e oportunidades para o futuro

Para Vilar, apesar dos avanços na conscientização sobre a segurança das mulheres no ambiente de trabalho, ainda há desafios significativos a serem superados. “A mudança estrutural exige um esforço contínuo e comprometido das companhias. Políticas bem formuladas, processos transparentes e um compromisso genuíno com a equidade de gênero são fundamentais para garantir um ambiente profissional seguro e respeitoso”, conclui Vilar.

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CNU 2025: mulheres são 57,12% dos classificados para segunda fase

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© Tomaz Silva/Agência Brasil

Entre os 42.499 candidatos classificados para segunda edição do Concurso Público Nacional Unificado (CNU 2), 57,12% são mulheres, o que corresponde a 24.275 mulheres classificadas para fazer a prova discursiva, agendada para 7 de dezembro. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (12) pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Os percentuais são reflexo da ação afirmativa voltada às mulheres adotada pelo MGI para a segunda edição do certame.

No CNU 1, em 2024, as mulheres foram maioria nas inscrições (56%) e presença significativa na prova (54%), mas apenas 37% das aprovações finais.

A ministra da gestão, Esther Dweck, explicou na coletiva de lançamento do CNU 2025 que a medida de equiparação busca corrigir uma distorção observada na primeira edição do concurso unificado.

“É uma forma de mitigar desigualdades estruturais que dificultam o acesso das mulheres, especialmente aquelas com dupla ou tripla jornada”, declarou a ministra.

Política afirmativa

A novidade da edição de 2025 do chamado Enem dos Concursos garante a equiparação entre o número de mulheres e homens classificados para a segunda fase em cada cargo e modalidade da seleção.

O mecanismo para efetivar a equidade de gênero estabelece que quando o percentual de mulheres aprovadas na prova objetiva for inferior a 50%, candidatas adicionais são convocadas até que se alcance a paridade, ou seja, a equivalência no número de mulheres convocadas em relação ao número de homens.

A condição imposta é que elas tenham alcançado o número mínimo de acertos, previsto no edital de abertura do processo seletivo.

Sem a adoção desta medida afirmativa de equidade de gênero, o MGI aponta os percentuais de classificadas para a segunda fase do certame, se considerado o gênero, seria de 50,6% de homens e 49,4% de mulheres no total.

Na prática, com a medida, mais mulheres foram chamadas para equilibrar o número de homens e mulheres fazendo a prova discursiva em cada cargo e em cada modalidade.

Todos os classificados

A equiparação numérica foi aplicada somente nestes casos em que a proporção de mulheres era menor do que 50%.

O Ministério da Gestão esclarece que a medida não exclui os candidatos homens já classificados. Todos os homens que alcançaram a nota mínima em cada cargo foram classificados para a fase 2 do concurso, a da prova discursiva.

Blocos temáticos

Nos blocos 1,2 e 5, as mulheres foram maioria de classificadas, mas não em alguns cargos. Nesses blocos, portanto, houve só a equiparação residual nesses cargos específicos.

Nos blocos 3 e 4, mesmo com a equiparação, as mulheres não alcançaram a metade dos classificados, pois há cargos em que não houve mulheres com número de acertos suficiente para serem elegíveis à equiparação.

Apenas no Bloco 8 não foi necessária qualquer equiparação em nenhum cargo porque as mulheres, que já eram maioria de inscritas nos cargos, também foram maioria das pessoas classificadas para a segunda prova em todos os cargos.

No cargo de Analista Técnico de Justiça e Defesa do bloco 7, por exemplo, antes da equiparação seriam 888 mulheres classificadas e 1.490 homens. Com a medida, os 1.490 homens permanecem classificados, mas foram chamadas 731 mulheres a mais para garantir a equiparação na disputa da segunda fase. Todas as empatadas com a nota mínima necessária entre as mulheres serão convocadas para fazer as provas discursivas.

Confira a tabela com o quantitativo de homens e mulheres entre  42.499 candidatos aprovados para a segunda fase por bloco temático.

Brasília - 12/11/2025 - Medida inovadora de equidade de gênero garante 57,12% de mulheres classificadas para a segunda fase. Crédito: (Fonte: MGI)
Brasília - 12/11/2025 - Medida inovadora de equidade de gênero garante 57,12% de mulheres classificadas para a segunda fase. Crédito: (Fonte: MGI)

Medida de equidade de gênero garante 57,12% de mulheres classificadas para a segunda fase do CNU – (Fonte: MGI)

Próximos passos

Após a divulgação dos resultados das provas objetivas, o MGI irá convocar, ainda nesta semana, as candidatas e os candidatos classificados para a prova discursiva, por meio de edital de convocação a ser publicado no Diário Oficial da União.

O Ministério da Gestão ainda anunciou que também serão publicados no Diário Oficial da União, nesta semana, outros editais de convocação para as seguintes estapas:.

  • Avaliação de títulos
  • Procedimento de confirmação/verificação complementar à autodeclaração para concorrer às vagas reservadas às pessoas candidatas negras, indígenas e quilombolas
  • Para o procedimento de caracterização de deficiência.

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Polícia do Rio apreende 30 pistolas que saíram de São Paulo

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A Polícia Civil do Rio de Janeiro apreendeu 30 pistolas semiautomáticas dentro de um ônibus de turismo que saiu do bairro do Brás, em São Paulo. O destino final do carregamento era o Complexo do Alemão, região alvo da Operação Contenção no fim de outubro.

A apreensão foi feita no posto da barreira fiscal de Nhangapi, em Itatiaia, na região sul fluminense.

Policiais da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme), após denúncia, revistaram o interior e o bagageiro do ônibus, onde encontraram três caixas de papelão contendo seis almofadas, cujo peso excessivo levantou suspeita dos policiais. Ao serem abertas, revelaram um arsenal composto por 30 pistolas semiautomáticas de diversas marcas e calibres e 63 carregadores, embalados no interior das almofadas.

De acordo com as investigações, a mulher responsável pela bagagem teria sido contratada por uma intermediária para transportar o armamento até o Rio de Janeiro, onde um motorista de aplicativo entraria em contato para recolher as caixas e entregá-las no Complexo do Alemão.

A investigação prossegue para identificar os integrantes da cadeia criminosa responsável pelo transporte e distribuição das armas.

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Turismo internacional no Brasil bate recorde em 2025

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© Paulo Pinto/Agência Brasil

De janeiro a outubro deste ano, o Brasil registrou a visita de 7,68 milhões de turistas internacionais, o maior acumulado de visitantes estrangeiros para os primeiros 10 meses registrado na série histórica. O número representa um aumento de 42,2% sobre o mesmo período de 2024. O país deve receber 9 milhões de turistas estrangeiros em todo este ano, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur).

“A gente bateu o recorde antigo, que era 6,4 milhões em agosto. Hoje, a gente está superando em 11% a meta do Plano Nacional de Turismo, que era fechar este ano com 6,9 milhões [de turistas estrangeiros]”, disse o coordenador de Demanda a Transportes Multimodais da Embratur, Philipe Karat.

Para Karat, o país está com o mercado do turismo muito saudável e com investimentos sendo feitos no setor. 

“A perspectiva dos próximos 3, 4 anos da aviação brasileira é muito boa, na medida em que os investimentos retornem”, disse

Karat participou, nesta quarta-feira (12), do evento Brasil em expansão: conectividade aérea e turismo como motores de projeção global, promovido pelo Fórum EFE.

“O Aeroporto de Florianópolis acabou de bater o recorde de 1 milhão de passageiros internacionais. É o terceiro aeroporto brasileiro que chega nesse recorde, antes eram só Guarulhos [SP] e Galeão [RJ]. Um aeroporto do Sul, de uma capital que não é das mais populosas, [está] batendo um recorde de turista internacional”, destacou.

Acompanhe a cobertura completa da EBC na COP30 

Os resultados positivos do setor decorrem de uma conjunção de fatores e do envolvimento de diversas instituições, e não de atores isolados, avalia Karat. 

“Não posso dizer que [o responsável é apenas] a economia da Argentina, os empresários de Santa Catarina ou o Aeroporto de Florianópolis. Eu atribuo [os bons resultados] à coordenação do todo”, disse.

Investimentos

O diretor da companhia aérea espanhola Iberia, Juan Cierco, informou que já no primeiro semestre de 2026 a empresa destinará recursos para expandir a atuação na América Latina, principalmente no Brasil. 

“Para a Iberia, o Brasil é muito mais do que um destino turístico. É um país de negócios, de intercâmbio cultural, de desenvolvimento econômico, de desenvolvimento social e, claro, de turismo”, disse, durante o evento.

O diretor executivo da Câmara Oficial Espanhola de Comércio no Brasil, Alejandro Gómez Gil, ressaltou que o Brasil tem dimensões continentais e uma carência de transporte por terra, o que gera uma demanda por transporte aéreo. 

“Com uma infraestrutura terrestre que deixa a desejar em alguns lugares, e especialmente considerando as distâncias, voar no Brasil não é um luxo, é uma necessidade”, ressaltou.

“Voos domésticos para turismo ou viagens a negócios são essenciais. Turistas estrangeiros precisam dessas conexões aéreas. Estamos falando de cerca de 7 milhões de pessoas, e a maioria chega de avião”, acrescentou.

Benefícios

O turismo internacional pode trazer benefícios às populações locais, tanto na geração de renda para as comunidades como no estímulo à preservação da cultura e do meio ambiente. 

Philipe Karat, da Embratur, apontou que o turismo é uma alternativa para evitar o desmatamento e a degradação do meio ambiente, considerando que é uma atividade que se beneficia da natureza preservada.

“Têm localidades em que houve, no começo do século passado, um movimento migratório muito grande para as regiões Sul e Sudeste. Hoje, esses são os lugares de desejo dos turistas do Sul e Sudeste. O turismo faz com que a migração seja menor, que as pessoas possam desenvolver a sua atividade na sua própria localidade”, disse.

Ele lembrou ainda que, na ocasião da Copa do Mundo no Brasil, a seleção da Alemanha treinou na Bahia e que hoje há investimento de empresas e ONGs alemãs na região. 

“O turismo promove esse intercâmbio, ele acaba beneficiando as localidades”, disse. 

A evolução do turismo internacional, afirmou Karat, começa com o turismo interno. “Vemos que a magnitude do turismo doméstico deve servir como alavanca para impulsionar o turismo internacional”, disse. E citou as cidades de Caldas Novas, em Goiás, e Porto Seguro, na Bahia, que são destinos turísticos relevantes no contexto da visitação nacional.

“Precisamos trabalhar com os aeroportos e companhias aéreas locais para formar alianças com companhias aéreas internacionais e trazer passageiros [estrangeiros] para esse lugar”, defendeu.

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